Dinheiros públicos, vícios privados
Tomem meia hora do vosso tempo e façam uma viagem ao mundo tenebroso das relações entre o Estado e os interesses privados em educação. A reportagem ontem transmitida pela TVI incide sobre os colégios do Grupo GPS e ilustra bem as suas lógicas de promiscuidade, perversão e tráfico de influências neste jogo de relações (como o João José Cardoso, por exemplo, tem vindo a seguir, no Aventar).
Envolvendo ex-governantes e deputados, a reportagem mostra como a administração estatal é colonizada por estes interesses, em prejuízo da escola pública, do Orçamento de Estado e da própria educação, através de decisões da tutela favoráveis à abertura desnecessária de novos colégios, das limitações impostas pelas direcções regionais à criação de novas turmas nos estabelecimentos de ensino públicos (para as abrir nos privados ali ao lado), ou das inspecções realizadas com aviso prévio, que suscitam as maiores suspeitas quanto ao seu rigor e isenção. Mais há mais: a reportagem ilustra também
a pressão, humilhação, medo e intimidação a que são sujeitos os docentes do ensino privado, seja no sentido de os coagir a assinar contratos ilegais em termos de horários e funções (com a sintomática complacência do presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Privado,
Rodrigo Queiroz de Melo), seja no sentido de os obrigar a
alterar classificações dos alunos para salvaguardar a posição dos ditos
colégios nos rankings escolares (quando não é a própria administração destes estabelecimentos a alterar, convenientemente, essas mesmas classificações). Ou
a exclusão, pura e simples, dos alunos (mais fracos ou) com necessidades educativas especiais.
A reportagem da TVI dedica-se ao Grupo GPS. Mas ela é bem elucidativa do campo
fértil de perversões, distorções e traficâncias que se abre sempre que
se entende que um serviço público pode ser prestado por privados. A permeabilidade a
interesses alheios à causa pública e o défice de escrutínio, já
aqui o dissemos, são uma lógica intrínseca a este tipo de escolhas. É disto que se trata quando o governo nos vem falar da
concessão a privados de estabelecimentos de ensino público e é aqui que residem as verdadeiras gorduras do Estado, não só intocadas como em claro risco de expansão, à pala do «ir ao pote».
(E até que ponto o lançar da discussão sobre as propinas no ensino básico e secundário... não é "atirar o barro à parede" e/ou uma "cortina de fumo" para esconder do debate/repulsa geral a concessão a privados da gestão das escolas e depois a sua privatização...).
De
Izanagi a 5 de Dezembro de 2012 às 02:07
Também assisti a esta reportagem que me indignou fortemente, e que me levou já a elaborar um rascunho de uma carta que irei enviar ao Ministro de Educação, ainda que acredite que a proposta que lhe vou sugerir, de solicitar a intervenção do Ministério Público (entidade de quem tenho pouca ou nenhuma confiança, mas oficialmente com o exclusivo da investigação) por a informação que foi disponibilizada configurar, na minha perspetiva, um caso (grave) de polícia.
Suponho que se como eu houvesse uma percentagem razoável dos que assistiram á reportagem, a solicitar o mesmo, ou seja, a intervenção da justiça (mesmo com todos os defeitos que lhe reconhecemos) provavelmente haveria consequências, mas lamentavelmente a ver pelos comentários que me antecederam, centrados na crítica do acessório ou mesmo alheio, mais parece que estão interessados em «fazer um favor aos partidos que alimentam estas situações de sonegação de impostos pagos sobretudo pela classe “chamada” média que trabalha por conta de outrem, e que são para além do PSD o PS, como é bem notório na reportagem.
Já é grave os disparos serem , nesta situação contra o acessório, mas o mais grave é que em todas as matérias onde se sente a existência de corrupção e de princípios legais, o comportamento é idêntico, seja consciencioso ou de boa fé e não podemos estar sempre a exigir que sejam os outros a mostra-nos a diferença entre o trigo e o joio.
De
Izanagi a 5 de Dezembro de 2012 às 02:10
onde se lê: princípios legais deve ler-se "violação de ....
De Esquemas e parceiros no CRIME e Corrupçã a 6 de Dezembro de 2012 às 09:46
Corrupção, Tráfico de influências, ... Roubo do erário público, ... Associação Criminosa, ...
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Levantou-se uma ponta do véu,era bom que se continuasse a investigar. Talvez se perceba melhor o que significa a refundação do estado social. (Educação)
Investiguem as clínicas e hospitais privados e verão algo parecido.
É tempo de dizer basta
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Sinto VERGONHA dos políticos deste país que nos tem desgovernado desde o 25 Abril de 1974! Quanto ao povo, grande parte é ignorante, pois continua a culpar a MERKEL, os alemães, os franceses, etc. pela grave crise que atravessamos . . . continuem assim, não peçam justiça, que Portugal estará condenado!
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Ainda existe quem tenha duvidas de que estes "políticos" são cúmplices de tudo isto? E, que vão continuar impunes? É Portugal hoje.
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..Como é q é possível??? E eu com mais de 25 anos de serviço na escola pública... sem vontade de fazer a árvore de Natal e sem dinheiro para comprar nem presentes nem outras coisas... vergonhoso, tenho nojo desta gente... estes gestores com ar de "saloio" mas espertos que nem raposas e( e eu respeito os animais) mas não estes...
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