A queda de um anjo ? (-por Sérgio Lavos, Arrastão)

As consequências desta revelação serão devastadoras.
O ídolo dos taxistas e dos austeritários moralistas? O intocado, o puro, o profeta da desgraça? Não pode ser. No estado em que está, não sei se o país irá aguentar tal embate.
«A investigação do 'caso Monte Branco', que constitui o mais importante esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais verificado em Portugal, apanhou ... ex-ministro das finanças e influente comentador televisivo»- Sol, 7/12/2012. (e Vilarinho ex-pres.Benfica, também suspeito - C.M.)
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«Grupo criado pelo Governo propõe renegociação da dívida»-Público, 7/12/2012 -, ministro P.Portas (concorda com Cavaco e Seguro... e escreve à Troika) defende que é preciso mais tempo e menos juros, e M.Mendes acusa Vitor Gaspar: "faz dos portugueses atrasados mentais".
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«Portugal acabou ? ... perdeu a soberania, sem moeda, sem financiamento e sem fronteiras? » -Expresso, 1/12/2012 - e a ficar sem economia, sem jovens e técnicos qualificados, sem SNS, sem escola pública, sem empresas públicas fundamentais/monopólios naturais (EDP, REN, CGD, TAP, ANA, CP, ÁguasP, RTP, ...), ... sem justiça, sem liberdade, sem transparência, sem democracia !!!
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«O Governo perde todos os anos mais de 12 mil milhões de euros em fuga aos impostos, o triplo daquilo que pretende cortar na despesa pública em dois anos (2013 e 2014), mostra um estudo independente do consultor britânico Richard Murphy, diretor da Tax Research UK, elaborado para o grupo Aliança Progressista de Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu. A investigação, hoje divulgada no âmbito da apresentação do plano de ação europeu "para uma resposta mais eficaz da UE contra a fraude e a evasão fiscais", mostra que a perda fiscal associada à existência de atividades clandestinas ou paralelas na economia (que como tal não estão dentro do perímetro do Fisco) representa 23% da receita fiscal total (12,3 mil milhões de euros de prejuízo fiscal), um nível que está acima dos 22,1% de média da União Europeia. Portugal é assim o sétimo pior caso no ranking da Tax Research UK.» [
Dinheiro Vivo]
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O reforço de 42,8 milhões de euros no orçamento das universidades para compensar o aumento dos encargos com a Caixa Geral de Aposentações será feito à custa de um corte de 22,5 milhões no ensino básico e secundário.
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Acabaram os jobs for the boys, diz ele «(Bilhim) O presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção da Administração Pública (CRESAP) disse hoje à Lusa que a meritocracia passou a ser a regra nas nomeações de topo na função pública, concordando que acabaram-se os 'jobs for the boys'. » [
DN]
Parecer de '
OJumento':
Pois, o último job for the boys foi o dele ... (e a continuar...) --------
O que será, que será... «A RTP é para privatizar por inteiro. É para privatizar só um dos canais. É para privatizar com todas as antenas de televisão e rádio, mas só 49% do capital e com uma renda fixa de 140 milhões de euros paga pelos contribuintes. É para privatizar até ao final do ano. É para privatizar até ao fim do próximo ano. É para vender aos angolanos. É para entregar a uma TV brasileira. É para um fundo do Panamá. É para a Cofina. É para vender só a concessão. É para juntar à Lusa. É para ficar pública mas sem publicidade. É para ter 12 minutos de publicidade. É para ter seis minutos de publicidade. É para oferecer a RTP Internacional. É para fechar a RTP Memória.
E a Caixa Geral de Depósitos? Simples: é para privatizar por inteiro. É para privatizar só uma fatia minoritária. É para negociar com capital chinês. É para vender o negócio que tem em Espanha. É para vender o banco emissor de moeda que tem em Macau. É para vender tudo o que ainda tem em todas as empresas que ainda tem. É para sair a correr de Moçambique e Cabo Verde e também Angola. É para se transformar num banco de investimento, num banco de fomento, numa coisa qualquer. Numa agência? Não: é para fechar agências.
E a refundação do Estado social ? Não é refundação, é reforma. Não é reforma, é corte, é redução de quatro mil milhões de euros. Não são quatro mil milhões: são 4,4 mil milhões. Não é uma decisão, é uma meta. Não é uma meta, é um debate para fazer em três meses. Pronto: em seis meses. Não é para aplicar em 2013. Talvez seja para aplicar no segundo semestre de 2013. É preciso mudar a Constituição. É preciso fintar a Constituição. É preciso cortar na saúde, na educação e nas funções de soberania. Não, a educação é que é para ser paga, claro, além do que já é pago pelos impostos. É isso? Não é nada disso. Chico Buarque explica: o que não tem governo nem nunca terá; o que não tem vergonha nem nunca terá; o que não tem juízo... lá lá lá lá lá...
E a renegociação da dívida grega? Simples, será estendida a Portugal. O princípio da igualdade de tratamento ficou decidido em junho pelo Conselho Europeu. Sim? Sim, sim, diz Gaspar devagarinho. Não, não, diz Gaspar com muita pressa. Quer dizer, a seu tempo, emenda Gaspar. Não será nada disso, impõe-se Schäuble. E o número dois do Governo como reage? O número dois? Quem é o número dois do Governo? É Gaspar? É Relvas? Certo. Errado. O número dois é Gaspar, mas também é António Borges, o ministro não ministro, conselheiro, comparsa. Tudo claro: não há ziguezagues. As curvas deste Governo são retas para os negócios. Será o que será. O que não tem conserto nunca terá.»
De Privatizar Lucros, socializar custos... a 7 de Dezembro de 2012 às 11:11
Tudo parado na privatização dos Infantários da Segurança Social
(-por Ricardo Santos Pinto, 7/12/2012, 5Dias.net)
O Governo começou por decidir a privatização de mais de 20 Infantários que estavam sob a gestão directa da Segurança Social.
Abriu concurso, com Caderno de Encargos específico, e decidiu os vencedores: Misericórdias, Cruz Vermelha, outras IPSS’s e por aí fora.
Num caminho repleto de avanços e recuos, decidiu que todos os funcionários seriam despedidos, para depois voltar atrás e aceitar que a maioria ficasse.
O dia 1 de Setembro seria o primeiro dia da nova gestão.
Mais de 3 meses depois, não se passa nada.
Por uma qualquer razão misteriosa, as IPSS’s vencedoras no concurso de privatização decidiram não tomar conta das instituições a cuja gestão concorreram.
A Segurança Social deixou de receber dos pais e estes deixaram de pagar, mas como ninguém apareceu para cobrar, caiu-se no vazio. Voltou então a Segurança Social a emitir os recibos dos meses em atraso e os pais a terem de pagar várias mensalidades seguidas.
E as Directoras das instituições, que já tinham sido encaminhadas para outros sítios, voltaram ao activo.
Ao que parece, é assim em todo o país, mas o caso do Centro Infantil de Valbom é paradigmático.
A Cruz Vermelha de Matosinhos, dirigida pela Juíza Joana Salinas, ganhou o concurso de privatização.
Nos primeiros dias de Setembro, apareceram por lá, numa delegação coordenada pela própria Presidente, ameaçaram e humilharam os funcionários em entrevistas pessoais que visavam incutir o medo em todos eles, e foram-se embora.
Não voltaram até hoje.
Especula-se que se arrependeram, talvez depois de abanarem a árvore das patacas e verem que, afinal, dali não cairia grande coisa.
Pergunta-se então por que razão concorreram, visto que tiveram acesso a todos os dados importantes, mas se calhar já percebemos qual é a resposta.
E assim vamos, cantando e rindo, como se nada se estivesse a passar. Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, é o que todos pensam no Centro Infantil de Valbom.
Por mim, pode tudo continuar como está. Melhor não podia estar.
E os tipos que mandam na Segurança Social, os tais que nem uma privatização conseguem fazer, nada a dizer sobre este assunto?
De .Sonho ultra-liberal neo-fascista. a 7 de Dezembro de 2012 às 11:49
O sonho de Pedro Passos Coelho
[José Vítor Malheiros, publico.pt, 04-12-2012]
«"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre.
Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.
Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.
Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos.
Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.
O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca-vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura - é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam - ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.
O outro terço...
De .Governantes e marionetas incompetentes. a 7 de Dezembro de 2012 às 11:52
O sonho de Pedro Passos Coelho
[José Vítor Malheiros, publico.pt, 04-12-2012]
«"Um terço é para morrer. ...
...
O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres.
Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portarmo-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."»
De .Estado-providência é sustentável. a 7 de Dezembro de 2012 às 12:04
. O Estado-providência é sustentável
Com a adesão ao euro, o nosso crescimento económico tornou-se medíocre, o desemprego disparou e o Estado-providência ficou sob pressão
[Jorge Bateira*, jornal i, 29-11-2012, via MIC ]
Confrontado com os disparates que leio e ouço na comunicação social, em texto anterior (“Um bolo muito apetitoso”) expliquei sumariamente em que consiste o mecanismo de repartição que sustenta a nossa Segurança Social.
Hoje pretendo mostrar aos leitores que a ideia da falência da Segurança Social, e do Estado-providência em geral, faz parte de uma retórica inspirada na ideologia neoliberal.
Essa retórica será repetida até à exaustão para inculcar nos cidadãos a inevitabilidade da privatização de boa parte da provisão pública.
O objectivo é, criando um clima de anomia social, converter o Estado-providência num Estado de serviços mínimos, complementado com uma rede de assistência aos mais desamparados através das IPSS.
O resto da população tornar-se-ia o mercado dos grupos económicos privados.
O pretexto para este golpe político é a crise financeira em que estamos mergulhados.
Com uma política económica deliberadamente recessiva – o suicídio para que caminha a Europa, segundo Paul Krugman –, as receitas dos impostos e das contribuições sociais afundam-se e as transferências sociais disparam.
Consequentemente, o subfinanciamento dos serviços públicos torna-se dramático e, com um nível de desemprego de Grande Depressão, a Segurança Social acabará por entrar em défice. Evidentemente, bastaria não pagar os juros da dívida para que o garrote financeiro ficasse no imediato aliviado.
Mas também sabemos que essa despesa não é igual às outras e, face à conhecida irredutibilidade da Alemanha, esse incumprimento implicaria a saída do euro.
Esta é a única opção que permite ao país lançar uma estratégia de desenvolvimento que lhe dê futuro.
Infelizmente, alguma esquerda ainda receia assumir as implicações da denúncia do Memorando e o não pagamento dos juros, desse modo atrasando um debate público que já deveria estar em curso.
As dificuldades de financiamento da saúde e da educação que hoje vivemos, e a insustentabilidade da Segurança Social que este caminho induz, estão a ser deliberadamente criadas pela política económica suicida que a UE nos está a impor.
O abandono da moeda única permite ao país voltar ao crescimento económico e ao normal financiamento do Estado-providência.
Portugal pode enfrentar com seriedade o seu défice externo se dispuser de soberania monetária e de autonomia para conduzir políticas públicas, com destaque para as políticas cambial, de comércio externo e industrial.
Quanto ao défice público, deixa de ser um problema a partir do momento em que o governo se financia no Banco de Portugal e a economia relança o seu crescimento.
Dirão alguns, então e o problema do envelhecimento demográfico?
Mais que um problema, é sobretudo um espantalho ideológico esgrimido para justificar a introdução de uma componente de capitalização.
Quando a economia começa a crescer, sobretudo através de um forte aumento da produtividade, então o aumento do consumo dos pensionistas, no futuro, será coberto pelo maior produto a repartir nessa data.
Mais ainda, num contexto de crescimento, o desemprego diminui, dessa forma aumentando as receitas de contribuições e reduzindo a pressão sobre as despesas da Segurança Social.
Por outro lado, nesse novo contexto, e sendo necessário, seria mais fácil aumentar a taxa social única, em alternativa à redução de prestações, ou ao aumento da idade da reforma, como até agora se tem feito.
Com a adesão ao euro, o nosso crescimento económico tornou-se medíocre, o desemprego disparou e o Estado-providência ficou sob pressão.
Hoje está nas nossas mãos decidir que vamos ter um Estado-providência sustentável.
Mas terá de ser fora do euro.
(* -Economista, co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas )
De
Izanagi a 9 de Dezembro de 2012 às 12:47
AZAR. Para aqueles que confundem, porque não conseguem enxergar para além de 2 palmos, o mensageiro com o causador das desgraças, identificando um com o outro, e que lançaram foguetes antes da festa, vão ter que engolir mais um sapo.
O que dana é que o País está cheio desta iliteracia, mas a culpa aqui nem é do sistema de ensino, é dos genes que herdaram, fruto de um país que ao longo da sua história nunca ganhou hábitos de trabalho, mas sim de exploração de terceiros. Não é por acaso que a corrupção se mantém incólume neste país. É genética à maioria da população.
Desgraçado de quem tenha o azar de se cruzar com a justiça portuguesa
(-por Daniel Oliveira, Arrastão, 14/12/2012)
As buscas à residência e escritório de Medina Carreira, por o seu nome ter sido usado por suspeitos para ocultar a verdadeira identidade de outros envolvidos no branqueamento de capitais e fuga aos impostos, no caso Monte Branco, pode ter resultado de um engano.
Um engano grave pelo qual os investigadores devem responder. Mas a capa do "Sol" não foi engano nenhum.
A rapidez com que qualquer busca ou escuta que envolva figuras públicas acaba nos jornais já não é defeito da Polícia Judiciária e do Ministério Público. É feitio.
Depois do caso de Medina Carreira, foi o de Teixeira dos Santos Almerindo Marques e o ex-secretário de Estado Costa Pina.
As buscas às suas residências e escritórios também acabaram, ao fim de poucas horas, nos jornais e televisões.
Em causa está uma investigação às PARCERIAS Público-Privado.
E se no caso de Medina Carreira foi fácil provar imediatamente a sua inocência, o mesmo não acontece com estes três.
A divulgação destas buscas transformou-os, aos olhos da opinião pública, em condenados políticos sem direito a defesa.
Nunca escondi as minhas profundas discordâncias com Medina Carreira, que considero ter sido, como comentador, um dos principais advogados de defesa da austeridade, antes dela chegar - parece que entretanto mudou de opinião - e um POPULISTA de todos os costados.
E considero que Teixeira dos Santos foi, dentro do governo anterior, o principal defensor de uma intervenção externa e o seu maior facilitador.
Mas as minhas discordâncias com os dois anteriores ministros das finanças são políticas.
E é no campo da política, e não em julgamentos mediáticos, que o confronto com os dois se deve fazer.
O que a justiça portuguesa fez a estas duas pessoas, que não tenho qualquer razão para suspeitar de falta de honestidade, é uma NOJEIRA.
Não são os primeiros. Não serão os últimos.
De Sócrates a Passos Coelho, o poder político vive sob ameaça do Ministério Público e da PJ.
Vivem eles e vivemos todos nós.
Todos podemos ver a nossa vida devassada, as nossas conversas telefónicas publicadas em jornais, sem que sejamos culpados de coisa alguma.
Toda a gente que seja suspeita de ter cometido um crime deve ser investigada. Dentro da lei e com todas as garantias.
Seja um cidadão comum, seja um detentor de um cargo público, seja um comentador.
Mas também todos temos direito o ver o nosso nome protegido da calúnia.
O problema é sabermos que, como sempre, estas investigações não darão em nada. E não darão em nada porque não são para dar.
Se fossem, não víamos escarrapachada nos jornais cada diligência judicial, cada escuta, cada busca. Se fossem, teríamos menos suspeitos e mais condenados.
Se fossem, não ficávamos com a estranha sensação de que as buscas são feitas para serem noticiadas, que as escutas são efectuadas para serem publicadas.
E que, por de trás de cada fuga de informação, estão sinistros jogos de poder em que as corporações da justiça se envolvem.
A cada episódio destes - e já foram tantos - cresce o temor de que a JUSTIÇA, em vez de nos proteger, nos põe em PERIGO.
Em vez de investigar a CORRUPÇÃO e os CRIMES de colarinho branco, atira lama sobre as pessoas sem nunca chegar a qualquer conclusão.
Em vez de usar o seu poder para fazer justiça o usa para ajustes de contas.
E uma justiça assim assusta. Não assusta os criminosos.
ASSUSTA, acima de tudo, os INOCENTES que tenham o azar de se cruzar no seu caminho.
Esta justiça, tão expedita na forma de investigar e sempre tão parca nos resultados finais, não serve ninguém.
Só acaba por servir, na forma como descredibiliza, os que, com tanto ruído, se vão safando de pagarem pelos seus crimes.
(publicado no Expresso online)
De .Populismo, aproveitam. e lama. a 14 de Dezembro de 2012 às 12:06
A virgem meretriz
Graças à intervenção do Anjo Gabriel a Virgem Maria concebeu sem pecado original.
Dois mil anos depois, em Portugal, há uma meretriz sem pecados, virgem mais virgem não há.
Mas sabe-se que a meretriz tinha dormido com o PS, com Cavaco, com banqueiros, tinha saltado do ministério das finanças, depois de um mandato desastroso,
para o frenesim das fundações, dos conselhos de administração de empresas, de associações imobiliárias, etc., enfim o habitual bónus para os medíocres que passam pelos governos.
Num fenómeno de amnésia coletiva esta meretriz batida conquistou o estatuto de virgem à força do apedrejamento mediático de todos os pecadores que cruzavam a sua mira.
Para a meretriz um suspeito era um culpado e reclamava o seu encarceramento para o dia de ontem. Espero que agora seja fiel ao seu discurso.
Depois das fortes suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais de que é alvo, as jaulas da penitenciária estão à sua disposição.
(-Rui C. Silva, 7/12/2012, Esq.Rep.)
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João VascoDomingo, Dezembro 09, 2012
Percebo a lógica do Rui em dizer que se o Medina Carreira * acusa os outros sem fundamento, seria justo que se enfiasse num buraco quando surgem suspeitas, mas convém não cair no mesmo erro de que o acusam.
Mais a mais, parece que é a equipa Relvas quem controla os cordelinhos do "Sol" e esta reportagem é uma "paga" por recentes críticas de Medina Carreira ao actual Governo, a ver se ele se acalma um pouco.
Estar a divulgá-la pode ser fazer o jogo de Relvas.
O ideal seria dar mais atenção a jornais que apesar de tudo são mais independentes e credíveis.
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* Medina Carreira teve que trabalhar para poder estudar (e trabalhou primeiro na Guiné, onde nasceu e só depois em Lisboa) e licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa na década de 60 (se não estou em erro). Para além disso tem um bacharelato em Engenharia e estudou Economia.
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