Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2012
A queda de um anjo ? (-por Sérgio Lavos, Arrastão)

As consequências desta revelação serão devastadoras.
O ídolo dos taxistas e dos austeritários moralistas? O intocado, o puro, o profeta da desgraça? Não pode ser. No estado em que está, não sei se o país irá aguentar tal embate.
«A investigação do 'caso Monte Branco', que constitui o mais importante esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais verificado em Portugal, apanhou ... ex-ministro das finanças e influente comentador televisivo»- Sol, 7/12/2012. (e Vilarinho ex-pres.Benfica, também suspeito - C.M.)
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«Grupo criado pelo Governo propõe renegociação da dívida»-Público, 7/12/2012 -, ministro P.Portas (concorda com Cavaco e Seguro... e escreve à Troika) defende que é preciso mais tempo e menos juros, e M.Mendes acusa Vitor Gaspar: "faz dos portugueses atrasados mentais".
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«Portugal acabou ? ... perdeu a soberania, sem moeda, sem financiamento e sem fronteiras? » -Expresso, 1/12/2012 - e a ficar sem economia, sem jovens e técnicos qualificados, sem SNS, sem escola pública, sem empresas públicas fundamentais/monopólios naturais (EDP, REN, CGD, TAP, ANA, CP, ÁguasP, RTP, ...), ... sem justiça, sem liberdade, sem transparência, sem democracia !!!
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«O Governo perde todos os anos mais de 12 mil milhões de euros em fuga aos impostos, o triplo daquilo que pretende cortar na despesa pública em dois anos (2013 e 2014), mostra um estudo independente do consultor britânico Richard Murphy, diretor da Tax Research UK, elaborado para o grupo Aliança Progressista de Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu. A investigação, hoje divulgada no âmbito da apresentação do plano de ação europeu "para uma resposta mais eficaz da UE contra a fraude e a evasão fiscais", mostra que a perda fiscal associada à existência de atividades clandestinas ou paralelas na economia (que como tal não estão dentro do perímetro do Fisco) representa 23% da receita fiscal total (12,3 mil milhões de euros de prejuízo fiscal), um nível que está acima dos 22,1% de média da União Europeia. Portugal é assim o sétimo pior caso no ranking da Tax Research UK.» [
Dinheiro Vivo]
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O reforço de 42,8 milhões de euros no orçamento das universidades para compensar o aumento dos encargos com a Caixa Geral de Aposentações será feito à custa de um corte de 22,5 milhões no ensino básico e secundário.
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Acabaram os jobs for the boys, diz ele «(Bilhim) O presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção da Administração Pública (CRESAP) disse hoje à Lusa que a meritocracia passou a ser a regra nas nomeações de topo na função pública, concordando que acabaram-se os 'jobs for the boys'. » [
DN]
Parecer de '
OJumento':
Pois, o último job for the boys foi o dele ... (e a continuar...) --------
O que será, que será... «A RTP é para privatizar por inteiro. É para privatizar só um dos canais. É para privatizar com todas as antenas de televisão e rádio, mas só 49% do capital e com uma renda fixa de 140 milhões de euros paga pelos contribuintes. É para privatizar até ao final do ano. É para privatizar até ao fim do próximo ano. É para vender aos angolanos. É para entregar a uma TV brasileira. É para um fundo do Panamá. É para a Cofina. É para vender só a concessão. É para juntar à Lusa. É para ficar pública mas sem publicidade. É para ter 12 minutos de publicidade. É para ter seis minutos de publicidade. É para oferecer a RTP Internacional. É para fechar a RTP Memória.
E a Caixa Geral de Depósitos? Simples: é para privatizar por inteiro. É para privatizar só uma fatia minoritária. É para negociar com capital chinês. É para vender o negócio que tem em Espanha. É para vender o banco emissor de moeda que tem em Macau. É para vender tudo o que ainda tem em todas as empresas que ainda tem. É para sair a correr de Moçambique e Cabo Verde e também Angola. É para se transformar num banco de investimento, num banco de fomento, numa coisa qualquer. Numa agência? Não: é para fechar agências.
E a refundação do Estado social ? Não é refundação, é reforma. Não é reforma, é corte, é redução de quatro mil milhões de euros. Não são quatro mil milhões: são 4,4 mil milhões. Não é uma decisão, é uma meta. Não é uma meta, é um debate para fazer em três meses. Pronto: em seis meses. Não é para aplicar em 2013. Talvez seja para aplicar no segundo semestre de 2013. É preciso mudar a Constituição. É preciso fintar a Constituição. É preciso cortar na saúde, na educação e nas funções de soberania. Não, a educação é que é para ser paga, claro, além do que já é pago pelos impostos. É isso? Não é nada disso. Chico Buarque explica: o que não tem governo nem nunca terá; o que não tem vergonha nem nunca terá; o que não tem juízo... lá lá lá lá lá...
E a renegociação da dívida grega? Simples, será estendida a Portugal. O princípio da igualdade de tratamento ficou decidido em junho pelo Conselho Europeu. Sim? Sim, sim, diz Gaspar devagarinho. Não, não, diz Gaspar com muita pressa. Quer dizer, a seu tempo, emenda Gaspar. Não será nada disso, impõe-se Schäuble. E o número dois do Governo como reage? O número dois? Quem é o número dois do Governo? É Gaspar? É Relvas? Certo. Errado. O número dois é Gaspar, mas também é António Borges, o ministro não ministro, conselheiro, comparsa. Tudo claro: não há ziguezagues. As curvas deste Governo são retas para os negócios. Será o que será. O que não tem conserto nunca terá.»
Desgraçado de quem tenha o azar de se cruzar com a justiça portuguesa
(-por Daniel Oliveira, Arrastão, 14/12/2012)
As buscas à residência e escritório de Medina Carreira, por o seu nome ter sido usado por suspeitos para ocultar a verdadeira identidade de outros envolvidos no branqueamento de capitais e fuga aos impostos, no caso Monte Branco, pode ter resultado de um engano.
Um engano grave pelo qual os investigadores devem responder. Mas a capa do "Sol" não foi engano nenhum.
A rapidez com que qualquer busca ou escuta que envolva figuras públicas acaba nos jornais já não é defeito da Polícia Judiciária e do Ministério Público. É feitio.
Depois do caso de Medina Carreira, foi o de Teixeira dos Santos Almerindo Marques e o ex-secretário de Estado Costa Pina.
As buscas às suas residências e escritórios também acabaram, ao fim de poucas horas, nos jornais e televisões.
Em causa está uma investigação às PARCERIAS Público-Privado.
E se no caso de Medina Carreira foi fácil provar imediatamente a sua inocência, o mesmo não acontece com estes três.
A divulgação destas buscas transformou-os, aos olhos da opinião pública, em condenados políticos sem direito a defesa.
Nunca escondi as minhas profundas discordâncias com Medina Carreira, que considero ter sido, como comentador, um dos principais advogados de defesa da austeridade, antes dela chegar - parece que entretanto mudou de opinião - e um POPULISTA de todos os costados.
E considero que Teixeira dos Santos foi, dentro do governo anterior, o principal defensor de uma intervenção externa e o seu maior facilitador.
Mas as minhas discordâncias com os dois anteriores ministros das finanças são políticas.
E é no campo da política, e não em julgamentos mediáticos, que o confronto com os dois se deve fazer.
O que a justiça portuguesa fez a estas duas pessoas, que não tenho qualquer razão para suspeitar de falta de honestidade, é uma NOJEIRA.
Não são os primeiros. Não serão os últimos.
De Sócrates a Passos Coelho, o poder político vive sob ameaça do Ministério Público e da PJ.
Vivem eles e vivemos todos nós.
Todos podemos ver a nossa vida devassada, as nossas conversas telefónicas publicadas em jornais, sem que sejamos culpados de coisa alguma.
Toda a gente que seja suspeita de ter cometido um crime deve ser investigada. Dentro da lei e com todas as garantias.
Seja um cidadão comum, seja um detentor de um cargo público, seja um comentador.
Mas também todos temos direito o ver o nosso nome protegido da calúnia.
O problema é sabermos que, como sempre, estas investigações não darão em nada. E não darão em nada porque não são para dar.
Se fossem, não víamos escarrapachada nos jornais cada diligência judicial, cada escuta, cada busca. Se fossem, teríamos menos suspeitos e mais condenados.
Se fossem, não ficávamos com a estranha sensação de que as buscas são feitas para serem noticiadas, que as escutas são efectuadas para serem publicadas.
E que, por de trás de cada fuga de informação, estão sinistros jogos de poder em que as corporações da justiça se envolvem.
A cada episódio destes - e já foram tantos - cresce o temor de que a JUSTIÇA, em vez de nos proteger, nos põe em PERIGO.
Em vez de investigar a CORRUPÇÃO e os CRIMES de colarinho branco, atira lama sobre as pessoas sem nunca chegar a qualquer conclusão.
Em vez de usar o seu poder para fazer justiça o usa para ajustes de contas.
E uma justiça assim assusta. Não assusta os criminosos.
ASSUSTA, acima de tudo, os INOCENTES que tenham o azar de se cruzar no seu caminho.
Esta justiça, tão expedita na forma de investigar e sempre tão parca nos resultados finais, não serve ninguém.
Só acaba por servir, na forma como descredibiliza, os que, com tanto ruído, se vão safando de pagarem pelos seus crimes.
(publicado no Expresso online)
De .Populismo, aproveitam. e lama. a 14 de Dezembro de 2012 às 12:06
A virgem meretriz
Graças à intervenção do Anjo Gabriel a Virgem Maria concebeu sem pecado original.
Dois mil anos depois, em Portugal, há uma meretriz sem pecados, virgem mais virgem não há.
Mas sabe-se que a meretriz tinha dormido com o PS, com Cavaco, com banqueiros, tinha saltado do ministério das finanças, depois de um mandato desastroso,
para o frenesim das fundações, dos conselhos de administração de empresas, de associações imobiliárias, etc., enfim o habitual bónus para os medíocres que passam pelos governos.
Num fenómeno de amnésia coletiva esta meretriz batida conquistou o estatuto de virgem à força do apedrejamento mediático de todos os pecadores que cruzavam a sua mira.
Para a meretriz um suspeito era um culpado e reclamava o seu encarceramento para o dia de ontem. Espero que agora seja fiel ao seu discurso.
Depois das fortes suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais de que é alvo, as jaulas da penitenciária estão à sua disposição.
(-Rui C. Silva, 7/12/2012, Esq.Rep.)
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João VascoDomingo, Dezembro 09, 2012
Percebo a lógica do Rui em dizer que se o Medina Carreira * acusa os outros sem fundamento, seria justo que se enfiasse num buraco quando surgem suspeitas, mas convém não cair no mesmo erro de que o acusam.
Mais a mais, parece que é a equipa Relvas quem controla os cordelinhos do "Sol" e esta reportagem é uma "paga" por recentes críticas de Medina Carreira ao actual Governo, a ver se ele se acalma um pouco.
Estar a divulgá-la pode ser fazer o jogo de Relvas.
O ideal seria dar mais atenção a jornais que apesar de tudo são mais independentes e credíveis.
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* Medina Carreira teve que trabalhar para poder estudar (e trabalhou primeiro na Guiné, onde nasceu e só depois em Lisboa) e licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa na década de 60 (se não estou em erro). Para além disso tem um bacharelato em Engenharia e estudou Economia.
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