Depois de 48 anos de escuridão democrática os militares conseguiram, após goradas diversas e arrojadas tentativas, derrubar um regime totalitário e opressivo.
Surge a festa democrática, tendo (re)nascido, além dos tradicionais e costumeiros partidos da área socialista, comunista, social-democrata e conservadora, os extremados das direitas e das esquerdas tais como: FEC-ML, POUS, MRPP, MES, PSR, UDP, etc., etc. com seus slogans, mais ou menos, agradáveis ao ouvido como:
“Os ricos que paguem a crise”;
“O povo unido já mais será vencido”;
“Proletários de todo o mundo uni-vos”;
“Governo p`rá rua” e,
muitos mais.
Enquanto o povo foi gritando na rua, quem se foi organizando, de mansinho e a coberto dos, muito democraticamente, eleitos - quer governantes como oposições - foram os capitalistas que passaram do sector primário e secundário (agricultura e pescas) para os serviços e banca até abandonarem (quase) tudo de produtivo e passarem ao topo especulativo do tráfico financeiro associado a negócios escandalosos e obscenos além da cobrança de juros usurários. Chegamos à globalização dos mercados e da exploração.
O próprio povo experimentou as enganadoras benesses do “capitalismo popular” que o senhor Cavaco nos vendeu. A propósito do BPN/SLN, há quem afirme que Cavaco tem um problema com a verdade, eu digo que os portugueses têm muitos problemas com os Cavacos, perdão, com as unhas.
O povo passou a acreditar mais e, sobretudo, nas falacias e fingimentos alheios que nas suas próprias capacidades e competências, ou será o sacudir a água do capote das suas responsabilidades e ausências?
O povo parece que se prantou à espera de um qualquer, providencial, milagre mandado por uma tal nossa senhora de Fátima ou de umas quaisquer manigâncias divinas de um Deus sempre ausente.
O povo parece manter-se agarrado a culpabilizações alheias, à espera que outros façam o que a si mesmo compete fazer, não adiantando só atirar com todos os males, incluindo as suas próprias fraquezas, para cima dos políticos e dos capitalistas, a maior parte das vezes designados patrões, dos quais se deixa depender e muitas das vezes elege para seus representantes. Contradições!
A esmagadora maioria dos meus conhecidos (lamentavelmente não consigo pensar nem dizer “meus amigos” o que, a faze-lo, constituiria uma das maiores hipocrisias de que não sou capaz) não passam de um bando de potenciais oportunistas que, em alguns casos se constituíram em maiores sacanas que os anteriores quando ocuparam certos lugares “daquela corja de malfeitores” por si criticados. Contradições!
Como amiúde costumo afirmar, as pessoas deixaram de ter espelhos em casa ou, tendo-os ainda, deixaram de lhes dar uso, não se enxergam. Contradições!
Muita desta gente, fala mal dos políticos por se sentir frustrada e excluída do sistema, quer dos aparelhos político-partidários quer dos poderes da governação. Contradições!
Nós, portugueses tornamo-nos doentes, como o exemplo escrito pelo expoente máximo da nossa literatura, José Saramago: “o doente que se queixava dos pés, chegando ao ponto de andar com duas bengalas e culpar tudo e todos das dores que o afectavam e lhe tolhiam o andamento até que alguém grita para que vá ao médico pedindo-lhe, todavia, que lhe mostrasse antes os pés. O amigo não queria acreditar, as unhas dos dedos davam a volta aos mesmos indo-se encravar por debaixo deles, tendo-lhe exclamado, entre o espanto e incredulidade, ó seu energúmeno porque não corta estas unhas que são a fonte das suas dores? O homem, candidamente, disse: não sabia que era preciso! “
Não será que o povo, enquanto sociedade, se descuidou de tratar de si e evitar a sua própria degradação precisando de cortar as unhas que lhe autoflagelam o corpo?
Temos muito mau hábito, para não dizer péssimo feitio que no fundo é a mesma coisa, para escamotear responsabilidades.
Não resolve se continuarmos, só a dizer “nunca tinha-mos pensado nisso” ou “não sabia-mos que era preciso”, sem mais nada fazer. Por isso é que há militares a dizer “para quê fazer outro 25 de Abril se não há, gente honesta, a quem entregar o poder!
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