Manuel Lemos, o presidente das misericórdias portuguesas, terá afirmado que “Não há razão para haver fome” tendo dado como justificação para essa ausência não uma melhor e mais razoável distribuição da riqueza produzida mas o facto de existirem muitas misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e as pessoas poderem lá ir.
Já um outro senhor, em plena campanha presidencial, aconselhou o mesmo recurso indicando, inclusivamente, que as organizações do Estado não eram tão acolhedoras e menos humanas por isso as privadas eram mais acessíveis.
Coisas estranhas (ou talvez não), cada um saberá as linhas com que se coze (estamos a falar de cozinhados, pois claro), porque há quem afirme que tais instituições estarão a rebentar pelas costuras das suas capacidades de resposta, tal é a avalanche de pedintes, enquanto outros afirmam haver fartura na esmola.
Afinal onde estará a verdade e a razão?
A razão corresponde a algo que é razoável, a algo que que tenha um mínimo de equilíbrio entre duas ou mais grandezas mensuráveis e passiveis de serem comparadas como seja a produção da riqueza e a sua, concomitante, distribuição com o mínimo de equilíbrio e justeza social.
Provavelmente nem Manuel de Lemos nem a madame Jonet são razoáveis nas suas declarações, por varias razões e sobretudo por uma, a razão de ser das suas instituições e que é a existência de excluídos da sociedade que deriva da má distribuição dos bens produzidos. Deveriam ficar contentes com uma verdadeira redução do número de necessitados, até à sua completa extinção e parece o inverso. É lamentável! A pobreza já se sabe.
Efectivamente, não há razão para haver fome, em qualquer lugar do mundo, não por existirem misericórdias ou IPSS (essas até podem coexistir com outras finalidades) mas porque são produzidos bens suficientes para se alimentarem todas as necessidades se no circuito desde a produção, passando pela distribuição e no consumo forem reduzidos os excessos e os desperdícios.
O provérbio chinês ensina que se devem distribuir as canas e levar as pessoas a ter hábitos de pesca mas continuamos a enveredar por outros caminhos. Porque será?
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