A dança do dinheiro, o povo e os abutres
Numa longínqua época jurássica existiu uma pacata sociedade, que embriagada por ilusões, festas e pregões da existência de paraísos terrenos foi governada por monarcas que mal se entendiam uns com os outros (em publico já se sabe) adoravam cegamente um deus comum. Um deus e senhor omnipotente a que uns chamavam de “mercado” e outros designavam por “euro”.
O monarca mor sabia que os súbditos, escravos públicos e privados, ao serviço dos usurários do senhor deus, eram umas pestinhas a fazer exigências, mais que os seus diminuídos direitos poderiam satisfazer e que seus senhores alguma vez pensaram conceder.
Os ministros de sua majestade também sabiam que, sempre que houvesse alguma agitação no reino aquelas pestes, com certeza, estariam metidas nelas, havia pois que aperta-los com o aumento dos dízimos para que, quanto mais depressa melhor se fizessem os desvios de fundos financeiros para offshore de outros impérios. Tais fugas eram “o pão escravo de cada dia” com o qual governantes, soberanos e reguladores pactuaram, conviveram e beneficiaram.
Um certo dia o ministro Zellotas, controlador da fazenda do reino, ficou sabendo que um novo PECado tinha chegado ao reino. O PECado, plano que já havia sido experimentado, em outras galáxias, com muito sucesso, na óptica dos prestamistas e resolvido outras crises militares, assim como de comércio de certos templos offshorianos foi aplicado também neste reino.
Então Zellotas pediu ao Plano troiquiano que falasse com os súbditos, escravos públicos e privados, mendigos da aposentadoria e outros marginalizados indígenas ou não. O Plano/trica concordou mas pediu para lhes falar separadamente a todas essas criaturas e a outros seres de maior respeitabilidade monetária.
Zellotas, então mandou primeiros os súbditos públicos, depois os da aposentadoria e por aí adiante, sucessivamente todos foram ao beija-mão de suas pardas eminências protectoras dos deuses. Até os banqueiros e (quase) todos aqueles que conseguiram abrir clandestinamente contas em offshore de outros impérios e galáxias.
O plano, troiquiano, embora com nenhuma estabilidade e ainda menor crescimento, sempre afirmando não existir outra solução, visto que o PECado era grande e muito pesado dado os longos anos de festividade, esbanjamento e de delapidação, do alto do seu pedestal sentou os súbditos do reino no banco dos réus, usando uma voz de trovão e de grande austeridade, perguntou-lhe:
Onde está o dinheiro?
O povo, súbdito, abrindo a boca de espanto e a medo, respondeu, num tom choroso e embargado de dúvidas que o dinheiro deveria estar no BPN, na SLN, no BCP, nas contas dos senhores das grandes empresas de obras públicas e de certos amigos de um senhor do reino dos Algarves…
O Plano, agora usando o pomposo nome de Tróica, não percebendo ou fingindo nada ter ouvido, voltou a perguntar, num tom de voz ainda mais severo, onde esta o Dinheiro?
O povo, mais uma vez e cada vez mais amedrontado, disse que o dinheiro deveria ter ido para submarinos, auto-estradas pagas varias vezes, foi gasto no financiamentos de partidos políticos e campanhas eleitorais e foi desviado por certa gente parda e envolta por determinadas amizades e compadrios corruptos para offshore.
A Tróica fazendo-se de desentendida, talvez derivado ao uso de outra gramática diferente da utilizada pelo inquirido, levantou ainda mais a voz e com o dedo em riste, bradou:
ONDE ESTÁ O DINHEIRO?
O réu, temendo pela sua própria vida, saiu do interrogatório esbaforido e a correr com quantas força podia concentrar nas pernas até parar num tasco do quarteirão seguinte de um galego foragido da guerra civil de Espanha que havia sido ganha há mais de meio século por um caudilho para tal desiderato contou com o apoio de um certo troglodita germânico e outro português.
O galego ao vê-lo tão acagaçado, nervoso e atarantado perguntou-lhe o que lhe havia sucedido: Caramba homem, que te sucedeu que estás com cara de quem viu defunto vivo!?
O fugitivo, escravo do reino, ainda atarantado e tentando recuperar o fôlego, respondeu:
Desta vez estamos, mesmo muito, lixados! O dinheiro desapareceu e acham que fomos nós!
Querem obrigar-nos a repô-lo todo, em dobro ou a triplicar, com a língua de palmo. Vão espremer-nos até ao tutano, até que a alma nos doa, sem apelo nem desagravo.
E, porque uns quiseram e outros deixaram, foi a maioria espoliada, de seus parcos rendimentos, para pagamento dos roubos feitos, durante umas tantas décadas, por uma minoria de oportunistas e corruptos especuladores que foram iludindo o povo a quem afirmavam, por todas as alminhas do purgatório, viverem em democracia. Assim vegetaram durante muitos anos, mas um dia o povo deixou de ser súbdito e ...
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