Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2013
Professores. 
[Lusa, 28-01-2013]
Professores de várias gerações de todo o país pediram, em Lisboa, a demissão do ministro da Educação. Segundo números avançados pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mais de 40 mil professores participaram na manifestação. No desfile entre a praça Marquês de Pombal e o Rossio, as palavras de ordem mais ouvidas foram "Crato para a rua, a escola não é tua", "Com este Governo andamos para trás" e "Um governo sem razão não faz falta à educação".
Com uma bandeira preta onde se lê "Professores em luto", Ana Sanches, docente há 30 anos, disse à Lusa que o ministro da Educação, Nuno Crato, devia ir para a rua porque "está a destruir neste momento a escola pública", sendo esse o motivo por que participa na manifestação. Na opinião desta professora, o ensino "nunca esteve tão mal como está agora".
Apesar de a manifestação ter sido convocada pela Fenprof, participaram no protesto muitos professores não sindicalizados.
Ana Mercedes, professora há 23 anos, levou um cartaz onde escreveu "Está visto e ouvisto, é mesmo preciso a escola", ironizando com o que considera o mau domínio da língua pelo ministro Miguel Relvas e salientou que "não basta ser português, é preciso também saber falar a língua". Esta professora da Costa da Caparica condena o agrupamento das escolas, que considera colocar o trabalho dos professores em risco, e explica ter aderido à manifestação para defender a educação em Portugal.
Com um cartaz onde se lê "Socorro sou um professor", Pedro Ferreira trouxe também à manifestação a filha, que transportava também um cartaz referindo "Socorro sou filha de um professor". Docente há mais de 20 anos, Pedro Sequeira queixou-se do número de horas que tem de passar na escola, a maior parte dessas horas extracurriculares, e lembra que ganha 1.400 euros, mas que na passada quinta-feira passou mais de 12 horas na escola.
A manifestação foi organizada pela Fenprof com o objetivo de defender a escola pública, a profissão de professor e a qualidade do ensino.
O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, anunciou hoje que o sindicato vai levar entre 18 e 22 de fevereiro os protestos sobre o setor às escolas. "Vamos cobrir de luto as escolas. Estamos de luto por aquilo que estão a fazer ao país", disse no seu discurso de encerramento da manifestação de hoje dos professores em Lisboa que, segundo a organização, juntou mais de 40 mil docentes.
O ex-líder da CGTP, Carvalho da Silva, marcou presença durante as intervenções do atual secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos, e do secretário-geral da Fenprof. Mário Nogueira disse ainda querer reunir-se com o ministro da Educação, Nuno Crato, referindo que o governante "não pode continuar a fingir que não existe". Durante a sua intervenção, que durou cerca de 40 minutos, Mário Nogueira disse também que os professores vão juntar-se a um protesto da CGTP marcado para 16 de fevereiro em todas as capitais de distrito e nas regiões autónomas.
A Fenprof anunciou ainda que vai promover uma petição nacional em defesa das funções sociais do Estado. O sindicato vai ainda lançar uma campanha nacional a defender a escola pública em todo o país. Durante o seu discurso, Mário Nogueira disse rejeitar que os professores sejam afastados dos seus lugares, lembrando que todos os que estão a trabalhar nas escolas são qualificados e com formação.
"Diz a história do nosso país que os portugueses que foram os grandes portugueses deste país foram sempre por mérito absoluto e nunca por equivalência", afirmou.
O secretário-geral dos Sindicato dos Professores de Buenos Aires, o argentino Roberto Baradel, marcou presença na manifestação e chegou a fazer uma curta intervenção antes de Arménio Carlos falar. Em declarações à Lusa, o sindicalista explicou que estava solidário com a ação de luta da Fenprof, uma vez que a Argentina já passou por uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Venho acompanhar a luta dos trabalhadores da educação de Portugal, prestar solidariedade, para que a luta seja a nossa luta", disse.
Questionado sobre a experiência da intervenção do FMI na Argentina, Roberto Baradel disse que foi "muito má", e que na altura se registou taxas de desemprego na ordem dos 30%. "Quando o FMI se foi embora surgiu mais trabalho, mais educação e mais saúde", declarou.
"O FMI não beneficia o povo e os trabalhadores, beneficia os capitalistas e os bancos", afirmou o sindicalista argentino, defendendo uma política de expansão, em detrimento da austeridade.
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«Ninguém vos pode dar a Liberdade.
Ninguém vos pode dar Igualdade ou Justiça ou qualquer coisa.
Se és Cidadã/o, Luta para as obter e manter. ! »
(-adaptado de Malcolm X speaks., via 5dias.net)
De:
Anónimo
Data:
28 de Janeiro de 2013 às 18:19
De Caiam na real. a 28 de Janeiro de 2013 às 21:34
Vejam bem como o articulista começa o artigo, que de resto deve corresponder à verdade “… pediram, em Lisboa, a demissão do ministro da Educação” PEDIRAM leram bem?
Como é que os trabalhadores, mesmo os professores, supostamente mais qualificados que os outros, se libertam pedindo essa liberdade.
Então a liberdade pede-se ou conquista-se?
Pois é, pois é, os trabalhadores andam desde 1917 a ser enganados com slogans que não têm correspondência concreta na sua libertação.
Fomos sendo arrastados pela rua gritando “os ricos que paguem a crise” ou “o povo unido nunca mais será vencido” e nunca fomos capazes de obrigar os ricos a pagar o que usurparam nem fomos capazes de nos unir, minimamente. Em grande parte por culpa de demagogos e oportunistas ditos sindicalistas.
Como diria o brasileiro “caiam na real” enquanto é tempo e deixemos de ser pedintes.
De contribuinte cansado a 29 de Janeiro de 2013 às 01:55
O PS, como grande partido de Portugal, não deve deixar cair aqueles militantes que, com o seu saber, com a sua honestidade, com a sua democraticidade, o seu desinteressado trabalho em prol dos desfavorecidos e da causa pública, o transformaram numa instituição respeitada e acarinhada pelos portugueses. Aqueles que , sacrificaram os seus interesses pessoais, aos da Pátria e da Democracia, deverão ser os escolhidos na pesada tarefa de liderar o Partido. Saliento as figuras de José Sócrates, Paulo Campos, Mário Lino, José Lelllllo, Edite Estrela, A. Vara, Penedos, Ana Paula Vitorino, como candidatos, de mérito inquestionável , à liderança do Partido, em lugar desses betinhos ligados ao Seguro. Viva o PS.
De da Maçonaria? a 29 de Janeiro de 2013 às 19:46
Estou, total e completamente, de acordo: honestidade, transparência , votos de pobreza e castidade. Tudo me faz lembrar os cavaleiros templários ou os irmãos da opus dei. ou será da maçonaria?
São todos tão desapegados ao poder que nem sei em quem votar nas proximas eleições!
De .OBRIGADO professores do básico e sec. a 29 de Janeiro de 2013 às 12:05
Do preconceito contra os professores
[Paulo Guinote, parlamentoglobal.sic.sapo.pt, 21-01-2013]
Falo dos não-superiores. Dos básicos, aqueles que se considera serem uns incapazes de fazer outra coisa, gente que faz aquilo que outros não querem.
Uma espécie de varredores do lixo alheio, mesmo se tratam da mais nobre missão que existe na vida em sociedade e que é ensinar as novas gerações para um futuro cada vez mais sombrio.
Na última década deu-se um exacerbamento das críticas contra os professores na opinião publicada e partilhada por uma elite de políticos, de especialistas automáticos em Educação e de outros analistas dotados em diversas artes divinatórias e ocultas, a começar pela Economia e Finanças.
E esse exacerbamento atingiu nos anos mais recentes um nível de delírio absolutamente incompreensível, ao ponto de ser negada aos professores qualquer qualidade positiva ou responsabilidade por uma ínfima parte do que de bom aconteça na Educação em Portugal.
Há pouco tempo conheceram-se os resultados dos testes TIMMS (relacionados com a Matemática) e PIRLS (relacionados com a literacia e leitura) que tentam medir e comparar o desempenho dos alunos do 1º ciclo a nível internacional.
Os alunos portugueses estão acima da média e foram dos que mais melhoraram desde 1995.
É algo muito positivo, conseguido a partir da base, na média duração.
É resultado de todos os envolvidos no processo educativo, sendo injusto singularizar um único aspecto, embora em primeiro lugar os resultados sejam dos alunos que, em termos relativos e absolutos, melhoraram muito.
Mas se é errado singularizar esta ou aquela medida, é profundamente injusto procurar todas as explicações menos a que envolve o trabalho dos professores.
Fala-se na melhoria organizacional das escolas, no aumento do financiamento na Educação, da subida do perfil socio-académico dos pais.
Só não se reconhece o trabalho dos professores porque se afirma que não é possível medir isso.
Mas é.
E se é possível com alguma facilidade é no 1º ciclo, em que a monodocência permite uma relação mais directa entre o trabalho dos professores e o desempenho dos alunos.
E em que é possível fazer uma análise comparativa entre as habilitações e formação complementar dos professores de meados dos anos 90 e dos actuais.
Que não se faz mas que, se fosse feita, mesmo a uma vista desarmada, demonstraria como essa formação melhorou e, como consequência não muito forçada, a qualidade do seu trabalho.
Mas, sem que isso se faça, eliminam-se logo os professores da equação, que a vox publicada insiste em considerar uns privilegiados e alguns até acham fazer parte dos parasitas do Orçamento.
Quando apenas vão fazendo, apesar de todas as contrariedades, pressões e ofensas, o seu trabalho. Com resultados.
Paulo Guinote
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