Depois das falcatruas da NewTime e do oportunismo da Dancake, a Vice, pela mão do Rui Marçal, dá conta dos salafrários da ManPower. Esta gente das ETTS são uma verdadeira Máfia ao serviço da desvalorização do valor do trabalho. Até quando?
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Eu já tinha ouvido dizer que as ETTs faziam muita marosca, desde fugas aos impostos até fecharem portas da noite para o dia e abrirem com outro nome mas julgava que grandes empresas como a Dan Cake tinham rédea nas ETTs em termos de cumprimento salarial, através de um seguro ou caução. Ao fim e ao cabo estes trabalhadores trabalhavam nas suas instalações, comiam no seu refeitório e o desempenho deles era avaliado pelas suas chefias. Como é possível uma empresa como a Newtime entrar pela Dan Cake dentro e ter tanto espaço de manobra?! Ou era preciso um caso destes, à custa dos mais fracos, para se mudar a lei para melhor?!
Sobre a Newtime tenho mais esta acha para a fogueira: ouvi que a Newtime normalmente desviava o dinheiro da Segurança Social e do Fisco preferencialmente dos seus trabalhadores… estrangeiros. Isso mesmo. A burla era feita com requintes de xenofobia e de ódio. Uma empresa licenciada pelo Estado de Direito Português decidiu por sua conta que os cidadãos estrangeiros a residir e a trabalhar legalmente em Portugal são mais “burláveis” do que os cidadãos portugueses. Chamem a Polícia e, já agora, o Tribunal Penal Internacional!
O que dizes é bem verdade e a Lei diz que em último caso a empresa utilizadora tem de pagar até 12 meses de salários quando a empresa intermediária falha e fica sem meios mas, para já, esse dinheiro deve estar a dar muito jeito à Dan Cake nem que seja para comprar P.H. Eles hão-de pagar um dia mas só quando meia dúzia de resistentes levarem o caso até ao fim e com uma sentença de um Juiz… para a empresa há-de ser uma poupança do caraças pois hoje podemos estar a falar de 20 mil euros e quando este caso chegar ao fim, conforme o número de queixosos, há-de ser bem menos…
Pois caros comentadores indignados, eu fui mais uma das burladas e desta vez por uma entidade pública a ARS Lisboa, fui trabalhadora do centro de saúde de Oeiras e foi-nos dito (8 funcionários burlados) que a factura de Maio não tinha sido paga pela ARS mas que como nós eramos apenas horas e não pessoas não podiam fazer nada pois eramos funcionários da New Time e não deles. Foi um lavar de mãos de punhos brancos. Agora fizeram (ARS) uma proposta a quem quisesse aceitar uma nova empresa (Egor) mas com uma baixa salarial só no ordenado base de 165€ (ordenado mínimo)...
É sabido que a Dan Cake não tem pago o subsídio de férias pontualmente aos seus trabalhadores bem como as horas extraordinárias. Por aqui se vê que o azar dos temporários de quem se tem escrito aqui não se chama só Newtime. Burla de um lado, abandono e desprezo do outro…
...desenganemo-nos: ganhar três euros à hora, sem salário fixo, sem horas extra, sem seguro de saúde e sem estabilidade, já para não falar de que não se trabalha para o que se estudou, não é precariedade — é pobreza.
...são espremidos ao máximo. Fazem horas extra não-remuneradas (nos últimos três meses foram entre uma e duas horas por dia), não têm qualquer garantia de progressão e sabem de antemão que nunca ficarão no quadro da empresa, por isso, “tanto dá ser o melhor”. Trabalham da mesma forma que os estagiários da Nokia, que são melhor remunerados e a ETT ainda lhes fica com 25, 30 por cento do salário.
... está numa empresa que se chama Emprecede, que é a ETT da Teleperformance, empresa que por sua vez vende o serviço ao banco. Esta brincadeira garante que a margem que as ETTs ganham ao colocar trabalhadores nas empresas fica no mesmíssimo sítio. A Teleperformance recebe o negócio, mas “como são duas empresas juntas, até fisicamente, não sabes como viaja o dinheiro”. Teve de assinar uma declaração de confidencialidade porque é “um cargo de grande responsabilidade”. O trabalho que a Ana faz é qualificado, idêntico ao que é feito ao balcão de um banco, mas em vez de receber um ordenado similar aos das colegas, recebe 2,80 euros à hora. Apesar disso, tem de dizer sempre aos clientes que está na sede, que ela nem sabe onde fica. É um trabalho “super-instável” porque há dias em que a chamam para trabalhar oito horas e outros em que só trabalha três, consoante as necessidades. O contrato que assinou é “uma cena engraçada”, porque “não diz horas, mas diz que aceito ser movida para outra campanha e ser adaptada às necessidades da empresa”. Já participou em várias “campanhas”, isto é, assegurou o apoio ao telefone e backoffice de diferentes marcas (bancos, seguros e outras empresas). Como se isto não bastasse, depois de dois anos de trabalho, caso não passem a efectivos, “mandam-te seis meses para casa e depois voltam a contratar-te no mesmo registo, com as mesmas condições”.