Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013

            Uma  questão de  tempo     (-por Sérgio Lavos, Arrastão)

     Não surpreende que o PSD e os seus avençados mediáticos tenham escolhido a via da vitimização para tratar o caso do inimputável Dr. Relvas. Os piores crápulas gostam sempre de fingir indignação quando são despidos em público. O que surpreende é a reacção de algumas pessoas de esquerda e uma ou outra luminária do regime que já veio botar faladura sobre o assunto.

     Vamos lá ver as coisas como elas são:  esta gente saberá o que é censura?  O que é liberdade de expressão?  Não saberão que a censura é sempre um acto de poder exercido pelo mais forte sobre o mais fraco?   Uma limitação de expressão que visa calar opiniões contrárias, prévia ou posteriormente?   Ontem, quando o Dr. Relvas entrou no ISCTE, rodeado de seguranças, e subiu para um palanque posto à disposição pela estação com mais audiências do país, quem detinha o poder?   O ministro dos Assuntos Parlamentares, que tutela a comunicação social e decide os destinos do país, que tem o controle directo sobre os instrumentos que podem exercer a violência de Estado (a polícia e as forças armadas),  ou um grupo de estudantes que diariamente sofre as consequências das políticas implementadas pelo Governo a que o Dr. Relvas pertence?

      É de facto inacreditável que haja quem esteja, por ignorância ou pura má fé, a confundir censura com o que aconteceu ontem.  Durante três minutos, os assobios, os insultos e os apupos ao Dr. Miguel Relvas sobrepuseram-se à propaganda ministerial.  Os outros quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos do ano são usados pelo Dr. Relvas para sobrepujar, humilhar e empobrecer os estudantes que ontem não o deixaram falar e deram voz à raiva e à humilhação sentida por milhões de portugueses. Confundir um direito em democracia - o direito à manifestação - com um instrumento das ditaduras - a censura - não é, não pode ser, sério.

      O que muita gente parece não perceber é que a democracia não são aqueles breves dois segundos em que depositamos o nosso voto na urna. Os quatro anos (dois milhões, cento e dois mil e quatrocentos minutos) a que cada Governo tem direito não são um cheque em branco.  Cada minuto passado no poder por cada um dos governantes tem de ser um minuto a prestar contas, não só ao seu eleitorado mas a todos os cidadãos. Um mandato de quatro anos não é uma ditadura provisória, durante a qual tudo pode ser legítimo, mesmo (e sobretudo) quando todas as promessas eleitorais ou o que está no programa do Governo não é cumprido.

     O que o Dr. Relvas sentiu ontem foi a consequência imediata de um ano e meio de desvario, prepotência e desrespeito pelo povo que ele era suposto servir. Três minutos em que a democracia se sobrepôs à ditadura de quatro anos, que parece ser o modo como este Governo olha para o seu mandato. Não se perceber isto é não se perceber nada de nada. Um regime que ataca um grupo de estudantes contestatários (e não-violentos) para defender uma figura sinistra como o Dr. Relvas precisa urgentemente de repensar a sua natureza e existência. 

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Falemos de corrupção (11)  (- títulos do CM: «Amigas de Portas colocadas em Londres, ganham concurso diplomático»; «Passos e Relvas investigados») . “Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir” - D. Januário Torgal Ferreira, 16/07/2012.

 No ISCTE  não lhe deram  equivalência : (e Relvas teve de abandonar a sala, protegido pelos seguranças... ficando sem sabermos 'como será o jornalismo daqui a 20 anos?').

 -  "Isto é um sítio privado, não tens direitos!" :  Não se fiquem pela canção. Vale a pena tomar atenção ao estilo do moderador do 'clube dos "pensadores". (em defesa do seu convidado Relvas perante a 'Grândola...' e  os insultos que lhe foram dirigidos da assistência ...)

- " Cada vez que um português encontre um ministro, um secretário de Estado ou um banqueiro ...  cante-lhe a 'Grândola, Vila Morena'."- Paulo Raposo, do movimento "Que se lixe a troika".

- Pedro Rosa Mendes:   « ... encontramo-nos na Rua. »  também a 2 Março 2013.



Publicado por Xa2 às 07:55 | link do post | comentar

2 comentários:
De .Protestar e cantar a Grândola... a 21 de Fevereiro de 2013 às 12:31

Eu cantei a Grândola
(-por andrelevy, 20/2/2013, http://blog.5dias.net)

... Não esperem que os Portugueses se submetam às politicas de austeridade, a retrocessos civilizacionais
sem levantarem a voz, sem resistirem,
sem tornarem as vidas dos seus responsáveis políticos insustentáveis, com manifestações de rua, com greves … e com música.
Os portugueses declaram guerra sem quartel à política de direita.
Não cabe aos cidadãos esperar pelas eleições.
Cabe ao governo mudar de política ou sujeitar-se a escrutínio, pois uma política alternativa é necessária e urgente.
Não vivemos tempos “normais”, pelo que não esperem que cidadãos responsáveis e conscientes se “comportem”.

Escândalo não é pessoas cantarem a Grândola, lembrando as Portas que Abril Abriu, e exigindo o cumprimento da Constituição, por oposição a uma “refundação” do Estado Social.

Escândalo é que a PSP esteja a tomar nota dos elementos que cantaram a Grândola !

Pois bem, eu cantei na AR, cantei no ISCTE, cantei no Clube dos Pensadores, cantei na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,
e juntarei a minha a outras vozes cantando a Grândola ou palavras de ordem em protesto
contra este governo e a política de Direita.

-------------------------
21.02.2013, 21H. Hotel Sana Lisboa
(Av, Fontes P.Melo)
--->>>
Vitor Gaspar # inimigos do Gaspar
Vem cantar a «Grândola vila morena...»
----------------------------------------------------------

Não há duas sem três, nem quatro, nem… quantos Ministros tem mesmo o Governo ?

Depois de Passos Coelho e Miguel Relvas, a Grândola chegou aos ouvidos do Macedo. (Min. Saúde )
Como disse um amigo, ”o medo está a mudar de bando”.
(-por Renato Teixeira, 20/2/2013)
--------------
Onde está a bulgaridade?

«Nós temos dignidade e honra. Foi o povo que nos deu o poder, hoje percebemo-lo»
(Público, 20-2-2013), afirmou o primeiro-ministro, de centro-direita, justificando o seu pedido de demissão apresentado hoje.

«Não participarei num Governo quando a polícia bate no povo
e quando as ameaças de protestos substituem o debate político», argumentou no Parlamento.

Onde se passou isto? Em Portugal?
Não. Foi na Bulgária. (devido às medidas de austeridade impostas)

(-por António Paço , 20/2/2013)
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De ...neoliberal... ditadura... revolução ? a 21 de Fevereiro de 2013 às 16:18
Há quem tenha princípios e sentimentos

«“Não posso como cidadão deixar de pensar em todos aqueles que tendo tido também uma vida ao serviço do país se vêem empurrados para a pobreza e exclusão social, não lhe sendo sequer concedido uma vida de sobrevivência", afirmou.

Pinto Monteiro foi mais longe:
"Costumo dizer aos amigos que estou de férias da justiça, mas não estou seguramente de férias da cidadania.
Não posso deixar de mostrar a minha preocupação como magistrado, que sou há muitos anos, pelo que me parece estar a desenhar-se, uma menor transparência na separação de poderes”, afirmou.» [CM]

Parecer:

Nunca a democracia portuguesa esteve tão próxima da ditadura, nunca a paz esteve tao perto do conflito, nunca o capitalismo esteve tão perto da revolução.

: «Acordem.»


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