4 comentários:
De .Ataque à FP e ao Estado soberano. a 9 de Maio de 2013 às 14:06
Ataque à Função Pública
[Fernando Santos Pessoa, MIC, 09-05-2013]

Estamos a assistir a um despudorado ataque, pelo Governo liberal que nos tutela, ao Estado em geral e à Função Pública , e que só pode ter uma explicação : levar o poder do Estado até um resíduo de funções de soberania ( mesmo estas cada vez mais discutidas) e entregar à iniciativa privada e aos mercados todo o funcionamento da nossa vida colectiva. Nunca o liberalismo tinha ido tão longe no nosso país.

Despedir até 50 000 funcionários públicos é um absurdo, e o país tem que se levantar em uníssono contra isto; não pensem os trabalhadores privados que será melhor para eles terem um Estado fraco e menos interventivo, a breve prazo irão verificar que serão eles a vítimas seguintes do crescente poder deliberativo e persecutório do poder financeiro . Já foi assim no séc. XIX, com a luta inicial contra o liberalismo, já foi assim depois da grande depressão americana – se o interesse colectivo não for salvaguardado por um Estado com capacidade de intervenção e de regulação, a situação será insuportável para as populações e a revolta e a violência substituirão a ordem democrática.

No nosso caso agora, dizer que temos funcionários públicos a mais é uma descarada mistificação da realidade e pasmei ao ouvir o Secretário de Estado encarregados dos cortes , com ar angelical falar do assunto. Fixem a carinha dele...

Eu fui toda a vida funcionário publico e posso afirmar com toda a certeza que o “monstro” citado por Cavaco Silva foi criado por ele próprio. Eu nunca vi entrar tanta gente para funcionário publico como no tempo do então Primeiro Ministro, todos os meses entravam às centenas. No meu Serviço que teria uns 400 funcionários o respectivo presidente dizia que teríamos de chegar aos 1000 para ter peso como organismo publico. Era a regra geral no tempo do cavaquismo.

Só que toda a gente entrava em regime de recibo verde. Quando António Guterres chega ao Governo, havia funcionários públicos há mais de 10 anos nesse regime, e talvez muita gente já se não lembre, mas as pressões dos sindicatos e da opinião pública em geral eram constantes, tendo levado Guterres a passar para efectivos muitos dos que estavam a recibos- e o processo continuou sempre, nos governos seguintes.

Já em tempos escrevi que a reorganização da Função Publica não pode ser feita assim de uma penada, como agora mandar para a rua 50.000 pessoas.

A reforma para ser justa e correcta tem se ser feita distrito a distrito, e as CCDR podiam ser as instituições coordenadoras : temos funcionários a mais em alguns serviços e a menos em muitos outros , e isso só ao nível local e regional é que pode ser corrigido. Nunca a nível nacional.

Todos os que estão ligados à Função Publica sabem bem , no seu Distrito , quais são os Serviços que podem facilmente dispensar funcionários e quais aqueles que precisam de ser reforçados. No fim talvez se chegasse à necessidade de dispensar efectivamente alguns funcionários, mas nunca um número tão disforme e atirado assim para as parangonas dos telejornais.

O país tem de se levantar em uníssono contra esta aberração liberal de atacar a Função Pública, e se juntarmos a esta situação também o despudorado assalto aos reformados, que vêem mês após mês a sua única fonte de rendimentos – a reforma para a qual descontaram toda a vida – então temos os elementos suficientes para uma explosão nacional.

E uma recomendação final : não se esqueçam de fixar bem as caras destes títeres, autênticos fantoches manipulados pelo poder financeiro, porque quando a borrasca estalar vão aparecer por aí como virgens imaculadas a carpir mágoas. É sempre assim

(Escrito com a ortografia anterior ao AO)


De Zé da Burra o Alentejano a 31 de Dezembro de 2014 às 12:59
Quando disse que poderia contar com o apoio do PS e do CDS estava obviamente a ser irónico. Esses partidos costumam servir-se deste grupo de eleitores para os enganarem com promessas.


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