O que fizemos quando a cidade ardia ? (-por Miguel Cardina, Arrastão, 17/5/2013)
“A crise é uma oportunidade”, diz o ditado. Mas a grande maioria das vezes é apenas uma ameaça. Uma ameaça a quem não possui ferramentas para ultrapassar as vulnerabilidades do quotidiano. Uma ameaça a quem vive do seu trabalho e o vê escassear. E uma ameaça ao modo como fomos construindo – tardiamente e de forma lacunar – um modelo de Estado que foi permitindo suprir algumas carências oriundas de uma sociedade profundamente desigual. Vivemos tempos ameaçadores, em que o próprio espectro do futuro surge como indesejável. Por isso mesmo, tão importante como a análise do presente é a imaginação do possível.
A primeira ameaça à nossa vida individual e coletiva provem da austeridade. O processo de empobrecimento induzido em que estamos submersos está a piorar o dia-a-dia da imensa maioria. A taxa de desemprego regista máximos históricos e o desemprego jovem roça os 50%. Neste cenário, a família-providência reganha importância: netos, filhos e avós são obrigados a reforçar laços de dependência económica, precisamente no momento em que os pensionistas são um dos alvos preferenciais dos cortes promovidos pelo governo. Ao mesmo tempo, a segurança social, a saúde e a educação públicas são atacadas abertamente, através de uma retórica que busca “emagrecer” o Estado e manter inquestionável a dívida e a sua necessária renegociação. A resposta à austeridade só pode passar por um aprofundamento da democracia, por uma revitalização do Estado social e por uma alternativa de esquerda seriamente apostada em combater as desigualdades e socializar a riqueza.
A segunda ameaça vem de um populismo que atribui culpas da situação que vivemos aos “políticos”. Estes são vistos como todos iguais, todos corruptos e todos recheados de mordomias autoimpostas. Essa leitura dos “políticos”, como uma espécie de “classe” à parte, esquece o lugar no qual injustiça e corrupção efetivamente se encontram: a esquina onde uma oligarquia económico-financeira perene namora com sectores partidários que têm governado o país. Do que precisamos, pelo contrário, é de mais políticos e de mais política. Se esta é, por natureza, o cuidado com os assuntos da polis, tornar-nos políticos – ou seja, participar nos processos democráticos – é condição necessária para podemos influir no presente. E a participação, convém frisá-lo, não se restringe à democracia representativa: faz-se também nos movimentos sociais, em fóruns de debate, nos protestos de rua e nos gestos mais ou menos arrojados – das grandoladas ao recém inaugurado «direito de rirsistência» - que põem a nu quem manda.
A terceira ameaça que assombra os tempos que correm reside na revitalização de um discurso nacionalista que divide a humanidade entre um “nós” e um “eles”. Este desenho enquadra os primeiros numa nação que – em lugar de ser pensada como uma construção política com contradições internas e inserida em dinâmicas que frequentemente a transcendem – é vista como algo natural e orgânico. A História já exemplificou como o nacionalismo resulta em refúgio conservador quando os tempos se tornam perturbantes. A este nacionalismo difuso torna-se útil contrapor um espírito cosmopolita que seja aberto à diferença e se ancore na afirmação ética da universalidade.
A quarta, última e porventura mais perigosa ameaça – porque abre caminho a todas as outras – vem do desinteresse. Ou seja, a instalação de uma certa consciência de que cada voz individual é tão ínfima que resulta inaudível. “Vão sem mim que eu vou lá ter”, cantavam os Deolinda, expressando este sentimento de cómoda desistência. É frequente os partidos e movimentos à esquerda ficarem-se pela interpretação dessa atitude e das razões políticas, sociais ou históricas que a sustentam. Isto é importante porque capacita uma intervenção contra-hegemónica que pretende disputar os espíritos à modorra. Mas é necessário complementar esta visão com uma outra, que coloca a tónica na responsabilidade. Cada um e cada uma é responsável pelo seu voto ou pela sua abstenção, pela atitude tomada ou pela falta dela, pelo gesto de sair à rua ou de permanecer no sofá. Os tempos a isso mesmo convocam. Ignorar o presente é tomar (um mau) partido pelo futuro.
O que diremos quando nos perguntarem: e tu, o que fizeste quando a cidade ardia ?
Acabar com a farsa e correr o risco de ser livre
(- por Daniel Oliveira)
Paulo Portas deixou claro para que serve a contribuição de sustentabilidade: para inglês ver. Existe mas, se tudo correr como Portas espera, não deve ser aplicada. O que era importante era ter a 7ª avaliação aprovada, vir o dinheiro que falta e fingir que se vão cumprir as metas.
...
O verdadeiro debate é, agora, para todos, este:
como vamos nós resolver, depois da troika ir embora, a embrulhada em que ela nos meteu?
Há quatro formas de lidar com isto.
A primeira é aquela que costumamos praticar:
tratar das urgências do presente e depois logo se vê. É a do governo. Cumprir metas, passar avaliações e destruir tudo de caminho. Quem vier depois que resolva os problemas gravíssimos com que ficamos.
A segunda também é habitual e é uma forma diferente de fazer o mesmo:
ignoram-se os disparates que se estão a fazer agora e faz-se uma profunda reflexão sobre o que se fará depois, como se as escolhas do presente não determinassem as escolhas disponíveis no futuro.
É a do Presidente, que passa ao lado de tudo o que é relevante hoje para se concentrar num futuro incerto que as decisões atuais tratarão de tornar irreversível.
A terceira é fazermo-nos de desentendidos:
somos contra este disparate, não vamos continuar, mas recusamos discutir as consequências dessa postura.
É a de quase toda a oposição.
Uns porque pretendem fazer parecido, outros porque não contam ter de fazer nada.
A quarta é a difícil:
assumir as rupturas com esta farsa e mobilizar o País para os seus riscos.
Mas a farsa que vivemos tem um fundo de razoabilidade.
Se seguirmos a lógica que nos é imposta pela troika e pela União Europeia e aceitarmos continuar a viver com a atual arquitetura do euro
acabaremos sempre por ter de fazer o que está a ser feito.
Mais devagar, mais depressa, de forma mais trapalhona ou mais hábil.
Mas, mais coisa menos coisa, será isto:
desvalorizar salários durante décadas, cortar nas prestações sociais e serviços públicos,
e, com uma economia que gera cada vez menos riqueza,
cobrar o máximo possível de impostos para permitir que o Estado cumpra funções mínimas.
Não é possível recusar a política da troika sem estar disposto a, caso não haja uma grande flexibilidade do outro lado, romper com ela.
E romper com ela terá efeitos na nossa vida coletiva.
Se não for a saída do euro, com os seus riscos e as suas vantagens, que me digam qual será.
É a única solução que encontro, mas não podia estar mais aberto a alternativas.
Com uma condição: que seja qualquer coisa que dependa de nós.
Porque continuar a esperar pela Europa é insistir neste teatro.
Já todos, talvez com a exceção de Vítor Gaspar e Passos Coelho, perceberam que nada do que está a ser feito nos levará a qualquer lado.
O que falta é uns pararem de fingir que são governo e outros deixarem de fingir que são oposição.
E alguém assumir que tem uma alternativa realmente diferente, para devolver ao País a sua soberania.
Com essa soberania livrar-nos-emos da tutela de outros. Mas também da sua proteção.
Quem não quer viver sob protetorado não obedece ao "protetor" até ele estar satisfeito.
Corre o risco de ser livre e de se estatelar sozinho.
Só se corrermos o risco de deixarmos de ser atores de um mau guião importado poderemos escrever a nossa própria história.
É isso que queremos? Eu quero.
Se for para isso, estou, como cidadão, disponível para enfrentar os tempos difíceis que nos esperam.
Resta saber quem consegue dar suficiente esperança aos portugueses para que eles acreditem que vale a pena arriscar tanto
Banif e os vampiros
(por Daniel Oliveira)
Foi na semana passada que o governo anunciou, através de notícias colocadas nos jornais - o que não deixa de ser um forma muito pouco corajosa de lidar com os cidadãos - que os funcionários públicos terão mais um corte nos seus salários.
Em média, 4% de perda. Se juntarmos a isto o que já foi cortado no ano passado e o aumento do horário - que reduz o que é pago por hora de trabalho -, teremos uma perda salarial que andará entre os 10% e os 15%.
Também foi por estes dias que ficou claro que a os pensionistas do Estado verão as suas reformas reduzidas em cerca de 11%, numa medida retroativa, que acaba com qualquer relação de confiança com o Estado e que me parece indiscutivelmente inconstitucional.
Por fim, foi ainda esta semana que ficámos a conhecer o parecer da Unidade Técnica de Acompanhamento Orçamental (UTAO) da Assembleia da República, que diz que
as previsões do governo, em que se baseiam estes cortes, não refletem o impacto da redução da receita dos impostos e não têm em conta o custo que o Estado terá com o pagamento de indemnizações aos funcionários públicos que rescindam contrato.
Ou seja, que não haverá a folga que Gaspar julga ter.
O que pode significar que a famosa "TSU dos reformados", que, apesar de ser a "linha vermelha" de Paulo Portas, está longe de ser a medida mais grave deste pacote, terá mesmo de avançar.
Na mesma semana em que, na surreal estratégia de comunicação deste governo, fomos conhecendo os pormenores deste massacre, outra notícia foi tornada pública:
Conceição Leal, administradora do Banif Banco de Investimento do Brasil, um negócio que correu mal, recebeu um prémio de gestão de 533,7 mil euros no momento em que o banco se retira do mercado brasileiro.
Se a isto juntarmos o seu salário anual de 448,6 mil euros, temos um rendimento anual de quase um milhão de euros. O que faz desta senhora a gestora bancária mais bem paga do País.
Isto, trabalhando num banco virtualmente falido graças, em grande parte, à promiscuidade que foi mantendo com o regime jardinista da Madeira.
Não, não é um assunto de uma empresa privada.
O Banif é, desde o final de 2012, graças à intervenção pública para o salvar, detido em 99,2% pelo Estado.
Esta nacionalização provisória custou aos contribuintes mais de mil milhões de euros que o Estado espera um dia ver devolvidos (se tiver mais sorte do que teve no BPN).
Não tenho feito dos salários de políticos e gestores públicos assunto de muitas crónicas.
Apesar de muitas vezes ficar chocado, sei onde acaba esse debate e como ele tantas vezes serve para alimentar um discurso contra o parlamentarismo, contra as funções económicas e sociais do Estado e até contra a democracia.
E como muitas vezes esconde a falta de vontade em discutir as verdadeiras razões desta crise. Mas tudo tem um limite.
E este prémio, conhecido na semana em que o governo assalta pensionistas e funcionários públicos, ultrapassa todas as marcas.
É sabido que os gestores bancários transformaram-se nos salteadores dos tempos modernos.
Que, para proveito próprio, esmifraram as instituições que os empregam e depois entregam os resultados desastrosos da sua ganância ao Estado, para que os contribuintes paguem a factura.
Mas quando vemos isso continuar a acontecer num banco intervencionado pelo Estado percebemos que o elogio ao sacrifício dos portugueses e a conversa sobre insustentabilidade das funções sociais e económicas do Estado tem sempre e apenas os mesmos destinatários: aqueles que não têm qualquer responsabilidade nas causas desta crise.
A conduta dos que, durante anos, viveram à custa da bebedeira irresponsável do sistema financeiro, continua como antes.
Em bancos privados mas também em bancos que o Estado se viu obrigado a salvar.
Num dia em que haja justiça, senhoras como Conceição Leal terão de devolver aos portugueses, até ao último cêntimo, este dinheiro.
Dinheiro que é dos portugueses.
Que resulta dos impostos que, todos os meses, com tanto sacrifício, tiram dos seus salários.
Dinheiro que devia ser usado em escolas, hospitais, reformas.
E que a senhora Conceição Leal usa para si própria.
“Sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia”. - Carlos Nelson Coutinho, gramsciano:
Hobsbwam, historiador britânico, deixou-nos com um alerta:
“o Mundo não vai melhorar sozinho”.
----------------
A EUROPA DO NOSSO DESCONTENTAMENTO
Transcrevo o texto, que abaixo podem ler, do site da revista italiana MicroMega, no qual se indica como sua proveniência o jornal Reppublica. A sua autora é a reputada jornalista e escritora italiana Barbara Spinelli, aliás unida por ligações familiares a eminentes vultos da vida política e intelectual.
O texto é acutilante e inconformado.
Pode ajudar-nos a pensar, pode ajudar-nos a agir politicamente, pode mostrar cruamente as limitações e a mediocridade gritante de quem hegemoniza a Europa. Eis o texto, significativamente intitulado,
« Europa, o sono da política »:
Europa, il sonno della politica
[di Barbara Spinelli, da Repubblica, 15 maggio 2013]
Succede solo in quest'Europa, attratta dal naufragio non a causa dell'economia ma della convulsa scempiaggine della sua politica:
parliamo dello scandalo di una Corte costituzionale tedesca divenuta cruciale per ogni cittadino dell'Unione, mentre la Corte costituzionale in Portogallo vale zero.
Parliamo di Jens Weidmann, governatore della Banca centrale tedesca, che accusa Draghi di oltrepassare il suo mandato - salvando l'euro con i mezzi a sua disposizione - e senza vergogna dichiara guerra a una moneta che chiamiamo unica proprio perché non appartiene solo a Berlino.
Il mandato della Bce è chiaro infatti, anche se Weidmann ne contesta la costituzionalità:
mantenere la stabilità dei prezzi (articolo 127 del Trattato di Lisbona),
ma nel rispetto dell'articolo 3, che prescrive lo sviluppo sostenibile dell'Europa, la piena occupazione e il miglioramento della qualità dell'ambiente, la lotta all'esclusione sociale, la giustizia e la protezione sociali, la coesione economica, sociale e territoriale, la solidarietà tra gli Stati membri.
Qualcosa non va nella storia che si sta facendo, se l'articolo 3 neanche fa capolino sul sito Internet della Bce, per timore che Berlino magari s'adombri.
Fra poco più di un anno, nel maggio 2014, voteremo per il rinnovo del Parlamento europeo.
Soprattutto per gli italiani sarà una data diversa dal solito.
Perché l'Europa della trojka (Bce, Commissione, Fmi) pesa sulle nostre vite come mai in passato.
Perché le sue medicine anti-crisi sono contestate ovunque dai popoli, scuotendo perfino il medico che più ardentemente le propina:
il 22 settembre i tedeschi andranno al voto e forse premieranno un partito antieuropeo - Alternativa per la Germania - appena nato nel febbraio scorso.
I partiti dovranno smettere le menzogne che vanno dicendo, sulla possibilità di "piegare" Angela Merkel.
Specie in Italia, dovranno piantarla di tradire elettori e cittadini.
Per la prima volta infine, se oseranno, potranno indicare il presidente della Commissione.
Sta nei trattati.
Se parliamo di menzogne, è perché nessun governo è in grado di piegare Berlino con gli argomenti esclusivamente economici fin qui sbandierati:
un po' meno austerità, un po' di crescita, qualche condono.
Convinta com'è che siano i mercati e nessun altro a disciplinarci, Berlino si muoverà solo se la politica prevarrà su tesi economiche degenerate in dogmi.
Se governi, partiti e cittadini accamperanno visioni chiare di quella che deve essere un'altra Europa:
non quella presente, dotata di risorse minime, precipitata in ottocenteschi equilibri di potenze.
L'Unione somiglia oggi a una Chiesa corrotta, bisognosa di uno Scisma protestante:
di una Riforma del credo, dei vocabolari.
Di un piano con punti precisi (erano 95 le tesi di Martin Lutero).
Il Papato economico va sovvertito opponendogli una fede politica.
Solo così la religione dominante s'infrangerà, e Berlino dovrà scegliere:
o l'Europa tedesca o la Germania europea, o l'egemonia o la parità fra Stati membri.
Sempre ha dovuto scegliere in tal modo:
l'Europa, disse Adenauer nel '58, "non va lasciata agli economisti".
L'ortodossia tedesca è antica ormai, s'affermò nel dopoguerra e si chiama ordoliberalismo:
...
De A Europa do nosso descontentamento. a 20 de Maio de 2013 às 17:06
...
L'ortodossia tedesca è antica ormai, s'affermò nel dopoguerra e si chiama ordoliberalismo:
i mercati sanno perfettamente correggere gli squilibri, senza ingerenze dello Stato, perché dotati di immutata razionalità.
È l'ideologia della "casa in ordine":
ogni nazione espierà le proprie colpe da sola (Schuld vuol dire debito e colpa, in tedesco).
Solidarietà e cooperazione internazionale vengono dopo, a coronare i compiti a casa se benfatti.
Come in Inghilterra, viene invocata ingannevolmente anche la democrazia:
trasferire parte della propria sovranità svuota i parlamenti nazionali.
Per questo la Corte costituzionale tedesca è pregata di pronunciarsi su qualsiasi mossa europea.
Se è inganno, è perché nella fattoria-Europa non tutte le democrazie sono eguali:
ce ne sono di sacrosante, e di dannate.
Il 5 aprile scorso, la Corte costituzionale portoghese ha rigettato quattro misure dell'austerità imposta dalla trojka (tagli agli stipendi statali e alle pensioni), perché contrarie al principio di uguaglianza.
Il comunicato diramato due giorni dopo dalla Commissione europea, il 7 aprile, ignora del tutto il verdetto, "si felicita" che Lisbona prosegua la terapia concordata, rifiuta ogni rinegoziato:
"È essenziale che le istituzioni politiche chiave del Portogallo restino unite nel sostenere" il risanamento così com'è.
Il diverso trattamento riservato ai giudici costituzionali tedeschi e portoghesi è a tal punto disonesto che l'Europa difficilmente sopravviverà come ideale nei suoi cittadini.
Alcuni dicono che può sopravvivere se l'egemonia tedesca si fa più benevola, restando egemonia.
George Soros l'ha chiesto nel settembre 2012 sul New York Review of Books, con solidi argomenti.
Lo esige il governo polacco.
In Germania lo domanda chi teme non già l'egemonia, ma una poco splendida, introversa autoidolatria.
Egemonia e autoidolatria sono tuttavia i sintomi, non la causa del male che cronicamente assilla la Germania.
Sempre ai suoi governi è toccato fare i conti con il dogma della casa in ordine.
Sin dal dopoguerra la sua politica della memoria fu mutila:
conscia come nessun altro del passato nazi-fascista, ma dimentica del ciclone economico che tramortì i tedeschi, negli anni '30, con l'austerità delle riparazioni inflitte dai vincitori.
Lo scherzo della storia è atroce:
proprio Keynes, che aveva denunciato nel '19 la punizione disciplinatrice dello sconfitto, è l'economista più inviso in Germania.
Se la Germania ha voluto un'Europa sovranazionale, fino a inserirla nella Costituzione, è perché gli ordoliberali (nella Banca centrale, nelle accademie) sono stati ripetutamente disarcionati.
Adenauer impose la Cee e il patto franco-tedesco a un ministro dell'Economia - Ludwig Erhard - che fece di tutto per affossarli. Che accusava la Cee di "endogamia" protezionista, di "scemenza economica".
Con Londra provò a sabotare i trattati di Roma, preferendo di gran lunga una zona di libero scambio.
Non l'ascoltarono né Adenauer, né il primo capo della Commissione Hallstein, grazie ai quali la razionalità politica vinse.
Lo stesso scenario riapparve con l'euro:
anche qui, aggrappato a Parigi, Kohl antepose la politica scavalcando economisti mainstream e Banca centrale.
Oggi il bivio è simile, ma con politici camaleontici, senza più volontà ferme.
La crisi ha disilluso il popolo tedesco.
L'ordoliberalismo si politicizza, assapora vendette antiche.
Non resta quindi che lo Scisma:
la costruzione di un'altra Europa, che parta dal basso più che dai governi.
Un progetto già c'è, scritto dall'economista Alfonso Iozzo:
secondo i federalisti, può divenire un'"iniziativa dei cittadini europei" (articolo 11 del Trattato di Lisbona), da presentare alla Commissione.
L'idea è di munire l'Unione di risorse sufficienti per fare crescita al posto di Stati costretti al rigore.
Una crescita non solo meno costosa, perché fatta insieme, ma socialmente più giusta e più ecologica, perché alimentata dalla tassa sulle transazioni finanziarie, dalla carbon tax (biossido di carbonio) e da un'Iva europea.
Dalle prime due tasse si ricaverebbero 80/90 miliardi di euro:
il bilancio comune rispetterebbe la soglia dell'1,27 concordata a suo tempo.
Mobilitando Banca europea
...
De Europa: que nós nos ajudemos a 20 de Maio de 2013 às 17:11
------------------------------------------------------------
A Europa do nosso descontentamento
...
Mobilitando Banca europea degli investimenti ed eurobond, avremmo un piano di 300/500 miliardi, e 20 milioni di nuovi posti di lavoro nell'economia del futuro (ricerca, energia).
Per fare queste cose occorre tuttavia che la politica torni alla ribalta e ridiventi, come dice l'economista Jean-Paul Fitoussi, non un insieme di regole automatiche ma una scelta.
Occorre l'auto-sovversione di Lutero, quando scrisse le sue 95 tesi e disse, secondo alcuni:
"Qui sto diritto.
Non posso fare altrimenti.
Che Dio mi aiuti, amen".
-------------
« Europa, o sono da política »:
Europa, il sonno della politica
[di Barbara Spinelli, da Repubblica, 15 maggio 2013]
De Deitamos gasolina e fomos roubados a 20 de Maio de 2013 às 19:51
Quando a cidade e o país ardia deitamos gasolina no fogo. A única diferença é que uns deitaram cisternas outros bidões alguns potes de 20 litros uns tantos deitaram garrafões de 5 litros os "parasitas" dos subsídios 1/2 litros ou uns meio quartilhos. todos de uma forma ou de outra fomos contribuindo para o incendo que por vezes se chamou/chama de festa eleitoral.
Agora vivemos no pântano democrático onde até o dinheiro de quem descontou para ter uma reforma digna foi desviado/roubado antes de ter entrado nos respetivos cofres.
Soares junta esquerdas para debater como sair da austeridade
[Susete Francisco, ioline.pt, 20-05-2013]
Ex-presidente da República promove sessão pública, no final de Maio, que vai juntar representantes do PS´, PCP e Bloco de Esquerda
Mário Soares vai juntar representantes do PS, PCP e Bloco de Esquerda a discutir o caminho para Portugal sair da austeridade. O ex-presidente da República falou com os líderes dos três partidos de esquerda, que se vão fazer representar, a 30 de Maio, na sessão pública “Libertar Portugal da Austeridade”, que decorrerá em Lisboa.
A iniciativa – noticiada este fim-de-semana pelo semanário Expresso – conta, entre os promotores, e além de Mário Soares, com nomes como os socialistas Manuel Alegre e Vítor Ramalho, Maria do Rosário Gama (líder do movimento “APRE!”, que representa aposentados, pensionistas e reformados) ou Sampaio da Nóvoa – reitor da Universidade de Lisboa, que presidirá à sessão.
Além dos três partidos, e numa altura em que as centrais sindicais ensaiam também uma aproximação, estarão presentes os secretários-gerais da CGTP e UGT, Arménio Carlos e Carlos Silva. Confirmada está também a presença do sociólogo Boaventura Sousa Santos, bem como do social-democrata Pacheco Pereira.
Aproximação à esquerda Em alguns sectores do PS o encontro promovido por Soares está a ser visto como uma forma de o fundador e histórico socialista promover uma aproximação entre os partidos da esquerda, isto depois de António José Seguro ter admitido, no último congresso do partido, coligações de incidência parlamentar quer à esquerda quer à direita.
Fonte próxima do ex-presidente da República garante, no entanto, que a iniciativa não tem qualquer perspectiva partidária – “É uma reflexão conjunta à esquerda, mas sem que cada entidade perca a sua autonomia.”
“É uma conjugação de esforços à esquerda, isso é, juntando pessoas que não concordam com o rumo que o país leva”, reforça a mesma fonte, sublinhando que o próprio Soares fez diligências ao mais alto nível entre os partidos de esquerda, garantindo o assentimento das direcções à sessão pú
blica – “Isto não é uma iniciativa sectária”.
Mário Soares tem sido uma voz activa na defesa de que os três partidos da esquerda têm de encontrar soluções – concertadas – para a crise económica que o país atravessa e para a resposta e para a resposta ao clima de austeridade e ao memorando da troika.
Recentemente, em entrevista à Antena 1, o histórico socialista foi mais longe, ao afirmar que “é possível um entendimento bastante grande [dos socialistas] com o Bloco de Esquerda”, porque este último partido “está numa situação de muita clareza”.
Comentários
[1] UNIR A ESQUERDA ???????
Eduardo Milheiro, 2013-05-20 12:01:39
Mário Soares quer unir a esquerda????, ele que dividiu tudo para reinar, dividiu Portugal no ante-25 de Novembro, dividiu o movimento sindical criando a UGT, dividiu a esquerda tentando aniquilar o PCP e sempre fazendo alianças á direita, é o culpado de não termos um PR de esquerda como Manuel Alegre, pois foi ele que em 2006 se candidatou com o apoio de Sócrates para ajudar a derrotar Manuel Alegre, foi ele que em 2011 empurrou Fernando Nobre para a candidatura dividindo os votos dos Portugueses da cidadania para derrotar novamente Manuel Alegre.
É este o homem que agora fala em unir a esquerda? esta atitude só pode ser uma questão de consciência pesada,
Comentar post