Sexta-feira, 14 de Junho de 2013

             Manifesto :   Obrigado,  professores       (-por Sérgio Lavos)

    "Sem educação não há país que ande para a frente.   E é para trás que andamos quando o governo decide aumentar o número de alunos por turma, despedir milhares de professores e desumanizar as escolas, desbaratando os avanços nas qualificações que o país conheceu nas últimas décadas. Não satisfeito, continua a sua cruzada contra a escola pública. Ameaça com mais despedimentos e com o aumento do horário de trabalho dos que ficam.

      Ao atacar os professores o governo torna os alunos reféns.   Com menos apoios educativos e menos recursos para fazer face à diversidade de estudantes, é a escola pública que sai enfraquecida. Querem encaixotar os alunos em turmas cada vez maiores com docentes cada vez mais desmotivados.  Cortam nas disciplinas de formação cívica e do ensino artístico e tecnológico, negando aos jovens todos os horizontes possíveis.

     Os professores estão em greve pela qualidade da escola pública e em nome dos alunos e das suas famílias.   Porque sabem que baixar os braços é pactuar com a degradação da escola. (e do Trabalho e do País)    Os professores fazem greve porque querem devolver as asas aos seus alunos que o governo entretanto roubou. Esta greve é por isso justa e necessária. É um murro na mesa de quem está farto de ser enganado. É um murro na mesa para defender um bem público cada vez mais ameaçado.

      Por isso, estamos solidários.  Apoiamos a greve dos professores em nome de uma escola para todos e onde todos cabem. Em nome de um país mais informado e qualificado, em nome das crianças que merecem um ensino de qualidade e toda a disponibilidade de quem sempre esteve com elas. É preciso libertar a escola pública do sequestro imposto pelo governo e pela troika. Aos professores dizemos “obrigado!” por defenderem um direito que é de todos.

                Subscritores:   ...   ...  ... (artistas, escritores, ... + alunos e pais de alunos 'afectados' pela greve + eu, cidadão deste país).

Entretanto, o comité arbitral deu razão aos professores, realçando o facto de o pedido de serviços mínimos feito pelo Governo pôr em causa o direito à greve. Felizmente, ainda vivemos num Estado de Direito, numa democracia, e a greve pode ser feita quando os trabalhadores querem, não quando é conveniente para o Governo ou para a entidade patronal. 
               Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros...  
 O discurso do Governo e dos seus apoiantes sobre a greve dos professores e o suposto prejuízo dos alunos é das coisas mais hipocritamente revoltantes a que temos assistido nos últimos tempos. Esta nota, escrita por uma aluna do 12.º ano, Inês Gonçalves, no Facebook, é uma resposta à altura:

     "Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.

Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…

    Ando há 12 anos na escola, na escola pública.

    Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.

    As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.

    Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!

    Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!

    Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?

    Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas? 

    Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?

    Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?

    Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?

    Não somos reféns nessa altura?               

    E  a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?

    Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!

    Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!

    De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!

    E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!

    Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco*    - Inês Gonçalves"



Publicado por Xa2 às 19:03 | link do post | comentar

3 comentários:
De + Educação e gr. classe média. a 14 de Junho de 2013 às 19:45

«Um povo culto é o maior inimigo de um (mau) governo (e de oligarquias)»

Esta é a razão do ataque ao Ensino Público e à classe média.


De .GREVEs: porquê, por quem, ... a 15 de Junho de 2013 às 09:59
GREVE(S): POR QUÊ, POR QUEM ... SOLIDARIEDADE ...
E a Greve Geral também É COMIGO.
--------------------------------------------------
Obrigada pela vossa (nossa) greve, dia 17 de Junho (-por Raquel Varela)

Pelos nossos filhos que podem ter na escola um lugar de emancipação e não um armazém de crianças,
pelos nossos pais que com o emprego com direitos vêem as suas reformas sustentadas por quem trabalha,
e por todos nós, porque viver ao lado de desempregados, com desempregados, viver desempregado, é estar na linha da barbárie social.
A minha solidariedade a esta greve.

«Sou professor há quase 20 anos e ganho 1300 euros por mês. Não me queixo, há quem ganhe muito menos.
A minha mulher, também professora, está desempregada. O seu subsídio de desemprego, que está quase a acabar, é de 380 euros. Pago casa ao Banco e tenho duas filhas pequeninas.
Tenho mais de 40 anos.
Se neste momento for despedido pelo Ministério da Educação e ficar sem emprego, não sei como vou sobreviver. Eu e as minhas filhas. Com esta idade, quem é que me dá trabalho?» (-por Ricardo F. Pinto, Aventar.)
------------------
Há quem tenha mesmo uma "linha vermelha" (-por Daniel Oliveira)

Paulo Portas fez dois apelos:
que os professores não fizessem greve nos dias de exames
e que a UGT negociasse com o governo em sede de concertação social.
A ideia de Portas é que os professores têm todos os outros dias do ano para fazer a paralisação. E que escolheram os piores de todos. O que mais mossa causa.
Serei, como pai de uma aluna do 9º ano, prejudicado por esta greve. E, no entanto, acho este apelo descabido.

As greves não têm como objetivo fazer com que a entidade empregadora poupe um dia de salários, os grevistas vejam o seu ordenado ainda mais reduzido e, no dia seguinte, tudo continue na mesma.

Só fazem sentido se forem uma forma de pressionar o outro lado de um processo negocial a ceder. Foi para isso que foram criadas. Sim, fico irritado se esta greve acontecer.
E, por isso mesmo, exijo, como cidadão, que o governo a evite. Recuando no que pretende fazer aos professores.
Acho compreensível que, quem concorde com as medidas do governo, ache que são os professores que devem ceder.
O que não me parece aceitável é que, numa luta que tem dois lados, se finja que só existe um.
Pior: que se diga aos professores que só devem fazer greve quando ela não tenha qualquer efeito no processo negocial.
Quem escolheu as vésperas de dois exames nacionais para avançar com estas brutais propostas? Quem apresentou medidas de tal forma radicais que nem podem ser consideradas uma base séria para qualquer negociação?

Paulo Portas quer evitar esta greve?
Sendo membro do governo, use o lugar que ocupa para apelar ao primeiro-ministro, ao ministro das Finanças e ao ministro da Educação para recuarem.

Não espere que, para não perder ele o emprego, os professores estejam disponíveis para perderem o seu e para verem as suas condições de trabalho brutalmente degradadas.

Portas não pode falar como se fosse um árbitro nesta história. É uma das partes. A parte que não parece estar disponível para ceder.

O apelo à UGT ainda me parece mais desfasado da realidade. Onde estava Paulo Portas quando Passos Coelho e Vítor Gaspar humilharam a central sindical que assinou o que a todos já parecia uma cedência inaceitável?
Onde estava quando o seu governo não cumpriu os acordos que assinou, quando eles eram já tão prejudiciais para os trabalhadores? Onde estava quando o governo transformou a concertação social em figura decorativa? Onde estava quando os acordos lá assinados passaram a ser numa mera figura de estilo, em que o que é mau para quem trabalha é aplicado e o resto ignorado? Onde estava quando o primeiro-ministro tornou os palavra do governo, mesmo quando os acordos lhe são tão simpáticos, em qualquer coisa em que não se pode confiar? O tempo para pedir boa vontade aos parceiros sociais já passou. E Paulo Portas, como membro deste governo, é cúmplice dessa oportunidade perdida. Que se tivesse lembrado da importância das negociações quando Vítor Gaspar começou a decidir, sozinho, a política deste governo, ignorando não só a sociedade e os sindicatos, mas todos os restantes ministros. ...


De .Obrigado pela vossa/ Nossa Greve /Luta a 15 de Junho de 2013 às 10:04
GREVE(S): POR QUÊ, POR QUEM ... SOLIDARIEDADE ...E A G.GERAL TB. É COMIGO

Obrigada pela vossa (nossa) greve, dia 17 de Junho (-por Raquel Varela)
...
...

Paulo Portas quer que os sindicatos façam o mesmo papel que ele tem feito:
que finjam que negoceiam com um governo sem palavra e sem vontade de negociar.
Que, no fim, façam umas flores e cedam em tudo sem luta.
Para ele, pode ser que chegue.
Para quem tem obrigação de representar os trabalhadores seguramente não chegará.
Se nem a Portas o primeiro-ministro dá ouvidos, acha que dará aos professores e aos sindicatos sem o risco de pagar um alto preço pela sua prepotência?

É que nem todos os portugueses estão dispostos a fazer o triste papel que Paulo Portas reservou para si próprio nesta crise.
Há quem tenha mesmo uma "linha vermelha".
E não a deixe passar sem lutar a sério.

MARCADORES: desemprego, governo, greve, sindicalismo, ugt


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