Renegociar já, mas não como os credores querem
«Só a renegociação, acompanhada de uma moratória, e a reestruturação, com anulação de uma parte do valor da dívida, redução das taxas de juro e alongamento das maturidades,
pode reduzir o peso dos juros na despesa pública, evitar o colapso da provisão pública de bens e serviços e libertar recursos para o investimento e a criação de emprego.
Mas a reestruturação de que Portugal e a Grécia precisam não é a dos credores.
Aos credores interessa aliviar o fardo para que o "animal" continue a ser capaz de puxar a carroça.
Aos povos grego e português interessa alijar a carga para caminhar em frente, sem condições impostas pelos credores.
A renegociação tendente à reestruturação da dívida de que precisamos tem de ser conduzida em nome do interesse nacional,
contra o interesse dos grandes credores e salvaguardando os pequenos aforradores.
O Estado português tem de tomar a iniciativa e conduzir todo o processo.
Mas o Governo português, o Presidente da República e a maioria dos deputados da Assembleia da República fingem não perceber.
Estão sentados à espera que os credores mandem.
Em contrapartida, cresce na sociedade a compreensão da necessidade de agir.»
Do excelente artigo do José Castro Caldas no Público de hoje, cuja leitura na íntegra se recomenda vivamente.
Encontra-se em curso a petição
«Pobreza não paga a dívida: Renegociação já» (que permite subscrições online),
um instrumento da maior relevância para exigir que a Assembleia da República se pronuncie pela abertura urgente de um processo de renegociação e pela criação de uma entidade que acompanhe a auditoria à dívida pública, com participação cidadã qualificada.
A discussão desta petição permitirá, adicionalmente, confrontar a narrativa dominante sobre
as origens da crise com as suas fraudes, falsidades e fracassos, que se tornam cada vez mais indisfarçáveis.
(-por Nuno Serra, Ladrões de B., 17/6/2013)
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