Terça-feira, 18 de Junho de 2013

             Não desvalorizemos os sinais de tempestade   (-por Tiago M. Saraiva)

    Ao longo dos anos tenho vindo a utilizar com todos os pruridos a comparação entre a realidade presente e o Fascismo. É bom não esquecer que num regime fascista este texto não seria publicado ou que este autor, muito provavelmente, não estaria a escrevê-lo em liberdade. Contudo, olho à minha volta e diferentes momentos da semana fazem adivinhar um negro destino que paira sobre nós.
    Na Turquia o protesto local contra a construção de um centro comercial desencadeou uma guerra civil. Milhares dão o corpo às balas (literalmente) para derrubar mais um ditador protegido pela NATO. Quem duvidar do estado de excepção, basta ver alguns vídeos que circulam pela internet, as imagens da prisão dos (médicos e dos) advogados  que se voluntariavam para (tratar e) defender os manifestantes (e aos jornalistas que procuram cobrir a situação) ou saber das multas aplicadas aos canais de televisão que transmitem os protestos. Ao invés, na Grécia, do dia para a noite o primeiro ministro decidiu encerrar a televisão pública e lançar no desemprego mais uns milhares de trabalhadores.
    A nuvem negra do fascismo paira novamente sobre a Europa. E Portugal está no pelotão da frente.
    O que dizer de um governo que recorre a dispositivos ilegais para condicionar o direito à greve de professores? O que dizer de um ministro que, do dia para a noite, decreta a suspensão do pagamento dos subsídios dos funcionários públicos? O que dizer da morte de “Mucho” depois de 15 dias em coma por ter sido espancado pela polícia num bairro da Damaia? O que dizer de uma justiça que condena em dois dias quem manda trabalhar o Presidente da República e que lhe diz na cara que está farto de ser roubado ao mesmo tempo que ignora, iliba ou adia decisões em todos os casos que envolvem as figuras poderosas do regime? O que dizer dos 25% de cidadãos residentes em Portugal que vive abaixo dos limiares de pobreza?
    Os sinais de tempestade estão todos aí.

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Carta de  solidariedade pelo povo grego,  pela democracia e  contra o apagão do serviço público de rádio e televisão na Grécia  (-por Miguel Cardina)
                  A/C Exmo. Sr. Embaixador da Grécia em Portugal,
    A Grécia acordou no dia 12 de Junho sem televisão e radio públicas. No dia anterior, 11 de Junho, o governo impôs, com escassas horas de pré-aviso, o "apagão "da ERT (serviço público de rádio e televisão grego), tornando-se a Grécia o primeiro país da União Europeia a suspender o serviço público de comunicação social, num claro atropelo da democracia. Semelhante decisão constitui uma inequívoca manifestação de autoritarismo, abrindo um estado de exceção que colide com normas europeias e ataca direitos fundamentais.
    O serviço de televisão público é essencial para o povo grego, para a democracia na Grécia, para a democracia na Europa. Considerar aceitável esta situação é aceitar a premissa e a ameaça da chantagem antidemocrática sobre os meios de comunicação social e a liberdade de imprensa.
    Os e as assinantes enviam por isso esta carta de repúdio pela decisão do governo grego e exigem o respeito pelos valores democráticos sustentados pelo serviço público de televisão e rádio. Só a democracia pode defender os povos europeus contra a austeridade e o autoritarismo.
        Os/as abaixo-assinado  ...


Publicado por Xa2 às 07:52 | link do post | comentar

1 comentário:
De Turquia melhorará democracia ? a 8 de Junho de 2015 às 12:26
7/6/2015
--- Eleições na Turquia:
Erdogan derrotado, esquerda pró-curda com resultado histórico Presidente turco não conseguiu renovar a maioria parlamentar do seu partido, o AKP, para instaurar na Turquia um regime presidencialista. Partido Democrático do Povo (curdo) surpreende ao atingir 14,36 por cento e eleger 79 deputados.

Com praticamente todos os votos apurados, é já certo que o partido conservador Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder há 13 anos, perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas que decorreram este domingo na Turquia.

Para além da derrota do partido do presidente Erdogan, a grande novidade destas eleições é o facto de o partido de esquerda pró-curdo, Partido Democrático do Povo (HDP), ter conseguido ultrapassar a cláusula-barreira dos 10 por cento ao conquistar 14,36 por cento dos votos e eleger 79 deputados.

O AKP obteve 46,91 por cento e 258 deputados, insuficiente para conquistar a maioria absoluta de 276 cadeiras no parlamento e longe dos 49,8 por cento obtidos nas últimas eleições.

Em segundo lugar surge o Partido Republicado do Povo (CHP), com 24 por cento e 132 deputados, seguido da extrema-direita do Partido da Ação Nacionalista (MHP) e provável parceiro de coligação do AKP, com 81 deputados e 14,73 por cento.

O sucesso eleitoral do HDP impediu o AKP de atingir os seus objetivos eleitorais, que vê assim fracassado a sua pretensão de renovar a maioria absoluta ou até mesmo superar os 60 por cento no parlamento para convocar um referendo sobre o sistema político do país e instaurar um regime presidencialista.

Segundo os dados mais recentes divulgados pelas autoridades turcas, 86 por cento dos 54 milhões de eleitores foram às urnas.

-----
http://www.esquerda.net/artigo/eleicoes-na-turquia-erdogan-derrotado-esquerda-pro-curda-com-resultado-historico/37290


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