Sócrates diz que PS não pode aceitar acordo que envolva austeridade
O antigo líder socialista critica que a iniciativa do Presidente da República para um compromisso de salvação nacional aconteça "depois das medidas anunciadas, das medidas estabelecidas".
Lusa22:27 Domingo, 14 de julho de 2013
Luiz Carvalho
O ex-primeiro-ministro José Sócrates defendeu hoje que o PS não pode aceitar um acordo com PSD e CDS-PP sobre medidas de austeridade já estabelecidas, dizendo duvidar que a iniciativa do Presidente da República "leve a bom porto".
No seu programa semanal de comentário político na RTP1, o antigo secretário-geral do PS disse ter sido sempre "um adepto desse acordo", mas condenou que esta iniciativa do Presidente da República para um compromisso de salvação nacional aconteça "depois das medidas anunciadas, das medidas estabelecidas".
"É pedido [ao PS] que seja feito um acordo depois das medidas anunciadas, das medidas estabelecidas, o primeiro-ministro já comunicou à 'troika' quais eram todas as medidas, e detalhou, que queriam realizar, e agora pedem ao PS para CONCORDAR com DESPEDIMENTOS na função pública, com reduções das pensões.
Eu acho que o PS NÃO PODE concordar com isso e não vai concordar com isso", afirmou Sócrates.
O antigo líder socialista recorreu depois a uma metáfora que já utilizou várias vezes para apontar a condição necessária para que houvesse acordo entre o PS e os partidos da maioria:
"Tinha de ser sempre com base no seguinte,
PARAR de escavar, parar com os CORTES e com a AUSTERIDADE".
"O senhor Presidente da República lembrou-se que talvez fosse bom oferecer uma pá ao PS para continuar a escavar, ora, eu acho que
o PS não pode, nem vai, aceitar uma coisa dessas", observou.
"Parece-me central em todos os discursos do PS, que tem dito "nós não podemos colaborar com uma política para além da 'troika'".
O que o Presidente está a pedir ao PS é, eu dou-vos eleições daqui a um ano, mas vocês ajudam o Governo a aprovar o Orçamento para 2014, que inclui estes cortes todos, cortes esses já estabelecidos com a 'troika'", referiu.
"Balbúrdia institucional"
Sócrates criticou a iniciativa tomada por Cavaco Silva, considerando que esta gerou uma "balbúrdia institucional" no país, "estendeu a crise como uma mancha de óleo", e deixou o Governo "completamente desautorizado".
Para o antigo chefe de governo, o compromisso proposto pelo Presidente, após o executivo já ter anunciado mudanças na sua orgânica, coloca o primeiro-ministro "numa posição indigna, sem autoridade para liderar".
"Foi absolutamente humilhado, toda a gente nota", considerou.
Já sobre a convocação de eleições legislativas antecipadas para 2014, José Sócrates disse não saber como é que os presidentes do PSD e do CDS "podem assinar um acordo destes", que constitui "um preanuncio de dissolução" do parlamento.
"Duvido muito que esta iniciativa do Presidente da República leve a bom porto, veremos em que estado ficam as nossas instituições", afirmou, assinalando que "caso não haja acordo" ficam várias interrogações no ar.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/socrates-diz-que-ps-nao-pode-aceitar-acordo-que-envolva-austeridade=f820381#ixzz2Z6Usf8AQ
De Anónimo a 15 de Julho de 2013 às 10:34
PS
por Miguel Cardina
Das duas, uma:
ou o PS, ao aceitar o repto de Cavaco, vai fingir que negoceia, tomando o povo por parvo;
ou vai mesmo negociar com aqueles que considera não terem já legitimidade para estar no poder.
Se assim for, predispõe-se a indicar como se processará o corte de 4700 milhões - a tal "reforma do Estado" - e qual o itinerário daqui até ao 2.º resgate - que assim ficará "ratificado" por acordos prévios entre o "arco da austeridade", sem passar por essa maçada das eleições (ou levando a que elas ocorram tendo como pano de fundo um "facto consumado").
Finalmente percebi o que significa um "catch-all party
«Não é a pornografia que é obscena.
É a fome que é obscena.» - J. Saramago
Para Manuel Alegre, a decisão do presidente da República pretende colocar dificuldades ao Partido Socialista: "Ao transferir a responsabilidade para os partidos, mete no mesmo saco o PS e os dois partidos da coligação. O objetivo parece ser entalar o PS, pois se este aceitar um compromisso o PS fica amarrado ao Governo e chegará às eleições desgastado. Se não dialogar, será acusado pelo Presidente de virar as costas ao País."
O histórico socialista deixa um aviso a António José Seguro:
"O PS não é o terceiro partido da direita.
Se isso acontecer, será o suicídio político do PS ou desta direção.
Confio na honestidade do secretário-geral, António José Seguro, quando diz que não vai voltar atrás com a palavra."
Recomenda ao PS e a Seguro que se afirmem como alternativa:
" Os portugueses têm que perceber que o PS, para além do seu secretário-geral, tem uma equipa capaz."
Quanto a Cavaco Silva, considera que o Presidente coloca o País sob uma dupla tutela: "A da troika e agora a dele próprio. Só que o Presidente da República não é o tutor dos partidos."
O que deveria ter feito, após a carta de Vítor Gaspar e da demissão de Paulo Portas, era ter convocado eleições.
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