Sábado, 13 de Julho de 2013

A propósito de Verdes que são vermelhos

Os Verdes anunciaram pomposamente uma moção de censura. Parece que é para entalar o PS e para darem ao PSD e ao CDS a oportunidade de mostrarem que estão unidos. É a táctica do costume... 

Mas o que aqui me traz é o facto de os Verdes serem um partido assim - como dizer? -  um pouco para o estranho. Vou tentar explicar porquê.

Os Verdes concorreram sempre às eleições coligados com o PCP na CDU (ou formações anteriores à CDU, como a APU). Nunca foram a votos. Mas são tratados, na Assembleia e por imposição legal na Comunicação Social como se fossem mais um grupo parlamentar. Ou seja, se o PS decretasse que três deputados seus eram do Partido Socialista Liberal, mais três do Partido Socialista Marxista, mais três do Partido Socialista Republicano podia falar o triplo das vezes. Nas cerimónias do 25 de Abril, ou nas interpelações, ou nos debates sobre o Estado da Nação. E podia triplamente apresentar moções e o que quisesse. O mesmo é válido para o Bloco, o PSD ou o CDS.

É estranho que a lei seja assim. Mas talvez seja ainda mais estranho que o PCP se aproveite da lei e nunca seja confrontado com isso. Por mim, acho verdadeiramente fantasmagórico que jamais alguém tenha feito esta pergunta: e o que pensam Os Verdes?

E sabem porque não fazem? Porque basta saber o que pensa o PCP. Eles são dois corpos, mas têm a mesma cabeça.

Por: Henrique Monteiro [Expresso]


Nota pessoal:

Vivemos uma época estranhíssima. Numa época de crise. Não só financeira ou económica, mas também de valores. De toda a espécie de valores - morais, éticos, sociais e até de religiosos ou filosóficos. Vivemos, dizem num regime parlamentar em que alguns insistem em chamar de democracia. Dizem até, os entendidos, que os nossos governantes, embora eleitos por sufrágio do voto popular, não têm legitimidade para governar e não representam o «povo». Dizem que são precisas novas eleições e há até quem diga e patrocine uma base mais alargada de entendimento partidário para governar este país. Dizem as oposições e até, espantosamente (ou não) vozes dos partidos que estão no exercício do poder da governação. Vivemos portanto uma época esquisita. Infelizmente esta miserabilidade de regime não se confina só a Portugal. Ele estende-se com formas mais ou menos similares a toda a Europa Ocidental e até a outros Países também eles ditos democráticos. Mas na minha cabeça ninguém me convenceu ainda que «isto» a que assistimos é Democracia. Para mim, não posso e não quero acreditar que o seja. Recuso-me a aceitar que aquela «coisa» porque aspirámos durante + de 40 anos de regime autoritarista e bolorento, seja «isto» a que estamos a assistir na prática. Vou portanto continuar à espera que cheguemos à Democracia. E vou dizer que deixámos o regime ditatorial e que estamos a atravessar um regime a que vou chamar de «democracia do proletariado». Noutra altura tentarei definir ou explicar o que entendo por «democracia do proletariado».
Entretanto não se esqueçam do que vêm, assistem e sofrem na «pele» quer pelos partidos que nos governam, pelos que nos têm anteriormente governado (e para quem os ouça parece m ter-se esquecido) e para os outros que nunca governaram e até os assusta pensarem que algum dia teriam o azar de poderem ser eleitos, vade de retro, pois seria o seu fim enquanto pseudo vozes de oposição. Um abraço e bom fim-de-semana.

 



Publicado por [FV] às 09:37 | link do post | comentar

1 comentário:
De Partidos e coligações em Democracia a 19 de Julho de 2013 às 11:24
Da legitimidade e da puberdade democrática
(18, 2013 por Alexandre de Sousa Carvalho)

É curioso o velho argumento que hoje saiu das bancadas do CDS, do PSD e do próprio Governo pela boca do Primeiro Ministro que contemplam a ”ironia” que
os Verdes tentem censurar um Governo nunca tendo sido eleitos em nome próprio mas em nome da CDU.

Curioso estes democratas-cristãos e sociais-democratas (e ditos socialistas, num passado não tão distante) que não reconhecem legitimidade a um partido que, coligado ou não, foi eleito pelos portugueses.

D’Os Verdes pode-se sempre deixar a dúvida de qual o seu peso eleitoral pelos seus próprios pés.

Já o que foi dito pelas bancadas à direita é a atitude condescendente e anti-democrática de não conferir legitimidade a um partido que, coligado ou não, foi eleito e tem os mesmos direitos e deveres que qualquer outro partido com assento parlamentar.

Curiosa esta direita que tanto fala na premência da estabilidade e que diz que a esquerda que a não se consegue coligar nem é estável, e tem na CDU um exemplo vivo e contrário a esse argumento.




Um país que precisa de salvadores é porque não merece ser salvo, como diria Millôr Fernandes.

Os partidos que estão nas conversas de ‘salvação nacional’ são os mesmos partidos que têm estado a liderar o regime político português há mais de 30 anos.

Quando os ‘salvadores’ são os mesmos que nos conduziram durante mais de três décadas até aqui, está tudo dito.

A única forma de uma mudança de rumo só pode ser possível quando a percepção popular reconhecer que entre estes três partidos o caminho será sempre o mesmo
com apenas diferenças paliativas na retórica, mesmo que dentro das suas fileiras possa existir alguma dissensão.



P.S.: No início da intervenção de encerramento, Paulo Portas refere “os três partidos democráticos da Assembleia da República”.
Para Paulo Portas, no mesmo discurso em que defende a soberania da legitimidade eleitoral para a “sua” coligação, o mesmo não reconhece essa mesma
legitimidade aos outros partidos que eleitos democraticamente defendem um rumo diferente da do arco na qual o seu partido se insere.

Mas de Paulo Portas não se pode esperar mais que dissimulação e jogo, retórica e hipocrisia, demagogia e populismo da pior espécie.
Já dos partidos e, dessa forma, da Assembleia da República como um todo, seria talvez um sinal de maturidade se se deixassem destas brincadeiras, semelhantes a ver crianças a fingir que são adultos.
É que enquanto é enternecedor ver crianças a sério a fazerem de adultos, ver partidos e responsáveis da Nação neste exercício diário e recorrente é apenas perturbador e irresponsável.

---------- Do irrevogável CDS !
(Julho 18, 2013 por Tiago Mota Saraiva)

No Parlamento parece que causa muito celeuma o facto de Os Verdes nunca terem concorrido sozinhos a eleições.
O argumento acaba de ser usado pelo líder do partido que vai com todos para o governo e nunca venceu eleições.


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