Da legitimidade e da puberdade democrática
(18, 2013 por Alexandre de Sousa Carvalho)
É curioso o velho argumento que hoje saiu das bancadas do CDS, do PSD e do próprio Governo pela boca do Primeiro Ministro que contemplam a ”ironia” que
os Verdes tentem censurar um Governo nunca tendo sido eleitos em nome próprio mas em nome da CDU.
Curioso estes democratas-cristãos e sociais-democratas (e ditos socialistas, num passado não tão distante) que não reconhecem legitimidade a um partido que, coligado ou não, foi eleito pelos portugueses.
D’Os Verdes pode-se sempre deixar a dúvida de qual o seu peso eleitoral pelos seus próprios pés.
Já o que foi dito pelas bancadas à direita é a atitude condescendente e anti-democrática de não conferir legitimidade a um partido que, coligado ou não, foi eleito e tem os mesmos direitos e deveres que qualquer outro partido com assento parlamentar.
Curiosa esta direita que tanto fala na premência da estabilidade e que diz que a esquerda que a não se consegue coligar nem é estável, e tem na CDU um exemplo vivo e contrário a esse argumento.
Um país que precisa de salvadores é porque não merece ser salvo, como diria Millôr Fernandes.
Os partidos que estão nas conversas de ‘salvação nacional’ são os mesmos partidos que têm estado a liderar o regime político português há mais de 30 anos.
Quando os ‘salvadores’ são os mesmos que nos conduziram durante mais de três décadas até aqui, está tudo dito.
A única forma de uma mudança de rumo só pode ser possível quando a percepção popular reconhecer que entre estes três partidos o caminho será sempre o mesmo
com apenas diferenças paliativas na retórica, mesmo que dentro das suas fileiras possa existir alguma dissensão.
P.S.: No início da intervenção de encerramento, Paulo Portas refere “os três partidos democráticos da Assembleia da República”.
Para Paulo Portas, no mesmo discurso em que defende a soberania da legitimidade eleitoral para a “sua” coligação, o mesmo não reconhece essa mesma
legitimidade aos outros partidos que eleitos democraticamente defendem um rumo diferente da do arco na qual o seu partido se insere.
Mas de Paulo Portas não se pode esperar mais que dissimulação e jogo, retórica e hipocrisia, demagogia e populismo da pior espécie.
Já dos partidos e, dessa forma, da Assembleia da República como um todo, seria talvez um sinal de maturidade se se deixassem destas brincadeiras, semelhantes a ver crianças a fingir que são adultos.
É que enquanto é enternecedor ver crianças a sério a fazerem de adultos, ver partidos e responsáveis da Nação neste exercício diário e recorrente é apenas perturbador e irresponsável.
---------- Do irrevogável CDS !
(Julho 18, 2013 por Tiago Mota Saraiva)
No Parlamento parece que causa muito celeuma o facto de Os Verdes nunca terem concorrido sozinhos a eleições.
O argumento acaba de ser usado pelo líder do partido que vai com todos para o governo e nunca venceu eleições.
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