Uma derrota "colossal"
Cavaco Silva, sem surpresa, atirou a toalha ao chão. Veio confessar ao país o falhanço da “sua melhor solução” para a grave crise política.
A sua derrota é também uma rendição ao governo defunto e descredibilizado não apenas perante qualquer pessoa em seu juízo mas perante si próprio como o prova ter deixado de fazer de morto e de intervir na zaragata suicida do governo.
A justificação que achou necessário dar, com abundância de argumentos, sobre a sua iniciativa merece reflexão.
Ela resume-se à sua profunda convicção não só da possibilidade como da naturalidade de os partidos abdicarem de aspetos fundamentais da sua orientação para apoiarem outro partido com política oposta em nome de um suposto interesse nacional em linha com as conceções da defunta União Nacional.
Cavaco Silva não é um salazarista mas , ainda que inteligente é um político medíocre cuja conceção da política e da democracia se mantem tributária da cultura da União Nacional.
No salazarismo foi sempre “um bom aluno” e no regime democrático, como “não politico assumido”, tem dado provas e não só agora de que não aprecia as regras essenciais da democracia que implicam confrontação de políticas que correspondem a interesses contraditórios da sociedade.
Cavaco Silva para defender o governo da direita tem de engolir os sapos que o compõem e que ele detesta.
Cavaco Silva sofreu uma severa derrota e pôs-se a jeito para averbar as que aí vêm com a ressurreição, ao fim de 15 dias, do cadaveroso governo de Passos Coelho e Paulo Portas.
Entretanto, na entrevista a Ana Lourenço, Seguro informou que as conversas com o PSD e o CDS estavam a correr bem até 5ª feira e só na 6ª feira o PS concluiu pela inviabilidade de acordo.
Para desvendar o mistério Ana Lourenço quis saber, sem sucesso, as razões do súbito impasse.
Seguro insinuou que foram os discursos públicos de Passos Coelho.
Fica-se sem saber qual o papel nos resultados deste processo negocial das ameaças de Mário Soares, Manuel Alegre, António Costa e outras figuras do PS.
O PS de Seguro necessitou de longas reuniões durante toda uma semana para concluir que não chegaria a acordo com a direita
e bastou-lhe meia hora de diálogo com o BE, a pedido deste, para concluir do desinteresse em prosseguir com tanta proximidade.
Sintomático das inclinações.
Cavaco Silva com a sua inconsequente intervenção só agravou a crise política.
A superação da crise, só possível com eleições, necessita de uma ajuda indispensável, a ajuda da rua,.
Necessita do protesto das vítimas das imposições da troika e do up grade delas feito por este governo rendido aos credores.
Necessita da luta dos portugueses que não aceitam o esvaziamento democrático do regime nascido com o 25 de Abril.
Necessita da revolta dos portugueses condenados ao desemprego, ao empobrecimento e ao roubo do seu futuro.
Etiquetas: Cavaco Silva, crise política, o discurso do PR, Passos Coelho, Portas, Seguro
# posted by Raimundo Narciso
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Mira Amaral e o nosso mundo aqui à volta
Na revista do Público saiu hoje um artigo de Rui Cardoso Martins, na seção PERSONAGENS DE FICÇÃO MIGA C/ BIFE DO LOMBO AMAGAL.
Vale a pena lê-lo pelo que tem de elucidativo sobre o mundo que nos rodeia, hoje, aqui, em Portugal e na Europa.
RMC não poupa as palavras e revela coragem porque cada vez menos os jornalistas se sentem à vontade para dizerem o que pensam por recearem as consequências para o seu futuro profissional.
(Um clique nas imagens torna-as legíveis)
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A política do Governo é boa ou é má? É má para uns mas é... boa para outros!
Nicolau Santos, hoje no Expresso. Os destaques a amarelo já vinham na imagem que apanhei no Facebook. Os meus seriam um pouco diferentes. No seu artigo, NS, diz que "um novo estudo do FMI sobre 173 casos de consolidação orçamental entre 1978 e 2009 mostra que ela aumentou a desigualdade, diminuindo a parte dos rendimentos do trabalho em relação aos lucros e aos rendimentos de rendas, aumentado o desemprego de longo prazo e o seu risco de agravamento como um problema estrutural.
"Mais: contra a tese comummente aceite, os efeitos distributivos de um ajustamento por via de um corte na despesa pública não são menos...
"A podridão dos hábitos políticos" (e apaniguados)
(-por Sérgio Lavos, Arrastão, 24/7/2013)
Tem toda a razão Rui Machete, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros. Alguém com o seu currículo estará sempre acima de qualquer suspeita. A passagem pelo conselho superior da SLN - o organismo que supervisionava os negócios de Oliveira e Costa -, e que acumulou com o lugar de presidente do Conselho Consultivo do BPN desde 2004,
é certamente um excelente indicador da probidade e de decência do homem de confiança de Cavaco - a quem maldosamente chamam o "líder da quadrilha" - no Governo.
Também o seu trabalho no BPP é exemplar:
na sua qualidade de presidente da FLAD, participou na decisão de compra de 3% deste banco, investimento perdido quando a instituição faliu.
Mas como não poderá ele orgulhar-se de um negócio tão vantajoso para o BPP?
Seriedade, rigor, competência. São portanto incompreensíveis as críticas que lhe estão a ser feitas, assim como a apreciação feita pelo embaixador americano em Lisboa sobre o seu trabalho na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (um cargo de resto conseguido com a ajuda do seu grande amigo Cavaco Silva, à altura primeiro-ministro):
"The foundation's overhead then was 60% of revenue, leaving only 40% for actual programming. Today, this figure is only somewhat better as FLAD continues to spend 46% of its budget on overhead for its luxurious art-adorned offices, bloated staff, fleet of chauffeured BMWs, and on "personnel and administrative costs" that has included at times wardrobe allowances, low-interest loans to staff, and honoraria for staffers participating in FLAD's own programs."
Que injustiça para tal figura de referência, os comentários feitos pelo embaixador Briggs.
Reafirmo: as críticas são "o reflexo da podridão dos hábitos políticos."
É com homens como Rui Machete que o país andou e andará para a frente. Longa vida no Governo.
Ficamos a aguardar numa próxima remodelação que figuras tão gradas e honradas como Oliveira e Costa, Duarte Lima ou o amigo e conselheiro do primeiro-ministro, Dias Loureiro, sejam convidadas a decidir os destinos do país. Nós, o povo, agradecemos.
------------- tags: Crime organizado
------ « machete. vai muito bem com arroz, malandrinho. »
[ machete-octopolvo-bpn laranja em fund.azul ]
- de Pedro Vieira e rabiscos vieira
------------ Anónimo
Má gestão.
Nepotismo.
Gastos sumptuários, sobretudo em popós de luxo.
Pagamento de favores politicos com pilim alheio.
Mil e uma formas de espatifar dinheiro e recursos de forma incompetente e despreocupada.
Quem traçou este perfil do nosso “novo” ministro, Rui Machete, não foi a esquerda botabaixsta e vitriólica.
Foi um embaixador americano, ao descrever (http://www1.ionline.pt/conteudo/107204-wikileaks-eua-acusam-rui-machete-favores-politicos-na-flad)
a forma como a FLAD estava a ser gerida pelo insigne jurista.
http://wikileaks.org/cable/2008/12/08LISBON2780.html
22:07.2013 (JPP)
O NAVIO FANTASMA (18)
... Mas a crise não vai passar e irá piorar se não houver eleições.
Queira o Presidente ou não, se dá ao Governo a remodelação que ele deseja — ela própria a melhor garantia de que vai continuar a haver instabilidade governativa —, e os dois anos até 2015, reforça a arrogância que Passos Coelho já mostrou na crise ao afrontá-lo na Assembleia.
O Presidente volta ao contexto do seu discurso de 25 de Abril, mas numa situação muito mais frágil.
É só uma questão de tempo até toda a gente perguntar se era para isto, por que perdeu todos estes dias?
É que o argumento dos mercados não serve só para aterrorizar os indígenas com as eleições, serve também para Portas, Passos e Cavaco.
Mas há uma razão ainda mais funda, estrutural, para que a crise não se vá embora e ela traduziu-se na
grande OMISSÃO destes dias, no enorme silêncio absurdo e cego com que se discute tudo e três tostões como se as pessoas comuns fossem mera paisagem, os portugueses súbditos sem voz,
— as eleições não servem para nada, dizem-lhes —,
e colonizados pelos colaboradores dos “credores” de um protectorado consentido sem revolta.
Se nada disto mudar, é só esperar pelos próximos episódios.
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A CRISE POR DETRÁS DA "CRISE"
Andamos tempo de mais a esquecer-nos de que Portugal ainda é uma democracia. Esquecemo-nos também de que Portugal ainda é um país soberano e independente.
Há demasiadas pessoas a dizerem-nos que tudo isto é só nominal, porque não podemos viver em democracia sob o jugo da “economia” e não há soberania, enquanto houver Memorando.
Aceitem e calem-se, porque o país deve ser governado sem lei, nem Constituição, e submetam-se a tudo que a troika nos diz, porque os nossos soberanos são os “credores”. Isto, dizem-nos, é indiscutível, é a “realidade”, no dizer do primeiro-ministro, e a “realidade” não se discute.
Daqui resulta uma enorme perturbação, ... O ministro dos Negócios Estrangeiros acha normal descrever o seu país como um protectorado. ... Repito: eu posso dizê-lo, ele não.
O facto de o ministro usar essa classificação (ele não é analista, é ministro, pelo que a sua voz é aceite pelas diplomacias estrangeiras como sendo a descrição legítima, não só de facto mas de jure, da situação portuguesa)
não tem origem em nenhum acto do Parlamento, nenhuma rendição de tropas, nenhum Pétain a assinar a submissão a Hitler, em nome da “salvação nacional”.
Se somos um protectorado, devemos organizar a resistência ou ser “colaboracionistas”?
O que é significativo é que a existência de um Memorando, do teor do que foi assinado há dois anos, é considerado pela nossa elite do poder como uma cedência total da soberania, e uma suspensão da democracia, comportando-se em consequência com a maior das naturalidades.
Não é apenas uma medida de emergência financeira, pactuada com entidades de que Portugal faz parte (Portugal é membro do FMI, do BCE e da UE),
mas uma rendição que põe em causa tudo, a começar pela independência e a acabar na democracia.
Na verdade, a questão mais de fundo é que a política definida no Memorando era para uma elite económica-financeira-política
muito mais do que um plano de emergência financeira, era o programa salvífico para “nos comportarmos bem”, e para que “o país nunca mais seja o mesmo”.
Era uma oportunidade única e foi defendida com tropas em batalha, como se fosse uma guerra. E era, era e é, uma guerra social.
Ou seja, o Memorando foi não só uma emergência, mas também uma salvação divina.
Deu aos seus colaboracionistas um bordão político que ia muito para além do seu cumprimento, tornando-se o programa de regeneração nacional que poria em ordem os preguiçosos gastadores dos portugueses que “viviam acima das suas posses”,
reduzindo-os punitivamente à sua condição de pobres de que nunca deveriam ter saído, ainda por cima com dinheiro emprestado e encostados ao Estado.
Quem eram esses portugueses?
Os trabalhadores, os funcionários, os pequenos empresários, os reformados, os pensionistas, os “de baixo”.
Os de cima pagavam uma taxa, uma portagem, mas reforçavam o seu mando e ficavam com um país de mão-de-obra barata, assente no “estabilizador” do desemprego e na perda quase total de direitos laborais.
...
Francisco Louçã:
Três teses Renascentistas para a Esquerda
Extratos. Artigo completo aqui ou aqui) https://www.facebook.com/notes/francisco-lou%C3%A7%C3%A3/tr%C3%AAs-teses-renascentistas-para-a-esquerda/10151590276188214
1ª tese:
a finança-sombra subjuga a economia que subjuga a democracia.
2ª tese:
Na Europa, é preciso o primeiro governo de esquerda que comece a romper o círculo vicioso da subjugação à finança.
3ª tese:
o governo de esquerda não se fará com os comprometidos da troika e exige um novo mapa político.
...
...
Há dois meses, o valor do mercado de derivados não regulados ultrapassou um quadrilião de dólares. Duplicou desde o início da recessão e é mais de 16 vezes o PIB mundial.
É capital fictício,evidentemente, mas é capital – ou seja, o seu valor é garantido por salários,pensões e impostos, através do controlo implacável da dívida pública.
Esvaziado, o Estado deixa de repartir bens públicos porque é uma agência da finança.
Na Europa, a dívida é a máquina que permite simultaneamente perpetuar a renda financeira futura e impor o novo regime social, por via da “corrosão de carácter” a que se refere Sennett:
a maior transformação social desde a passagem da economia agrária para a industrial, a precarização absoluta do trabalho qualificado.
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22.7.13
Medalha de bronze
Um terceiro lugar neste terrível pódio (do Desemprego), que bem dispensávamos.
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Não há milagres grátis
Depois do serão de ontem, estamos todos em clima de uma espécie de ressaca e, para já, é impossível largar o tema:
«Os partidos do Governo julgavam que, dando eleições ao PS, este absolveria dois anos de austeridade cruel que destruiu a economia real do país.
O PS acreditava que PSD e CDS sairiam como cordeiros do redil montado pela troika.
Os portugueses, como os peixes que escutaram o sermão de Santo António, viveram embalados na ilusão de que o país era mais importante do que as facções partidárias.
Há milagres que não existem.
Agora assistimos, perante um acordo impossível de alcançar, à transmissão da culpa. (...)
Só alguém que acredita em tudo poderia supor que este acordo de "salvação nacional" lavasse a roupa suja e tornasse tudo mais branco.
Ninguém sai bem deste falso milagre, até mesmo António José Seguro que pareceu disposto a fornecer oxigénio a um Governo exangue.
Desfeito o equívoco, num cozinhado onde os portugueses nunca foram informados dos ingredientes, já não há mais milagres grátis e disponíveis.
Até porque se destruiu o resto da esperança.»
- Fernando Sobral
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Para memória presente (passada e futura):
. PS : a hipocrisia do costume.
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Uma farsa, uma anedota e um pesadelo
Seguro acaba de anunciar ao país que só agora é que descobriu que a tal "salvação nacional" era o que sempre foi: a salvação do memorando. Num discurso inflamadíssimo, como não poderia deixar de ser,
criticou as companhias que escolheu para negociar em vez de negociar com quem sempre esteve interessado numa salvação real do país,
não apenas de uma troika, com a qual também o PS assinou a ruína de Portugal e dos portugueses, como ainda de um centrão de negócios, que prosperam como nunca por estes dias, ao qual o PS também pertence e quer continuar a pertencer.,
Ou então a escolha dos seus aliados poderia ter sido bem outra. António José Seguro não soube resistir a essa tentação. A título de prémio de consolação, inteiramente merecido pelas provas de responsabilidade e de tanto sentido de Estado mais uma vez concentrados numa pessoa só, justificar-se-ia um SMS presidencial com a mensagem "Andavam para aí a dizer que o palhaço era eu. Obrigadinho".
Depois há os textos que PS e PSD já disponibilizaram nas suas páginas como sendo os documentos da "negociação". E a conclusão a retirar é apenas uma. Não houve negociação nenhuma. Tudo isto foi uma enorme farsa. O que dizem PSD, PS e CDS é bem diferente daquilo que escrevem.
O PS fornece como documento de negociação uma versão da moção de António José Seguro ao último Congresso, que inclui a intenção de privatizar a TAP, contrariamente ao que vêm defendendo, e da qual nem sequer retiraram o seguinte trecho: "o PS ambiciona governar o país com maioria absoluta.
Se for essa a vontade dos portugueses, mesmo apoiado por uma maioria absoluta no parlamento, o Governo liderado pelo PS não descartará acordos de incidência governamental e empenhar-se-á na busca de acordos de incidência parlamentar.
Uma maioria parlamentar é condição necessária para a existência da estabilidade política, mas pode não ser suficiente, como prova a presente legislatura."
Andaram estes dias todos a negociar isto com o PSD e o CDS? Com toda a certeza que não. Este é o actual PS. Mais um grupo de meninos que nem sequer consegue disfarçar que é um bluff completo.
O texto do PSD é um pouco mais cuidado, embora se revista da mesma superficialidade. Seria impossível – ...- alcançar um acordo na base do golpe de Estado constitucional configurado em " Se alguma medida resultante do PAEF for alvo de declaração de inconstitucionalidade, os partidos signatários comprometem-se, junto do Governo, a apoiar as medidas substitutivas ou apresentar alternativas com igual valor e qualidade, a validar na avaliação regular subsequente."
Firmar um acordo nestes termos seria assinar mais um cheque em branco , o que mostra que nunca houve a mínima vontade de negociar.
...
(- http://opaisdoburro.blogspot.pt/ )
De
. a 22 de Julho de 2013 às 18:29
O festival do disparate (sem pausas)
(- o país do burro, Filipe Tourais, 22/7/2013)
Para variar, não vão os portugueses desabituar-se, A ressaca do epílogo do festival do disparate presidencial de ontem está a ser novo festival do disparate. Aliás, é o mesmo, já tem uns anos, mas renova-se todos os dias.
Assim, a imprensa inicia a semana a martelar a assimilação da sugestão de Cavaco Silva de uma democracia determinada por mercados que marcam eleições e definem as orientações da política económica nacional.
Não há televisão, rádio ou jornal que não festeje o regresso das bolsas ao “verde” e a descida dos juros no mercado da dívida,
embora o país e a grande maioria dos portugueses não ganhem rigorosamente nada com as variações no valor a que os papeis mudam de mãos na bolsa
e apesar de Portugal não estar a recorrer ao mercado da dívida a que se referem por estarmos sob “assistência financeira” da troika.
Esquecem-se de referi-lo.
À boleia desta comunicação social que serve tão nobres ideais, Pedro Passos Coelho iniciou a semana a martelar a ideia, também sugerida por Cavaco Silva, da necessidade da união de todas as forças partidárias em torno da
agenda política que, apesar de estar a destruir o país, diz ele que encanta os mercados e reforça a confiança que têm em nós.
O nosso Pedro invoca o realismo para dizer que a austeridade é o que é – uma enorme verdade, tudo é o que é – e justificá-la com não termos dinheiro para mais:
temos para pagar os contratos leoninos das PPP que não quer anular,
temos para as vigarices em modo SWAP que pelas suas mãos até fazem ministras,
temos para juros agiotas impagáveis que se recusa a renegociar,
mas para “mais”, Saúde, Educação, protecção social, Cultura, para “mais” é que não temos.
E diz que nos últimos dois anos só gastámos aquilo que temos.
Nem de propósito, ao mesmo tempo que o dizia, o EUROSTAT, organismo europeu que mede a realidade pelo mundo real e não pelo que vão dizendo os aldrabões,
divulgava o sexto maior aumento da dívida pública relativamente ao PIB da UE na comparação de trimestres sucessivos, quarto maior aumento comparando trimestres homólogos:
a dívida pública portuguesa aumentou para 127,2% do PIB no primeiro trimestre, contra 123,8% registados no trimestre anterior, 112,3% observados um ano antes e os 100,1% que se registavam quando Pedro Passos Coelho e Paulo Portas foram empossados.
A dívida pública aumentou 27,1% em dois anos porque as forças partidárias não estiveram unidas?
Pedro Passos Coelho jura que sim e vai repetindo a ideia de que uma dívida que aumentou como nunca durante o seu mandato é um sucesso que não nos podemos dar ao luxo de esbanjar.
Tudo isto repetido à exaustão em todos os telejornais, radiojornais e reproduzido em todas as publicações electrónicas, sem que nenhum líder daquela oposição que se queixa da comunicação social a convoque para a conferência de imprensa que se impunha que dessem àquela hora do "sentido de Estado" para desmontarem todo este festival do disparate.
A credibilidade ganha-se e perde-se nesta guerra de percepções.
Vagamente relacionado:
“No organigrama do governo que o PSD e CDS prepararam, sai o Álvaro e entram Pires de Lima para a economia, Portas para a coordenação da economia, Passos para coordenar quem coordena a economia e Cavaco,
que mandará na economia, além de Ricardo Salgado, que mandará na economia,
e de Abebe Selassie, com um conjunto de tutelas bastante diferente pois irá mandar na economia.”
Ulrich e a Segurança Social: Regabofe contínua
(Julho 24, 2013 por Raquel Varela )
O banqueiro Ulrich acaba de anunciar na RTP1, no telejornal, sem qualquer contraditório, que
o BPI teve «só 60 milhões de euros de LUCROS» no 1º semestre, uma queda de 30% dos lucros, que o «obrigará» a DESPEDIR 300 trabalhadores que «vão para a reforma e a pré-reforma».
Fica aqui o contraditório:
Ulrich acaba de informar que vai usar o dinheiro das reformas dos trabalhadores portugueses - o fundo da segurança social – e do Estado Social, para despedir os trabalhadores.
Porque se tivesse que despedir (pela via normal) os trabalhadores tinha que lhes pagar indemnização (não compensava despedi-los) e assim envia a conta para a segurança social, compensa, a ele, que é uma das caras dos «mercados».
Algo que acontece para garantir o rendimento do capital investido e não ter «só 60 milhões de euros de lucro».
Como explicámos o regabofe acontece sistematicamente desde a revisão constitucional de 1989.
Estarei esta sexta feira em Faro, na Pátio das Letras, com o director da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, Dr Efigénio Rebelo, a discutir estes e outros roubos…perdão…temas.
[ livro de R.V.: A Segurança Social é Sustentável ]
E ainda este muitíssimo simpático vídeo sobre o BPI
«Eu cá se fosse muito rico, abria conta no BPI. Para o mandar fechar»
http://videos.sapo.pt/playhtml?file=http%3A%2F%2Frd3.videos.sapo.pt%2FMBzbN470o22UEZTTe56I%2Fmov%2F1&color=0x2c8a1d
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---------José Luiz Sarmento diz:
Em suma:
compete-nos a nós pagar a diferença entre o que esse senhor ganhou e o que esperava ganhar.
Deve ser essa a nossa razão de existir.
Afinal somos gado.
Nós os contribuintes, nós os funcionários públicos, nós os pensionistas, nós os precários, nós os desempregados.
O que interessa é que o Sr. Ulrich atinja os seus objectivos. Ou que alguém os atinja por ele.
O capital bonzinho e o capital mauzão
( Julho 24, 2013 por João Vilela )
Tomaram posse como ministros do actual Governo dois nomes saídos do mundo empresarial, dando continuidade a uma tradição que vem de há muito e que, com Passos Coelho, passou a ser critério de validade, sapiência, arrisco dizer de Verdade. São eles Rui Machete e António Pires de Lima. Um, tem no historial uma passagem pelo cargo de Presidente do Conselho Superior da SLN, empresa proprietária do afamado BPN. O outro, vem directamente da cadeira de CEO da Unicer.
A comunicação social e (sobretudo, que é o que para aqui importa) os comentadores, políticos e cronistas de esquerda fizeram soar o alarme com a chegada, depois de Franquelim Alves há uns meses, de mais um antigo empresário ligado ao BPN (e também ele, como Duarte Lima, Oliveira e Costa, e Dias Loureiro, um importante cavaquista) a um lugar ministerial. Importante advertência, efectivamente. Mas é com estranheza, e não sem apreensão, que vi o silêncio quase absoluto relativamente a Pires de Lima. Sobretudo quando a situação na Unicer é GRAVE, e ainda recentemente conheceu um desenvolvimento particularmente alarmante.
Deu-se o caso quando da entrada em vigor do novo Código Laboral, com a sua nova e inqualificável regulamentação do pagamento de HORAS extraordinárias. Com vista a minorar os efeitos de tão gravoso diploma, a Comissão de Trabalhadores da Unicer suscitou uma reunião com a direcção da empresa, de modo a negociar um acordo colectivo que acautelasse os interesses dos operários. A direcção da empresa, sempre afanosa e cheia de trabalho, não encontrava nunca na sua repleta agenda um buraco, pequeno que fosse, onde encaixar o encontro que os subordinados reclamavam.
Acto contínuo, os dirigentes da CT, gente maldosa e naturalmente comunista, viu aqui um acto de má fé e convocou uma GREVE ao trabalho extraordinário.
A empresa amuou, recusou-se a negociar com a CT ou com o sindicato do sector, com o expresso motivo de que «os senhores fazem greves». Crime dos crimes, de facto!
E não contente com isso, a direcção da Unicer empreendeu, de seguida, um interminável cortejo de ilegalidades: ameaçou os trabalhadores que, se fizessem greve ou rejeitassem a remuneração de horas extraordinárias vertida no Código, os «encostava a um canto»; telefonou de véspera, para casa dos escalados para as horas extraordinárias, «recordando» (simpáticos!) que no dia seguinte tinham de as fazer; chegou ao ponto de contratar, através de uma empresa de trabalho temporário, operários que substituíssem os grevistas, num atentado frontal à lei da greve e ao mesmo Código que queriam ver implementado, mas na parte que lhes interessava. E quem presidia à direcção que movia estas diligências? Pois ninguém menos que o mesmo Pires de Lima que hoje tomou posse.
Reitero que é evidente que os criminosos do BPN devem ser punidos com severidade e que a nomeação de um alto dirigente da SLN para ministro é infame, sobretudo, porque roça o provocatório. Mas não posso deixar de me inquietar com a discrepância que os ataques respectivamente à nomeação de Pires de Lima e Rui Machete têm suscitado. Até porque diviso nela um desvio que a esquerda no seu todo tem demonstrado e que é importantíssimo combater e corrigir: a tendência para escolher os capitalistas bonzinhos e os capitalistas mauzões.
Esteve na moda aqui há uns tempos um texto de Daniel Oliveira, chamado «O Lumpencapitalismo». Entre diversas outras afirmações de antologia, DO sai-se com a seguinte: «[a]o contrário do velho capitalista industrial, o grande gestor das instituições financeiras não segue uma ética política social própria. Não pode sequer defender a sua conduta usando o argumento da criação de riqueza ou de emprego. Nem sequer foi, em geral, criador das instituições que dirige. Não tem obra e não produz. É, resumindo, de todos os pontos de vista, um PARASITA. Tendo capturado, através do dinheiro sugado às atividades produtivas, o poder político, os media e a academia, o lumpencapitalista quase conseguiu normalizar condutas que qualquer liberal decente teria de considerar próximas da marginalidade». Pelo que acima se assevera, bem vemos no que se concretiza a tal «ética social e política própria» do «velho capitalista»! Para não entrarmos na que
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