20 comentários:
De Resultados e consequências a 30 de Setembro de 2013 às 09:49
Hecatombe laranja, vitória de Costa e Seguro a ver navios
(-por Daniel Oliveira, Arrastão, 30/9/2013)
... ... ...

As humilhantes derrotas no Porto e em Lisboa, que ultrapassaram os cenários mais radicais, chegariam para que o PSD entrasse em estado de choque. Junta-se a perda de Gaia e a humilhação em Sintra, e temos o desastre nos quatro concelhos mais populosos do País. Perdeu Coimbra, Portalegre e Funchal (coligação de toda a oposição, com excepção do PCP e CDS) e mais seis câmaras na Madeira. Perde muitas câmaras e muitos votos. Salvam-se as conquistas de Guarda e Braga.



Mas essas derrotas do PSD não chegam para dar uma vitória que reforce a posição de António José Seguro. Perdeu Braga, Guarda, Beja e Évora. Perdeu um bastião como Matosinhos. Perdeu Loures. Não ganhou o Porto, mesmo com a direita dividida. Não recuperou Faro. Ganhou Gaia, Coimbra, Vila Real e Sintra, mas perdeu os três dos seus mais importantes bastiões e ficou sem quatro capitais de distrito. Quem tem este resultado, no mesmo dia em que o PSD é arrasado pelo país fora, pode dizer que veceu, mas não pode fazer grande festa com isso.

Resumindo: a estrondosa derrota do PSD deu uma vitória pífia ao PS. Com a tal cereja em cima do bolo de que falei: António Costa esmigalha o PSD e dá aos socialistas a mais poderosa das vitórias. Ou seja, a derrota do PSD, em vez de reforçar Seguro, deu ao seu maior opositor interno um enorme capital político. É ele, e não Seguro, o vencedor socialista da noite.

A CDU é, com as listas independentes, Rui Moreira e António Costa, a maior vitoriosa da noite. Recupera Évora, Beja e Loures, fica com quase todos os concelhos do distrito de Setúbal e mais alguns concelhos no Alentejo. Volta a ser um partido de forte implantação autárquica a sul. Quanto ao Bloco de Esquerda, perdeu Salvaterra e não elegeu Semedo. É uma derrota total. O CDS ganhou em Ponte de Lima e mais quatro pequenos concelhos. Correu-lhe bem. Mas não chega a ser relevante.

Partindo destas condições e olhando para os resultados que já se conhecem, a conclusão é relativamente simples: a enorme derrota de Passos Coelho não se traduziu numa vitória de António José Seguro. Já que Rui Moreira não parece ter ambições fora do Porto, com o resultado do PS em Lisboa, é fácil identificar o vencedor nacional destas eleições. Agora é esperar para ver o que fará António Costa com isso.

Nota: as derrotas dos candidatos itinerantes e as vitórias de listas independentes merecem textos à parte. E também sobre a vitória da lista de um presidiário em Oeiras.
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Para ver resultados em todas as autarquias:

http://autarquicas2013.mj.pt/
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De Vencedores, vencidos e ... cidadania a 30 de Setembro de 2013 às 10:15
(-por Ricardo F. Pinto, 30/9/2013, 5dias):
- a grande vitória do PCP, com expressivo aumento do número de votos e do número de Câmaras Municipais, algumas delas muito significtivas. Assume-se definitivamente como a única alternativa de Esquerda à política do Bloco Central;

- a prestação miserável do Bloco de Esquerda, que paga com estes resultados a indefinição da sua política. Tem de saber o que quer e se a ideia é rumar à Direita para um eventual acordo futuro com o PS, deve aceitar as consequências;

- a vitória do PS, em número de votos e de Câmaras, o que garante para já o lugar a António José Seguro. No fundo, ganhou as eleições, mas repare-se no que de importante perdeu para o PCP;

- a coça que levou o PSD e o primeiro-ministro. Nada que o faça mudar de rumo, como já revelou, porque a encomenda não é passível de alterações. Ainda assim, que fique registada a maior derrota eleitoral de sempre do Partido;

- a caminhada do CDS de Paulo Portas por entre os «pingos da chuva», como se esta política que vem sendo seguida não fosse nada com ele;

- a confirmação do «fenómeno» dos Independentes.
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Ou seja: votando em Lisboa votaria de uma maneira. Votando em Braga, voto de outra. Numa eleição nacional, provavelmente votaria ainda de outra. E a minha avaliação da situação política nacional é a mesma. Bastaria este meu exemplo
(e há mais exemplos como este - mas isto parece ser «Cidadania a mais» !! para tugas, atrapalhadas a subsistir, sem tempo para ler/pensar e para a família, sem dinheiro e com preocupações urgentes a resolver ... deixam a informação e a participação política para último plano - é compreensível ... mas depois queixam-se dos governantes que elegeram !!.- é um ciclo de pobreza e irracionalidade difícil de quebrar.)
para não extrapolar nacionalmente o conjunto dos resultados municipais. Para além de haver os candidatos independentes, coligações nuns municípios que não há nos outros (como distinguir os votos PSD-CDS quando concorrem coligados?), à partida são eleições muito diferentes, e onde se vota de forma diferente.
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O grande vencedor: a CDU

Creio que é indiscutível: julgo que não perdeu nenhuma câmara importante, e em contrapartida recuperou cãmaras emblemáticas como Évora, Beja e Loures (grande vitória de Bernardino Soares, um dos políticos portugueses mais capazes e injustiçados, por culpa de uma entrevista infeliz). Além disso elegeu vereadores em cidades onde não os tinha, como Viana do Castelo, Braga, Matosinhos e Faro, e recuperou o segundo vereador em Lisboa.
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Outro vencedor: o PS

As perdas para o PSD dos bastiões de Braga, Ovar e Guarda foram largamente compensadas pela conquista de Vila Real e pelas recuperações de Gaia, Coimbra, Covilhã e Sintra. Teve revezes importantes (as referidas perdas para a CDU, e também a de Matosinhos para independentes), mas claramente também é um dos partidos vencedores da noite. O secretário geral António José Seguro poderá dormir mais descansado. Ou talvez não, com o resultado histórico do rival interno António Costa em Lisboa.
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Outro vencedor: o CDS
Olhando por uma perspetiva estritamente partidária, o CDS passou de uma para cinco câmaras, reconquistou municípios em Aveiro e ganhou novos nos Açores e na Madeira.
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Um grande derrotado: o Bloco de Esquerda

Perdeu a única câmara que tinha e praticamente desapareceu do mapa autárquico: nesse aspeto, é um partido irrelevante. Algumas derrotas foram dolorosas: não conseguiu eleger vereadores no Porto (onde tinha um bom candidato que fez uma boa campanha) e em Lisboa (onde incompreensivelmente candidatou -e queimou - o seu líder, residente no Porto e de quem nunca se tinha ouvido uma ideia para Lisboa). No discurso de derrota enalteceu a derrota da direita. Mas o Bloco não contribuiu nada para ela. O partido deveria refletir seriamente.
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O outro grande derrotado: o PSD

Bastantes mais (e mais significativas) perdas do que ganhos: perdas significativas na Madeira, derrotas em Gaia, Coimbra, Sintra, Lisboa (por números humilhantes) e no Porto (onde partia como favorito). Embora não explique tudo, é impossível não ver aqui também uma penalização do governo.


De http://autarquicas2013.mj.pt/ a 30 de Setembro de 2013 às 10:34
Alguns resultados http://autarquicas2013.mj.pt/ :

--------------------------Nacional:
(Partido; % ; nº votos ; nº eleitos )

PS 36,34% 1.757.022 votos 868
PPD/PSD 16,59%802.060 votos 500
PCP - PEV 11,09%535.989 votos 198
PPD/PSD.CDS-PP 7,69%371.903 votos 142
GRUPO CIDADÃOS 6,66%321.912 votos 100
CDS-PP 3,04%147.014 votos 42
B.E. 2,42%116.878 votos 7
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 2,08%100.437 votos 11
PPD/PSD.CDS-PP.PPM 1,94%94.015 votos 21
PPD/PSD.PPM 1,32%63.604 votos 19
PPD/PSD.PPM.MPT 0,90%43.312 votos 7
PPD/PSD.CDS-PP.MPT.PPM 0,49%23.551 votos 14
PCTP/MRPP 0,47%22.494 votos 0
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN 0,44%21.102 votos 5
PPD/PSD.MPT.PPM 0,41%19.804 votos 4
PAN 0,31%15.143 votos 0
CDS-PP.MPT.PPM 0,19%9.299 votos 1
PTP 0,17%8.339 votos 0
MPT 0,13%6.409 votos 2
CDS-PP.PPD/PSD 0,10%4.656 votos 4
PPD/PSD.CDS-PP.PPM.MPT 0,08%3.981 votos 0
PPM/PPV/PND 0,08%3.634 votos 0
CDS-PP.MPT 0,06%2.931 votos 0
PNR 0,06%2.976 votos 0
PPD/PSD.MPT 0,04%1.897 votos 3
PS-PTP-PND-BE 0,04%2.157 votos 1
PND 0,03%1.272 votos 0
PPM-PPV 0,02%856 votos 0
PPM 0,01%455 votos 0
PPV 0,01%338 votos 0

EM BRANCO 3,86% 186.665 votos
NULOS 2,95% 142.656 votos
---------------------------

Lisboa:

PS 50,91%116.425 votos 11
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 22,37%51.156 votos 4
PCP - PEV 9,85%22.519 votos 2
B.E. 4,61%10.533 votos 0
PAN 2,29%5.227 votos 0
PPM/PPV/PND 1,23%2.814 votos 0
PCTP/MRPP 1,04%2.378 votos 0
PNR 0,52%1.182 votos 0
PTP 0,29%656 votos 0

EM BRANCO 4,04%9.241 votos
NULOS 2,86%6.551 votos

----------------------------
Freguesia do Lumiar, Lisboa:

PS 52,10%8.762 votos
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 23,93%4.025 votos
PCP - PEV 7,06%1.188 votos
B.E. 4,35%732 votos
PAN 2,18%367 votos
PPM/PPV/PND 1,28%216 votos
PCTP/MRPP 0,64%107 votos
PNR 0,54%90 votos
PTP 0,15%26 votos

EM BRANCO 4,64%780 votos
NULOS
------------


De diversos a 30 de Setembro de 2013 às 12:48
------S,Clara (ex-Ameixoeira+ex-Charneca), Lisboa:

PS 52,71%3.910 votos
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 17,86%1.325 votos
PCP - PEV 12,89%956 votos
B.E. 4,22%313 votos
PAN 1,78%132 votos
PCTP/MRPP 1,42%105 votos
PPM/PPV/PND 1,06%79 votos
PNR 0,61%45 votos
PTP 0,40%30 votos

EM BRANCO 4,15%308 votos
NULOS 2,90%215 votos

---------------- Loures:

PCP - PEV 34,74%28.572 votos 5
PS 31,24%25.699 votos 4
PPD/PSD.MPT.PPM 16%13.164 votos 2
B.E. 3,15%2.594 votos 0
CDS-PP 3,07%2.522 votos 0
PCTP/MRPP 2,90%2.387 votos 0
PNR 0,66%542 votos 0
PTP 0,53%436 votos 0

EM BRANCO 4,14%3.408 votos
NULOS 3,56%2.929 votos
Votantes: 82.253
Inscritos: 166.296

--------- Odivelas:

PS 39,52%20.821 votos 6
PCP - PEV 21,25%11.196 votos 3
PPD/PSD 18,46%9.726 votos 2
B.E. 5%2.632 votos 0
CDS-PP.MPT.PPM 4,14%2.179 votos 0
PCTP/MRPP 1,42%750 votos 0
PTP 0,75%394 votos 0

EM BRANCO 4,90%2.583 votos
NULOS 4,56%2.403 votos
Votantes: 52.684
Inscritos: 122.822

--------------- Amadora:

PS 45,45%27.203 votos 7
PCP - PEV 19,15%11.459 votos 2
PPD/PSD.CDS-PP 18,04%10.797 votos 2
B.E. 5,40%3.231 votos 0
PCTP/MRPP 1,52%910 votos 0
PTP 1%599 votos 0

EM BRANCO 5,03%3.013 votos
NULOS 4,41%2.640 votos
Votantes: 59.852
Inscritos: 146.552

------- Oeiras:

I 29,42%13.161 votos 1
PS 20,64%9.235 votos 1
PPD/PSD 19,75%8.834 votos 1
PCP - PEV 9,88%4.421 votos 0
CDS-PP 3,77%1.686 votos 0
B.E. 3,75%1.677 votos 0
PAN 2,59%1.158 votos 0
PCTP/MRPP 0,65%290 votos 0
PTP 0,30%132 votos 0

EM BRANCO 5,50%2.459 votos
NULOS 3,76%1.680 votos
Votantes: 44.733
Inscritos: 95.772

-------- Cascais

PPD/PSD.CDS-PP 42,72%28.004 votos 6
PS 21,57%14.140 votos 3
PCP - PEV 11,24%7.366 votos 1
I 7,60%4.985 votos 1
B.E. 4,57%2.997 votos 0
PTP 1,37%901 votos 0
PPM/PPV/PND 0,96%629 votos 0
PCTP/MRPP 0,88%576 votos 0

EM BRANCO 5,48%3.592 votos
NULOS 3,60%2.359 votos

----------- Gondomar:

PS 46,41%33.801 votos 7
PPD/PSD.CDS-PP 22,13%16.114 votos 3
PCP - PEV 12,15%8.850 votos 1
B.E. 3,58%2.605 votos 0

EM BRANCO 4,88%3.555 votos
NULOS

---------------- Freg. Rio Tinto, Gondomar:

PS 57,70%11.717 votos
PPD/PSD.CDS-PP 16,69%3.388 votos
PCP - PEV 9,42%1.913 votos
B.E. 3,55%720 votos

EM BRANCO 4,94%1.004 votos
NULOS 7.7.% 1563 votos
Votantes: 20.305
Inscritos: 43.871 Lista

------------- Gaia:

PS 38,34%47.989 votos 3
PPD/PSD.CDS-PP 20,15%25.219 votos 1
V 19,57%24.501 votos 1
PCP - PEV 6,18%7.731 votos
B.E. 2,95%3.697 votos
XVI 1,66%2.083 votos 0
PCTP/MRPP 1,53%1.912 votos 0
PTP 0,86%1.079 votos 0

EM BRANCO 5,19%6.494 votos
NULOS 3,57%4.463 votos

----------Porto:

II 39,25%45.411 votos 6
PS 22,68%26.237 votos 3
PPD/PSD.PPM.MPT 21,06%24.366 votos 3
PCP - PEV 7,38%8.539 votos 1
B.E. 3,60%4.166 votos 0
I 1,08%1.255 votos 0
PCTP/MRPP 0,30%343 votos 0
PTP 0,24%279 votos 0

EM BRANCO 2,53%2.922 votos
NULOS 1,88%2.180 votos

------------- Matosinhos :

I 43,41%32.014 votos 6
PS 25,26%18.629 votos 3
PPD/PSD 9,31%6.869 votos 1
PCP - PEV 7,32%5.396 votos 1
B.E. 3,56%2.623 votos 0
CDS-PP 1,91%1.409 votos 0
PTP 0,68%505 votos 0

EM BRANCO 4,86%3.584 votos
NULOS 3,69%2.725 votos

-------------- Macedo Cavaleiros:

PPD/PSD 41,32%4.663 votos 3
PS 40,27%4.544 votos 3
CDS-PP 11,59%1.308 votos 1
PCP - PEV 1,70%192 votos 0

EM BRANCO 2,85%322 votos
NULOS 2,26%255 votos
Votantes 59,57% : 11.284
Inscritos: 18.943

-------- Castelãos e Vilar Monte, Macedo Cav. :
PPD/PSD 54,15%189 votos
PS 32,95%115 votos
CDS-PP 7,45%26 votos
PCP - PEV 2,58%9 votos

EM BRANCO 1,15%4 votos
NULOS 1,72%6 votos
Votantes: 349 66,10%
Inscritos: 528

------------------ Amarante:

PPD/PSD.CDS-PP 39,09%12.824 votos 4
PS 37,55%12.319 votos 4
XX 15,69%5.146 votos 1
PCP - PEV 2,07%679 votos 0
B.E. 1,75%575 votos 0

EM BRANCO 2,17%713 votos
NULOS 1,68%550 votos
Votantes: 32.806
Inscritos: 54.232

---------- Figueiró (Santiago+S.Cristina), Amarante:

PPD/PSD.CDS-PP 48,37%1.086 votos
PS 34,52%775 votos
XX 10,69%240 votos
PCP - PEV 1,74%39 votos
B.E. 0,85%19 votos

EM BRANCO 2%45 votos
NULOS 1,83%41 votos


De .Bloco e Esquerda, q. estratégia ? a 4 de Outubro de 2013 às 16:13
A espiral recessiva do Bloco
(-por Daniel Oliveira, Arrastão e Expresso online, 4/10/2013)

Todas as autárquicas é anunciada a morte do Bloco de Esquerda. Porque em todas as autárquicas o Bloco de Esquerda tem um resultado miserável. É evidente que o resultado do BE, que perdeu vários autarcas, desceu mais meio ponto percentual, não elegeu o coordenador em Lisboa e ficou sem a sua única câmara, sendo péssimo, não decreta a morte de ninguém. Nem do Bloco nem da sua coordenação. Pela simples razão das eleições autárquicas não determinarem rigorosamente nada naquele partido. Maior ou menor, esta derrota é já uma tradição do BE. E esse sempre foi um dos seus dramas.

Sim, é verdade que um partido que nasceu no final dos anos 90 teria sempre muita dificuldade em implantar-se a nível local. Os restantes já lá estão, já têm as suas redes, os seus quadros, a sua influência. Partiram todos em igualdade de circunstâncias, quando a democracia nasceu e os seus quadros tinham todos muito pouca experiência política. Deste ponto de vista, é até mais extraordinária a pouca influência autárquica do CDS.

Mas, de qualquer das formas, seria de esperar que, 14 anos depois da sua fundação, o Bloco estivesse e evoluir nesta matéria. E está, na realidade, a regredir. Tem uma estrutura maior mas elege menos gente e tem menos votos. Por uma simples razão: tirado muito raras exceções, que correspondem à existência de figuras locais do Bloco (não me refiro tanto a Salvaterra, mas mais a casos como o do Entroncamento, onde o Bloco elege sempre um vereador e tem resultados semelhantes em legislativas e autárquicas), os quadros do Bloco nunca desempenharam funções autárquicas relevantes. E, por isso, os seus candidatos dizem pouco às populações. Nuns casos são funcionários e dirigentes do partido absolutamente desconhecidos dos eleitores, noutros, figuras locais com pouco ou nenhum reconhecimento público. Como o Bloco não cresceu internamente o que cresceu eleitoralmente (terá hoje pouco mais de três mil militantes ativos), o leque de escolhas, dentro do partido, é muito reduzido.

Como quem não tem cão caça com gato, o Bloco teria de ter uma estratégia diferente para resolver as suas próprias debilidades e vencer este ciclo vicioso. Isso foi proposto na última convenção do partido: como não se implantou em 1976, como os outros, teria de começar por fazer coligações com outras forças de esquerda ou apoiar listas de cidadãos bem mais abrangentes do que ele próprio. Só assim, com outros, poderia formar autarcas que as pessoas reconheçam como tal. E só deveria concorrer isoladamente onde isso fizesse realmente sentido. Quando ainda era militante do Bloco, estive envolvido neste debate e foi esta a posição que, com uma minoria, defendi. Ela foi derrotada em Convenção. A direção e a maioria que a apoiou optou pela estratégia de, na prática, não fazer alianças em lado nenhum (exceção para o Funchal) e concorrer com a sua sigla ao máximo de câmaras possíveis. Muitos avisaram que esta estratégia levaria a uma nova derrota, depois das derrotas das presidenciais e das legislativas e antes de umas europeias que não seriam fáceis. Quem o disse não era visionário. Tratava-se de uma evidência.

Na noite eleitoral, a única vitória que o Bloco festejou resultou precisamente de uma coligação: no Funchal. Em Caminha, onde esteve preparada uma coligação entre o BE e o PS, vetada, à última da hora, pela direção nacional do Bloco, o PS conseguiu mesmo, ao fim de três mandatos, derrubar o PSD. Com os votos dos eleitores do BE, que não concorreu. As listas de cidadãos que o Bloco apoiou, apesar de não terem vencido, tiveram, em geral, resultados bem superiores aos que o Bloco teria conseguido apenas com as suas forças. Com especial destaque para Coimbra, onde alguns ativistas do BE se diluíram numa coisa maior do que ele e viram um movimento político no qual se identificavam a ultrapassar os 10% e a eleger um vereador e quatro deputados. Pelo contrário, onde o Bloco concorreu sozinho, quase sempre piorou os seus já magros resultados. Não avançou um centímetro na sua implantação local.

Ao contrário do que João Semedo afirmou numa entrevista (em declarações entretanto adulteradas no seu sentido para dar bons títulos), o problema ...


De .Bloco de Esq. - como ganhar ? a 4 de Outubro de 2013 às 16:17
A espiral recessiva do Bloco
(-por D.Oliveira)
...
.. o problema não foi a falta de credibilidade que tinha a probabilidade de eleger um candidato do Bloco como presidente de câmara. É que desta vez o BE não se pode queixar do voto útil. Onde ele conta (para a Câmara), perdeu 47 mil votos. Onde ele não existe (para as assembleias municipais), perdeu 74 mil. Ou seja, quem deixou de votar no Bloco nem o tradicional voto de simpatia na assembleia lhe reservou.

Resumindo: foi o pouco que sobrou da estratégia alternativa à da direção que correu bem ao BE nestas eleições. Por uma razão simples: uma coisa é fazer proclamações de princípios, e com isso conquistar votos para uma figura nacional, outra, bem diferente, é implantar um partido no País. Para a primeira basta bons tácticos, boa oratória e, às vezes, boas propostas. Para a segunda é preciso cada um conhecer as suas forças e ter a humildade de se adaptar a elas.

Os problemas no Bloco de Esquerda começaram exatamente com a sua política de alianças nas autárquicas. Mais precisamente, com o rompimento com Sá Fernandes em Lisboa. Aquilo que a muitos parecia um pequeno episódio local era, na verdade, o começo do que iria abalar a credibilidade do Bloco de Esquerda. Na primeira vez que o BE tinha uma responsabilidade executiva sujeita a um escrutínio relevante (não era assim em Salvaterra), mostrava não ter coragem para a suportar. Na primeira vez que a sua política de alianças ultrapassava o mero número mediático (Aula Magna) ou uma campanha conjunta (a da IVG e, mais tarde, a de Alegre), e implicava governação conjunta, o Bloco roía a corda. Esta ruptura, liderada por Luís Fazenda e apoiada por Francisco Louçã, foi só o primeiro sinal do renascer da velha cultura sectária e de contrapoder que se julgava enterrada com os partidos que fundaram o Bloco. Depois dela, a não ida à reunião com a troika, demonstrando um enorme alheamento em relação aos sentimentos da maioria dos portugueses, a moção de censura quinze dias depois da derrota de Manuel Alegre e a intolerância crescente perante qualquer critica interna confirmaram a um eleitorado pouco fiel que, subitamente, o esquerdismo saíra do armário e julgava-se, do alto dos seus frágeis 16 deputados, autosuficiente. O preço foi pago com uma monumental derrota nas legislativas. A maior a que um partido assistira desde o PRD.

A partir daí, os frágeis equilíbrios internos do BE foram seriamente abalados. Desde então, todas as decisões do Bloco resultam dos seus pequenos dramas internos: a incompreensível liderança bicéfala, a desastrosa escolha do apagado líder parlamentar, o nascimento de uma tendência por semana, a necessidade do coordenador ser o candidato a Lisboa para obrigar os ortodoxos (apostados, acima de tudo, em enfraquecer a nova liderança) a recuarem no veto à inclusão, na candidatura, em lugar de destaque, de figuras muito populares do Bloco. E, poucos meses antes, a aprovação na convenção desta desastrosa estratégia autárquica, para impedir novas fracturas internas.

Nos últimos três anos muitos eleitores deixaram de votar no Bloco porque deixaram de acreditar nele. Muitos nem saberão explicar bem porquê. Perderam a confiança e a empatia com o Bloco e cada novo acontecimento só parece confirmar o seu desencanto. E, no entanto, o Bloco de Esquerda faz falta à política nacional. Já fazia antes de nascer. Porque representa um eleitorado que historicamente não teve representação partidária até 1999. Um eleitorado que vive desencatado com a moleza do PS e a ortodoxia do PCP. E esse eleitorado é hoje potencialmente maior, e não menor. O Bloco é necessário porque pode impedir que o descontentamento vá para a abstenção. Porque conseguiu juntar a agenda da igualdade com a agenda da liberdade individual. O Bloco tinha, pela sua natureza, mais capacidade para absorver o voto de protesto do que o PS (demasiado comprometido com este caminho) ou o PCP (demasiado viciado nos seus imutáveis códigos tribais). Não tenho dúvidas em afirmar que, se tivesse tido inteligência, o Bloco poderia valer hoje 15% ou mais. Mas está a bater-se para chegar aos 8%. Mais importante: está a bater-se para continuar a ser relevante no confronto político e não apenas um mero eco rouco das palavras de ordem do PCP.

Acredito que João S..


De Unir / Coligar a Esquerda ou novo partid a 4 de Outubro de 2013 às 16:21
A espiral recessiva do Bloco
(-por Daniel Oliveira, Arrastão e Expresso online, 4/10/2013)
...
...
...
Acredito que João Semedo via na sua eleição em Lisboa a grande oportunidade para dar a volta à coisa: fazia um acordo com Costa, aceitava um pelouro e o Bloco assumia finalmente responsabilidades. Ele próprio disse que o faria, durante a campanha. Conseguia assim mostrar a diferença em relação à liderança anterior e era nisto que tinha colocado todas as suas fichas. Só que não foi eleito. E agora, para travar a espiral recessiva do Bloco, são precisas medidas mais radicais.

Essas medidas passam, antes de mais, por uma clarificação do seu discurso sobre a Europa, não permitindo que a ideia de dignidade nacional e patriotismo seja monopólio do PCP; por uma posição muito mais descontraída em relação à possibilidade de assumir responsabilidades governativas (mesmo sabendo que não irá governar para aplicar a receita da troika e que isso o afasta de um governo nos próximos tempos); por um abandono dos complexos em relação ao PCP (que representa muito bem um eleitorado que nunca votará no BE); e por passar a ter o eleitorado tradicional do PS como principal destinatário do seu discurso.

Mas tudo isto é apenas conversa. Alguma até já foi tentada. Como o problema do BE é hoje de falta de empatia e de credibilidade junto dos seus potenciais apoiantes, é preciso mais. É preciso que os seus dirigentes, porta-vozes e deputados sejam escolhidos, antes de tudo, pela sua eficácia e qualidade. Que a liderança anterior abandone por cinco minutos o palco e deixe que outros façam o seu caminho. E que a atual liderança prepare a transição para uma nova geração (mais política do que etária). A tradição colectivista da esquerda detesta isto, mas para mudar o discurso e ganhar as pessoas para ele a questão central são por vezes as caras e os nomes. E tudo deve ser feito relativamente depressa, para não vir tarde demais.

Mas tudo isto depende de uma condição prévia: como o consenso é, neste momento, impossível, os equilíbrios internos têm mesmo de ser rompidos. Sem dramas. Ou com o drama que for necessário. Em todos os partidos há linhas que ganham e que perdem. Há quem dirija e quem esteja na oposição. Não há futuro para o Bloco de Esquerda enquanto escolher líderes parlamentares e candidatos a deputados ou a autarcas para agradar a cada capelinha, mesmo que sejam pessoas evidentemente desadequadas para os cargos. Enquanto procurar um meio-termo impossível entre um programa de respostas viáveis e realistas para esta crise e a retórica da cartilha mais primária do marxismo-leninismo. Ou o Bloco cresce e com isso desagradará a uma extrema-esquerda interna muitíssimo mais anacrónica do que o PCP ou regressará, lentamente, à dimensão que essa extrema-esquerda tinha no tempo da UDP.

Dirão, com toda a razão, que as condições necessárias para travar a decadência do Bloco são demasiado radicais. Tão radicais que provocarão fracturas internas insanáveis. E que mesmo assim podem não resolver o problema. Sim, é verdade. Mas porque havia de ser a espiral recessiva do Bloco mais fácil de resolver do que a espiral recessiva do País? É que uma resulta da outra. Quem não descobrir qual será o seu papel político nesta monumental crise está condenado. Morrerá com ela. E o Bloco parece ser o primeiro candidato a essa morte quando, curiosamente, tinha todas as condições para se reforçar neste período.


De Fraca cidadania, pobreza e má governação a 1 de Outubro de 2013 às 09:48

Povo de Eleitores às vezes e de pouca Cidadania Não tem Estadistas mas DesGovernantes

«
Ou seja: votando em Lisboa votaria de uma maneira. Votando em Braga, voto de outra. Numa eleição nacional, provavelmente votaria ainda de outra.
( e de acordo com o valor dos candidatos, a confiança/eficência do seu programa e do acomponhamento/ avaliação política/técnica/ética por parte dos cidadãos, poder-se-á votar para a Ass.Municipal no "B", para a Câmara Munic. no "A" e para a Assemb.Freguesia no "C"., - em vez de se fazer uma única 'escolha'/votação no mesmo partido/lista para qualquer órgão autárquico, sem reconhecer as diferenças méritos e deméritos de cada um/a, i.e. a diferença entre votar com consciência, fundamentadamente, ou votar "acriticamente", 'fanaticamente' ou "à sorte".)
...
- mas isto parece ser «Cidadania a mais» !!?!! para 'tugas' (como um conhecido me disse, em tom entre jocoso, descrença e cansaço ou falta de tempo/interesse para se dedicar a uma cidadania mais activa !!).
Os portuguesinhos andam atrapalhadas a subsistir, sem tempo para ler/pensar e para a família, sem dinheiro e com preocupações urgentes a resolver ... deixam a informação e a participação política para último plano - é compreensível ... mas depois queixam-se (com razão) dos governantes que elegeram !!.- é um ciclo de pobreza e irracionalidade difícil de quebrar. ...»

- é isso mesmo, esse é o busílis da nossa fraca cidadania, da nossa pobreza e má governação, um ciclo vicioso em que a maioria dos portugueses está subjugado ... e do qual será muito difícil sair (a não ser pela infrequente Revolta/Revolução, pela individual loucura/desgraça, ou pela via da EMIGRAÇÃO - como tem vindo a fazer desde há séculos, geração/ciclo após geração/ciclo. ).

Mas isso, esta situação, se calhar até é do interesse e incentivada pela oligarquia/"donos" deste país (e d...), para manter trabalhadores EXPLORADOS e 'cidadãos' subservientes, ALIENADOS (com futebol, fátima, fado, telenovelas, concursos, jogos de computador e telemóvel, tricas e cusquice, ... ), SUBMISSOS mansos, semi-ESCRAVOS, ... - sem tempo livre para apoiar a família, para se informarem, valorizarem, pensarem, ... e decidirem ser verdadeiros senhores da sua Vida, e CIDADÃOS de Pleno com Direitos e Deveres, com solidariedade, pertença e exigentes acionistas responsáveis da SUA sociedade/ SEU país.
...
Zé T.


De .Fim do Caciquismo na Madeira ?. a 1 de Outubro de 2013 às 10:54
Não há dinheiro, não há palhaços
(por Daniel Oliveira, 1/10/2013 Arrastão)

Disse e escrevi várias vezes - e porque o disse e escrevi de forma vigorosa tive de visitar, com regularidade, o tribunal do Funchal - que no dia em que fechassem a torneira a Alberto João Jardim o seu domínio sobre a Madeira chegaria ao fim. Não porque o Estado central deva usar o controlo dos recursos públicos para premiar ou punir políticos de que não gosta. Mas porque o governo Regional da Madeira usa esse dinheiro, muito para lá daquilo a que, numa divisão equitativa dos recursos nacionais, lhe caberia por direito, para manter uma teia de interesses, cumplicidades e dependências. Porque, numa região onde nem sequer há, como no continente, uma lei de incompatibilidades para os deputados, o despudor na promiscuidade entre interesses políticos e económicos atinge níveis que até num país como Portugal são difíceis de tolerar. Porque, só para pegar num entre muitos exemplos, o dinheiro dos contribuintes serve para distribuir um jornal gratuitamente, tentando assim sufocar o pluralismo informativo.

A Madeira foi, nestes últimos 39 anos, um feudo de violação sistemática das regras democráticas, de atropelo à legalidade constitucional, de ataque às liberdades cívicas e de achincalhamento da ética republicana. Nada que o todo nacional não conheça por experiência própria, mas que ali atinge níveis insuportáveis. Alberto João Jardim tinha dinheiro para manter os eleitores satisfeitos, os aliados fiéis e os opositores divididos. Para comprar empresários e a poderosa Igreja Católica local. Foi com esse dinheiro, que fazia falta a outras regiões do país, mas que por razões que desconheço nunca lhe foi negado, que Jardim construiu as fundações do seu poder clientelar e arbitrário. E o caciquismo permitiu-lhe isolar a oposição, a que, com o poder económico e político todo dependente de Jardim, apenas os mais corajosos ou com fortuna própria se podiam dar ao luxo de pertencer.

Se a democracia portuguesa está doente (disso falarei noutro texto), a da Madeira está, há décadas, em estado de coma. Na realidade, a democracia plena não chegou a criar raízes na ilha. Até que, como sempre disse que teria de acontecer, a torneira se fechou. Não por decisão de algum governante mais escrupuloso, mas pela profunda crise nacional. A quase vitória interna de Miguel Albuquerque (anterior presidente da Câmara Municipal do Funchal) explica-se por isso mesmo. Num PSD/Madeira construído na base da traficância de cargos e negócios, a escassez deixou cada vez mais militantes fora do banquete. Que, ressentidos, procuraram novo senhor. Também se explicam assim os desentendimentos entre Jardim e o seu mais rasteiro colaborador, Jaime Ramos. E, por fim, é a crise que explica a brutal derrota eleitoral que o PSD teve, no domingo, na Madeira. Nunca foram os dislates e disparates de Jardim que lhe renderam votos. Disso os madeirenses riam-se. Era a bebedeira de despesa útil e inútil, legítima e de legalidade duvidosa, que, ao contrário do que muitos gostam de dizer, não tinha qualquer paralelo com o que se fazia no resto do País. Era uma lógica de apoio social que, em vez de combater a pobreza e a exclusão, limitava-se a criar laços de dependência política. Uma cultura que fez escola em vários partidos de oposição. Em que parte do País os deputados distribuem comida aos eleitores com o dinheiro das subvenções do Estado e acham que isso é politicamente aceitável?

Também sempre disse que a Câmara Municipal do Funchal era o calcanhar de Aquiles de Jardim. Não era impossível a oposição conquistá-la e, a partir dela, romper a teia jardinista. Não esperava que no dia em que isso acontecesse o PSD perdesse mais seis autarquias (em onze). Sem estas sete câmaras municipais o poder de Jardim, que sufocava financeiramente cada autarquia que lhe saísse das mãos, torna-se impossível de exercer.
...


De Caciquismo e não-Democracia, nem Liberda a 1 de Outubro de 2013 às 11:00
.Fim do Caciquismo na Madeira ?.
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Não há dinheiro, não há palhaços
(-por Daniel Oliveira, 1/10/2013 Arrastão)
....
...

Sem dinheiro, sem grande parte do poder local, com o partido rachado a meio e com todos os ratos a abandonar o barco, Alberto João está politicamente morto.
Não tem os instrumentos - o dinheiro e as fidelidades que ele compra, o medo e os silêncios que ele garante - para se manter no poder.

A sua promessa de purga interna é apenas um daqueles momentos patéticos que a paranóia de todos os pequenos déspotas sempre nos reserva no momento de cairem da cadeira do poder.


A coligação que juntou o PS, o Bloco de Esquerda, o PND, o PTP e o PAN (os últimos três são, na realidade, partidos regionais que adoptaram siglas de partidos nacionais já existentes) conseguiu um feito.
Em que o PCP/Madeira deveria ter participado, não ficando de fora da festa regional e da festa que o partido teve no continente.

Ou esta coligação aproveita o momento para construir uma alternativa credível para a região ou a fera ferida terá tempo para se recompor.
E poderá nascer, dentro do PSD, um novo jardinismo sem Jardim.
Mas a tarefa mais difícil vem depois:
reverter quatro décadas de uma cultura clientelar que minou a democracia na Madeira.

Se a pedagogia da democracia exigente é, como se viu em Oeiras (tema de amanhã), uma tarefa fundamental mas difícil em todo o país, na Madeira ela implica um trabalho hercúleo.

------------ comentário
Apophis
O dinheiro nunca lhe foi negado por razões que
toda a gente conhece mas que ninguém pode falar por receio de um processo por difamação,
que é uma das formas que existe no nosso país para limitar a liberdade de expressão.

Toda a gente conhece o offshore da Madeira e o papel que os offshores têm na lavagem de dinheiro proveniente de actividades ilícitas, como o tráfico de droga.

Toda a gente percebe a troca de favores que existe para que os do continente metam as mãos no offshore.
Ninguém junta dois mais dois porque quem tem responsabilidade recebe dinheiro para se calar e os restantes são controlados com o peso da (in)justiça.
.


De contra-atacar os fantoches e neoliberais a 3 de Outubro de 2013 às 10:05
A violência e o escárnio
por Sérgio Lavos

A interminável agonia do moribundo Governo teve este fim-de-semana mais um capítulo, com a liminar derrota nas autárquicas e a confirmação de que perdeu toda a legitimidade para governar, incluindo a legitimidade formal conferida pelas eleições - mais de 80% dos portugueses não votou nos partidos que o constituem. ... apesar das sucessivas medidas legislativas ... penalizando as pessoas e levando à ruína do país, só nos resta trocar a indignação pelo escárnio e a raiva pela ironia.

No dia que se seguiu ao descalabro, os comentadores afectos à trupe de comediantes que por vezes também se chama Governo bem tentaram remediar as coisas, colocando pensos rápidos sobre a ferida aberta por uma eleição que fez desaparecer o PSD de todos os centros urbanos - os locais onde se decide o voto nacional -, mas a sangria desatada, estranhamente, não foi cauterizada. O conselho nacional de ontem foi um perfeito retrato da anedota em que se tornou o PSD sob as ordens do destemido comandante Passos Coelho. Enquanto este afirmava não ter vocação para mártir e não ceder a depressões - declaração que deixaria qualquer pessoa de bem verdadeiramente temente da condição do primeiro, tendo em conta que o louco caracteriza-se sobretudo por nunca assumir a sua loucura -, a gritaria dentro do conselho alastrava como fogo em mato seco e os "insultos, apupos e ataques" tomavam conta da reunião. Marco A.Costa, a meio do circo, ainda veio dizer - sem se rir - aos jornalistas que o PSD estava "em ambiente de coesão interna total e absoluta" - homenageando o antigo ministro da propaganda iraquiano ...-, o que serviu para confirmar a sua ascensão dentro do partido como porta-voz da patética palhaçada em que aquilo se tornou. Os barões espreitam na sombra do fracasso de Passos Coelho e Rui Rio espera a oportunidade de tomar o seu lugar divinamente inspirado, apesar das ameaças do antigo candidato Aguiar Branco de uma purga ao velho estilo estalinista. Coesão interna total e absoluta deve ser isto.

Mas o pior não são as tricas internas do PSD. É o Governo que irmana deste partido de oportunistas e saqueadores continuar a conduzir o navio (de loucos, como o caracterizou Pacheco Pereira) a águas cada vez mais turvas e agitadas. Tudo sob a batuta distante de Cavaco Silva, que um dia antes das eleições veio logo avisar que o seu Governo não cairia. E o Governo inclui também o irrevogável Portas, que cantou a vitória de Rui Moreira contra o candidato do PSD, o Portas que em Fevereiro devia ter apresentado um qualquer guião para a reforma do Estado - e cujo prazo para apresentação tinha sido adiado, sem falta, para o passado dia 30 de Setembro. Portas, se trabalhasse numa empresa privada, já teria sido despedido há muito tempo, por incompetência pura e por incapacidade de entregar um documento a tempo e horas. De resto, a maioria dos membros deste Governo não resistiria muito tempo no privado - lá se vai a defesa da meritocracia enquanto novo modelo de sociedade. Desde reformas que são esquecidas - a das autarquias, a do Estado - até metas sucessivamente falhadas, passando pelos atrasos consecutivos que levaram por exemplo ao caos no início do ano escolar - e logo Crato, o ministro do rigor e da exigência -, cumulando na apresentação de leis com inconstitucionalidades evidentes, tem sido demonstrado, à saciedade, que nunca tinha havido um conjunto de pessoas tão impreparado como este a governar o país. E já lá vão muitos séculos de Portugal. Pensar que esta inacreditável trupe de comediantes involuntários possa ter ascendido ao poder precisamente num dos momentos mais graves do país, quando seria necessário que os melhores da nossa geração tomassem conta disto, é de deixar qualquer um com uma intensa dor de cabeça.

Vamos a caminho de um segundo resgate e de uma austeridade perpétua. A podridão do Governo já é sentida à distância - os investidores cada vez têm mais dúvidas sobre a capacidade do país pagar as suas dívidas. Mas ainda assim, Cavaco porfia. Portugal transformou-se numa anedota sem piada, uma ruína de país sem salvação. Talvez só nos reste rirmo-nos disto tudo. Ou fugir.

-------- ou partir-lhes a cara, tirar-lhes o tacho e o saque, promover a união dos PIGS e bater o pé à troika/aleman




De .Nº votos absoluto e + Abstenção. a 1 de Outubro de 2013 às 11:30
Arco da governabilidade (aka: partidos da troika) perde cerca de 750 mil votos
(-por Renato Teixeira, 30/9/2013, 5dias)


O comparativo em número de votos absolutos é o melhor indicador para analisar a evolução do comportamento do eleitorado.

Em 2009:

PS: 2.027.195
PSD: 1.237.259
PPD/PSD.CDS-PP: 513.593
CDU: 533.701
CDS: 167.001
BE: 162.046
MRPP: 13.419
PNR: 1.202
Brancos e Nulos: 158.372
Votantes: 5.365.705

Em 2013:

PS: 1.757.022
PSD: 802.060
PPD/PSD.CDS-PP: 371.903
CDU: 546.555
CDS: 147.014
BE: 116.878
MRPP: 22.494
PNR: 2.976
Brancos e Nulos: 329.600
Votantes: 4.840.231

O arco da governação (aka partidos da troika: PS, PSD e CDS) perdeu cerca de 750 mil votos.
Assim, o número de votos perdidos é quase tanto quanto o número de eleitores que (ainda) votaram no PSD e metade dos que (ainda) votaram no PS.
Diga-se, sobre esse indicador, que só o PS perdeu cerca de 300 mil votos, sete deles na capital.
A CDU ganhou 13 mil.
O BE perdeu perto de 50 mil.
O MRPP dobrou a votação e o PNR triplicou, ainda que no caso destes sem chegar aos 3 mil votos.

Brancos e Nulos sobem para quarta força política, à frente de CDS e BE (mesmo somados), numa eleição onde mais de meio milhão de eleitores se juntou à abstenção.
Continuem a cantar vitórias a fingir, continuem.
A insurreição agradece.


De .é tempo de: Unir e contra-atacar.BASTA. a 1 de Outubro de 2013 às 11:41
O povo contra-ataca
(por Lúcia Gomes )
...
Mas ontem, ao ouvir os deprimentes comentários, com a televisão pública e a SIC a cingirem-se aos comentários de dois partidos (apenas e curiosamente a TVI fez ouvir 5 partidos, não falando dos canais de cabo) dos fazedores de opinião que já foram governantes e as declarações – particularmente – do PS e do CDS, vejo que não há limites para a sem-vergonhice.

Paulo Portas ou João Almeida a tentarem apropriar-se de vitórias que não são do seu partido, as ditas “independentes”, nomeadamente a de Rui Moreira (que já se previa) em que quem ganhou foi o capital portuense (e quando digo o capital, refiro-me mesmo ao muito dinheiro que movimenta Rui Moreira e os seus círculos) continuando o parasitismo típico do CDS. Um partido pouco representativo (quer em militância quer no tecido social português), que eleitoralmente é praticamente inexistente, mas de manobras percebe bem. De se colar ao poder, passeando entre os intervalos da chuva como se jamais tivesse algo a ver com as decisões governativas (e tão responsáveis são em matéria de perseguição aos beneficiários da Segurança Social, nomeadamente os falsos recibos verdes e no fim das prestações sociais num ódio bafiento à pobreza), de se auto-denominarem poder, de se coligarem estrategicamente depois das eleições sabendo que jamais o povo lhes daria o seu mandato.

O CDS não ganhou nada. Mas o PS também não pode cantar vitória. Perder câmaras como Braga, Guarda, Évora… Perder votos em inúmeras cidades, perder vereadores, ser solução de retaguarda para quem não quer votar PSD mas tem “medo” ou preconceito de votar num outro partido, nomeadamente a CDU.

Um PS que está longe das pessoas, que sufragou todas as políticas governamentais (perdendo mesmo a noção do ridículo ao vir saudar a decisão do TC quanto ao Código do Trabalho quando o apoiou e não subscreveu o pedido de inconstitucionalidade), um PS que assinou o pacto com a Troika, agredindo todo o povo português e fazendo tábua rasa da Constituição. Um PS que nada ganhou nas eleições autárquicas que não seja uma ilusão de que é um partido em que as pessoas confiam.

Um PSD moribundo, em guerra civil, assumindo «responsabilidades pessoais» (aliás, como fez o BE), rejeitando a vontade popular e a decisão que é uma demonstração de que as pessoas estão fartas. Um PSD chantagista, criminoso, agressor que se confrontou, contra a sua convicção de que «o povo é sereno» e o seu autoritarismo, com a soberana vontade de quem não votou neles.

A vitória dos “independentes” ou dos “grupos de cidadãos” que mais não são do que a resposta tosca de militantes mais do que conhecidos que se chatearam porque os não deixaram protagonizar mais um número de projecção pessoal que foram enfatizados pela comunicação social como a cidadania em acção em projectos que nada têm a ver com a luta ou movimentação popular, mas a manipulação partidária do PS e PSD para se desresponsabilizarem de décadas de políticas miseráveis.

As televisões que deixaram de mostrar os mesmos de sempre e arrancaram as críticas aos que estão habituados a fazer política atrás de uma câmara de filmar ou nos jornais – PSD, PS e BE foram os grandes derrotados pela comunicação social e tiveram que estar na rua, com as pessoas. É desconfortável para eles, bem se sabe, e o resultado está à vista.

A grande resposta, demonstrando que não cedemos a chantagens como as de Passos Coelho a fazer birrinha com a ameaça de que a troika vem aí novamente (exactamente o que fazia eu à minha irmã quando ela tinha dois anos, para que comesse a sopa ou hoje, nos seu 4 anos e na sua vontade legítima de decidir o que veste e demora horas, a troika espreita para lhe tirar os livros ou os brinquedos), não acreditamos em falsas soluções como as do PS, que fará o mesmo que o PSD, que não nos fazem de parvos e que o povo está a contra-atacar está a ser dada.

Está a ser dada nas urnas, mas, e será dada nos dias que se seguem. A 19 de Outubro, atravessaremos as pontes deste país com a CGTP e todos os trab.
vamos encher novamente as ruas com manifestações de todo o país convocadas pelos movimentos sociais sob uma ideia de unidade – Que se Lixe a Troika (26 out.) – Não há becos sem saída, onde em S, Bento, em Lisboa, se exigirá a queda do govern


De Roubo mas faço .vs. Roubo, pago e penali a 3 de Outubro de 2013 às 09:40
Roubo mas faço
(por Daniel Oliveira

Em frente a um estabelecimento prisional, centenas de carros buzinam enquanto os seus condutores gritam o nome de um dos presidiários. Trata-se de um político local preso por corrupção. O seu delfim ganhou as eleições e o povo, feliz, quer dividir aquele momento com o seu herói encarcerado. Esta vitória foi dele. Ninguém nega que ele roubou. Roubou mas fez. Esta cena não se passa numa qualquer pequena cidade perdida no Brasil dos coronéis. Não se passa no México do narcotráfico ou numa nova ditadura nascida da ex-URSS. Passou-se em Oeiras, o concelho com maior percentagem de licenciados de Portugal, um país democrático e supostamente desenvolvido da União Europeia.

Explicar isto sem ser deselegante para com os meus concidadãos não é fácil. Opto, por isso, por falar dos mitos que são abalados pelo resultado de Paulo Vistas e da sua lista de homenagem ao presidiário Isaltino.

Não é verdade que a descrença crescente dos portugueses na democracia e nos políticos resulte de uma qualquer exigência ética. Não é a corrupção que cria desconfiança perante a classe política. Mesmo os portugueses mais ilustrados toleram bem a corrupção, desde que "deixe obra" para si. Muito menos é a impunidade que cria revolta. Quando a justiça faz o seu trabalho o eleitor trata de o desfazer.

Muitos dos que votaram na lista de Isaltino aplaudirão com entusiasmo as intervenções públicas de Paulo Morais e até as diatribes de Marinho Pinto. A corrupção incomoda-os. Mas o que os incomoda não é o roubo. É serem eles os roubados. Se o corrupto lhes deixa alguma coisa a corrupção deixa de ser um problema. Porque é apenas o seu interesse pessoal, e não a exigência ética que nasce da pertença a uma comunidade de valores, que determina as suas escolhas políticas. É por isso que, para muitos portugueses, os seus direitos são direitos e os direitos dos outros são privilégios, a sua greve é justa e a greve do outro é um transtorno.

O combate à corrupção não se faz com discursos inflamados contra os políticos. Faz-se através de uma ideia de solidariedade entre cidadãos que veem os recursos públicos como pertença de todos e o seu uso indevido como uma falha sempre grave, seja qual for o beneficiário. Só que, ao contrário do que se costuma dizer, Portugal não é um país especialmente solidário. O que é normal, tendo em conta os seus altíssimos níveis de desigualdade. A solidariedade nasce da pertença a uma comunidade. Essa pertença só acontece quando há empatia. A empatia precisa de proximidade. E a proximidade exige mínimos de igualde social e económica. As sociedades desiguais são egoístas e, por isso, pouco escrupulosas na sua ética coletiva. E assim é Portugal.

O fascínio que os eleitores têm pelas listas independentes não resulta apenas de uma qualquer doença partidária que promova a corrupção e o compadrio. Com isso, a maioria dos eleitores vive sem qualquer problema. A desconfiança em relação aos partidos é, em Portugal, antes de mais, uma desconfiança em relação às suas formas pouco democráticas de seleção de pessoal político. Uma desconfiança justa e legítima (tratarei amanhã), porque retira aos eleitores a possibilidade de escolha. Mas que nada tem a ver com qualquer tipo de exigência ética.

A descrença nos partidos também resulta da crise económica, pela qual estes são responsabilizados. Mas a alternativa em que muitos cidadãos apostam é o atalho mais fácil: alguém que deixe obra passando por cima das regras e da lei. A maioria dos eleitores comunga do pragmatismo amoral de muitos políticos: desde que sobre alguma coisa para mim, que se danem os bons costumes. E se a maioria dos eleitores é egoísta e pouco exigente é natural que os políticos também o sejam. Afinal de contas, vivemos numa democracia representativa. Os que elegemos limitam-se a representar o que nós próprios somos. Não, o país não se divide entre políticos, por um lado, e os portugueses, suas vítimas.

Por fim, este episódio recorda-nos que, ao contrário do que se costuma pensar, não é a educação que garante uma democracia saudável e exigente. Essa falta de exigência não resulta de ignorância. As pessoas mais qualificadas não são eticamente mais rigorosas.
O bom funcionamento da democracia tem a ver com regras. ....


De Poucas Regras/leis, claras e Justiça ráp a 3 de Outubro de 2013 às 09:49
«'Roubo mas faço' ».versus. «se Roubo, pago/reponho, sou penalizado e impedido de exercer mais cargos públicos.!! » (ou Arbitrariedade e Crime vs Lei e Justiça)
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Roubo mas faço
(por Daniel Oliveira, Arrastão e Expresso online, 2/10/2013)
... ...
... regras. É a definição de poucas mas invioláveis regras que permite não misturar tudo no mesmo saco, como se tudo (do pequeno atraso fiscal à corrupção) tivesse a mesma gravidade e relevância.
Definir linhas éticas claras e não nebulosas de suspeição, onde, como todos cabem, nada chega a ser realmente grave.
São essas regras que criam, mesmo na cabeça dos eleitores, um ambiente de exigência formal ou um ambiente propício à corrupção.
São elas que acabam por instituir que há práticas inaceitáveis.

Se Isaltino Morais tivesse sido travado no primeiro momento em que prevaricou e tivesse perdido imediatamente o lugar não teria tido oportunidade de criar as teias de interesses que criou.
E não teria conseguido passar a ideia de que o crime compensa.
E que compensa a ele e compensa aos eleitores, que se comportam como seus cúmplices.
Nunca se poderia dizer, sobre ele, que "rouba mas faz".
Porque a regra seria esta: "quem rouba não faz".
Porque não roubar tem de ser a primeira condição para fazer seja o que for no Estado.
Não precisamos de políticos puros, que nunca tenham falhado como cidadãos. Até porque eles não existem.
Precisamos de poucas regras cuja violação represente, para todos, a imediata impossibilidade de exercer cargos públicos.


De .Listas independentes ou ... a 3 de Outubro de 2013 às 10:22
O que as Listas independentes nos dizem
(-Daniel Oliveira, Arrastão,3/10/2013)
... ...
...
Por isso, a única lição que os partidos podem tirar destas vitórias de listas independentes tem a ver, não com os comportamentos dos seus eleitos (pelo contrário, a avaliação dos eleitores parece ser tão positiva que os querem no lugar contra a vontade das estruturas partidárias), mas com as formas de seleção dos seus candidatos.
Quando os partidos trocam candidatos populares por candidatos que apenas contam com o apoio da estruturas locais ou da direção nacional são punidos nas urnas.
E isto tanto serve para autarcas que podem ser considerados exemplares como para presidentes de câmara corruptos.
É, portanto, para debater a forma de seleção dos candidatos, e não outros temas, que os resultados das listas independentes nos nos convocam.

Como se sabe, três dos cinco principais partidos passaram a eleger os seus líderes através de eleições diretas. Consideraram que isso correspondia a um processo de democratização interna.
Pelo contrário, como aliás já escrevi várias vezes, as diretas, exacerbando o poder dos militantes em organizações que devem, antes de tudo, responder aos anseios de quem representam (os eleitores), fecharam os partidos em si próprios.
Para conquistar e reforçar o seu poder, as lideranças têm de agradar, antes de mais, aos vários poderes de base, ignorando a vontade dos cidadãos.
Em vez de liderar para os que representam passam a liderar para os militantes. António José Seguro é talvez o exemplo mais extremado disso mesmo.

Não defendo, com isto, a redução da democracia interna dos partidos. Defendo duas coisas:
um retorno a uma democracia representativa bastante alargada, que dá aos delegados aos congressos um poder que mais facilmente consegue equacionar os interesses dos eleitores com a vontade dos militantes (nem sempre coincidentes) e, mais importante, uma verdadeira abertura dos partidos à participação cidadã.
Essa abertura deve ser cuidadosa. Não pode resultar na descaracterização política e ideológica dos partidos.
Nem pode equiparar quem está disposto a um grau de comprometimento muito elevado com quem apenas quer dar a sua opinião. Não pode equiparar em direitos o que não equipara em deveres.
Mas deve permitir que os apoiantes e eleitores de cada partido tenham capacidade de limitar a cegueira militante.
Nas legislativas, permitindo que o eleitor intervenha na ordenação das listas e reforçando assim a autonomia, a liberdade e o poder de representação de cada deputado.
Nas autárquicas, instituindo a figura do apoiante, com menos direitos e deveres que os militantes, para permitir a existência de eleições primárias.

Uma coisa é certa: façam ou não façam os partidos estas mudanças, os eleitores encontrarão formas de os punir (com ou sem razão, como se viu em Oeiras e provavelmente se veria em Gondomar).
Mas apenas nas autárquicas, através de candidaturas autárquicas independentes.
E esta é a principal razão porque, para além da possibilidade de intervenção dos eleitores na ordem das listas dos partidos, defendo a possibilidade de listas de cidadãos concorrerem às legislativas (apenas a cada círculo eleitoral, caso contrário seriam partidos políticos sem os deveres correspondentes).

Porque só através da concorrência democrática os políticos serão obrigados a escolherem os seus deputados pela sua capacidade de atração eleitoral e não apenas pela sua fidelidade ao líder ou apoio das estruturas locais.
A outra possibilidade seriam os círculos uninominais, que acabariam com qualquer ideia de proporcionalidade na representação parlamentar.

Listas abertas e candidaturas de cidadãos são única forma de, através do medo de perder votos, ter eleitos que pensem pela sua cabeça e não obedeçam cegamente aos diretórios partidários.
Se assim fosse, desconfio que algumas medidas deste governo não teriam sido chumbadas pelo Tribunal Constitucional. Porque nem chegariam a sair do parlamento.
É que quem tem de agradar ao eleitor e não ao líder pensa duas vezes antes de destruir um País. Há que possa dizer que isto promove o eleitoralismo.
Desculpem, não sou dos que acha que os eleitos se devem estar a lixar para as eleições. Acredito mesmo nas vantagens da democracia


De Melhorar Democracia com internet e ... a 4 de Outubro de 2013 às 15:52
(-comentário de Diogo a: «um enorme vazio à esquerda», de J. Bateira, Ladrões de B., 3/10/2013)
...
De eleição para eleição o número de abstencionistas está a aumentar.
Isto, porque um número cada vez maior de pessoas já percebeu que os «nossos representantes eleitos» são, afinal, representantes de outros interesses onde o Dinheiro fala mais alto.
Aliás, para que os «nossos representantes» tenham alguma possibilidade de serem eleitos, é sinal de que já foram comprados.

Os abstencionistas não são, ao contrário do que se diz, uns alheados da política e das decisões que lhes ditam a vida, e que preferem ir para a praia a cumprir o seu dever de cidadania.
Alguns sê-lo-ão, mas a esmagadora maioria é gente que deixou de acreditar nos «políticos» e na «democracia representativa».

Os que votam na «democracia representativa», podem dividir-se nos seguintes grupos:

1 – Os clubistas, que sempre votaram no partido A e continuarão a votar nesse partido até morrerem, dê lá por onde der.

2 – Os que votam porque lhes foi ensinado que esse é um direito e um dever do cidadão (e, portanto, acefalamente, vão votar).

3 - Os que acreditam ideologicamente nos líderes de determinado partido, embora estes depois façam reiteradamente o contrário do que afirmaram nas campanhas eleitorais.

4 – Gente que espera ganhar um tacho para ele, para o filho ou para a sogra, com a vitória de determinado partido.

5 – Os que votam sempre útil – sempre no PS ou no PSD (porque os outros pequenitos não têm hipótese).
Durante quatro anos ficam lixados com o governo PSD e nas eleições seguintes votam PS. E como têm a memória fraca, durante os quatro anos seguintes ficam lixados com o governo PS e nas eleições seguintes votam PSD.
E agem assim ad aeternum, sem perceber que PS e PSD são dois braços de um mesmo Polvo que, ora lhes estende um braço, ora lhes estende outro.

Há quem, por contraponto à «democracia representativa», anseie por um Homem Providencial, de queixo espetado, que iria meter tudo nos eixos.
Olham com nostalgia para o passado (como se este tivesse sido um paraíso) em vez de olharem para o futuro.
Encravados entre um presente corrupto e um passado que idealizam (e que foi muitas vezes pior que o presente), esquecem as ferramentas tecnológicas que a ciência nos vai fornecendo a ritmo acelerado.

Dantes, a informação só chegava às pessoas através dos Media – televisões, jornais, livros e rádios (todos nas mãos dos Poderosos que os utilizam para fazer passar a sua propaganda), e de um limitado círculo de amigos ou de reuniões com colegas. Não havia alternativa.

Por outro lado, era impraticável, em sociedades com milhões de indivíduos, recolher as opiniões destes sobre todos os assuntos, avaliá-las, trocar ideias, debatê-las e tomar decisões com base nelas.
Só um corpo representativo que, de tempos a tempos, recolhesse os votos (informativamente nulos) que supostamente traduziam a vontade popular poderia dar.
É neste sistema que assentam todas as «democracias» modernas.

Hoje, com a Internet, tudo está a mudar.
Graças a ela, as pessoas podem comunicar directamente umas com as outras, podem trocar ideias, aprender diretamente das fontes (não passando pelo crivo da censura e da propaganda (das televisões, jornais, livros e rádios), ter acesso a informação mais independente e fidedigna, e podem fazê-lo sempre que o quiserem.
A Internet vai ser a grande porta de entrada para a Democracia Direta.


De Limitação de Mandatos a 15 de Outubro de 2013 às 14:46
Uma lei bem intencionada, mas muito mal escrita
(-por Filipe Moura, EsquerdaRepublicana, 12/10/2013)

Refiro-me à lei da limitação de mandatos, claro.
As discussões sobre se se referia a presidentes "da" câmara ou presidentes "de" câmara merece ficar no anedotário.
Da minha parte, sou totalmente favorável à lei em si, na interpretação que o TC lhe deu.
Tratando-se de um presidente que após três mandatos se candidata a outro município, a minha posição depende do caso.
Genericamente não acho que deva ser proibido, embora acho que devesse ser nos casos de Luís Filipe Meneses e do seu delfim Ribau Esteves.
Talvez devesse ser proibido dentro de municípios da mesma Junta Metropolitana (casos de Porto e Gaia, de Meneses) ou Comunidade Intermunicipal (casos de Ílhavo e Aveiro, de Ribau - que já era presidente dessa mesma Comunidade). Municípios vizinhos, portanto.

Mas se se possibilitar candidaturas em Comunidades Municipais deiferentes, temos os candidatos "pára-quedistas", como Moita Flores (de Santarém para Oeiras) ou o senhor do Prós e Contras-de-cujo-nome-não-me-recordo, das Caldas da Rainha para Loures.
Essa solução não me parece desejável, mas tenho dúvidas de que devesse ser proibida.

Muito mais obviamente para mim deveriam ser proibidas situações como a de Ferreira de Aves, onde a mulher conquistou a junta de freguesia e renunciou pelo marido (que vinha a seguir na lista),
ou Elvas (onde o presidente da câmara em exercício se candidatou ao cargo de vereador, mesmo não estando previsto o cabeça de lista renunciar).

Um presidente em final de três mandatos não deve poder voltar a pertencer ao executivo no mandato seguinte, seja como presidente ou vereador, seja numa junta ou câmara.
O facto de a lei não prever esta possibilidade demonstra que é claramente defeituosa, devendo ser revista em breve.

-------- Ricardo Alves:
concordo que a lei de limitação dos mandatos é boa, mas deve ser melhorada. E parece-me mais importante o segundo ponto que mencionas: um ex-presidente de câmara não deve poder ser vereador na câmara que governou. Já quanto ao primeiro ponto, nota que as «comunidades inter-municipais», que eu saiba, são comunidades voluntárias de municípios. Dificilmente pode haver uma proibição nessa base.

-------- Luis Lavoura
É claro que a lei tem defeitos, e que há formas de se lhe fugir. Mas o facto é que ela teve por consequência varrer do poder muitos dinossauros que lá estavam. A lei não foi 100% eficaz, mas esteve perto disso.

Todas as leis, ou quase todas, têm forma de se lhe fugir. É vão procurar eliminar todas elas.

Por exemplo, o truque da mulher do presidente da junta já é velho: foi praticado recentemente na Argentina pelo antigo presidente Néstor Kirchner e sua mulher, e atual presidenta, Cristina Fernández.

É um truque inescapável, até porque é fácil as pessoas estarem em união de facto e não serem casadas.
( e também o truque de Putin na Rússia , em que o presidente/executivo troca de posição com o PM/executivo e vice-versa, ...).


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 7 de Outubro de 2013 às 10:22
Eu até diria +...
- Por Telheiras Livre e Sporting Campeão!
ou
- Jackpot do euromilhões para todos os portugueses , já!
ou ainda
- Por um Portugal onde os portugueses sejam mais evoluídos, competentes e trabalhadores. E menos cobardes, cagoralas e de menos par-lá-pié e de mais ação....


De .Novo Partido ou Coligação ou ... a 8 de Outubro de 2013 às 15:24
------ (Xa2, 1/7/2013, Luminaria): -----

Novo partido ... Mansos esperam líderes ... Cidadãos Unem-se e Fazem
Dizem / propagandeiam
(os bem instalados, os alienados, os "cérebros lavados" ou os fantoches e seus avençados -- para desmotivar, dividir, desmobilizar...) que:
«Não há alternativa/s» (político-económicas: é Mentira, pois há e várias !) e «Não há líderes, dinheiro, pachorra» (para criar um novo partido ou para ser membro de um partido ou para ser "político", para fazer greve , para se manifestar ou, até, para ir votar ...).
Concordo que poderia haver melhores partidos, melhor Justiça, melhor Democracia, mais e melhores líderes, mas ... estar à espera que apareça D.Sebastião ou que outros façam/saltem para a frente da luta ... é uma posição cómoda mas de perdedor, de cidadão fraco, de 'manso', ... assumam!! é o 1º passo para se mexerem e deixarem de ser coisa nenhuma !
E esperar, que apareça?, um Líder / Caudilho altruísta, democrático, herói, amigo pessoal, ... é desejar milagres ! caiam na real.
A aparecer, o mais provável é, em pouco tempo o tal líder (e seu pequeno grupo) ser traído, ser derrubado ou ... se passar para a Direita, anti-democrática, vendido ao grande capital e às oligarquias !!

Assumam-se como iguais em direitos e deveres !! Como Cidadãos plenos !

Sejam Responsáveis e exijam Responsabilidade e Transparência !

Mas, mais do que « +1 partido» (entre tantos que só dividem votos da Esquerda e permitem a Direita ganhar), é necessário :
COLIGAR (os partidos, sindicatos e movimentos que existem, NÃO se atacarem global e mutuamente, basta marcar as diferenças, quando necessário), UNIR em ACÇÕES concretas, respeitando as Diferenças, JUNTAR esforços para as CAUSAS COMUNS (valorizando os «mínimos denominadores comuns»).
E se querem defender os vossos direitos, o Estado Social, a Democracia ... comecem a REUNIR e a Formar os "VOSSOS BATALHÕES" ! a vossa LISTA CONCORRENTE, a vossa proposta, o vosso grupo de defesa de interesses comuns, ... e participem, colaborem com outros grupos, com acções/ propostas válidas. E Mudem o vosso modo de Estar, Mudem as vossas (des)Organizações.
Pois, de outro modo (divididos, isolados, individualmente) serão derrotados, espezinhados, roubados, maltratados, abandonados, ... e/ou feitos Servos sem direitos, ESCRAVOS.

----------( http://no-moleskine.blogspot.pt/ 3/10/2013 J. V-C ) :
Os partidos e a troika – BE
... ...
... E bem gostaria porque considero que PCP e BE são o conjunto partidário que, no curto prazo, com o contributo de outras forças de que falarei a seguir (é pena que um novo partido já não venha a tempo), podem ser a única alternativa para uma alternativa de esquerda coerente e consequente. Para um socialismo sem submissão ao capitalismo, muito menos à forma neoliberal, globalizante e geradora de hegemonias do capitalismo. Para uma democracia real de cidadãos verticais. Para o reino da ética, da solidariedade. Para que a globalização não seja a cada vez maior diferença entre os povos. Para que os recursos dos países libertados não vão parar às mãos de quem traiu a luta por essa libertação. E até para relembramos coisa tão velha como "liberdade, igualdade, fraternidade". Quem diria que ainda seria hoje actual!

Há quem diga que a palavra esquerda está queimada. Mas isto que disse está queimado? E não foi, é e será a esquerda? E o que falta a esta esquerda para chegar ao poder? De entre muito mais, um programa mobilizador, a congregação (não instrumentalizadora) dos "novos movimentos", a conjugação com modernidade de posições populares e de perspectivas actuais de nova "sociologia política" (o envelhecimento, a vida urbana, o trabalho moderno, as aspirações individuais, as minorias, etc.), a luta em aliança com as esquerdas dos países periféricos pela afirmação da soberania nacional, e, acima de tudo, a conquista da hegemonia cultural (incluindo a da comunicação social).
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5/10/2013, J. V-C :

Continuando, outra vez um novo partido
...
... Jorge Bateira: “Um partido de esquerda, socialista, que assuma a ruptura com o neoliberalismo como condição necessária para que o país se possa desenvolver. Que diga ao país que uma saída do euro, a deci


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