Hecatombe laranja, vitória de Costa e Seguro a ver navios
(-por Daniel Oliveira, Arrastão, 30/9/2013)
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As humilhantes derrotas no Porto e em Lisboa, que ultrapassaram os cenários mais radicais, chegariam para que o PSD entrasse em estado de choque. Junta-se a perda de Gaia e a humilhação em Sintra, e temos o desastre nos quatro concelhos mais populosos do País. Perdeu Coimbra, Portalegre e Funchal (coligação de toda a oposição, com excepção do PCP e CDS) e mais seis câmaras na Madeira. Perde muitas câmaras e muitos votos. Salvam-se as conquistas de Guarda e Braga.
Mas essas derrotas do PSD não chegam para dar uma vitória que reforce a posição de António José Seguro. Perdeu Braga, Guarda, Beja e Évora. Perdeu um bastião como Matosinhos. Perdeu Loures. Não ganhou o Porto, mesmo com a direita dividida. Não recuperou Faro. Ganhou Gaia, Coimbra, Vila Real e Sintra, mas perdeu os três dos seus mais importantes bastiões e ficou sem quatro capitais de distrito. Quem tem este resultado, no mesmo dia em que o PSD é arrasado pelo país fora, pode dizer que veceu, mas não pode fazer grande festa com isso.
Resumindo: a estrondosa derrota do PSD deu uma vitória pífia ao PS. Com a tal cereja em cima do bolo de que falei: António Costa esmigalha o PSD e dá aos socialistas a mais poderosa das vitórias. Ou seja, a derrota do PSD, em vez de reforçar Seguro, deu ao seu maior opositor interno um enorme capital político. É ele, e não Seguro, o vencedor socialista da noite.
A CDU é, com as listas independentes, Rui Moreira e António Costa, a maior vitoriosa da noite. Recupera Évora, Beja e Loures, fica com quase todos os concelhos do distrito de Setúbal e mais alguns concelhos no Alentejo. Volta a ser um partido de forte implantação autárquica a sul. Quanto ao Bloco de Esquerda, perdeu Salvaterra e não elegeu Semedo. É uma derrota total. O CDS ganhou em Ponte de Lima e mais quatro pequenos concelhos. Correu-lhe bem. Mas não chega a ser relevante.
Partindo destas condições e olhando para os resultados que já se conhecem, a conclusão é relativamente simples: a enorme derrota de Passos Coelho não se traduziu numa vitória de António José Seguro. Já que Rui Moreira não parece ter ambições fora do Porto, com o resultado do PS em Lisboa, é fácil identificar o vencedor nacional destas eleições. Agora é esperar para ver o que fará António Costa com isso.
Nota: as derrotas dos candidatos itinerantes e as vitórias de listas independentes merecem textos à parte. E também sobre a vitória da lista de um presidiário em Oeiras.
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Para ver resultados em todas as autarquias:
http://autarquicas2013.mj.pt/
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(-por Ricardo F. Pinto, 30/9/2013, 5dias):
- a grande vitória do PCP, com expressivo aumento do número de votos e do número de Câmaras Municipais, algumas delas muito significtivas. Assume-se definitivamente como a única alternativa de Esquerda à política do Bloco Central;
- a prestação miserável do Bloco de Esquerda, que paga com estes resultados a indefinição da sua política. Tem de saber o que quer e se a ideia é rumar à Direita para um eventual acordo futuro com o PS, deve aceitar as consequências;
- a vitória do PS, em número de votos e de Câmaras, o que garante para já o lugar a António José Seguro. No fundo, ganhou as eleições, mas repare-se no que de importante perdeu para o PCP;
- a coça que levou o PSD e o primeiro-ministro. Nada que o faça mudar de rumo, como já revelou, porque a encomenda não é passível de alterações. Ainda assim, que fique registada a maior derrota eleitoral de sempre do Partido;
- a caminhada do CDS de Paulo Portas por entre os «pingos da chuva», como se esta política que vem sendo seguida não fosse nada com ele;
- a confirmação do «fenómeno» dos Independentes.
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Ou seja: votando em Lisboa votaria de uma maneira. Votando em Braga, voto de outra. Numa eleição nacional, provavelmente votaria ainda de outra. E a minha avaliação da situação política nacional é a mesma. Bastaria este meu exemplo
(e há mais exemplos como este - mas isto parece ser «Cidadania a mais» !! para tugas, atrapalhadas a subsistir, sem tempo para ler/pensar e para a família, sem dinheiro e com preocupações urgentes a resolver ... deixam a informação e a participação política para último plano - é compreensível ... mas depois queixam-se dos governantes que elegeram !!.- é um ciclo de pobreza e irracionalidade difícil de quebrar.)
para não extrapolar nacionalmente o conjunto dos resultados municipais. Para além de haver os candidatos independentes, coligações nuns municípios que não há nos outros (como distinguir os votos PSD-CDS quando concorrem coligados?), à partida são eleições muito diferentes, e onde se vota de forma diferente.
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O grande vencedor: a CDU
Creio que é indiscutível: julgo que não perdeu nenhuma câmara importante, e em contrapartida recuperou cãmaras emblemáticas como Évora, Beja e Loures (grande vitória de Bernardino Soares, um dos políticos portugueses mais capazes e injustiçados, por culpa de uma entrevista infeliz). Além disso elegeu vereadores em cidades onde não os tinha, como Viana do Castelo, Braga, Matosinhos e Faro, e recuperou o segundo vereador em Lisboa.
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Outro vencedor: o PS
As perdas para o PSD dos bastiões de Braga, Ovar e Guarda foram largamente compensadas pela conquista de Vila Real e pelas recuperações de Gaia, Coimbra, Covilhã e Sintra. Teve revezes importantes (as referidas perdas para a CDU, e também a de Matosinhos para independentes), mas claramente também é um dos partidos vencedores da noite. O secretário geral António José Seguro poderá dormir mais descansado. Ou talvez não, com o resultado histórico do rival interno António Costa em Lisboa.
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Outro vencedor: o CDS
Olhando por uma perspetiva estritamente partidária, o CDS passou de uma para cinco câmaras, reconquistou municípios em Aveiro e ganhou novos nos Açores e na Madeira.
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Um grande derrotado: o Bloco de Esquerda
Perdeu a única câmara que tinha e praticamente desapareceu do mapa autárquico: nesse aspeto, é um partido irrelevante. Algumas derrotas foram dolorosas: não conseguiu eleger vereadores no Porto (onde tinha um bom candidato que fez uma boa campanha) e em Lisboa (onde incompreensivelmente candidatou -e queimou - o seu líder, residente no Porto e de quem nunca se tinha ouvido uma ideia para Lisboa). No discurso de derrota enalteceu a derrota da direita. Mas o Bloco não contribuiu nada para ela. O partido deveria refletir seriamente.
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O outro grande derrotado: o PSD
Bastantes mais (e mais significativas) perdas do que ganhos: perdas significativas na Madeira, derrotas em Gaia, Coimbra, Sintra, Lisboa (por números humilhantes) e no Porto (onde partia como favorito). Embora não explique tudo, é impossível não ver aqui também uma penalização do governo.
Alguns resultados http://autarquicas2013.mj.pt/ :
--------------------------Nacional:
(Partido; % ; nº votos ; nº eleitos )
PS 36,34% 1.757.022 votos 868
PPD/PSD 16,59%802.060 votos 500
PCP - PEV 11,09%535.989 votos 198
PPD/PSD.CDS-PP 7,69%371.903 votos 142
GRUPO CIDADÃOS 6,66%321.912 votos 100
CDS-PP 3,04%147.014 votos 42
B.E. 2,42%116.878 votos 7
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 2,08%100.437 votos 11
PPD/PSD.CDS-PP.PPM 1,94%94.015 votos 21
PPD/PSD.PPM 1,32%63.604 votos 19
PPD/PSD.PPM.MPT 0,90%43.312 votos 7
PPD/PSD.CDS-PP.MPT.PPM 0,49%23.551 votos 14
PCTP/MRPP 0,47%22.494 votos 0
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN 0,44%21.102 votos 5
PPD/PSD.MPT.PPM 0,41%19.804 votos 4
PAN 0,31%15.143 votos 0
CDS-PP.MPT.PPM 0,19%9.299 votos 1
PTP 0,17%8.339 votos 0
MPT 0,13%6.409 votos 2
CDS-PP.PPD/PSD 0,10%4.656 votos 4
PPD/PSD.CDS-PP.PPM.MPT 0,08%3.981 votos 0
PPM/PPV/PND 0,08%3.634 votos 0
CDS-PP.MPT 0,06%2.931 votos 0
PNR 0,06%2.976 votos 0
PPD/PSD.MPT 0,04%1.897 votos 3
PS-PTP-PND-BE 0,04%2.157 votos 1
PND 0,03%1.272 votos 0
PPM-PPV 0,02%856 votos 0
PPM 0,01%455 votos 0
PPV 0,01%338 votos 0
EM BRANCO 3,86% 186.665 votos
NULOS 2,95% 142.656 votos
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Lisboa:
PS 50,91%116.425 votos 11
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 22,37%51.156 votos 4
PCP - PEV 9,85%22.519 votos 2
B.E. 4,61%10.533 votos 0
PAN 2,29%5.227 votos 0
PPM/PPV/PND 1,23%2.814 votos 0
PCTP/MRPP 1,04%2.378 votos 0
PNR 0,52%1.182 votos 0
PTP 0,29%656 votos 0
EM BRANCO 4,04%9.241 votos
NULOS 2,86%6.551 votos
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Freguesia do Lumiar, Lisboa:
PS 52,10%8.762 votos
PPD/PSD.CDS-PP.MPT 23,93%4.025 votos
PCP - PEV 7,06%1.188 votos
B.E. 4,35%732 votos
PAN 2,18%367 votos
PPM/PPV/PND 1,28%216 votos
PCTP/MRPP 0,64%107 votos
PNR 0,54%90 votos
PTP 0,15%26 votos
EM BRANCO 4,64%780 votos
NULOS
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