O povo contra-ataca
(por Lúcia Gomes )
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Mas ontem, ao ouvir os deprimentes comentários, com a televisão pública e a SIC a cingirem-se aos comentários de dois partidos (apenas e curiosamente a TVI fez ouvir 5 partidos, não falando dos canais de cabo) dos fazedores de opinião que já foram governantes e as declarações – particularmente – do PS e do CDS, vejo que não há limites para a sem-vergonhice.
Paulo Portas ou João Almeida a tentarem apropriar-se de vitórias que não são do seu partido, as ditas “independentes”, nomeadamente a de Rui Moreira (que já se previa) em que quem ganhou foi o capital portuense (e quando digo o capital, refiro-me mesmo ao muito dinheiro que movimenta Rui Moreira e os seus círculos) continuando o parasitismo típico do CDS. Um partido pouco representativo (quer em militância quer no tecido social português), que eleitoralmente é praticamente inexistente, mas de manobras percebe bem. De se colar ao poder, passeando entre os intervalos da chuva como se jamais tivesse algo a ver com as decisões governativas (e tão responsáveis são em matéria de perseguição aos beneficiários da Segurança Social, nomeadamente os falsos recibos verdes e no fim das prestações sociais num ódio bafiento à pobreza), de se auto-denominarem poder, de se coligarem estrategicamente depois das eleições sabendo que jamais o povo lhes daria o seu mandato.
O CDS não ganhou nada. Mas o PS também não pode cantar vitória. Perder câmaras como Braga, Guarda, Évora… Perder votos em inúmeras cidades, perder vereadores, ser solução de retaguarda para quem não quer votar PSD mas tem “medo” ou preconceito de votar num outro partido, nomeadamente a CDU.
Um PS que está longe das pessoas, que sufragou todas as políticas governamentais (perdendo mesmo a noção do ridículo ao vir saudar a decisão do TC quanto ao Código do Trabalho quando o apoiou e não subscreveu o pedido de inconstitucionalidade), um PS que assinou o pacto com a Troika, agredindo todo o povo português e fazendo tábua rasa da Constituição. Um PS que nada ganhou nas eleições autárquicas que não seja uma ilusão de que é um partido em que as pessoas confiam.
Um PSD moribundo, em guerra civil, assumindo «responsabilidades pessoais» (aliás, como fez o BE), rejeitando a vontade popular e a decisão que é uma demonstração de que as pessoas estão fartas. Um PSD chantagista, criminoso, agressor que se confrontou, contra a sua convicção de que «o povo é sereno» e o seu autoritarismo, com a soberana vontade de quem não votou neles.
A vitória dos “independentes” ou dos “grupos de cidadãos” que mais não são do que a resposta tosca de militantes mais do que conhecidos que se chatearam porque os não deixaram protagonizar mais um número de projecção pessoal que foram enfatizados pela comunicação social como a cidadania em acção em projectos que nada têm a ver com a luta ou movimentação popular, mas a manipulação partidária do PS e PSD para se desresponsabilizarem de décadas de políticas miseráveis.
As televisões que deixaram de mostrar os mesmos de sempre e arrancaram as críticas aos que estão habituados a fazer política atrás de uma câmara de filmar ou nos jornais – PSD, PS e BE foram os grandes derrotados pela comunicação social e tiveram que estar na rua, com as pessoas. É desconfortável para eles, bem se sabe, e o resultado está à vista.
A grande resposta, demonstrando que não cedemos a chantagens como as de Passos Coelho a fazer birrinha com a ameaça de que a troika vem aí novamente (exactamente o que fazia eu à minha irmã quando ela tinha dois anos, para que comesse a sopa ou hoje, nos seu 4 anos e na sua vontade legítima de decidir o que veste e demora horas, a troika espreita para lhe tirar os livros ou os brinquedos), não acreditamos em falsas soluções como as do PS, que fará o mesmo que o PSD, que não nos fazem de parvos e que o povo está a contra-atacar está a ser dada.
Está a ser dada nas urnas, mas, e será dada nos dias que se seguem. A 19 de Outubro, atravessaremos as pontes deste país com a CGTP e todos os trab.
vamos encher novamente as ruas com manifestações de todo o país convocadas pelos movimentos sociais sob uma ideia de unidade – Que se Lixe a Troika (26 out.) – Não há becos sem saída, onde em S, Bento, em Lisboa, se exigirá a queda do govern