Quinta-feira, 24 de Outubro de 2013

... O.E. 2014 e ...  e  ...-  A  austeridade  não  passa   ( mas ... !?!! )

  Aguentem lá mais um bocadinho, que isto vai ao sítio” ou a estratégia da mentira  (-por R.P.Mamede, Ladrões B)

    O governo está a basear a defesa da proposta do OE para 2014 numa ideia central: a de que, por muito desagradável que seja, vale a pena fazer mais este esforço para que Portugal recupere a sua soberania face aos credores.
    Até agora, a mensagem tem passado com sucesso, não só entre os comentadores do regime (o que não surpreende), mas até entre muita da comunicação social habitualmente mais atenta. Valeria a pena registar cinco ideias:
     1. A proposta de OE aumenta, não diminui, a incerteza para os investidores internacionais. Se ‘tranquilizar os mercados’ fosse efectivamente o objectivo, o governo teria feito tudo o que está ao seu alcance para diminuir os riscos de inconstitucionalidade das medidas determinantes para o cumprimento das metas. 'Bastaria', para tal, manter a Contribuição Extraordinária de Solidariedade nos moldes actuais (assegurando uma receita próxima daquela que conseguirá com a convergência das pensões da CGA), manter parte dos cortes aos funcionários públicos introduzidos em 2011 e mexer no IRS. Ao invés, o governo preferiu acumular medidas que dificilmente poderão ser consideradas constitucionais. Com esta opção, o governo junta austeridade desastrosa a incerteza acrescida.
     2. A proposta de OE aumenta, não diminui, a probabilidade de incumprimento das metas orçamentais. FMI, Banco de Portugal e, agora, Comissão Europeia convergem na ideia de que a redução do défice orçamental tem efeitos recessivos mais acentuados quando é feita pelo lado da despesa do que quando assenta no aumento de receitas. Ou seja, ao fazer incidir a quase totalidade do esforço nos salários da função pública e nas pensões, o governo não só aumenta os riscos de inconstitucionalidade do OE como aumenta os riscos de aprofundamento da recessão – e, logo, de incumprimento das metas orçamentais para 2014.
     3. O governo impõe custos desnecessários para se salvar a si mesmo - e não ao país. Os pontos anteriores permitem perceber que a proposta de OE para 2014 implica custos desnecessários (juros mais elevados, maior desemprego e emigração, maiores riscos de falência das empresas, adiamento dos investimentos necessários ao crescimento e ao desenvolvimento), ao mesmo tempo que aumenta os riscos de uma crise política no primeiro trimestre de 2014. Porquê? Há duas explicações possíveis, não mutuamente exclusivas:
   i) o governo não tem coragem para tomar medidas que seriam ainda mais impopulares, como seriam um maior aumento de impostos (que o governo não quer por motivos ideológicos e eleitorais; e que implicaria a continuação da austeridade destruidora por outros modos, mas que seria preferível ao que está a ser proposto) ou cortes ainda mais drásticos na saúde e na educação públicas (que o governo deseja, mas hesita em assumi-lo); logo, o governo e a maioria preferem sujeitar o país a custos elevados e desnecessários apenas para poder culpar o Tribunal Constitucional (TC) pelas medidas que vierem a tomar mais tarde;
   ii) o governo está a criar as condições para poder atribuir ao TC a responsabilidade por um segundo resgate, caso este venha a confirmar-se.
     4. A eventual necessidade de recorrer a segundo resgate tem muito pouco a ver como o que vierem a ser as decisões do TC. Como já aqui tentei demostrar, a menos que haja alterações substanciais ao nível da dívida e do enquadramento macroeconómico europeu (e/ou de Portugal na UE), o país continuará a depender do financiamento por parte de credores oficiais durante muitos anos. Isto tem muito pouco a ver com as decisões que vierem a ser tomadas pelo TC, sendo antes determinado pelo nível de endividamento público e privado e pela fragilidade da nossa estrutura produtiva (aspectos que têm sido agravados após três anos de austeridade), bem como pelas regras vigentes na UE. Em suma, Portugal terá de recorrer a um segundo resgate (mais ou menos disfarçado) porque a estratégia de ‘ajustamento’ que foi adoptada nos últimos três anos pelo governo e pela troika não só não resolve os problemas fundamentais da economia portuguesa, como os agrava.
     5. Mesmo que o segundo resgate venha disfarçado de ‘programa cautelar’, não ganharemos soberania com isso – e, seguramente, não sairemos por essa via da trajectória de empobrecimento. Este é o mito da moda, o eixo central da propaganda do governo: o de que um ‘programa cautelar’ representaria o fim do ‘protectorado’. Tal como o Nuno Teles explica aqui em maior detalhe, o chamado ‘programa cautelar’ não é senão a continuação da austeridade e da ingerência externa por outros meios. Poderemos não ter visitas trimestrais da troika, mas continuaremos sujeitos a uma vigilância e uma chantagem permanentes por parte das instituições que mais têm insistido na estratégia até aqui seguida (o BCE e o eurogrupo, que controla o Mecanismo de Estabilidade Europeu). Aqueles que defendem que um ‘programa cautelar’ é mais ligeiro e menos intrusivo do que um segundo resgate baseiam-se num ‘feeling’: não têm nenhum documento ou experiência passada que sustente a sua posição, antes pelo contrário. Com programa cautelar ou sem ele, Portugal não terá mais instrumentos para contrariar a estratégia do “empobrecimento como via para a redenção”. Até que decida tê-los.

         26 de Outubro – não há becos sem saída   (-por L.Gomes, 5Dias)



Publicado por Xa2 às 07:45 | link do post | comentar

5 comentários:
De Comentadores TV avençados do centrão a 25 de Outubro de 2013 às 09:13
Não há crise para quem a comenta
«O império dos comentadores onde quem manda são os políticos»
é o título de artigo de hoje no Público, que contém alguns números estonteantes.
Para começar este:
«Se aos quatro canais generalistas se juntarem os canais de informação portugueses no cabo (RTP Informação, SIC Notícias e TVI24), é possível assistir a 69 horas de comentário político por semana.
O equivalente a quase três dias completos em frente à televisão.»

Que ninguém se queixe de falta de interesse das televisões pela política: mais do que isto só futebol!
Dos 97 comentadores com presença semanal na televisão, 60 são actuais ou ex-políticos.
Sem espanto, em termos de número de comentadores, o primeiro lugar do pódio é ocupado pelo PSD, seguido pelo PS e pelo CDS. E embora o PCP tenha mais deputados na Assembleia da República do que o Bloco, este está quantitativamente melhor representado.

Mas os números de facto impressionantes, se verdadeiros, são alguns (poucos) que são divulgados quanto à maquia que estes senhores levam para casa.
E se não me suscita qualquer aplauso o facto de José Sócrates ter querido falar pro bono na RTP, considero um
verdadeiro escândalo que Marcelo Rebelo de Sousa ganhe 10.000 euros / mês (mais do que 20 salários mínimos por pouco mais de meia hora por semana a dizer umas lérias),
Manuela Ferreira Leite metade disso e que Marques Mendes tenha preferido passar para a SIC por esta estação ter subido a parada da TVI que só lhe propunha 7.000.
Claro que estamos a falar de estações privadas, em guerras de concorrência.
Mas algo de muito estranho e esquizofrénico se passa num país quando o valor de mercado destes senhores é deste calibre.
Estaremos em crise, mas comentá-la compensa e recompensa – e de que maneira!


De "Cortes e inevitabilidades" !? !! a 25 de Outubro de 2013 às 09:25
Carta aberta do Ten.-Coronel de Cav. Paulo Banazol ao Ministro de Portugal:
Srº Ministro Poiares Maduro
Deixe que me identifique – Paulo M M A Banazol – contribuinte 131295420 – com todos os impostos pagos ao Estado.
Ouvi a S/intervenção acerca da “inevitabilidade” de cortar pensões e outras prestações sociais.
A ser verdade – espero que não ! – deixe-me arrolar algumas áreas – garantidamente do S/conhecimento – aonde o Governo pode “inevitavelmente” cortar:
Deputados – são 330 no Continente e Ilhas, com vencimentos (3.624,41 €/mês), despesas representação (370,32€), prémios de presença no Plenário (69,19€), deslocações (0,36 €/Km) deslocações em “Trabalho Político” (se é que se sabe o que isto é !) Território Nacional (376,32€), Europa (450,95€) fora da Europa (1.074,80€), deslocações em representação da AR – nacional (69,19€/dia), estrangeiro (133,66€/ dia) e as regalias / mordomias de todos conhecidas e que, se perguntar aos portugueses, todos classificam de escandalosas, absolutamente fora de contexto e imerecidas.

Alguém viu ou ouviu falar da “inevitabilidade de cortes” no número, remunerações e mordomias destas senhoras e senhores ??
Porque não pagam os deputados as refeições ao preço do comum dos portugueses - menos do n/bolso – menos dos impostos dos portugueses !
E não me fale em demagogia – o exemplo TEM que vir de cima !
Presidente da AR que se reformou com 12 ( DOZE !!!!) anos de atividade com uma pensão de 7 mil e muitos Euros – aqui não se põe a “inevitabilidade de cortes” ??

Mordomias com Assessores e Secretárias, subvenções vitalícias a políticos e Deputados, custos com a Presidência da República – que por sinal gasta mais do que a Casa Real Espanhola !!
Centenas de Juntas de Freguesia e dezenas de Câmaras Municipais – vereadores, assessores, “especialistas” e comissões – aonde está a “inevitabilidade dos cortes” ?
Para quando a VERDADEIRA renegociação das PPP’s, SWAP’s, SCUT’s e Rendas Energéticas bem como a devolução aos cofres do Estado dos milhões “emprestados” ao BPN ?

De acordo com o Prof Boaventura Santos, se considerados os cortes nestas áreas a poupança seria de cerca de 2 mil e cem milhões de Euros - e já agora faça-me um favor ministro Poiares Maduro, não me diga que o Prof Boaventura Sousa não é conhecedor da realidade e demagogo.
Juízes do Tribunal Constitucional e Juízes – para quando os “inevitáveis cortes” nos vencimentos e subsídios de residência bem como a regularização dos tempos de serviço para obtenção da reforma ?
Viaturas do Estado - de um total de largas centenas “cortaram” ½ dúzia !
Extraordinário esforço !!!

Campanha Eleitoral para as Autárquicas - 9,7 milhões - “inevitabilidade dos cortes” ??
Fundações - como diz a nossa Gente – “tanta parra e pouca uva” – cortaram ?

Quantas, aonde, quais , poupanças ?
O mesmo relativamente às “milhentas” Comissões - “inevitabilidade dos cortes” ?

Vencimentos, mordomias e Regimes Especiais na TAP, ANA, CP, CGD, Metro, TV, etc., etc., etc. – aonde está a“inevitabilidade dos cortes” ??
Parque Escolar ??
Palestina ?
SCUT’s ?
IMI / edifícios pertença dos partidos políticos
Milhentas nomeações de assessores, especialistas e consultores ?
etc. ..

Surpreende-me (para não dizer mais nada !) a determinação do Governo na defesa da “inevitabilidade de cortes” nas pensões – será que o vai fazer às atribuídas ao Dr. Jardim Gonçalves, juízes, deputados, etc., etc. ?
A Vossa determinação parece ter um só “alvo” – os fracos e sem voz – à minha mãe – 84 anos e numa cadeira de rodas - a Vossa determinação tirou 60 em 800 euros.
Ao ex-presidentes Soares - 500.000 E (fora a Fundação) e Sampaio – 435.000 E (fora a Fundação Cidade Guimarães) - não se viu ou ouviu aplicar a “inevitabilidade de cortes” – serei eu que, nos meus quase 60, ando distraído.
Quando responsabiliza - e prende !!!! - o Estado os governantes responsáveis pelos atropelos à lei e esbanjar de dinheiros públicos ??
A “inevitabilidade dos cortes” justifica cortes na ajuda à saúde aos militares e funcionários públicos e mantém o nível de impostos às pessoas acima do taxado às empresas – Bancos e Companhias de Seguro com lucros inacreditáveis para um país em crise – aonde a “inevitabilidade" de ajustar impostos ??
...


De .Carta aberta aos desGovernantes. a 25 de Outubro de 2013 às 09:28
Carta aberta... ao ministro
...
Os “inevitáveis cortes” ministro Poiares Maduro, cessam quando o Estado e o Governo de que faz parte, cortarem aonde TÊM que cortar e na minha opinião, deixarem de esbanjar dinheiro, de privilegiar uns à custa dos dinheiros de outros e de acabar com as exceções aos sacrifícios que, parece, não são suportados por todos por igual – até lá não haverá “inevitáveis cortes” que suportem este estado de coisas.
Porque não quero tornar estas linhas em assunto pessoal, não refiro os “inevitáveis cortes” que a minha pensão tem vindo a sofrer e que, por vontade Sua, vai ser alvo de mais “inevitáveis cortes”.
Até quando ministro Poiares Maduro os “inevitáveis cortes” – quando o rendimento disponível chegar a “0” ??
Ainda e longe de completar o rol:
1 - Victor Constâncio, atuação como Governador do BdP e custos
2 - Madeira e as obras faraónicas do Governo
3 - Reformas de Luxo – o nº de reformados que ganhavam 4000 (ou mais) euros engordou cerca de 400%
4 - CP - de acordo com a folha salarial da CP, um inspetor-chefe de tração recebe 52,3 mil euros, há maquinistas com salários superiores a 40 mil euros e operadores de revisão e venda com remunerações que ultrapassam os 30 mil euros / ano.
5 – a lei de financiamento de campanhas - a recente decisão do Governo de aumentar os montantes dos ajustes diretos permitidos a governantes e autarcas permite fuga aos impostos
6 – BdP – os privilégios e despesismo do Banco prolongam-se numa lista longa e ofensiva
7 – EDP – 800 viaturas para um total de 1800 funcionários com faturas anuais de combustível de 10 000 E
8 – Viaturas EP – em 63 EP há 224 carros para gestores que custaram ao Estado 6,4 milhões de euros – fora o resto !!
9 – os milhares de Euros em Ajustes Diretos que põem em causa a "concorrência, a igualdade, a transparência e a boa gestão dos dinheiros públicos", pelo que podem "agravar o risco" de corrupção.
10 - despesas de representação, Cartões de Crédito e telemóveis
11 – projetos ruinosos tipo aeroporto de Beja
12 – milhões injetados nas PPP’s e Banca Privada
etc. ..
etc. ...

Muitos, muitos mais casos haveria para arrolar ministro Poiares Maduro que são do conhecimento de todos nós, aonde o esbanjar de dinheiros públicos se vê à vista desarmada e que, se combatido com a DETERMINAÇÃO dos portugueses que fizeram Portugal, talvez evitasse os “inevitáveis cortes” que a S/determinação entende serem necessários.

É por causa de tudo que arrolei – e o do muito que ficou por arrolar – que Membros do Governo são assobiados e apupados – nem todos os que assim procedem são comunistas, nem todos com agenda política – discordo mas compreendo!

Ministro Poiares Maduro – estou longe – MUITO LONGE – da política e políticos pelo que não tenho simpatia por políticos e filiação em NENHUMA força política.

Filiei-me quando com 20 e poucos anos – jovem oficial - Jurei Bandeira – essa é a minha única Filiação pelo que tenho MUITA dificuldade em entender estas situações, bem como a “inevitabilidade dos cortes”, que considero profundamente injustos para a os portugueses.

Coisas de Soldado !
Cumprimenta
Paulo Banazol


De Contratos pró-Credor e prejuízo Estatal a 28 de Outubro de 2013 às 18:20
os contratos em Portugal

Na Europa, já toda a gente goza com esta bandalhice legalizada portuguesa...

Emmerich Krause é um Professor emérito de diversas Universidades do Estado de Turíngia, na Alemanha. A sua tese de doutoramento é uma grossa reflexão de 4 volumes e meio intitulada
"Ensaio sobre a Dinâmica Contratual Consoante o Credor - Contributo para uma Teoria Dinâmica do Dinamismo Contratual".
O meio volume é apenas a bibliografia consultada. Esta interessante obra, que está a marcar a ciência jurídica contemporânea, procura explicar a razão de haver contratos com destinos muito diferentes consoante as partes envolvidas.
O Professor Krause deslocou-se a Portugal na semana passada, pois parece que somos o país mais avançado do mundo nesta matéria, e realizou trabalho de campo valioso. Em rigoroso exclusivo, as notas do Professor Krause na sua viagem a Portugal."Portugal, que já deu novos mundos ao mundo, surpreendeu-me. Afinal, Portugal também está a dar novos contratos ao mundo.
Procurei por tantos países experiências que comprovassem as minhas teses, mas nunca tinha encontrado nada assim.
Para simplificar, fiz uma categorização dos tipos raros de contratos que descobri e que nunca tinham sido observados a olho nu:

1. Contratos-fingimento - Esta curiosa categoria de contratos é muito surpreendente.
Trata-se de contratos em que uma das partes assume plenamente que as suas obrigações não são para cumprir,
sabendo, de antemão, que a outra parte não irá exigir o seu cumprimento, nem se preocupar muito com o assunto.
São muito utilizados quando há compras a empresas alemãs de material militar ou quando se vendem empresas à China.
Determina-se que as empresas estrangeiras têm que construir fábricas ou fazer outros investimentos, mas, passado uns tempos, o dinamismo contratual inerente faz com que essas obrigações desapareçam e fiquem adiadas até ver.
É um extraordinário exemplo de obrigações contratuais descartáveis, uma brilhante inovação portuguesa.

2. Contratos-de-pedra - Dei este nome imortal a esta categoria de contratos.
São contratos que vivem, sobrevivem e tornarão a viver para todo o sempre. Trata-se mesmo de uma situação de imobilismo contratual que daria para criar toda uma nova tese da ciência dos contratos.
São contratos tão inalteráveis e rigídos que até dão para partir a cabeça de arremesso, se for necessário.
Quando se discute a sua alteração, decide-se sempre que não podem ser alterados sob pena de o Estado de Direito acabar já amanhã.
Exemplos destes contratos envolvem sempre investimentos avultados em contratações público-privadas e pagamentos ao Estado relacionados com energia. Admirável mundo novo contratual português.

3. Contratos de requalificação - Esta espécie exótica de contratos é uma originalidade portuguesa.
Diria mesmo que no glorioso firmamento contratual, esta é a espécie que cintila destacada de todas as outras.
Trata-se de contratos de trabalho que contém em si os germes da sua própria destruição. Eu explico.
Através da celebração de um contrato de trabalho, poderá haver lugar à requalificação.
Só que não é a requalificação do trabalhador. É mesmo a requalificação do contrato, que passa a ser requalificado na sua não existência.
Ou seja, através da requalificação, faz-se desaparecer o contrato num golpe de magia.
O contrato e o trabalhador. De génio. Estes portugueses sabem o que fazem.

4. Contratos-não contratos - Foi este o contrato pelo qual me apaixonei e ao qual gostava de dedicar a minha obra final.
Um contrato que se nega a si próprio. Um contrato que é em si um não contrato.
Um contrato que nega a sua própria existência numa vertigem demente. Um contrato que se contorce e desaparece.
O exemplo mais típico e acabado deste contrato são os contratos envolvem pensões de reforma do Estado.
Num momento, existem. No outro, não.
Num momento, pode haver pensão. Passado uns meses, pode haver outra pensão bem mais baixa.
E tudo com o mesmo contrato.
No fundo, não existe contrato nenhum.

Desde o astrolábio náutico que os portugueses não inventavam algo tão genial."
O Professor Krause não é apenas um cientista contratual. É mesmo o melhor cientista contratual do mundo.
- EXPRESSO online de 19/10/2013.


De .Os Manifestantes e os outros... a 29 de Outubro de 2013 às 14:39
09:16 (JPP, 25/102013, http://abrupto.blogspot.pt/ )

O DESPREZO PELOS MANIFESTANTES DA CGTP

Uma coisa que mostra como quem está do lado do poder não percebe (ou melhor não quer perceber), o que está a acontecer em Portugal, é o modo como exibem
um racismo social com os manifestantes da CGTP, tão patente nos comentários à saga da ponte.
Pode não ser deliberado, mas sai-lhes do fundo, naturalmente.
Os filhos dos comentadores e opinadores podem ir às manifestações dos “indignados”, que são aceitáveis, engraçadas e chiques, e que tem muita cultura e imaginação, mas nenhum irá às da CGTP.

Eles (os da CGTP, sindicalistas ou não) “são sempre o mesmo”, ou “mais do mesmo”, eles são “pouco criativos” que insistem em fazer manifestações “que não adiantam nada”.
Eles são “os feios, os porcos e os maus”.

Os manifestantes da CGTP não são da classe social certa, não ambicionam ir tomar chá com Ricardo Salgado, ou ir comer aos restaurantes da moda, não são frequentáveis e, ainda pior, não se deixam frequentar.
Têm, muitos deles, uma vida inteira de trabalho e de muitas dificuldades. Tem um curso, uma pós-graduação e um doutoramento em dificuldades.
São velhos, um anátema nos nossos dias.
Tiveram ou tem profissões sobre as quais os jornalistas da capital não sabem nada, foram corticeiros, mineiros, soldadores, torneiros, mecânicos, condutores de máquinas, pedreiros, ensacadores, motoristas, afinadores, estivadores, marinheiros, operários têxteis, ourives, estofadores, cortadores de carnes, empregados de mesa, auxiliares educativos, empregadas de limpeza, etc., etc.
Foram e são cozinheiros e cozinheiras em cantinas, e não chefs. E foram ou são, professores, funcionários públicos, enfermeiros, contabilistas.

Este DESPREZO SOCIAL é chocante quando é feito por quem tem acesso ao espaço público e que trata os portugueses que se manifestam,
- e, seja por que critério, são muitos, pelo menos muitos mais, muitíssimos mais dos que estariam dispostos a vir para rua pelo governo,
– como uma “massa de manobra” do PCP, que merece uma espécie de enjoo distanciado, umas ironias de mau gosto e um gueto intelectual.
Façam vocês o que fizerem, “não contam”.
Vocês são umas centenas de milhares, vocês são “activistas” e por isso se vêem muito (quem não se vê nada são os do “outro lado”), mas “não contam” para nada.
Existirem ou desaparecerem é a mesma coisa, nenhum dos “de cima” se pode ou deve preocupar convosco.
Votam em partidos anacrónicos, têm hábitos PLEBEUS, vão fazer campismo de férias, fazem excursões organizadas pelas autarquias, jogam a sueca, as mulheres passam-se pelo Tony Carreira e todos acham que tem direitos.
Vejam lá, imaginem lá o abuso, acham que tem direitos…
Eles são os maus portugueses, os que estão de fora do “arco governativo”, os que não percebem o "estado de emergência financeira", aqueles cujos "interesses" bloqueiam o nosso radioso empreendedorismo.

Tudo isso é verdade, e tudo isso é mentira.
Estes portugueses fora de moda e fora das modas, pelo menos tem o enorme MÉRITO de sentirem um agudo sentimento de INJUSTIÇA, eles que sabem mais da vida real, concreta, vivida do que todos os seus críticos juntos.
Não é a eles que se pode dar lições de trabalho, nem de esbanjamento, nem de perseverança, nem de sacrifício.
Pode-se discordar deles, mas merecem respeito.
Pelo que foram, pelo que são e porque não se ficam.


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