Se for preciso, dispenso o banco e os seus cartões (-por Daniel Oliveira, Arrastão)
Não tenho nenhuma conta a prazo. Não tenho aplicações financeiras. Tenho duas contas à ordem. E ponto. Não entrego o meu dinheiro a nenhum banco para que ele jogue com ele, o invista ou o aplique em qualquer produto. Porquê? Porque não confio em bancos e porque o dinheiro que recebo pelo meu trabalho chega-me. Em resumo, sou, nestas matérias, doutros tempos. E um ser estranho para a cabeça de qualquer gestor de conta. Para além de usar o banco como
mero veículo para receber o meu dinheiro, ou para o guardar, tenho crédito à habitação, pelo qual pago os devidos juros e restantes custos. E acaba aí a minha relação com a banca.
Mas a verdade é que tenho contas à ordem. O que significa que deposito o meu dinheiro num banco. Está lá, o que dá jeito ao meu banco, e eu não recebo qualquer dividendo por isso. Na realidade, até pago comissões e despesas de manutenção de conta - e tenho reparado que ela está impecável, bem tratada, limpinha e bem cheirosa, imaginando que os funcionários que tratam da sua manutenção emprestam bastante empenho a essa função. Assim como pago sempre qualquer coisa por qualquer coisa que faça. Na realidade, não conheço nenhum sector que se faça pagar por tanta coisa, mesmo quando não percebemos bem que serviço nos prestaram nesse preciso momento. Tenho também um cartão de débito e um de crédito. O de crédito uso apenas para compras que tenho de fazer na Net e, quando não há outra hipótese, para usar no estrangeiro. Como o dinheiro me é, para todos os efeitos, emprestado, acho bem que me cobrem por isso. O de débito é a forma de ter acesso ao meu dinheiro. Repito: ao meu dinheiro. Esse não é o banco que me empresta. Quanto muito é o contrário.
Os bancos já têm lucro com os nossos cartões multibanco sem que nós lhes paguemos nada. Através das taxas que cobram ao comércio e que, por serem demasiado altas, começam a pôr em causa a vantagem de aceitar este meio de pagamento. E só o facto de nós usarmos o multibanco em vez de irmos aos balcões já permite aos bancos poupar 300 milhões de euros por ano. Mas como pode vir aí legislação europeia que fixa um limite máximo para os bancos cobrarem comissões à atividade do retalho, querem transferir esse custo para os clientes e cobrar uma taxa por nós fazermos os levantamentos em multibanco em vez de lhes enchermos as dependências de filas e os obrigarmos a contratar mais funcionários. Se não for possível, porque a lei não deixa, querem aumentar a anuidade dos cartões. Ou seja, poupam com a existência destes cartões, cobram ao comércio e ainda nos querem cobrar a nós. É ganhar a triplicar.
Eu não sou tipo para se zangar. Por isso, se tal acontecer, não protestarei. Pretendo apenas mudar a relação com o meu banco. Infelizmente não o posso dispensar totalmente, porque aqueles que me pagam não parecem ter grande vontade de regressar ao dinheiro vivo. Mas passarei a levantar todo o meu dinheirinho, duma só vez, de cada vez que o receber, na minha dependência, metê-lo num cofre e passar a andar com notas. Posso, claro, ser assaltado. Mas pelo menos não sou assaltado por bancos, mas por quem tenha algumas necessidades. Se uma quantidade razoável de pessoas começar a ter esta relação com os bancos talvez eles comecem a perceber que, ao ficarem com o nosso dinheiro, sem nos darem nada em troca, e ao trocarem funcionários por máquinas, já estão a fazer um excelente negócio connosco. Talvez não seja boa ideia tratarem a coisa como se fosse um favor que nos fazem a nós. É que, coisa que hoje parece absurda para muita gente, o nosso dinheiro existe sem os bancos comerciais. Já me parece mais difícil os bancos comerciais existirem sem o nosso dinheiro.
Lobbying firm's memo spells out plan to undermine Occupy Wall Street (movimento contra 'bangsters')
( http://investigations.nbcnews.com/_news/2011/11/19/8884405-lobbying-firms-memo-spells-out-plan-to-undermine-occupy-wall-street )
By Jonathan Larsen and Ken Olshansky, MSNBC TV
A well-known Washington lobbying firm with links to the financial industry has proposed an $850,000 plan to take on Occupy Wall Street and politicians who might express sympathy for the protests, according to a memo obtained by the MSNBC program “Up w/ Chris Hayes.”
The proposal was written on the letterhead of the lobbying firm Clark Lytle Geduldig & Cranford and addressed to one of CLGC’s clients, the American Bankers Association.
CLGC’s memo proposes that the ABA pay CLGC $850,000 to conduct “opposition research” on Occupy Wall Street in order to construct “negative narratives” about the protests and allied politicians. The memo also asserts that Democratic victories in 2012 would be detrimental for Wall Street and targets specific races in which it says Wall Street would benefit by electing Republicans instead.
According to the memo, if Democrats embrace OWS, “This would mean more than just short-term political discomfort for Wall Street. … It has the potential to have very long-lasting political, policy and financial impacts on the companies in the center of the bullseye.”
The memo also suggests that Democratic victories in 2012 should not be the ABA’s biggest concern. “… (T)he bigger concern,” the memo says, “should be that Republicans will no longer defend Wall Street companies.”
Two of the memo’s authors, partners Sam Geduldig and Jay Cranford, previously worked for House Speaker John Boehner, R-Ohio. Geduldig joined CLGC before Boehner became speaker; Cranford joined CLGC this year after serving as the speaker’s assistant for policy. A third partner, Steve Clark, is reportedly “tight” with Boehner, according to a story by Roll Call that CLGC features on its website.
Jeff Sigmund, an ABA spokesperson, confirmed that the association got the memo. “Our Government Relations staff did receive the proposal – it was unsolicited and we chose not to act on it in any way,” he said in a statement to "Up."
CLGC did not return calls seeking comment.
Boehner spokesman Michael Steel declined to comment on the memo. But he responded to its characterization of Republicans as defenders of Wall Street by saying, “My understanding is that President Obama is the single largest recipient of donations from Wall Street.”
On “Up” Saturday, Obama campaign adviser Anita Dunn responded by saying that the majority of the president’s re-election campaign is fueled by small donors. She rejected the suggestion that the president himself is too close to Wall Street, saying “If that’s the case, why were tough financial reforms passed over party line Republican opposition?”
The CLGC memo raises another issue that it says should be of concern to the financial industry -- that OWS might find common cause with the Tea Party. “Well-known Wall Street companies stand at the nexus of where OWS protestors and the Tea Party overlap on angered populism,” the memo says. “…This combination has the potential to be explosive later in the year when media reports cover the next round of bonuses and contrast it with stories of millions of Americans making do with less this holiday season.”
The memo outlines a 60-day plan to conduct surveys and research on OWS and its supporters so that Wall Street companies will be prepared to conduct a media campaign in response to OWS. Wall Street companies “likely will not be the best spokespeople for their own cause,” according to the memo. “A big challenge is to demonstrate that these companies still have political strength and that making them a political target will carry a severe political cost.”
Part of the plan CLGC proposes is to do “statewide surveys in at least eight states that are shaping up to be the most important of the 2012 cycle.”
Specific races listed in the memo are U.S. Senate races in Florida, Pennsylvania, Virginia, Wisconsin, Ohio, New Mexico and Nevada as well as the gubernatorial race in North Carolina.
The memo indicates that CLGC would research who has contributed financial backing to OWS, noting ...
De Milhares contra Bangsters a 13 de Dezembro de 2013 às 09:28
Os Bancos que se entreguem
(-por Raquel Varela, 11/12/2013, 5Dias)
Estive hoje numa escola, num Clube de Cinema – Gostos Discutem-se -, a comentar e debater As Vinhas da Ira, numa conversa animada. Disse, entre outras notas, que a despossessão que a família de Joad é vítima, em que perdem o terreno, endividados ao Banco, é muito semelhante à situação daqueles que estão a perder o emprego, a sua casa e são depois forçados depois à emigração.
Sem desemprego, isto é, sem a destruição de riqueza (destruir emprego ou mandar laranjas fora é o mesmo) não há elevação das taxas médias de LUCRO. O lucro não permite o crescimento, pelo contrário, nas crises o lucro só se eleva com destruição da riqueza, o termo exacto para aquilo que este Governo designa como «temos que empobrecer» ou «vivemos acima das nossas possibilidades».
Estava a falar sobre os camponeses Joad quando um jovem, talvez de 16 anos, disse que gostou de ver o filme porque tudo parecia actual…foi, contou-nos sereno e triste, o que «aconteceu a ele, à mãe dele, perderam a casa…»
Disse-lhe o que me ocorreu na hora:
enquanto estamos vivos estamos em jogo e PODEMOS reverter esta GUERRA.
É uma frase batida, que não resolve nada. Porque fiquei sem palavras. Fiquei, na verdade, imensamente triste.
Procurarei agora dizer-lhe, imagino que já não me oiça, algo mais sério.
As casas em Portugal estão sobre-valorizadas 35% a 50% por causa das mais valias de loteamento e outros negócios. Muitos já pagaram as casas em juros muito acima do que seria aceitável.
Há 1 milhão e 500 mil casas vagas em Portugal, metade pertencem a fundos imobiliários que não pagam IMI.
O desemprego não cai do céu:
cai das políticas do Governo, que desemprega directamente ou facilita pela legislação os despedimentos.
No actual estado de coisas não somos nós que temos que entregar as casas ao Banco, é o Banco que se tem que entregar a nós como um criminoso que bate à porta e diz «estou aqui, fui eu».
Como é previsível que não o faça está na hora de sermos nós a bater às portas deles e resgatar os activos.
O termo correcto é EXPROPRIÁ-LOS, nacionalizando desta vez os lucros e não só os prejuízos, como foi feito nos últimos anos.
Para o fazer não é preciso a lei. É preciso força social. Como dizia o historiador Howard Zinn, que há poucos anos nos deixou,
«quando quiseres quebrar a LEI fá-lo com pelo menos 2000 pessoas atrás de ti».
Um banco central à medida dos estarolas
(12/12/2013, TSF, via CamaraCorporativa)
O Banco de Portugal está em convulsão. A causa próxima prende-se com o preenchimento do cargo de “economista-chefe”, ou seja, director do relevante Departamento de Estudos Económicos, após uma quase furtiva ordem de serviço de Vítor Gaspar, num dos últimos actos como ministro das Finanças, para remover a titular do cargo, ressarcindo-a com um poiso na administração da Caixa Geral de Depósitos (cf. aqui, aqui e aqui).
Aberto concurso para dotar o banco central de um “economista-chefe”, candidataram-se à vaga economistas com qualificações para dar e vender. Ignoravam decerto que o perfil traçado, mas não divulgado, apontava para um simples bonifrate de plasticina. O governador do Banco de Portugal, que no auge da sua carreira esteve sob as ordens de Deus Pinheiro e Jardim Gonçalves, não simpatizou com os curricula: deparou-se com as provas — profissionais, académicas e científicas — de que, entre os concorrentes, havia gente altamente qualificada que desprezava, quando não se opunha, à parafernália ideológica do “caminho único”.
Que poderia fazer o pobre governador ao entrever que o bastião do austeritarismo estava prestes a sucumbir às mãos de um inimigo armado até aos dentes com artigos científicos em revistas de reconhecido mérito? Retaliar sem contemplações. Foi então que Carlos Costa tomou a decisão de aplicar aos candidatos delinquentes a pena de talião: mandar encerrar o concurso e confiar a Vítor Gaspar, recém-vítima da contestação académica e científica ao “caminho único”, a tarefa de conceber o “reposicionamento estratégico” do cargo de “economista-chefe” — ou seja, blindar o bastião, precavendo-o para hipotéticas investidas no futuro.
Aparentemente mais fadado para carregar os tacos de Deus Pinheiro do que para administrar um banco central, fontes contactadas pela TSF fazem saber que o governador geriu com os pés um processo que exigia um tratamento com mãos de cirurgião e “temem prejuízos para a credibilidade do Banco de Portugal.”
A circunstância de ter sido atirado para a praça pública o nome do director adjunto veio revelar que há um conflito interno sem paralelo no Banco de Portugal. E os “defeitos” apontados à personagem que se pretende queimar têm um efeito de boomerang sobre o governador: a evidência da balbúrdia político-ideológica que grassa no banco central e o manifesto incumprimento do dever de reserva por parte do palrador-mor (v.g., aqui). Parece ter chegado a hora de ajudar o homem a acabar o mandato com dignidade.
⇒ Miguel Abrantes à(s) 12.12.13 3 comentários : Hiperligações para esta mensagem
Etiquetas: Banco de Portugal , Governo , Ideólogos da direita , Indigência , Vítor Gaspar
-------------------------
Banco de Portugal: atirar a austeridade para debaixo do tapete na esperança de que não faça mais estragos
O quadro macroeconómico do Boletim de Inverno Inferno
comentado por João Galamba, Paulo Sá e Mariana Mortágua
⇒ Miguel Abrantes à(s) 12.12.13 Sem comentários : Hiperligações para esta mensagem
Etiquetas: Austeridade , Banco de Portugal , BE , Economia portuguesa , Neoliberalismo , OE-2014 , PCP , PS
Comentar post