Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014

A Ucrânia,  ponto nevrálgico da Europa  (-por JMC Pinto, 5/12/2013, Politeia)

 
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A defesa e a conquista de posições geoestratégicas  (militares, políticas e económicas: recursos e mercados)
     A Ucrânia, mesmo antes da URSS, já era um ponto nevrálgico da Europa. Se muitos não deixam de sublinhar que a velha Rússia nasceu na Ucrânia, em Kiev, também não é menos verdade que durante fases importantes da sua história, nomeadamente durante o domínio territorial dos latifundiários polacos e lituanos, se aproximou da Europa de leste, que se opunha aos russos e ao expansionismo do Império czarista para Ocidente, acabando, todavia, por ser os cossacos, que se rebelaram contra a servidão polaca, a restituir a Ucrânia ao seio da “mãe”Rússia, com excepção da Galícia que, na partição da Polónia do séc. XVII, ficou para o Império Austro-Húngaro até ao fim da Primeira Guerra Mundial.    A fracassada intervenção soviética na Polónia, logo depois da vitória da Revolução, acabou por ditar uma nova partilha do que é hoje o território ucraniano:   a parte Ocidental foi incorporada na Polónia, tendo o centro e o leste constituído a República Socialista Soviética Ucraniana, integrada, em 1922, na URSS.
     Foi na Ucrânia que os “brancos” travaram as principais batalhas contra os “vermelhos” na sequência da eclosão da Revolução de Outubro e foi também na Ucrânia que as potências da Europa ocidental mais tentaram combater a revolução bolchevista.
     Assegurada a vitória das forças revolucionárias, foi na Ucrânia que a batalha económica pelo domínio da terra foi mais brutal e mais trágica e voltou a ser na Ucrânia, um pouco mais de uma dezena de anos depois, que Hitler depositou as maiores esperanças na derrota da URSS. O colaboracionismo ucraniano, nomeadamente da Ucrânia ocidental, constituía para os alemães um exemplo que esperavam ver seguido em todo Cáucaso e mesmo nas zonas mais remotas da parte europeia da URSS, principalmente no sul do Volga.
     A brutalidade nazi e a incapacidade de os alemães se relacionarem com os povos do leste, a não ser como “untermenschen” ("sub-pessoas"/ escravos), impediram que aquela política fosse posta em prática com um mínimo de credibilidade. O colaboracionismo, apesar de extenso em determinadas zonas ocidentais, não era minimamente credível.
    Estaline, ciente do importante papel geoestratégico que a Ucrânia desempenhava para a URSS, não teve dúvidas em exigir nas negociações com os aliados, o deslocamento das suas fronteiras para ocidente, sendo a Polónia compensada, também a ocidente e à custa das fronteiras da Alemanha, com um território sensivelmente idêntico ao perdido a leste.
    Mais tarde o optimismo voluntarista de Krutschev na fidelidade da Ucrânia aos ideais do socialismo foi ao ponto de, num rearranjo de fronteiras entre os Estados que compunham a URSS, lhe ter atribuído a península da Crimeia!
    A verdade é que mal a URSS “desabou” e a Ucrânia – que sempre teve assento na ONU, juntamente com a Bielorrússiadeclarou a sua independência, logo as “operações de charme” do ocidente recomeçaram. A primeira e mais aparatosa, de que pouca gente já hoje se recorda, ocorreu, em 1992, em Washington, tendo como pretexto a segurança das centrais nucleares ucranianas.  Meio mundo – ou mais – foi convidado para participar nessa conferência cujo objectivo era demonstrar a grande boa vontade com que o Ocidente se propunha ajudar a Ucrânia num domínio particularmente sensível.
    Depois aconteceu o que se sabe:   acentuaram-se na Ucrânia as divisões entre o ocidente, mais próximo da Polónia e sempre sob o olhar atento da Alemanha, e o leste muito mais chegado à Rússia. Os americanos chegaram mesmo a ter um presidente da Ucrânia com nacionalidade americana – como, de resto, aconteceu noutros ex-Estados da URSS – e a Ucrânia esteve a um passo de integrar a NATO e chegou mesmo a “fazer o estágio” para tentar integrar a União Europeia.
    A firme oposição da Rússia de Putin, o termo do mandato de George W. Bush, a eleição de Obama e a vitória de Viktor Ianukovicht desencorajaram os ânimos “integradores” do Ocidente e amorteceram o “colaboracionismo” ucraniano. 
    A União Europeia, todavia, não desistiu. Numa jogada geoestratégica de grande envergadura negociou com a Ucrânia um Tratado de associação que lhe permitiria dominar economicamente o mais importante território da Europa de leste a troco das conhecidas “ajudas” de integração, que são, como se sabe, o preço que a UE está disposta a pagar para aniquilar o aparelho produtivo dos novos aderentes ou associados.
    Acontece que a Rússia, parcialmente restaurada na sua força e beneficiando do relativo abrandamento do expansionismo americano a leste, ergueu a voz, ameaçou economicamente a Ucrânia e exigiu a retractação do acordo já negociado com Bruxelas, pronto, ao que parece, para ser assinado na cimeira de Vilnius.
    Esta jogada da União Europeia tem a sua face mais visível nos esforços voluntaristas da Polónia, da Lituânia e da Suécia, mas só um cego não vê que este grande movimento em direcção ao leste tem a matriz política da Alemanha. Se saísse vitorioso, permitiria restaurar, em paz através da dominação económica, o que a bestialidade nazi tentou, sem êxito, à força.
     Em conclusão:     noutros tempos, não muito recuados, a defesa ou a conquista de posições geoestratégicas importantes na Europa poderia ser muito vantajosa para milhões e milhões de pessoas que apenas vivem do seu trabalho.
    Hoje, tudo isto não passa de um confronto entre oligarcas que enriqueceram à custa de um dos roubos mais descarados da História e o capital plutocrático que não pára de se expandir  à custa do esmagamento dos salários, da precariedade do trabalho e da limitação, primeiro, e, quando possível, extinção dos direitos sociais.
    Esta“guerra”, portanto, não é nossa, embora, em última instância, seja preferível tê-los separados e conflituantes do que unidos sob o domínio de um deles.       (--- já postado em 16/12/2013)
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     Contra o modelo neo-liberal que favorece os ricos, destrói pessoas e países  
 Cleptocracia  - governo de/por ladrões (+corruptos e nepotistas)  (-por F.Castro, 21/5/2011)
 
... Os motinsprotestos em curso ... reforçam as “teses” que expus nesse texto. Uma delas é que a UE, longe de ser um qualquer escudo contra a ameaça fascista, é na verdade a geradora dessa mesma ameaça e, inclusive, chega a ser aliada no terreno de movimentos neo-nazis, e medidas "legais"anti-democráticas ...
 (e de partidos de direita ultra/ neo-Liberais, incentivados e apoiados financeira e logisticamente por UE e USA e Rússia :  serviços secretos, partidos e fundações conservadoras/direita, bancos,  corporações multinacionais, mídia, ...  atentados e ameaças pessoais e de sanções e interferências militares) ...
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     O "espaço vital" alemão é-nos fatal   (-por F.Fernandes, DN, 27/2/'14)

  Que importa que alguém tenha dito uma frase famosa sobre as repetições da história (primeiro, tragédia... depois, farsa... blá-blá-blá...)?   O que conta é que a história repete os erros. Dava jeito aprender isso, o facto, e não memorizar a frase. Dava jeito, por exemplo, para saber o que se passa na Ucrânia. Já vimos o filme e não foi há muito tempo. A Jugoslávia teve o azar de se atravessar num conflito de interesses entre a Alemanha e a Rússia. Esta estava, então, ferida e a outra aproveitou para debicar. A Jugoslávia perdeu logo a Eslovénia e a Croácia, sobre as quais a Alemanha se sentia com antigas pretensões.

     A Europa seguiu a patroa (então, ainda incipiente) alemã e, numa guerra sem inocentes, demonizou só um lado: a Sérvia, a aliada russa, foi apresentada como a culpada única. Não foram só bombas que lhe lançaram, mas o anátema. 

    Os intelectuais europeus que se insurgiram contra esta forma esguelha de olhar foram apontados como cúmplices: o francês Patrick Besson e o austríaco Peter Handke, escritores, e o cineasta bósnio Emir Kusturica passaram quase por criminosos de guerra.

    Agora, a mesma patroa alemã, já com poderes reforçados, vai pelo mesmo caminho na Ucrânia. Esta já se divide (a Crimeia parte) como há 20 anos a Jugoslávia e a explicação volta a ser sem nuances: os maus são os pró-russos. E aquela frase inicial é ingénua.  Isto não vai acabar em farsa, mas numa tragédia maior: a Europa está a perder a Rússia.

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    A guerra dos drones   da alta finança, mídia e medo    (OJumento, 27/2/2014)

  ...     Uma boa parte da guerra fria era feita com o argumento da liberdade ao mesmo tempo que as rádios e televisões prometiam hamburgers e jeans aos cidadãos dos países do Leste. Agora acena-se com mais democracia para derrubar democracias e mandam-se membros de governos ocidentais participar em manifestações e incentivar à guerra civil.

    Para fazerem ao Iraque ou ao Afeganistão o mesmo que fizeram à Síria os países ocidentais perderam milhares de soldados e gastaram milhões, para destruir a Síria, desorganizar a Líbia, lançar a confusão no Egipto e atirar a Ucrânia para a guerra civil os EUA e a Europa não gastaram um tostão e não perderam um único soldado. Usaram um drone chamado manifestações e usaram a democracia ou o que restava de democracia para promoverem ditaduras, para destruírem países ou para lançarem povos na guerra civil.

    O cinismo do Ocidente nunca foi tão longe e aquilo que já se tinha visto na Jugoslávia estendeu-se a uma boa parte do mundo, a Europa já não envia tropas, não tem nem dinheiro nem coragem, agora manda jornalistas, televisões e discursos falsamente democráticos. A Alemanha já não constrói o seu terceiro Reich com invasões militares, agora acena com ajudas financeiras para promover guerras civis e derrubar os regimes que se opõem à sua expansão, já perdeu o medo da União Soviética e com a nova estratégia leva a guerra às fronteiras da Rússia.
    Esta estratégia cínica que consiste em usar a democracia como campo de batalha usando as promessas de dinheiro e a comunicação social como drones já destruiu países, está atirando a África para a confusão e agora promove guerras civis nas fronteiras da Rússia, estimulando o ódio aos russos, usando o medo em relação a estes como se fez no passado em relação aos judeus. A Europa está no mau caminho e isto só pode acabar muito mal.


Publicado por Xa2 às 07:42 | link do post | comentar

25 comentários:
De Apoiantes, contras, porquê, mídias, ... a 26 de Fevereiro de 2014 às 10:39
O que se passa na Ucrânia – fascismo contra fascismo? (várias perspectivas e fontes)

(-20/2/2014, por João Labrincha, http://blog.5dias.net/ ),

Uma guerra fria ou até guerra real entre Rússia e União Europeia / Estados Unidos da América estão iminentes?

A escolha que se coloca aos ucranianos é entre fascistas pró-Rússia e fascistas pró-UE/EUA?

Protestos que começaram genuinamente estão a ser aproveitados pelas grandes potencias para instaurar um regime autoritário piloto na Ucrânia, que possa ser replicado na União Europeia?

Já começou a guerra civil ? Quem está a apoiar as milícias fascistas? São genuínas as novas milícias comunistas?

Aqui deixo algumas perspectivas, fazendo a ressalva de que já estamos a viver uma guerra de propaganda e, por isso, não me responsabilizo nem subscrevo nenhuma das fontes abaixo citadas. Tirem as vossas conclusões como eu estou a tentar tirar as minhas. E, se quiserem, deixem nos comentários outras fontes.
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Na Ucrânia, fascistas, oligarcas e a expansão ocidental estão no coração da crise

(tradução do artigo de Seumas Milne no Guardian, no folha.uol.com.br) http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1405049-opiniao-crise-na-ucrania-envolve-fascistas-oligarcas-e-ocidente.shtml

“Já estivemos aqui antes. Nos últimos meses os protestos de rua na Ucrânia foram descritos na mídia ocidental de acordo com um script bem ensaiado. Manifestantes pró-democracia batalham contra um governo autoritário. Os manifestantes exigem o direito de participar da União Europeia. Mas o presidente russo Vladimir Putin vetou a oportunidade deles terem liberdade e prosperidade.

É uma história que ouvimos de uma forma ou de outra, de novo e de novo — por exemplo na revolução Laranja da Ucrânia, uma década atrás. Mas essa história tem uma relação muito tênue com a realidade.”

“Você nunca saberia pela maioria das reportagens que nacionalistas de extrema-direita e fascistas estão no coração dos protestos e dos ataques aos prédios públicos da Ucrânia. Um dos três principais partidos de oposição liderando a campanha é o partido direitista antissemita Svoboda, cujo líder Oleh Tyahnybok alega que uma “máfia judaica de Moscou” controla a Ucrânia. Mas o senador dos Estados Unidos John McCain estava feliz ao dividir um palanque com ele no mês passado em Kiev.”
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Carlos Carapeto diz:
Fevereiro 20, 2014 às 11:40 pm
Já conhecia parte desta informação que o João aqui coloca,

O que se está a passar na Ucrânia faz parte dos objetivos do dominio global por parte do imperialismo.

Nada tem a ver com direitos humanos, democracia ou coisa que se pareça. É o retorno ao nazi/fascismo.

Os dirigentes do imperialismo deixaram cair a mascara de vez, aliaram-se e dão apoio de toda a ordem a forças assumidamente neonazis. Isto não vem de agora, começou nas Republicas Bálticas e tem vindo a alastrar-se a outros países da região. E nós (comunistas e a esquerda em geral) infelizmente só agora começamos a abrir os olhos.

O que está a acontecer na Ucrânia neste momento parecendo que não, diz-nos muito respeito a nós também.
Há muito que pessoas bem informadas vinham alertando que tinha chegado a hora de mover uma campanha de desacreditação e denuncia sobre o desastre social, económico, de desenvolvimento e civilizacional que representou a restauração do capitalismo nos antigos países Socialistas.

Se estivéssemos mais atentos aos dois grandes levantamentos populares na Albânia, sufocados com a participação das tropas da NATO. À repressão desencadeada contra os dirigentes mineiros da Roménia. Aos julgamentos e perseguições que os responsáveis por os protestos populares na Bulgaria têm sido vitimas. Às leis repressivas em vigor por toda a Europa de Leste contra os comunistas, sindicalistas e intelectuais de esquerda. No entanto e em contrapartida reabilitam-se e condecoram-se antigos membros das SS Waffen em cerimonias publicas com a participação dos mais altos dirigentes desses países.
...
Yanukovich (oligarca, corrupto, ladrão, ...) e Putin (...), não estão do meu lado, no entanto reconheço que são um travão às pretensões do imperialismo (financeiro/corporativo) na ansia do domínio global .
É nosso dever impedir POR TODOS OS MEIOS que o capitalismo/imperialista consiga o controlo global da humanidade.
...


De Ucrânia, Rússia e UE /EUA a 26 de Fevereiro de 2014 às 14:44
26 de Fevereiro de 2014


A Ucrânia, a UE e a Rússia

(por AG , 26/2/2014, CausaNossa)

"O que se joga na Ucrânia, está para além dela.
É também a relação da UE com a Rússia.
Não se trata de instigar a Ucrânia a escolher entre a Europa e a Rússia:
tanto a Ucrânia, como a UE, têm de viver e conviver com a vizinha Rússia.
A UE - e os EUA - não podem é, de modo nenhum, aceitar que Putin putinize à força, contra a sua vontade, os ucranianos".

Este é um extracto do meu comentário no "Conselho Superior" na ANTENA 1 de 25.2.2014. O texto integral pode ler-se na ABA DA CAUSA aqui: http://aba-da-causa.blogspot.fr/2014/02/a-ucrania-ue-e-russia.html
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Kiev, Ucrânia, Europa

( por AG )
A 18 de Fevereiro, escrevia eu:

"Estou para escrever sobre a Ucrânia desde que vim de Kiev, no final de Janeiro, como membro de uma delegação do Parlamento Europeu que falou com os principais actores no conflito.
Tardei em escrever por me custar transpor para papel o pessimismo com que regressei:
pesava-me a suspeita de que, com o fim dos Jogos Olímpicos de Sochi, viria o enfrentamento violento, de tal modo as posições estavam extremadas e irredutíveis, facultando a Putin pretextos para intervir...
Enganei-me apenas no "timing":
na noite em que finalmente escrevo, os Jogos ainda prosseguem, Putin degusta a extravagância olimpicamente, mas Kiev já está há horas a arder..."

O texto integral está na ABA DA CAUSA, aqui http://aba-da-causa.blogspot.fr/2014/02/em-kiev-ucrania-europa.html


De Equilibrar o «castelo-de-cartas ex-URSS» a 26 de Fevereiro de 2014 às 15:13
---- A Ucrânia (tal como outros países da ex-URSS) está muito "russificada" (história, língua, religião, demografia/etnia, migrantes, ... inter-dependências económicas, militares),
especialmente na parte Leste e a sul, a península da Crimeia -- cedida pela Rússia à Ucrânia em tempos da URSS, onde está a importantíssima base militar e esquadra naval russa de Sebastopol, + as vivendas e zonas turísticas de veraneio no 'mediterrânico'/Mar Negro, ... -- e a Rússia já deu a entender que pode exigir a 'devolução' da Crimeia se ...

-- A Rússia quer manter o seu 'protectorado' sobre a Ucrânia, tanto política e militar, como cultural e economicamente (mercado e bens agrícolas/cereais, ... ).
-- A Ucrânia depende imenso da energia/gás russo e tem elevadíssimo défice/dívida relativamente à Rússia, ...
-- existe também o perigo geoestratégico do puzzle ex-URSS em «castelo de cartas»:
afastando-se um país, não irão atrás a Moldávia (fronteira SW da Ucrânia, já com um problema de separatismo na russa «república da Transdniestria», ...), e o "barril de pólvora" das repúblicas do Caucaso, e as federadas/autónomas repúblicas da Ásia central e extremo oriental ?!

Zé T.


De Estados e nacionalidades à volta da Rúss a 3 de Março de 2014 às 12:20

NA PERIFERIA DA RÚSSIA

UM APONTAMENTO SOBRE A QUESTÃO DAS NACIONALIDADES NA URSS E SUAS SEQUELAS
( Politeia, 2/3/2014)

Lenine desconfiava do chauvinismo e do imperialismo russo e tinha-o permanentemente presente na questão das nacionalidades. A questão das nacionalidades foi das mais discutidas nos primórdios da Revolução de Outubro, durante e depois da Guerra Civil. Antes da constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e já depois de as potências da Europa ocidental terem abandonado o território do antigo Império Russo, em finais de 1919, o Comité Central e o Politburo do Partido Bolchevique, dando cumprimento, por um lado, às promessas de autodeterminação dos povos oprimidos e temendo, por outro, que as potências regionais da Europa oriental e da Ásia ocidental (Turquia, Finlândia e Polónia) fossem instrumentalizadas para atacar o comunismo soviético na periferia do território herdado do Império dos Czares, criaram em 1919 os Estados soviéticos independentes da Ucrânia, da Letónia e da Bielorrússia e em 1920 o Azerbaijão, a Arménia e a Geórgia, integrados na Federação Transcaucasiana, embora já antes, em 1918, Estaline tivesse redigido os decretos de reconhecimento das independências da Estónia e da Lituânia.


Contrariamente ao que por vezes se tenta fazer crer, em alguns destes novéis Estados não havia antes da sua constituição fronteiras naturais ou étnicas definidas. O Azerbaijão, por exemplo, nunca tinha existido e outros por terem oscilado de dependência também tinham complicações fronteiriças que se mantêm até hoje. Por outro lado, embora houvesse um sentimento nacionalista em muitas regiões da periferia do Império, ele era mais de recusa do chauvinismo russo do que propriamente de um verdadeiro desejo de independência, além de que em alguns desses territórios a presença russa era muito forte e mesmo naqueles onde a etnia nacional era demograficamente dominante a sua cultura era russófila, como era o caso da Bielorrússia e da Ucrânia.


O problema das nacionalidades mesmo sem ser tratado no contexto de uma revolução profundamente transformadora das estruturas económicas e mentais, como era o caso da Revolução de Outubro, tinha histórias e experiências diferentes no ocidente e no oriente europeu. No Ocidente europeu dominava o Estado nação, mesmo quando a nação era feita pelo Estado, enquanto a experiência do Império Austro-Húngaro e do Império Otomano era a de grandes extensões territoriais constituídas por agrupamentos nacionais relativamente autónomos.


Por haver histórias diferentes a ocidente e a leste e também por se estar na presença de uma situação revolucionária nova que herdava um império gigantesco, é que a questão das nacionalidades foi discutidíssima nos primórdios da Revolução de Outubro e continuou a ser uma questão nevrálgica durante toda a existência da União Soviética, apesar de alguns, menos avisados, a partir de certa altura terem suposto que a questão das nacionalidades estava superada.


A primeira grande questão que se pôs a propósito do estatuto constitucional daquele imenso território herdado do czarismo foi a de saber como estruturar politicamente a ligação entre a Rússia e os territórios cuja autonomia ou a independência haviam sido reconhecidas pela Revolução.


Estaline, Comissário do Povo para as Nacionalidades, pretendia, à semelhança do que já estava negociado com a Ucrânia, incorporar as novas repúblicas na federação russa como repúblicas autónomas, unificando, sempre que a situação o justificasse, a gestão centralizada de determinados sectores, como os transportes, por exemplo. A primeira ideia foi, portanto, a de constituir uma imensa federação no seio da Rússia. Mas o Comité Central opôs-se a essa orientação. Lenine entendia que as concessões constitucionais arbitradas nos primeiros tempos da Revolução tinham de ser mantidas. A própria Ucrânia, segundo Lenine, não poderia ser incorporada como república autónoma. Estaline foi cedendo gradualmente, tendo começado por aceitar uma União das novas repúblicas com a Federação Russa, mas essa construção ainda não correspondia à ideia de Lenine e de outros para os quais o chauvinismo russo continuava a constituir potencialmente um factor de adulteração dos princípios socialistas. Para a corrente dominante


De império, Revol. URSS, Fed.Russa, histór a 3 de Março de 2014 às 12:25
...
...Para a corrente dominante era essencial que as novas repúblicas entrassem na nova “construção constitucional” em pé de igualdade com a Federação Russa. Ou seja, era preciso demarcar fronteiras à Rússia, tal com se demarcavam à Ucrânia, à Bielorrússia e a todas as demais repúblicas.

É conveniente que se diga antes de prosseguir que a própria criação das repúblicas autónomas no seio da Federação Russa não foi despida de controvérsia. A entrega do poder aos grupos étnicos autónomos (Bashkirs, Tártaros, Kirgiz, Chuvash, Vots, Finlandeses Carelianos, etc., etc.) não agradava aos russos que se sentiam reduzidos a uma espécie de cidadãos de segunda...onde antes eram de primeiríssima categoria. Só mesmo a profunda ignorância e uma propaganda de terceira categoria pode fazer crer que a Revolução não fez um esforço gigantesco para melhorar as condições de vida dos não russos, como qualquer historiador digno desse nome obviamente confirma.

O objectivo dos bolcheviques era destruir o velho Império e os seus mitos coloniais sem contudo criar uma miríade de Estados separados ou fomentar uma desagregação que seria fatal para a sorte da Revolução. Só que não havia modelo nem paradigma, num mundo ainda dominado pelos impérios coloniais geograficamente contínuos ou descontínuos não havia nada que pudesse ser copiado. Era preciso inventar tudo. Criar tudo de novo. E é então na sequência das profundas e demoradas discussões atrás referidas e das negociações com os representantes das novas repúblicas que em 31 de Dezembro de 1922 é assinado o tratado de constituição da URSS composta pela Rússia, a Ucrânia, a Bielorrússia e a Federação Transcaucasiana, que englobava o Azerbaijão, a Geórgia e a Arménia.

A situação mais complexa e a mais difícil de resolver e que levou mesmo ao grande conflito entre Lenine, já muito doente e quase no fim da vida, e Estaline, foi a questão da Geórgia, das relações do Partido Bolchevique com os comunistas da Geórgia.

Os georgianos pretendiam que a Geórgia entrasse na União Soviética como estado autónomo, em igualdade com a Ucrânia e com a Bielorrússia. Estaline entendia, principalmente por razões geoestratégicas, que não havia razões para desmembrar a Federação Transcaucasiana, argumentando em defesa da sua tese (para efeitos externos) com os laços de solidariedade que se tinham criado entre os povos do Cáucaso durante a Guerra Civil e a guerra contra as potências estrangeiras. Na realidade, Estaline temia a influência da Turquia e a sua instrumentalização pelas potências ocidentais na desagregação de uma zona tão nevrálgica e simultaneamente tão vulnerável como a do Cáucaso.

Lenine, apesar de sempre distinguir entre o nacionalismo do opressor e o do oprimido, acabou por dar razão a Estaline nesta questão, convencendo os georgianos a aceitar a sua entrada na União integrados na Federação Transcaucasiana. Mas o Cáucaso que sempre foi e continua a ser até hoje uma fonte de complicações tinha outros problemas para resolver. Por um lado, havia os enclaves azeris no território da Arménia e os enclaves arménios de Nagorno-Karabakh no Azerbaijão. E tanto o Azerbaijão como a Arménia queriam a integração desses territórios, apesar da descontinuidade geográfica, nas respectivas repúblicas. Por outro, no que respeita à Geórgia, havia o problema da Ossétia do Sul e da Abkasia que se recusavam integrar a República da Geórgia, contrariando a vontade dos comunistas georgianos que queriam que aqueles territórios fizessem parte da nova república. Além de que no Cáucaso do norte havia ainda para complicar mais as coisas a presença dos Cossacos do Cáucaso que não aceitavam ficar na dependência da Federação Transcaucasiana nem ceder as terras que tinham conquistado nos tempos dos czares aos seus ancestrais proprietários.

Para cativar os muçulmanos, não apenas os do Cáucaso, mas também os da longa franja meridional da Rússia, e retirar argumentos ou pretextos à Turquia para intervir ou instabilizar o Azerbaijão, as pretensões do Azerbaijão foram satisfeitas para desagrado da Arménia. Vê-se agora, em consequência da desagregação da URSS, que a questão, como é óbvio, não ficou resolvida com essa cedência, tendo desde o fim da década de 80 até meados da de 90 havido sérios confrontos entre arménios e azeris ...


De Na periferia da Rússia ... (Politeia) a 3 de Março de 2014 às 12:29
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Para cativar os muçulmanos, não apenas os do Cáucaso, mas também os da longa franja meridional da Rússia, e retirar argumentos ou pretextos à Turquia para intervir ou instabilizar o Azerbaijão, as pretensões do Azerbaijão foram satisfeitas para desagrado da Arménia. Vê-se agora, em consequência da desagregação da URSS, que a questão, como é óbvio, não ficou resolvida com essa cedência, tendo desde o fim da década de 80 até meados da de 90 havido sérios confrontos entre arménios e azeris pelo controlo do território que continua a ser maioritariamente habitado por arménios. O enclave é hoje uma das Repúblicas do Cáucaso não reconhecidas pela comunidade internacional, podendo a todo o momento num contexto de crise voltar a deflagrar o conflito entre as duas partes.

No que toca à Geórgia, Estaline, que conhecia a região e os seus problemas melhor que ninguém, dadas as suas origens, não estava de acordo com as pretensões dos comunistas georgianos. Sabia que tanto a Abekásia como a Ossétia tinham histórias, culturas e até línguas diferentes das da Geórgia, além de que via na teimosia georgiana um perigoso sintoma nacionalista que urgia contrariar. Depois de uma relativa humilhação pública sofrida num comício em Tbilisi, em que teve como resposta às suas palavras um profundo silêncio em contraste com os aplausos generosos tributados a um orador menchevique que concordava com o ponto vista dos comunistas georgianos, Estaline resolveu a questão a seu modo: substituiu os camaradas georgianos que se opunham às suas teses por outros georgianos que as aceitavam.

Foi este acto que levou a um grande conflito com Lenine e ao pedido de instauração de um inquérito disciplinar, não apenas a ele, mas a todos os que o acompanharam na “questão georgiana”, que depois, com o agravamento da doença de Lenine e subsequente morte, acabou por não dar em nada.

Os métodos usados por Estaline na “questão georgiana” eram politicamente condenáveis, mas hoje a moderna historiografia, nomeadamente a Ocidental, tende a dar-lhe razão quanto ao fundo. De facto, a Abkasia e a Ossétia não são georgianas.

O pior é que com o andar dos tempos, principalmente a partir da década de trinta, as belas palavras de Estaline sobre o fomento da língua, dos costumes, da cultura dos povos das novas repúblicas como único meio de tornar o socialismo cativante para as nações antes submetidas ao jugo dos czares foram ficando gradualmente cada vez mais afastadas da prática e, ao que parece, por puro cálculo político, Estaline voltou a dar um papel de grande destaque aos russos na condução de toda a União, não obstante a manutenção de uma retórica que poderia indiciar o contrário.

Estaline era um político muito hábil e também um grande estadista, mais do que um revolucionário. Muita gente pensa que quando se usa a força como argumento não é preciso saber actuar politicamente. É falso. A manutenção no poder daquilo que hoje é comum chamar-se um ditador exige tanta perícia politica como a continuidade no poder por via dos chamados procedimentos democráticos, quaisquer que sejam os meios de coerção à disposição. Sem consenso, nenhum governante se aguenta, variando obviamente a extensão desse consenso em função das características e da cultura política de cada povo. E Estaline cedo terá percebido que um Estado com a extensão da URSS, cuja maior fatia era constituída pela Rússia milenar, não poderia ser governado por um “estrangeiro”, apesar das profundas mudanças de mentalidade que a Revolução tinha em vista alcançar, se esse “estrangeiro” não desse provas inequívocas de identificação com o essencial da “alma russa”. Talvez por isso, nos momentos de descontracção, em jantares privados ou até públicos depois de estabelecida a convivialidade do anfitrião com os convidados, Estaline não se coibia de a si próprio se identificar “como um asiático georgiano russificado”. Com esta definição dizia tudo: anti-ocidental, oriundo de uma das novas repúblicas independentes e de cultura russa.

Mas não foi apenas a concessão de um exagerado papel de destaque aos russos na condução da União que caracterizou a governação de Estaline a partir da década de trinta, foi também um abrandamento ou mesmo a subversão dos princípios com que nos primórdios da Revolução fora tratada a questão


De Ucrânia--> "normalizar", dividir, domina a 3 de Março de 2014 às 12:35
...
...Revolução fora tratada a questão das nacionalidades, porventura por supor que afastadas as primitivas “dissidências” não se correriam doravante os mesmos perigos de ressurgimento do “nacionalismo pequeno-burguês” que antes estavam permanentemente presentes. E assim a sua política oscilou entre medidas de grande brutalidade, como a transferência forçada dos tártaros, e a aceitação de posições que antes havia terminantemente recusado, como a inclusão da Ossétia do Sul e da Abkásia na Geórgia.

Mais tarde, Khrushchev, por razões difíceis de explicar, salvo as que resultam do seu irreprimível voluntarismo, resolveu integrar a Crimeia na Ucrânia como “prenda” pelo 300.º aniversário da unificação da Rússia e da Ucrânia. A Crimeia, terra por onde no decurso de séculos passou muita gente do Oriente e do Ocidente dada a sua privilegiada situação estratégica e que politicamente foi estando ao longo da sua história sob diversos domínios, foi incorporada no Império Russo em fins século XVIII.

Estrategicamente situada entre o Mar Negro e o mar Azov, ligada à Ucrânia por um istmo e separada da Rússia por um estreito, a Crimeia, russificada pelos czares e herdada já russa pela Revolução, dominantemente povoada por russos, foi palco de violentes batalhas durante a II Guerra Mundial, na sequência da qual foram deportados em 1944 os Tártaros da Crimeia, que todavia não eram etnicamente dominantes. Neste quadro, a sua integração na República Socialista e Soviética da Ucrânia, em 1954, não tinha qualquer justificação, salvo o facto irrelevante, do ponto de vista das nacionalidades, de constituir geograficamente uma espécie de apêndice do território ucraniano.

Exactamente por se tratar de um território sem cultura e sem tradições ucranianas, mas antes de fortíssima influência cultural e demográfica russa, se torna pouco compreensível a decisão de Khrushchev. O facto de ele ter vivido desde muito novo na Ucrânia, em Donetsk, nada poderá explicar já que tal circunstância, em qualquer contexto, seria absolutamente irrelevante para o efeito em causa; também não se vislumbra qual a racionalidade de uma decisão colegial que aliás só poderia dar lugar a novas mexidas num xadrez complexo e sempre muito sensível como era o das fronteiras e territórios das repúblicas federadas; como último ratio poderá aventar-se o facto de a integração constituir uma espécie de dádiva ao Partido Comunista da Ucrânia retribuível com o apoio à posição de Khrushchev no Kremlin – uma posição que, como se sabe agora, nunca esteve muito consolidada.

Seja como for, a verdade é que para além das naturais dificuldades e problemas geoestratégicos levantados pela desagregação da URSS que afectam em primeira linha a actual Federação Russa, como parte principal dessa “herança” e grande potência mundial, nomeadamente no plano militar, essa desagregação não deixou ainda de suscitar desde há mais duas décadas a velha voracidade das potências europeias pelo alargamento das suas áreas de influência e a tentação hegemónica dos Estados Unidos nos quatro cantos do mundo. Por outro lado, para além dos problemas levantados pela própria desagregação e da recomposição de forças que ela originou, há ainda os problemas resultantes das “questões mal resolvidas” que ressurgem em momentos de crise com inusitada ferocidade como é agora o caso da Crimeia e também já foi num passado recente o da Abkasia e da Ossétia do Sul, além do de Nagorno-Karabakh

E ninguém pode esperar, principalmente com base nos “procedimentos” recentemente usados na Ucrânia, que uma grande potência como a Rússia assista impassível ao desenrolar de acontecimentos da maior importância na proximidade das duas fronteiras, que afectam os seus interesses nacionais e a sua segurança, sabendo-se que esses mesmos acontecimentos, para além das razões endógenas que os ditaram, estão sendo aproveitados e instigados por outros países para defesa dos seus próprios interesses e conquista de posições geoestratégicas.

As coisas são como são e um dos fenómenos q não pode nem deve ser desprezado nos tempos q correm, por mais q se pense o contrário, é problema nacional q tende sempre a sobrepor-se às demais considerações, não passando a defesa de posições ideológicas, como aquelas q o Ocidente invocava durante a G.Fria e ...


De inimigos e/ou falsos ... a 28 de Fevereiro de 2014 às 09:34

IMPORTANTE É IDENTIFICAR O INIMIGO

Estava longe, muito longe, quando os últimos, e até agora mais significativos, episódios da batalha de Kiev pela conquista da Ucrânia tiveram lugar e nem sequer tive oportunidade de participar no debate que por cá se ia fazendo.

Limitei-me a acompanhar o desfile, em uníssono, das declarações que as televisões do “mundo ocidental” iam registando de Cristina Lagarde, de Durão Barroso, de John Kerry, de Obama, de Merkel, do secretário geral da NATO, do primeiro ministro polaco, dos “investidores de Wall Street, das agências de rating, enfim, da “Família”. E se por acaso não soubesse o que se passava teria ficado elucidado. Só estranhei que naquele coro de aplausos faltasse a voz do “Lampião” tanto mais que a “Maria Bonita” também andava feita tonta pelas praças de Kiev a falar de democracia…

Concluindo: a grande ameaça à democracia na Europa vem da União Europeia, ponta de lança do capital plutocrático, que não hesita em aliar-se aos herdeiros dos colaboracionistas de Hitler e a bandidos de profissão para integrar no domínio plutocrático dos seus mandantes mais uns milhares de quilómetros quadrados.


Por isso, hoje, perante a fragilidade das forças de esquerda, incapazes de se recompor da derrota sofrida nas últimas décadas do século passado, tudo o que se oponha ao neoliberalismo e à plutocracia do capital financeiro é estrategicamente positivo, mesmo quando protagonizado por forças de direita, pela razão muito simples de o dano causado por estas forças conservadoras aos ideais de esquerda ser incomparavelmente menos grave e muito menos duradoiro que o infligido pela forças que a União Europeia (e, obviamente, os Estados Unidos) representam, já que estas forças encerram no seu bojo a destruição por muitos, muitos anos, da ideia de democracia…como todos os dias se comprova e infelizmente se consolida apesar de esse inexorável movimento nem sempre ser compreendido pela generalidade das pessoas.

-por JM Correia Pinto , Politeia, 25/2/2014


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