... Quanto à realidade, por mais que a tentem esconder, ela impõe-se. As notícias da “retoma” não passam de propaganda, um sol enganador.... A verdade é que o BCE já confirmou que vai existir um segundo programa, um programa que vai ter de ser aprovado em todos os parlamentos europeus no rescaldo ou em plena campanha para as europeias de 2014. Um programa que pode muito bem ser um segundo 'resgate'.
O FMI já confirmou que o ajustamento vai levar décadas. O recente crescimento pífio foi fruto do aumento do consumo interno, coisa que o actual orçamento vai liquidar. Entretanto a saída pelas exportações atingiu o seu limite. Da Europa o máximo que podemos esperar é a continuação da estagnação.
Em Portugal, para o ano, os salários vão continuar a baixar, vai haver mais despedimentos (no privado e no público, enquanto os boys são promovidos ), a emigração vai continuar e a miséria vai aumentar. (as famílias estão em "situação dramática" e a classe média está a ser "completamente dizimada" , se este rumo não for alterado, as privatizações em saldo vão continuar, o "Estado Social" continuará a ser destruído, a liberdade e direitos civis e políticos reduzidos, a Democracia e a Justiça serão apenas fictícias, o desemprego, a precariedade e as desigualdades e arbitrariedades agravar-se-ão).
Perante isto a estratégia do governo é a dissimulação. No início ele era o “ir mais além da troika”, ele era “o PS vai seguir a Troika por obrigação, nós seguimos por convicção”, ou o “o programa da Troika é o nosso programa”. Tudo isso foi dito pelo governo de inimigos do povo e traidores à pátria e pelos seus lacaios. Agora (...) o Passos também vai ensaiando esse discurso de distanciamento em relação à Troika.
Mas a dissimulação não se fica por aí. Muito notório na miserável entrevista dada recentemente por Passos (em que o director da TSF Baldaia comportou-se como um agente de propaganda ao serviço do Passo-Troikismo) foi a tentativa de criar a ideia de que a tragédia social e económica que se vive em Portugal foi obra de forças sobre-naturais e sem rosto, que toda a miséria criada não tem absolutamente nada a ver com a sua acção política. Pois bem, muito pelo contrário !
A actual situação económica e social é resultado directo das acções governativas e é uma estratégia seguida de forma deliberada. O objectivo destas políticas era mesmo gerar uma monumental crise para purgar a economia e sociedade consideradas “provincianas”, dos escombros desta “destruição criativa” uma nova “economia cosmopolita” distópica (desregulada, ultra-neoliberal, global) seria erguida.
A fome, a emigração em massa (de jovens e activos), a redução de salários, as falências, o desemprego, a miséria, o colapso demográfico, a diminuição do rendimento, não foram efeitos indesejáveis de políticas para as quais não havia alternativas. Não, estas políticas foram uma escolha deliberada e a barbárie social é parte integrante do plano deste governo sociopata e é para continuar.