Segunda-feira, 17.02.14

            Liberdade e proibicionismo  (12.02.2014)

      Ontem os fumadores, hoje os vapers, amanhã… todos nós.    ...

Se não faz mal aos outros, o Estado não tem que intervir. Nem tem o Estado que nos proteger de nós próprios.

   “the only purpose for which power can be rightfully exercised over any member of a civilized community, against his will, is to prevent harm to others. His own good, either physical or moral, is not a sufficient warrant” - John Stuart Mill, On liberty

      Sempre houve, ao longo da história, pessoas que desenham um Homem Ideal e imaginam um mundo de exemplaridade, em que todos os indivíduos obedecem a esse Ideal. Foi assim que se proibiu o álcool, nesse episódio lamentável para a história da liberdade que foi a "Lei Seca", nos EUA.

    Estas pessoas - que dão pelo nome de Proibicionistas - estão de volta, desta vez com um novo Homem Ideal: o Homem Saudável.

    O Homem Saudável não fuma. Nem exala vapor . O vapor não é perigoso para os outros, e é menos perigoso do que o fumo para o próprio, mas tem um enorme defeito: não é fumo mas parece que é fumo. Ora, o Homem Saudável não fuma nem faz nada que se pareça com fumar.

    Se da sua boca não sai fumo nem vapor, não pense que está a salvo. É que o Homem Saudável também não bebe álcool, nem ingere açúcar em excesso, nem refrigerantes, nem fast-food, nem… faz qualquer outra coisa que o afaste do Ideal.

    Exagero?

    Em Janeiro de 2014, no Reino Unido, surgiu uma nova ONG, chamada “Action on Sugar”, que iniciou uma campanha com o mote:   “O açúcar é o novo tabaco” -  incitando a que fossem aplicadas ao açúcar as mesmas medidas que foram aplicadas ao tabaco: mais impostos, avisos nas bebidas, etc.

    Aproveite a sua ... bebida/comida/... ... enquanto pode.

     Exerça e lute pela Liberdade, Prazer, Privacidade, Direito, Cidadania, ... e  Responsabilidade.



Publicado por Xa2 às 07:51 | link do post | comentar | comentários (1)

Quarta-feira, 03.07.13

   "Aqueles que sacrificam Liberdade em troca de Segurança, não merecem nem uma nem outra "

011206civil_disobedience.

    .Maniqueísmos que me incomodam. (-por mariana pessoa, 24/6/2013)
      Equiparar Snowden a Assange tem mais de estratégia touro na loja de porcelanas (tão cara aos Estados Unidos...) do que beatificação dos Wikicoisos e de vassalagem dos Anonymo-cenas.
      O mensageiro, não é, de todo, o mais importante. Diabolizá-lo ou santificá-lo em nada contribui para o incontornável facto:
os Estados Unidos da América, "self proclaimed leaders of the free world", usam táticas tão questionáveis quanto todos aqueles que considera estarem do outro lado da barricada.    No fundo, mesmo sem GW Bush, continuamos na narrativa do eixo do mal. Mesmo com Obama. Ah, the smell of irony in the morning ...
      Assange (da Wikileaks, ainda refugiado/retido numa embaixada) estava acusado de violação..., é um narcísico e colocou em risco milhares de vidas. E Snowden (retido num aeroporto moscovita), vai ter que problema no currículo para que efectivamente se passe ao lado do acessório e se vá até ao essencial ?
      Era sobre isto que devíamos estar a falar:
não é preciso ser-se suspeito de um qualquer crime para ter chamadas monitorizadas.  Qualquer um de nós pode ter as suas comunicações controladas, sem qualquer indício que o justifique.
      E quem é que está a discutir este assunto? E a quem é que não interessa discutir o essencial ?   E que moral têm os Estados Unidos para falar sobre tratamento dos Aliados, mesmo?    E até que ponto é que o argumentário do 'salvar vidas é mais importante que o direito à privacidade' não está a ser manipulado
     A França defendeu hoje uma suspensão temporária das negociações para um acordo de comércio UE-EUA devido às alegações de espionagem norte-americana aos europeus (e outros), mas a Alemanha opõe-se e defende que elas comecem, como previsto, a 08 de Julho. 
     ... A França e a Alemanha reagiram com indignação às notícias publicadas no domingo sobre escutas dos Estados Unidos a instituições e embaixadas europeias.    Segundo a revista alemã Der Spiegel, que citou documentos divulgados pelo ex-consultor da CIA Edward Snowden, a Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana espia, há vários anos, edifícios oficiais da União Europeia nos Estados Unidos e em Bruxelas. 
     ... A União Europeia e os Estados Unidos lançaram formalmente a 15 de junho, na Cimeira do G8, as negociações para um acordo entre os dois blocos que será o maior acordo de 'comércio livre' do mundo (+"globalização" desregulação e 'dumping' e -- defesa de interesses nacionais, culturais, especificidades).
        NSA e as Escutas no Mundo  -  O "Big Brother" Americano  -  instalou no deserto do Arizona um gigantesco sistema de escuta de telefonemas, emails, internet, incluindo facebook e twiter, que deteta mensagens de centenas de milhões de americanos e estrangeiros nos EUA e em muitos países do Mundo.      Mas não são os únicos a fazer algo semelhante: a CIA, o FBI, as polícias e os serviços secretos militares, empresas de segurança e agências de informação privadas, de bancos, multinacionais, TVs, ... - e seus equivalentes da Rússia, China, UK, França, Israel, Turquia, Irão, ... Portugal.
    Claro que todos os grandes países (e os outros também) se espiam uns aos outros e até aos seus cidadãos e governantes !! e não pensem que o interesse é 'apenas' militar e terrorismo, mais importante é o Dinheiro a ganhar ou perder: a dominação económica das suas grandes empresas, oligopólios/multinacionais, para controlo dos recursos e do comércio, ... e o conhecimento das forças e fraquezas dos seus concorrentes económicos, ... adversários políticos e 'desestabilizadores do poder'.
    O "inconveniente" é quando são apanhados com "as calças na mão". - no mínimo, os "corneados" devem gritar «agarrem-me que eu ...» e , se tiverem algum poder (económico, militar, político, geo-estratégico, ...), tentam retaliar ou exigir contra-partidas (salvar a honra e ganhar algum) ...  se forem realmente grandes e/ou correctos criam um sério incidente diplomático podendo até cortar relações ou aplicar sanções ... mas isso ...  - no entretanto, há que 'descarregar' no mensageiro, 'abater' o informador, culpar o 'traidor', ... e "lixar" os cidadãos na sua Liberdade e bolso.


Publicado por Xa2 às 19:18 | link do post | comentar | comentários (6)

Sexta-feira, 15.02.13

Acordem !!!   o BIG BROTHER chegou disfarçado de FACTURA 

    Ficheiro SAF-T e privacidade        Para quem não sabe, estou a trabalhar na área de software de gestão, e como tal, os meus últimos meses têm sido vividos um pouco à volta do ficheiro SAF-T.  Antes de mais, o que é um ficheiro SAF-T e a certificação de documentos:

    Um software certificado coloca uma assinatura digital nas suas faturas, que, sem vos aborrecer com os detalhes técnicos, garante que a fatura não é modificada depois de emitida.   O ficheiro SAF-T era, até 1 de Janeiro de 2013, um ficheiro de auditoria, que era fornecido ao inspector das finanças nos (muito raros) eventos de inspecção das finanças.    Este ficheiro sozinho garante que a empresa não foge aos impostos (cruzando com dados multibanco e bancários), não altera os valores e dados das suas faturas e é ainda possível conferir mais uma série de dados. Os ficheiros SAF-T são gerados no momento, e podem ser gerados para períodos de tempo diferentes (1 ano, 1 mês, etc).   O que está dentro de um ficheiro SAF-T ??  

     Os dados gerais da empresa (morada, nome, nif, conservatória, etc)?         Dados de todos os clientes da empresa (Nome, morada, contacto telefónico, email, nif)?         Informação de todos os produtos ou serviços vendidos pela empresa (referencia, designação do produto)?         Dados de faturação (para cada fatura:  data, hora, cliente e nif do cliente, produtos vendidos, valor, valor de iva, etc, etc).

     O que acontecia até 1 de Janeiro ? Muitas empresas usavam os talões e vendas a dinheiro, cujo cliente é "consumidor final" e o nif é 99999990, ou seja, informação genérica. O que aconteceu em 1 de Janeiro? Muito:

     Toda e qualquer transacção tem de ter emissão de fatura. Ou seja, os dados da fatura passam para o saf-t com o nº de contribuinte e nome do cliente. Existem as faturas simplificadas que podem ser feitas a um "consumidor final" mas podem ser usadas em apenas casos restritos.

     Todos os SAF-T de todas as empresas nacionais são enviados para as finanças mensalmente.

Vou dar um exemplo:

     O Sr. Foo acordou num belo dia de férias de verão. Toma o pequeno almoço no café da esquina (fatura 1) e vai ali á sede do partido X pagar a sua cota mensal (fatura 2). Passa pelo templo da sua religião e paga o dízimo (fatura 3). Almoça no seu restaurante favorito (fatura 4), vai ao cinema ver um filme  (fatura 5), compra 2 "brinquedos" na sexshop da esquina (fatura 6) e janta uma mariscada á beira mar (fatura 7)...

 No fim do mês, as 7 empresas envolvidas no dia do Sr. Foo vão enviar o ficheiro SAF-T para as finanças, e lá vai a informação:

       O que o Sr. Foo comeu nessa manhã, a que horas e em que local.        Qual a sua filiação política, e onde costuma pagar as cotas.        A sua religião.        O que almoçou, a que horas, e em que local.        Que viu o filme Y.         Comprou "brinquedos" na loja tal.        Jantou uma mariscada, a que horas e em que local.  Isto num dia. Ao fim de um mês, passam a ter os hábitos de cada cidadão, ao fim de um ano... Têm na mão a vida de uma pessoa

       Querem mais?   Dois informáticos acabados de sair do curso, com acesso a estes dados, rapidamente conseguiam fazer cruzamento de dados. Cruzando por exemplo, o Sr. Foo com a sua esposa, Sr.ª Boo:

      Tomou o pequeno almoço com a esposa, pois foram 2 cafés e 2 croissants, isto porque a Sr.ª Boo comprou a "Maria" 30 minutos depois no quiosque a 50M do café. (todas as transacções têm de ter uma fatura, tudo é seguido).      Ela não pagou cotas políticas ou religiosas, o Sr. Foo está nisso sozinho. (cruzamento das faturas do Sr. Foo e Sr.ª Boo).     Não almoçaram juntos.  Almoço foi 1 menu MacDonalds do Sr. Foo  e a Sr.ª Boo tem uma fatura de almoço no mesmo dia a 150km de distância.  (cruzamento das faturas do Sr. Foo e Sr.ª Boo).       O filme era sobre Che Guevara. Isto, aliado á filiação política e religiosa torna o Sr. Foo alguém a seguir no futuro. (Descrição dos artigos vai no ficheiro SAF-T).      A Sr.ª Boo continua com faturas a 150km de distância, os "brinquedos" e a mariscada para 2 ao jantar sugerem uma amante.

     E se o Sr. Foo fosse o líder da oposição? Ou dono de uma empresa a concorrer num negócio do estado? Ou o presidente da república? Ou juiz num processo contra um deputado do partido do governo?    Sou apenas eu que vê o PERIGO no envio de todas as faturas emitidas em portugal, mensalmente para o estado? E quem tem estas bases de dados? É uma empresa privada? Quem está à frente disto, quem vai garantir a privacidade dos dados?

     Alguém acorde por favor, alguém nos defenda! Os meus receios não ficam por aqui. O ficheiro SAF-T é guardado em plain text! Um curioso informático que ligue o wireless no centro comercial quando a farmácia está a enviar um saft apanha isto (parcial, o ficheiro saf-t inclui, por exemplo, os dados do customer 149):     SystemEntryDate>2012-12-14T19:27:53      CustomerID>149     ShipTo />     ShipFrom />    Line>     LineNumber>1           ProductCode>177    ProductDescription>Viagra     Quantity>1    UnitOfMeasure>    UnitPrice>370   TaxPointDate>2012-12-14     Description>Viagra    CreditAmount>370 .
     Isto não é só ridiculo como grave !   Não vi um deputado falar sobre isto.  Não vi ninguém preocupado com a inconstitucionalidade desta quebra de PRIVACIDADE dos cidadãos, da segurança, do acesso e da gestão das bases de dados pessoais.     (- texto anónimo, via e-mail )



Publicado por Xa2 às 07:54 | link do post | comentar | comentários (3)

Segunda-feira, 28.05.12

Revista de blogues (28/5/2012)

    «Tudo o que sabíamos dos serviços secretos do Estado português, Jorge Silva Carvalho e a Ongoing chegava e sobrava para uma ação exemplar, em que não ficasse pedra sobre pedra.

    A informação de que Silva Carvalho e outros ex-agentes do SIED, a trabalhar para Ongoing, recolheram e fazeram divulgar informações sobre a vida privada de Francisco Pinto Balsemão, dono da Impresa, com quem a empresa empregadora do ex-espião mantém um contencioso (que, para que fique claro, não me diz respeito), já está para lá do que se poderia imaginar. Se tudo o que temos sabido for verdade, ninguém está a salvo.

    Qualquer um que critique Silva Carvalho ou ponha em causa os interesses da Ongoing pode ver, de um dia para o outro, a sua vida privada devassada.

    Como em qualquer ditadura, o poder desta gente sustentar-se-á no medo. Tudo isto começa a atingir proporções tão assustadoras que não podemos fechar os olhos.

    Se a Ongoing e Silva Carvalho fizeram o que se escreve que fizeram, todos os responsáveis por isto têm de acabar atrás das grades. E todos os seus cúmplices políticos têm de ser responsabilizados.

    Porque com a nossa liberdade não se brinca. Por enquanto, estamos perante uma nebulosa. É tudo demasiado escabroso e reles para parecer verdade. Mas isto não é mais um escândalo. Que se cuidem os que, tendo um envolvimento direto ou indireto nisto, estão só à espera que a coisa passe. Se ainda nos consideramos um Estado de Direito, não pode passar.

    Confirmando tudo o que se tem escrito, estamos perante gangsters. E a lei tem de saber como lidar com gangsters e com os seus cúmplices.» (Daniel Oliveira)



Publicado por Xa2 às 13:58 | link do post | comentar | comentários (7)

Quarta-feira, 28.03.12

Ataque à privacidade e liberdade de comunicação:

No 1º link apresenta notícias muito recentes sobre o assunto mencionado na epígrafe, designadamente a aprovação pelo Parlamento sueco, esta semana, de uma nova lei de retenção de dados por fornecedores de serviços de Internet e empresas de telecomunicações, por 6 meses !  Leiam o texto e vejam o que aconteceu também na Alemanha, República  Checa e Roménia relativamente à mesma matéria, quando está em causa uma Directiva da UE sobre a retenção de dados.

No 2º link abre um vídeo, de 1:59min, sobre o esquema de retenção de dados, na Alemanha. Está previsto aplicar a nível europeu. Dá para reflectir. Sem mais comentários.
 
http://www.dw.de/dw/article/0,,15826462,00.html  
http://www.youtube.com/watch?v=uEvnJ7mRqFk

 

Mas, lembra-te: 

Com esta proposta de lei da UE, todos Nós, cidadãos de países ditos Democráticos e assinantes da Carta dos Direitos Humanos da ONU, seremos tratados "à priori" como TERRORISTAS,... e, portanto, sem Liberdade de Comunicar, sem Privacidade, ... sim, TU serás tratado como um perigoso possível Terrorista e o Estado/polícias/... podem vigiar, gravar, alterar os teus documentos, palavras, imagens, ... com quem, quando, onde, o quê, ... no/do teu computador, telefone, PDA, vídeo-câmera, B.Identidade, ...

-É isso que queremos ?... Quem cala consente.



Publicado por Xa2 às 07:52 | link do post | comentar | comentários (1)

Quarta-feira, 07.12.11

Facebook is watching you 

por Daniel Oliveira

 Max Schrems é um estudante de direito, austríaco, de 24 anos. Por curiosidade, fez o que a nenhum de nós ocorreu: quis saber que informações tinha a empresa Facebook sobre ele, mesmo depois de ter deixado de ser membro daquela rede social. Ou seja, depois de sair da rede, o que lá tinha ficado. Os seus piores receios foram largamente ultrapassados pela realidade: estava lá tudo. Depois de muitas pressões e ameaças recebeu, talvez por desleixo, diretamente da Califórnia, um CD com toda as informações que a empresa mantinha: 1.200 páginas (quando impressas) de dados pessoais, divididos por 57 categorias, recolhidos ao longo dos três anos em que esteve na rede. Como o próprio recorda, nem a CIA ou o KGM alguma vez tiveram tanta informação sobre um cidadão comum.

     Até mensagens trocadas com outros utilizadores, que ele entretanto apagara e julgava terem desaparecido, lá estavam, guardadas na base de dados da empresa. É como se um Estado abrisse toda a correspondência dos seus cidadãos e fosse guardando todas as informações. Tudo, desde que alguma vez tenha sido referido (em público ou em mensagens privadas), podia ser encontrado. Desde a orientação sexual à participação em manifestações políticas. Basta procurar através de palavras-chave. Multipliquem isto por 800 milhões de utilizadores em todo o Mundo. E lembrem-se que a timeline recentemente criada por Zuckerberg reduziu ainda mais a privacidade destas pessoas.

    É claro que tudo isto viola as leis europeias para bases de dados. Não seria um problema para a empresa, já que as leis americanas dão menos garantias na defesa do direito à privacidade dos cidadãos. Acontece que o Facebook tem, provavelmente para fugir aos impostos (que na Irlanda são muito "simpáticos" para as empresas), uma segunda sede em Dublin. Ou seja, pelo menos os usuários europeus estão defendidos pelas leis da União. Por isso, o jovem Max recolheu, na sua página Europe versus Facebook, 22 queixas contra a empresa e enviou-as à Autoridade Irlandesa de Proteção de Dados. E tem uma base legal sólida: nenhuma empresa pode guardar informação que foi apagada pelos seus detentores legais (que é cada um de nós). E a prova de que o faz tem Max Schrems naquele CD. Garante a empresa que terá sido um engano. O comissário irlandês para a proteção de dados está a investigar se aconteceu a extraordinária coincidência da única pessoas que conseguiu a informação armazenada sobre si ter recebido tão exaustivo material sobre a sua própria vida.

    Diz-se, com razão, que manter uma ditadura é mais difícil na era da Internet. Basta ver a recente onda de liberdade que varreu o mundo árabe para o confirmar. A censura (recordo a Wikileaks, que também mostrou as enormes fragilidades da segurança e da privacidade na Internet) é mais difícil, assim como a manipulação política. Mas tudo tem o reverso da medalha. Se é verdade que a liberdade de expressão nunca teve tão poderoso instrumento nas mãos, as tentações securitárias também não. Nem a STASI, uma das mais meticulosas polícias políticas da história, conseguiu alguma vez saber tanto sobre os cidadãos como algumas das empresas em que parecemos depositar tanta confiança.

    A esmagadora maioria das empresas não se regem pelo respeito pela democracia, pelos direitos cívicos ou por quaisquer valores políticos e morais. E estão dispostas a abdicar de quase tudo se o seu lucro estiver em perigo. Basta recordar como, durante demasiado tempo, a Google colaborou com a censura na China e como só a pressão de muitos "clientes" a levaram a recuar para não depositar grandes esperanças nestas multinacionais da era moderna. Não sei se alguma vez as informações que o Facebook tem sobre centenas de milhões de cidadãos serão fornecidas a Estados, anunciantes ou seguradoras. Sei que o mesmo poder que recusamos a Estados democráticos, sujeitos a leis e ao escrutínio público, temos de recusar, por maioria de razão, a qualquer empresa.

    É claro que já não dispensamos o uso da Internet e das redes sociais. Mas temos de aprender a viver com elas. Obrigando estas empresas a cumprir as mesmas leis que exigimos a todos e deixando de viver na ilusão de que estes espaços públicos, detidos por empresas, são privados. Ou um dia ainda nos arrependeremos amargamente da nossa tonta boa-fé.



Publicado por Xa2 às 18:28 | link do post | comentar | comentários (4)

Sexta-feira, 22.01.10
Orwell 60 anos depois. O Big Brother continua de olho em todos nós - vídeo
por Bruno Faria Lopes, i online, 21.01.2010
No dia 21 de Janeiro de 1950 morreu George Orwell, exemplo de pensamento crítico livre
 

George Orwell hoje não teria uma conta no Facebook ou no Twitter. Lutaria contra a cada vez menor privacidade das nossas vidas, enfraquecida por pequenas coisas como a informação que damos para subscrever um serviço de internet ou por outras maiores, como a arquitectura das casas transparentes. Teria corado de vergonha com a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama. Se tivesse carro (pouco provável) tremeria antes de comprar o chip electrónico para a matrícula (mas evitaria a multa, porque nunca foi muito abonado).  

Escreveria artigos ferozes contra o domínio cada vez maior do politicamente correcto, que apaga palavras da linguagem que usamos. Seria um feroz crítico da mansidão dos jornais perante a força das agências de informação do governo. Arrasaria a linguagem hermética e plena de advérbios de modo que domina os relatórios e discursos políticos. Não veria televisão (muito menos o "Big Brother"). Seria contra um pensamento económico único - seria, aliás, contra qualquer pensamento único e socialmente inquestionável.

 

Orwell poderia também não gostar deste texto - afinal, foi ele quem escreveu que "todos os santos devem ser julgados culpados até prova em contrário". Mas, 60 anos depois da sua morte, é difícil resistir à tentação de lembrar porque é que ler o escritor inglês que baptizou o Big Brother continua a ser importante. E a razão principal é esta: Orwell era um espírito crítico livre e ensina a sê-lo.

 

"Li-o ['1984'] pela primeira vez quando tinha 20 ou 21 anos, em 1984, ano em que foi muito falado em Portugal", conta o historiador Rui Ramos. Orwell teve grande impacto num país saído há pouco tempo do PREC, quando não era líquido que a União Soviética deixasse de existir, diz Rui Ramos. "Orwell era crítico em relação a todas as formas de condicionamento, direccionamento ou inibição do pensamento individual, que não são aspectos apenas das ditaduras - também podem fazer-se sentir nos regimes democráticos", explica o historiador.

 

O escritor que na verdade se chamava Eric Arthur Blair (Orwell era o nome do rio que passava em Suffolk, R.U., onde morava) conquistou o espírito crítico lidando com as contradições da vida.

Orwell nunca esteve totalmente inserido nos meios que ocupou: no elitista colégio de Eaton foi troçado pelo aspecto (era pouco atlético, muito alto e de ar alheado) e pela falta de "nome sonante"; ao serviço da polícia imperial na Birmânia não teve estômago para a realidade menos romântica do colonialismo; nas ruas de Paris e Londres, onde vagabundeou por opção, nunca foi um "deles"; no meio da esquerda intelectual, do qual não deixou de fazer parte, viu os seus livros censurados por serem demasiado críticos (da própria esquerda). Mas sobrou sempre o indivíduo Orwell, em defesa das suas ideias - em defesa de todos poderem defender as suas ideias.

 

"Mais do que a divisão entre esquerda e direita ele compreendeu que o problema da opressão nas sociedades modernas é geral: para Orwell a liberdade não é garantida, mas algo que se deve conquistar todos os dias", aponta Miguel Morgado, professor na Universidade Católica, em Lisboa.

É impossível dissociar Orwell da era em que escreveu - anos 30 e 40, marcados pelo avanço de Hitler, Estaline ou Mussolini - mas a mensagem é intemporal. "Não é com a morte de Estaline ou de Hitler que desaparece a tentação do poder político, a mobilização de máquinas de guerra, tudo num contexto actual de uma sociedade tecnológica, que torna mais fácil o controlo", acrescenta Morgado, que destaca o livro "1984". "Todos os anos, dedico meia aula no curso de ciências da comunicação ao livro, sobretudo por causa da 'novilíngua'", conta ao  i . "O impacto que tem nos estudantes é incrível."

 

Esta influência terá sobretudo a ver com a cultura de contrapoder que Orwell assume nos seus livros. No ensaio "Política e a Língua Inglesa", publicado em 1946 (no qual fixa as regras de boa escrita que são hoje base do livro de estilo da revista The Economist), o escritor desconstrói a linguagem cada vez mais complexa usada pelos políticos para "defender o indefensável".

"Hoje como no tempo dele, a linguagem política é feita para mentir ou ocultar a verdade - ainda por cima nesta altura de assesores e spin doctors", afirma Henrique Raposo, investigador na área de Ciência Política e História, que leu 1984 e a Quinta dos Animais.

"O politicamente correcto é outra máquina de ocultar a verdade, de nem sequer olhar para certos factos porque são incómodos - Orwell reagiria hoje a isso certamente", junta.

 

Para os fanáticos do escritor - e há muitos - os primeiros livros são aqueles onde estará o verdadeiro Orwell, pioneiro no jornalismo de imersão: quando experimenta as condições de vida dos mineiros ('O Caminho para Wigan Pier') ou quando escreve sobre como é ser pobre ('Na Penúria e na Miséria em Paris e Londres'). Aqui está o Orwell que a esquerda gosta de citar. Quando escreveu 1984 e A Quinta dos Animais, os seus livros mais conhecidos, Orwell já tinha conhecido o lado negro do regime russo na guerra civil de Espanha - e este é o Orwell que a direita gosta de mencionar. Apropriável por todos, o homem que incrivelmente gostava da cozinha inglesa nunca perdeu a independência.



Publicado por Xa2 às 00:05 | link do post | comentar | comentários (2)

Quinta-feira, 07.05.09

O governo britânico está a desenvolver uma tecnologia secreta, para controlar todas as mensagens electrónicas enviadas através da Internet, noticia o jornal «The Sunday Times», citado pela agência EFE.

O jornal britânico escreve que o governo inglês está a desenvolver uma tecnologia para monitorizar todos os e-mails enviados e recebidos pelos cidadãos. Para isso, vão ser inseridas secretamente uma série de «caixas-negras» na infraestrutura de comunicações, afirma o jornal.
Na semana passada, a ministra do Interior britânica, Jacqui Smith, anunciou que o governo tinha decidido renunciar o polémico plano para criar uma base de dados única, na qual seriam guardadas todas as comunicações feitas no país.
A ministra não mencionou, no entanto, que o governo tinha decidido destinar mais de um milhão de euros durante três anos para o programa de espionagem anunciado, refere o jornal britânico.
Segundo a directora da organização de defesa dos direitos humanos «Liberty», Shami Chakrabarti, uma vítima recente da espionagem do Governo, o anúncio da ministra serve apenas como «uma cortina de fumo».
«Estivemos contra a base de dados «Big Brother» porque permitia ao Estado ter acesso directamente às comunicações de todos os cidadãos. Mas, com esta rede de caixas-negras, pretende-se exactamente o mesmo, mas pela porta traseira», afirmou a advogada.
Segundo fontes citadas pelo «The Sunday Times», o governo já concedeu um contrato no valor de 200 milhões de libras (224 milhões de euros) ao gigante americano do sector da defesa Lockheed Martin. Foi também assinado outro contrato com a Detica, empresa britânica de tecnologia da informação, que mantém estreitos vínculos com a espionagem britânica. [TVI24 via Peopleware]


Publicado por JL às 00:01 | link do post | comentar | comentários (2)

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS