O Coelho Natal
As múltiplas posições do Coelho
Vejo na liderança do PSD bastante imaturidade e isso explica alguns ziguezagues.
Afinal, o Coelho também hiberna. Pelo menos em Portugal.
Passos, tenta matar vários coelhos com uma só cajadada. Não será um tiro na própria pata?
Com a ideia/proposta de revisão constitucional o rapaz, novo líder do PSD, pretende atender ao podido do “soba" da Madeira de cujo apoio político, tanto dentro como fora da agremiação social-democrata, necessita como de pão para a boca.
Com a apresentação de tais, retrógradas, propostas, sabendo que elas não são, nem poderiam ser, acolhidas pela maioria de esquerda representada na Assembleia da Republica, tal facto deixa-lhe argumento de peso a que se agarrar para incumprimento de, eventuais, propostas a fazer em campanha eleitoral e no caso, nefasto, de vir a ser governo, o que se duvida, a fazer fé em tais proposições constitucionais.
O chamado aumento de poderes presidenciais, além de desnecessários, visto que tanto os artigos 133º - Competências quanto a outros órgãos e 134º - Competências para a prática de actos próprios já consagram amplos e suficientes poderes no regime semi-presidencialista como é o nosso.
De resto o período do PREC e dos governos de iniciativa presidencial já passou há muito tempo e o pais já perdeu tempo e oportunidades em demasia a olhar o passado em vez de perspectivar e enfrentar o futuro.
O que o país precisa e a população anseia, com urgência, são propostas credíveis de governação, são iniciativas de alteração de comportamentos das instituições e institutos publicos, bem como dos respectivos agentes para que a distribuição da riqueza produzida seja mais justa, a estabilidade social seja maior e os direitos fundamentais que ao Estado compete garantir aos cidadãos não seja letra morta plasmada na actual Constituição.
Passos, o Coelho, deveria, acima de tudo, preocupar-se que o actualmente estatuído na Lei fundamental em vigor fosse respeitado.
O advogado Castanheira Barros, já em campanha pelo Algarve, diz que apenas lhe faltam menos de meia centena de assinaturas para que possa formalizar a sua candidatura à liderança do seu partido, o PSD.
Partido é, partido continuará a sê-lo, depois das eleições, com uma, duas ou três voltas, (há quem queira o tudo ou nada) com congresso extraordinário ou sem ele, não há volta a dar-lhe.
Embora, este candidato, não prometa rasgar tudo nem se proponha a fazer rupturas, pretende, qual Don Quixote de La Mancha à procura de uma qualquer Dulcineia, “regressar às origens” da Social-Democracia, segundo o pensamento do ideólogo Sá Carneiro.
Ainda bem que há sonhadores na política a “andar por aí”. Nos tempos que correm são bastante necessários, duvida-se, e bastante, é da sua utilidade.
É que já anda toda a gente de semblante muito carregado. Mesmo os apoiantes das várias candidaturas intervêm (quando o fazem, o que já começa a ser muito raro) com muito pouca alegria, perece já não acreditar no que dizem e muito menos no que ouvem e em dias melhores.
A política, os políticos e os partidos parecem que caíram numa profunda tristeza, amargura e descrença.
Será geral, este vírus? É uma pena que assim seja. O esforço dos militares de Abril não merecia tal desiderato.
O PSD deu um novo contributo para a eventual demissão do Governo e a realização, de novo, de eleições gerais antecipadas. Com os votos do PSD e de um deputado do CDS-PP foi aprovada na Assembleia da República uma alteração ao Orçamento do Estado para 2009 para que a Madeira possa contrair um endividamento de 79 milhões de euros. Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, acusou, neste caso o PSD, de ter uma atitude irresponsável ao viabilizar mais esta despesa, que agrava a dívida da Região Autónoma da Madeira, e que terá de se repercutir no corte de receitas do Estado. O PSD esteve surdo a todos os apelos de Teixeira dos Santos, nomeadamente quando disse que o Continente vai ter de continuar a pagar os desvarios financeiros da Madeira, que dá sinais claros de descontrolo de contas e de indisciplina orçamental. Na Madeira, os partidos da oposição, do CDS ao BE, falam de legitimação do "regabofe" das finanças públicas.
Trata-se sem dúvida de mais uma vitória de Alberto João Jardim, mesmo incompatibilizado com Aguiar Branco, líder da bancada social-democrata, catalogado como "incompetente" que tem conduzido o PSD a um "pantanal de contradições". O Governo de José Sócrates vai ter de arrostar com mais esta despesa não prevista, que se junta a outras resultantes da aprovação por uma coligação negativa formada pelo PSD, CDS-PP, PCP e BE para viabilizar alterações ao Código Contributivo que, na prática, significarão elevadas perdas de receitas e novas despesas no valor de quase dois mil milhões de euros, também não previstas no Orçamento do Estado. Aperta-se assim o cerco ao Governo da República, que vai tendo cada vez mais dificuldades em cumprir o seu programa. Começa lentamente a desenhar-se um cenário de ingovernabilidade, que após os primeiros seis meses da praxe só pode vir a desembocar em eleições, se, até lá, não for mudado o quadro de actuação dos partidos com assento parlamentar.
Infelizmente, a pouco e pouco vai-se confirmando a ideia de que em Portugal só se pode governar com maiorias absolutas, única forma de se cumprir um mandato de legislatura, com um programa de governo pré-estabelecido. Os governos de maioria simples só muito excepcionalmente conseguem "levar a água ao seu moinho". Não há uma cultura de governos de coligação nem de acordos de incidência parlamentar, e o que em regra se constata é a impossibilidade de governar e de resolver os problemas do País.
[Correio da Manhã, Emídio Rangel]
Francisco Pinto Balsemão, num debate promovido pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, disse que o PSD estava a caminhar lentamente para o suicídio.
Não é que seja necessário elogiar a coragem do militante número um dos social democratas, mas não deixa de ser digno de nota que o tenha dito na cara dos que têm conduzido o partido a este lamentável estado - pelas declarações da presidente do partido, à saída da sessão, mostraram que, ou não tinha ouvido o que Balsemão tinha dito ou não percebeu as evidentes criticas.
Por outro lado, também fica sempre bem exibir a capacidade de autocrítica. Ninguém, com certeza, se esqueceu que o ex Primeiro-Ministro foi apoiante da candidatura da dra. Ferreira Leite. Nunca é tarde para reconhecer os erros.
Dizia Francisco Balsemão, que é difícil dizer o que distingue verdadeiramente o PSD, que grandes temas ou causas o partido defende, que propostas e projectos apresenta para o futuro de Portugal e dos portugueses. Pois é.
Deve ter sido interessante ver as caras dos que pensavam que o povo embarcava na patética conversa da "verdade" e da do "espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais sério do que eu?".
Não eram precisos projectos nem propostas, bastava uma folhita A4 e o povo acorreria, quais ratos de Hamelin. Bom, afinal o povo não correu. Deve ter sido por estar democraticamente asfixiado, bem entendido.
Para quê gastar tempo a falar do futuro e a mostrar que existiam alternativas ao governo socialista, se ninguém ia ler programas? O esforço não era compensador. Para quê, repito, se nas palavras de um dos grandes promotores desta direcção, Vasco Graça Moura, os portugueses preferem a porcaria? De facto, com apoiantes destes, esta direcção social-democrata não precisava de adversários.
E assim, contra um dos piores governos da nossa história democrática, o PSD perdeu. Perdeu porque o PSD não apresentava alternativa, não mostrava rumo, apenas tinha para oferecer um misto de discurso de um qualquer populista sul-americano com um sermão dum catastrofista de hospício.
Quem dizia que era preciso discutir os grandes temas e ter uma visão para o futuro eram meia dúzia de destabilizadores que apenas queriam derrubar esta liderança e estavam ao serviço de um qualquer plano diabólico.
"Temos de sair deste impasse", afirmava Francisco Balsemão. Ainda bem que o recordou. Mais uma vez, deve ter havido um silêncio embaraçado.
É que enquanto este impasse dura, esta direcção, que ainda o é apesar de já não o ser, vai agravando, a cada dia que passa, a situação do PSD.
Parece haver uma vontade firme, por parte de alguns elementos desta espécie de governo de gestão social-democrata, de ainda depauperar mais a imagem do partido. Uma variante da política de terra queimada.
Ver a ainda presidente do partido a perder tempo com acusações que apenas servem para desviar a atenção do estado do país, insistindo em ataques pessoais em vez de se concentrar na busca de soluções é, pouco menos, que desesperante.
Constatar que num debate onde se devia falar do grave problema orçamental, do subsídio de desemprego e de questões que preocupam os portugueses a presidente do partido volta a falar de suspeições e de assuntos já arrumados pela Justiça é lamentável.
Ver o PSD ir atrás do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista na proposta da criminalização do enriquecimento ilícito e do fim do sigilo bancário é assustador.
Esta questão, aliás, vai muito para lá da luta política circunstancial. Neste debate discute-se a inversão do ónus da prova, pilar fundamental do Estado de Direito; discute-se o sigilo bancário, fundamental para o direito à privacidade.
Que pensará um habitual eleitor de direita ao ver o CDS a tomar uma pose de Estado, lutando contra estes ataques a direitos fundamentais, enquanto o PSD cede ao mais desbragado populismo?
A situação no PSD não é só de impasse, é de irresponsabilidade.
As eleições internas, se realizadas ontem, já teriam vindo com atraso.
Os social democratas precisam de uma nova liderança e de um novo rumo antes que seja tarde demais.
[Diário de Notícias, Pedro Marques Lopes]
O que pode aguardar-se deste PSD? A actual direcção quer manter-se na liderança do partido, à espera que Sócrates caia. Abrir-se-ia aí uma janela de oportunidade ao PSD. A questão é: mas a que PSD?
O militante n.º 1 do PSD, Francisco Pinto Balsemão, disse há quatro dias que o seu partido caminha, lenta mas alegremente, para o "suicídio colectivo". Repito: o PSD caminha para o "suicídio colectivo". A declaração fez-me lembrar de imediato o efeito que as bombas disponíveis no jogo brick-breaker (destruidor de tijolos, em tradução livre) provocam quando tocam nos ditos tijolos: tudo abana. Pensei que o partido abanaria. Ingenuamente, percebo agora, porque nada no PSD abanou.
Se um partido da dimensão e da importância do PSD corre o risco de desaparecer, isso quer dizer que a democracia portuguesa está bastante perto de ficar (ainda) mais pobre. Por isso, uma declaração deste calibre, vinda de quem vem, deveria suscitar alguma reacção, algum debate, algum contraditório no seio do partido (e até fora dele). Não suscitou nada, facto que, em si mesmo, é bem revelador do estado em que se encontra a alma dos social-democratas.
No primeiro debate quinzenal desta legislatura, travado na Assembleia da República, ficou claro que, para desgosto de todos, Pinto Balsemão tem a sua dose de razão. A prestação do PSD, e designadamente da sua líder, mostrou bem como o caminho e a estratégia dos social-democratas é basicamente inexistente.
Num momento particularmente difícil para o Governo (exemplos: caso "Face Oculta" com ministros de peso como Vieira da Silva a falar de "espionagem política, estado da economia, défice, desemprego, orçamento rectificativo...), Manuela Ferreira Leite começou o debate a defender-se, abdicou da peleja e passou depois a palavra ao líder parlamentar (que, como se sabe, não é um exemplar orador), permitiu que o PS a cola-se à agenda do Bloco de Esquerda e acabou a ouvir o primeiro-ministro a acusá-la de conduzir o partido seguindo uma linha de "lama" e "coscuvilhice". As palavras escolhidas por José Sócrates não são seguramente as mais condizentes com o léxico parlamentar, mas mostram à saciedade como o primeiro-ministro soube aproveitar o momento para "virar o bico ao prego".
O que pode aguardar-se deste PSD? É já claro que a actual direcção está apostada em esticar a corda o mais que puder, ficando na liderança do partido até ao limite do aceitável, à espera que os "factos" tirem José Sócrates do Governo, abrindo-se assim uma janela de oportunidade ao PSD. A questão é: mas a que PSD? A este de Manuela Ferreira, cujo caminho, traçado por estrategos e ideólogos de alto coturno, a trouxe até este beco? Ao PSD de Pedro Passos Coelho, que está longe de ser um congregador de vontades? Ao de Aguiar-Branco, cujas ideias sobre Portugal são uma incógnita? Ao de Marcelo, que pede uma obviamente impossível federação de interesses, sendo que o federador seria ele próprio? Deve ser por não vislumbrar, assim de repente, uma saída airosa e substantiva que Pinto Balsemão teme o "suicídio".
[Jornal de Notícias, Paulo Ferreira]
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