---- O Semestre Europeu e a injustiça fiscal...
------- Fisco (-oJumento, 10/11/2015)
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10/10/2014, LeMondeDiplomatique PtAntes fosse só incompetência, mas não é. (existe intencionalidade). A incompetência resolve-se substituindo pessoas impreparadas por pessoas capazes de fazer um trabalho bem feito. Não seria um grande drama: mesmo com a emigração, o país ainda está cheio de pessoas competentes. Mas o que está a acontecer ultrapassa em muito a incompetência. O actual disfuncionamento da sociedade é uma consequência previsível, saudada por uns e criticada por outros, da transformação estrutural imposta pela austeridade, pela dívida, pela arquitectura europeia e monetária. E avariar o Estado é um elemento central deste empreendimento.
O Estado deixa de funcionar através dos cortes de financiamento e das transferências de recursos, isto é, com políticas de desinvestimento público, degradação do Estado social (sistemas de educação, saúde e segurança social), ataque ao mundo do trabalho (salários, contratação, despedimentos) e canalização dos recursos aí gerados para o sistema financeiro. Chamam-lhe «disfuncionamento» os que discordam do tipo de sociedade que ela engendra; para os outros, os adeptos do neoliberalismo, tudo corre como projectado. Por vezes as trapalhadas são demasiado notórias, obrigando até a pedir desculpas, mas isso só significa que vão procurar uma forma mais eficaz de nos fazer engolir o seu modelo de sociedade, e nunca que desistiram dele. As desigualdades e as injustiças continuam a funcionar.
Na justiça, mergulhada há muito numa crise profunda, parecia não ser fácil piorar a situação. Mas o governo conseguiu fazê-lo. A reforma judiciária fechou tribunais funcionais para abrir outros sem as mínimas condições. Obriga funcionários a grandes deslocações (várias horas por dia e de táxi) e processos a serem transportados sem garantias da sua integridade física (em camiões de caixa aberta) e pelo exército. Ao mesmo tempo, o programa informático CITIUS entrou em colapso total, deixando o sistema parado há mais de um mês, com todos os prejuízos que daí advêm para os trabalhadores judiciais e para os cidadãos que recorrem à justiça. Esta já tinha problemas de ineficiência e inigualitarismo, agora a sua paralisação potencia o regresso de todas as aberrações justicialistas (a que não faltará quem chame «justiça popular» ou «populismo», certamente de geração espontânea).
É difícil imaginar que esteja a preparar-se uma privatização em grande escala do sistema judiciário em Portugal (depois pensa-se nas primeiras privatizações das prisões nos Estados Unidos…, nos "tribunais arbitrais" privados e manipulados, nas multinacionais sociedades de advogados e suas filiais locais, ...). Mas a flexibilidade (e globalização) do projecto neoliberal não admite apenas privatizações, sendo exímio em concessões, parcerias público-privadas (PPP rentistas sugadoras do Estado), etc. Antes destas engenharias tende a disseminar-se um mito, o de que os privados seriam melhores gestores do que o público, e uma experiência marcante, a do mau funcionamento dos serviços públicos, ou até a de «ser bem tratado no privado». O caos na justiça cria o terreno para esta construção.
Na educação reina um outro caos. O início do ano lectivo arrancou sem professores e sem aulas em muitas escolas, com muitas carências ao nível do pessoal auxiliar, com erros inadmissíveis, e repetidos, nos concursos de colocação de professores, cujas consequências são prejuízos materiais e morais para muitas famílias de norte a sul do país. Poderia até ser uma boa piada a sugestão feita aos professores prejudicados de que recorressem aos tribunais, quando a justiça se encontra paralisada. Mas o problema é que isso foi dito, sem graça, pelo Ministério da Educação e, ainda por cima, com o ar de quem não tenciona gastar um cêntimo com pessoas que, pasme-se, insistem em ser mais do que só números.
O problema tem efeitos desiguais: há escolas onde existe mais instabilidade, há regiões onde o caos tem mais condições de beneficiar o ensino privado, há professores mais precarizados, há famílias como mais possibilidades de encontrar ajudas educativas e de guarda para os filhos. Avariar as escolas faz-se com subfinanciamento; com a canalização de recursos para fora do público; com a colocação de pais, professores e estudantes em situações tão degradadas no público que os põe a pensar em alternativas. As trapalhadas e as incompetências criam, também aqui, má experiência dos sistemas públicos. O resto – a escola democrática, igualitária, base da igualdade de oportunidades –, são danos colaterais aceitáveis para os neoliberais.
No campo do trabalho, o mais recente escândalo decorre dos contornos da revisão do salário mínimo nacional (ver, nesta edição, o artigo de Fernando Marques). É evidente que qualquer aumento, mesmo que seja pouco superior a 15 euros por mês, conta muito em orçamentos de miséria – falamos de quase 500 mil trabalhadores. Mas não pode deixar de chocar que um aumento que estava congelado, mas acordado, tenha implicado novas cedências no montante e que a revisão seja feita à custa da segurança social (cuja falta de sustentabilidade o governo a seguir apregoará). Escandaloso é também que as instâncias europeias se tenham apressado a avisar que o aumento é provisório e exagerado (se calhar 500 euros passou a limiar de riqueza…).
O que tudo isto significa é que prossegue a desvalorização interna, a aposta num país com salários tão baixos que possa competir com todas as indignidades laborais que outros consigam impor aos seus trabalhadores. Prossegue a preparação do caos que, nas suas mentes, há-de levar ao fim do modelo actual de segurança social e ao alargamento do mercado dos seguros privados. Também no sector do trabalho se verifica que os neoliberais cuidam muito do Estado, mas apenas para que ele seja o instrumento da corrosão do público, da destruição do sentido de comunidade e do benefício de/para interesses e sectores privados.
O que tem acontecido na área da saúde, onde alguns dizem nada estar a acontecer e que os piores cortes já teriam surtido efeito, é a este título bem ilustrativo. As mais eficazes avarias do Estado, ou os melhores arranjos pessoais e negócios privados, fazem-se discretamente. De alguns temos notícia passados anos, como acontece com o que se vem sabendo do chamado «caso Tecnoforma» e da actuação de Pedro Passos Coelho; de outros, enquanto decorrem. No meio das notícias das perdas e falências do «caso BES», o mercado financeiro anima-se, arreganha os dentes. As peripécias em torno da valorização da Espírito Santo Saúde, cuja venda promete ser lucrativa, coincidiram com as greves de médicos e enfermeiros. Nos comentários do Ministério da Saúde repetiu-se o refrão: «o pior é que quem fica prejudicado com estas greves são os utentes do serviço público que não podem recorrer a outra alternativa». Fez lembrar aqueles cartazes do tempo das obras, mas desta vez para dizer: «desculpem o incómodo, mas estamos a trabalhar para que tenha acesso a serviços de saúde privados e concessionados».
Avariar o funcionamento de um Estado é fácil: corta-se, transfere-se, destrói-se e desrespeita-se a vida da maioria dos cidadãos. Pô-lo novamente a funcionar é que é um duro combate. Não exige só competência; exige sentido de serviço público, convicção das vantagens de uma sociedade igualitária, e coragem para assumir os confrontos, com escala europeia, de que dependerá ter meios materiais para solucionar a avaria.
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Acabar com o SNS, esse desígnio da direita (-J.Mendes, 3/11/2015, Aventar)
Se em 1979 o PSD social-democrata votou contra a criação do SNS, não há-de ser o PSD (neo)liberal, movido por uma agenda ideológica de obliteração do Estado Social e obcecado por privatizar tudo a qualquer preço, que pensará de forma muito diferente: o SNS (tal como este governo) é para suprimir o mais rapidamente possível. Mas anunciar a sua privatização seria gerador de forte contestação por parte da sociedade civil pelo que o esquema deve ser cuidadoso e gradual: primeiro o desinvestimento, com cortes em sucessivos Orçamentos de Estado que explicam em parte o caos, por vezes fatal, que se instalou nas urgências no Inverno passado. Faltam médicos, faltam enfermeiros, entretanto emigrados para o Reino Unido, e falta equipamento (e medicamentos).
Paralelamente, emerge o sector privado de saúde, que acumula lucros fabulosos com a mesma velocidade a que o SNS se vai desintegrando, com a benção de um governo que até conta com um Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social que foi em tempos lobista ao serviço de um grupo privado de saúde. Por fim, cereja em cima do bolo, nomeia-se um ministro da Saúde com a sensibilidade de um tijolo que, confrontado com a fragilidade de um SNS que vê pessoas morrerem após longas esperas em corredores hospitalares com condições terceiro-mundistas, afirma convictamente que os serviços de urgências funcionam muito bem e que quem diz o contrário são comunistas com agendas obscuras. É uma questão de tempo. Acabar com o SNS é um desígnio desta direita “teapartizada” (facção de extrema direita do partido republicano/ conservador dos EUA).
Movimentos apelam à solidariedade europeia com a Grécia (p 26/5/2015)
O infoGrécia traduz o apelo publicado por um grupo de sindicalistas, autarcas e organizações sociais gregas para uma semana de solidariedade europeia com a Grécia. “Mostrem-nos que não estamos sozinhos nesta luta!”, apelam os subscritores, que convocam também um encontro internacional de solidariedade em Atenas no dia 27 de junho. Apelo dos movimentos gregos para uma mobilização de bases europeia.
Unidos contra a austeridade e a injustiça social
O resultado da corrente batalha contra a austeridade definirá o futuro não só dos gregos mas também dos povos da Europa que lutam por mais democracia e igualdade. Durante os governos anteriores, a Grécia costumava ser a cobaia, mas tornou-se agora o exemplo positivo que algumas foças querem esmagar.
É preciso, portanto, construir uma frente de militância política e social europeia contra a pressão das instituições da UE, que estão a estrangular a sociedade grega ao reiniciar os programas de austeriade implementados ao longo dos últimos quatro anos por outros governos, com resultados catastróficos. O povo grego, com o seu voto de 25 de janeiro, condenou as políticas de austeridade, bem como as leis contra os trabalhadores e os programas de privatização. As políticas defendidas pelo SYRIZA adotaram as exigências dos sindicatos e dos movimentos sociais da Europa durante os últimos 10 anos. Agora precisamos do apoio desses movimentos para ajudar a afastar estas pressões e proceder a um programa progressista de justiça social. O 'establishment' europeu, porque está com medo, precisa de castigar o novo paradigma de democracia e de justiça social defendido pelos representantes do povo grego: não o vamos deixar!
No período que vai de agora até Junho, haverá negociações entre o governo grego e as instituições europeias. A elite económica tem dificuldade em aceitar que alguém desafie as suas políticas e proponha um plano alternativo para a economia. Estão a usar todas as formas de chantagem contra o povo grego e o seu governo. Mostrem-nos que não estamos sozinhos nesta luta!
É imperativo pressionar estas instituições para que abandonem este comportamento inaceitável. Há que fazê-las aceitar que são os cidadãos da Europa que têm de decidir o seu futuro. Com base nas decisões tomadas recentemente no encontro de Atenas, de dia 2 de Maio, nós, uma coligação alargada de organizações sociais, sindicatos e redes, intelectuais, artistas, organizações de migrantes e vários grupos políticos progressistas, ecologistas e da esquerda ativos na Grécia, propomos uma série de acções internacionais, a ter lugar entre 20 e 26 de Junho, de forma a criar um ambiente social e político positivo que apoie a luta grega. Nesse sentido, queremos organizar um evento aqui, em Atenas, no dia 27, para partilhar as nossas e as vossas experiências de mobilização e solidariedade. É importante para transformar os povos europeus de espectadores passivos a participantes ativos desta história.
Este evento providenciará o espaço necessário para estes atores exprimirem as suas preocupações em relação às negociações mas, sobretudo, para trazer à superfície a necessidade de contrabalançar as pressões do sistema contra as exigências do governo grego, anti-austeritárias e pela justiça social. É extremamente importante enviar uma mensagem política clara. A sociedade grega não está sozinha. Temos de mostrar que todos nós estamos decididos a apoiar as exigências continuadas deste movimento. O povo grego decidiu quebrar o 'consenso' neo-liberal, e fê-lo votando por um governo de esquerda que apoiasse esse programa. A solidariedade e o gigantesco apoio popular serão a melhor maneira de confrontar o nosso lado com a elite económica e política europeia.
Vamos lutar por uma Europa da dignidade e da solidariedade contra a Europa do lucro, a Europa-Fortaleza. Apelamos a todas as forças políticas e sociais que façam parte desta semana de solidariedade para construir coligações nacionais fortes, para apoiar a luta contra a austeridade europeia.
A lição de Al Capone e a perversão do Estado contemporâneo contra o cidadão (-Macro, 5/3/2015)
Estes dois tempos e dois mundos revelam ter existido uma brutal evolução na forma como os homens se relacionam entre si, e no modo como o Estado procura resolver os diferendos na sociedade.
Todavia, permanece um conjunto de erros, vícios e arbitrariedades graves no funcionamento das sociedades contemporâneas que demonstram que aquela evolução foi, afinal, perversa e que, de facto, o Estado não é uma pessoa de bem em face dos problemas que tem de enfrentar e resolver.
Vejamos, sumariamente, uma lista que elenca essas perversões que funcionam contra o cidadão (comum) e que o Estado, dolosamente, sob impotência dos deputados e do miserável escol dirigente (cúmplice nestes crimes públicos) usa e abusa para o esmagar ainda mais:
- violações regulares ao Segredo de justiça, sob as "barbas" do MP que deveria zelar pela sua eliminação e punição daqueles que fazem disso um rentável comércio político, que serve para incriminar pessoas e instituições que ainda não têm culpa formada;
- um excessivo poder e capacitação da Autoridade Tributária sobre os cidadãos-contribuintes, que automaticamente considera como criminosos pessoas que têm dívidas menores ao fisco, e que assistem impotentes à penhora dos seus salários, casa e carro;
- penhora de bens alimentares a IPSS e outras instituições similares que se dedicam à caridade e à ajuda para para o desenvolvimento e o combate à pobreza, uma missão a que o XIX Governo (in)Constitucional há muito desistiu de lutar, até por entender - ideologicamente - que a pobreza é necessária à manutenção dos mais ricos num modelo de sociedade ultra-liberal que defendem;
- à desigualdade de tratamento da Administração consoante se trate de agentes políticos que desempenham relevantes cargos públicos e do cidadão comum, pelo menos até os media tomarem conta dos factos e de os divulgarem massivamente na opinião pública;
- o facto de em Portugal as instituições judiciais e criminais não operarem preventivamente contra o crime, salvo raras excepções, pelo que, primeiramente, os factos ou os ilícitos são denunciados pelos media (ex: vistos Gold) e só depois, verificadas determinadas circunstâncias de pressão gerada pela opinião pública, é que o MP actua (a maior parte das vezes sem consequências). A este nível, o arquivamento do caso de mega-corrupção pelo MP que envolveu a aquisição dos submarinos aos alemães e o nome de Paulo portas - foi verdadeiramente escandaloso e um convite maior à CORRUPÇÃO em Portugal levado a cabo pela srª Joana marques vidal (PGR), que, numa entrevista lamentável, procurou fazer da situação um case-study;
- à usurpação de funções do Estado quando assume competências e atribuições de cobrança de portagens e de sanções (em coimas e penhoras verdadeiramente desproporcionais) sobre os cidadãos e empresas que, por dolo ou lapso, não as pagaram em tempo útil. Já que o Estado jamais deverá estar ao serviço dos interesses particulares de empresas do sector privado, como é a Brisa;
- os tribunais assistem impávida e serenamente a estas violações graves e gritantes da CRP e dos demais elementares direitos dos cidadãos sem terem meios, autoridade e capacidade funcional para agirem em nome da sociedade, em prol do bem comum.
Eis alguns exemplos, ... - que demonstram que, hoje, é o Estado (desgoverno) que anda a "partir os ossos" aos portugueses, precisamente porque se desvaneceu qualquer noção dos limites do que é o estado de direito, do valor das normais inscritas na Constituição da República Portuguesa e pelo facto, não menos grave, de o aparelho de Estado ter sido literalmente assaltado por pessoas sem carácter, que praticam a evasão contributiva e fiscal e são técnica e politicamente impreparadas para desempenharem cabalmente as funções que lhes foram confiadas pela maioria do povo português em sede de eleições.
Vendo bem as coisas, desde 1920 - os tempos mudaram, mas os métodos passaram da agressão física à arbitrariedade e ao esbulho fiscal, que é uma outra forma de matar as pessoas e a esperança que possam ter no futuro.
O mais estranho é que tudo isto hoje é realizado com a maior normalidade sob as barbas do Estado e com o incentivo pró-activo da parte do sr. Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (respaldado pela Min.Fin. e o ainda PM) - que pressiona os funcionários do fisco, muitos dos quais são competentes e dão o seu melhor, a intensificarem o número de penhoras - de forma cega - às pessoas, às famílias e às empresas portuguesas.
Esta é a realidade trágica a que chegámos. Sem que o PR, o MP, os tribunais em geral possam fazer algo para evitar este literal esmagamento do cidadão por parte do Estado-ladrão, criminoso e inimputável que fomos alimentando na última década.
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Cerca de 9 mil funcionários do fisco terão direito a um bónus* em função dos montantes de cobrança coerciva alcançados. (* 61,4 milhões em prémios)
Quase 4 anos de mandato, com dura austeridade, para este quase- suicídio colectivo; tanta alegada reforma do Estado para isto; o Estado vai antecipar o pagamento dos 15MM€ a FMI (com receita arrecadada através do esbulho de salários e pensões dos portugueses e não por intermédio do crescimento e da competitividade da economia portuguesa) para isto; tanta insolvência, destruição dos circuitos médios da economia e consequente dissolução da classe média, desertificação do interior do país, mais pobreza, mais desemprego, mais injustiças sociais...
"Estamos a pedir sacrifícios aos cidadãos, aos pais, para aceitarem salários mais baixos, impostos mais altos e menos serviços. E para quê? Para salvar os bancos. E os filhos estão desempregados. Se não mudarmos isso, se não voltarmos a um tratamento igualitário e justo, as promessas feitas pela Europa não serão cumpridas", disse Martin Schulz (presidente do Parlamento Europeu) na conferência 'Um novo começo para o diálogo social'.
... "Preocupa-me que as pessoas sejam incitadas para que se odeiem, ainda que sejam todas vítimas da crise financeira. ...
Potugalândia
Porquê este privilégio para procuradores e juízes ?
E nas carreiras 'especialíssimas' das finanças, diplomática, etc ?
Funcionários públicos das carreiras gerais iguais aos demais ?
Porquê o luxo e mordomias de deputados e governantes ?
O que têm os portugueses a dizer a isto ?
Acham que há Justiça e Democracia em Portugal ?!
Se os políticos e os ricos que os compram nunca vão para o xadrez ? !!!
e dizem que ainda querem a «regionalização» do continente, i.e. mais 5 governos, parlamentos e administrações, aquisições de bens e serviços, burocracia, caciquismo, ... a fazer mais me.... ?!! vão ...
Hino aos ajustes directos (e à opacidade, nepotismo, corrupção, incompetência, ...)
Não é tão disparatado quanto isso (-por josé simões, DerTerrorist)
Antes era assim (gangs, intolerância, crime organizado, ... - porque o Estado sob desgoverno neoliberal se demitiu das suas funções). Não foi porque lhe apeteceu que Romain Gravas filmou assim o clip dos Justice. Antes era assim. Depois vieram os muçulmanos e com eles veio o Islão e ofereceram segurança às pessoas nas ruas. Onde o Estado se tinha demitido. Também acontece em Inglaterra, em Birmingham e nalgumas zonas de Londres, por exemplo. Onde o Estado se demitiu. O mais curioso é que alguns dos que "entram no clip dos Justice" patrulham agora as ruas, em milícias em defesa da segurança pública, com a guarda de Alá. Porque o Estado se demitiu e não cuidou dos seus cidadãos. Depois de 1789. Aqui o Estado também se demite mas de uma forma mais simpática. É desmantelado em favor (das privatizações, das 'reformas estruturais' e da Adm.Pública, da austeridade, ... e) da conversa da treta da implantação no terreno e da proximidade com as pessoas das IPSS, controladas pela Igreja Católica. Deus também é grande. Aqui. Onde o Estado se demite.
Apesar de aproximadamente 99% da população mundial não ter condições para contratar um profissional do lobby*, existe sempre aquele 1% (muito ricos) disposto a financiar um Miguel Relvas pelos mais variados motivos. Quer sacar fundos europeus para seu benefício? Crie uma ONG de fachada e contrate um “abridor” de portas num dos partidos do arco do poder/ centrão (o modelo Passos Coelho já provou ser altamente eficiente). Quer controlar um país no quintal do seu arqui-inimigo? Contrate um Poroshenko, encomende um vídeo emotivo com uma menina bonita e a extrema-direita fará o resto. O dono do quintal zangou-se e a coisa evoluiu para sanções que prejudicaram a sua empresa? Contrate dois senadores norte-americanos na reserva e eles resolvem por si em Washington. Dirige um regime autoritário oficial com inclinação para o anti-semitismo? Não há problema: contrate você também um antigo senador norte-americano para que ele defenda os seus direitos junto do centro do império. Ele era activista anti-anti-semita e o seu novo emprego poderá causar constrangimentos? Também não há problema. (Almost ) No one cares !
Bem vindo ao admirável mundo do lobby. Seja corrupto, prejudique milhões, contribua para a morte de outros tantos ou simplesmente ajude a destruir a sua economia. É fácil e ainda se habilita a chegar a primeiro-ministro ou presidente da república.
--------- *- o que é fazer 'lóbi'/ lobby (lobbying, lobbyist) ? (o termo vem do inglês: local de recepção, antecâmara, corredor ou sala de um palácio ... onde se conversa e se conciliam/acordam posições antes de se chegar ao local oficial de decisão).
A actividade de 'lobby' vai desde o tentar chamar de atenção para uma determinada situação, o tentar convencer/ influenciar e/ou "pressionar" até ao obrigar uma pessoa decisora ou representante de uma autoridade pública para que a sua decisão favoreça (ou não penalize) uma pessoa, negócio ou actividade, seja de empresa própria ou de quem lhe encomendou/contratou o serviço de lobbying - é a ponta do 'iceberg' que procura controlar o poder.
O 'lobby' pode ser actividade legal (USA,...) ou ilegal (Portugal, U.E.,...), feita por uma pessoa (seja técnico ou ex-político com bons contactos e/ou 'prestígio'), por uma empresa (especializada ou mista de consultoria jurídica, fiscal, financeira, política, técnica, ... e de comunicação social) ou até por uma ONG/ associação (com ou "sem fins lucrativos", defensora dos interesses dos seus associados/ membros ou de um determinado sector).
O 'lobby', em regra, é feito de forma pouco transparente, disfarçada de encontros informais, conferências, artigos de opinião/propaganda, notícias/'spin', comentários nas TVs (e jornais, net), pareceres, inquéritos ou estudos ('universitários', 'científicos' ou 'técnicos', geralmente enviesados/ deturpados/ falaciosos para levar a concluir o que o 'encomendante' pretende), acompanhada com 'prendas', subornos, 'luvas', (promessas e futuros) empregos ou cargos bem remunerados (para a pessoa a corromper ou para seus familiares) ou até ameaças (físicas directas ou indirectas, pessoais, judiciais, laborais ou 'morais') e atentados (camuflados de acidentes) àqueles que não querem ceder ao poder do dinheiro.
«Não sou Ateniense nem Grego mas Cidadão do Mundo» - SÓCRATES.
Quanto ao outro e ao resto da boiada ... bla bla bla ...
... presunção de inocência e perigo, provas, segue-o-dinheiro, segredo de justiça e media, spin, fugas de informação e fugas ao fisco, sociedades de advogados, contabilidades criativas, economices, legalices, lobies de multinacionais, privatizações, concursos, adjudicações, contratos, rendas e PPP, bancos e bangsters, ... bla bla...
... escreventes-comentadores avençados, cabala, contra-ataque, campanha, timming, vistos gold, meninos d'ouro, submarinos, monte branco, BES poderoso, BPN, BdP, CMVM, Finanças, Governo, PSD, CDS, PS, centrão de interesses, arco da governação, ... bla bla bla...
... offshores, união europeia, comissão eur., conselho eur., euro, tratado europeu, tratado euro-usa (TTIP), comércio livre, globalização, desregulação, flexização, neo-liberalismo, estado-mínimo, estado-capturado, 'soberania', 'justiça', 'liberdade', 'democracia', 'nacional', ... bla bla ...
... 'mérito', 'competência', 'confiança política', 'liderança', 'empreendedorismo', 'competitividade', 'produtividade', 'eficiência, 'eficaz', 'novilíngua' da quinta dos porcos ... bla bla bla...
... abstenção, alienação, jotas, barões e carneirada, bajulação, cunhas e nepotismo, tráfico de influências, luvas, corrupção, mafiosos, falta transparência, interesses obscuros, negócios ... bla bla bla ...
... alternativas, cidadania.
No âmbito do Lisbon & Estoril Film Festival esteve entre nós o juiz espanhol Baltazar Garzón, actualmente suspenso das suas funções por ter ordenado escutas no caso Gürtel, que envolve figuras ligadas ao PP. Deu uma entrevista ao Diário de Notícias (DN), em que falou da situação de Julian Assange (da WikiLeaks), refugiado na embaixada do Equador em Londres há dois anos, e sobre os crimes do franquismo, a consulta /referendo na Catalunha, a emergência do partido PODEMOS, e a corrupção em Espanha. Referiu questões de extrema importância, como o facto de que a crise económica tornou mais evidente a impunidade de certas pessoas envolvidas em casos de corrupção, e que esta vinha de trás, desde os tempos do franquismo.
Foi-nos dito ainda que Garzón, falando para uma cadeia de televisão chamou a atenção para a gravidade de se votar em pessoas corruptas, quando ocorrem eleições. Também entre nós existem casos de eleição de indivíduos, reconhecidamente corruptos, que são eleitos e reeleitos por boa margem, para cargos que nunca deveriam ocupar. Garzón referiu ainda na entrevista ao DN que a corrupção provoca grande desigualdade entre as pessoas. Todos nós conhecemos casos desses. As situações que vão sendo conhecidas em relação ao BES ou ao BPN, ou aos Vistos Gold, não são as primeiras do tipo. Os seus antecedentes vêm muito de trás, são seculares. É bom qua a Justiça se ocupe dessas situações. Mas se queremos ultrapassar os problemas que continuam a causar, temos de ir à raiz, não nos limitarmos a aflorar algumas manifestações.
Questionado sobre se os vários casos de corrupção que têm aparecido em Espanha afetam a imagem do país, Garzón responde, sem hesitar, que sim. "Sim, claro que sim. Isto é a consequência de, durante muitos anos, não se ter feito o que se tinha que fazer. Em geral. Pontualmente houve investigações, como o Gürtel, que começou em 2008, e outras. Mas a procrastinação (adiamento sucessivo) é uma das razões pela qual a cidadania está desamparada. Coincidiram, no tempo, sucessivos casos de corrupção, com a crise económica e uma rejeição de um modelo de participação política que está caduco. E os cidadãos exigiram uma transparência que antes não era entendida como uma necessidade", declarou o jurista, que em 2012 foi suspenso de exercer a profissão de juiz em Espanha durante 11 anos por ter ordenado escutas entre arguidos do Gürtel [caso de corrupção que envolve sobretudo figuras ligadas ao Partido Popular] e os seus advogados.
Sobre se a crise económica que abalou Espanha acabou com a impunidade de certas pessoas envolvidas em casos de corrupção, refere que, "a crise colocou-a em evidência". Para em seguida afirmar que "a impunidade em Espanha vem muito de trás, vem desde o franquismo". E prossegue: "Durante muito tempo, a sociedade também, não é que aceitasse a corrupção, mas não fazia caso da corrupção. Não era uma prioridade. Como disse há pouco, era o terrorismo, eram outras urgências. A impunidade e a corrupção são dois aliados permanentes para que a agressão aos direitos humanos seja constante nalguns âmbitos. Sobretudo no direito dos cidadãos a uma igualdade. A corrupção, essencialmente, o que produz é uma profunda desigualdade", refere o homem que combateu a ETA, ilegalizou o Batasuna, investigou o ex-autarca de Marbella Jesus Gíl por corrupção e mandou deter o ditador chileno Augusto Pinochet em Londres em 1998.
No mesmo dia em que Pablo Iglesias se consagrou como secretário-geral do Podemos, novo partido espanhol em ascensão nas sondagens, Garzón diz que a indignação com a crise e a corrupção "é um dos fatores" que tem alimentado o fenómeno. "Mas a razão do aparecimento do Podemos e o triunfo aparente, neste momento, dessa linha política, é uma crise profunda da participação política, do modelo político em Espanha e noutros países. A participação clássica, em que a cada quatro anos vamos às urnas e, a partir daí, o que acontece na vida pública não é da nossa responsabilidade, como cidadãos, mas dos políticos que nos representam, acabou-se", alerta.
LEIA A ENTREVISTA e veja o vídeo NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO IMPRESSA OU E-PAPER DO DN:
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