Terça-feira, 10.12.13

As razões de UMA PROVA SEM RAZÃO    (-por pestanandre, 9/12/2013, 5Dias)

Crato9

A chamada prova de avaliação de conhecimentos e competências (PACC) dos professores contratados já muita tinta fez correr e promete não parar por aqui. A dificuldade do Ministro Nuno Crato em justificar esta prova culmina na falta de apoio claro a esta mesmo de alguns “fazedores de opinião” da área do poder. Mas afinal porque os professores são contra a PACC?

1)      Os professores apesar da propaganda do ministério da educação já foram avaliados científica e pedagogicamente quando realizaram a sua licenciatura, pós-graduação, especialização, mestrado ou doutoramento que por sua vez foram certificados pelo próprio Ministério da Educação;

2)      A esmagadora maioria já fez estágio profissional ou profissionalização em serviço;

3)      Já frequentaram formações contínuas creditadas ou não creditadas;

4)      Os colocados nas escolas já são avaliados anualmente de acordo com o previsto no Estatuto da Carreira docente;

5)      Já foram ou são professores contratados, alguns com mais de 5, 10 ou 15 anos de serviço;

6)      Não garante o acesso à carreira mas pode vedar a possibilidade de concorrerem;

7)      Não está prevista na lei de bases do sistema educativo;

8)      Uma lei não pode ser retroativa.

Se as razões dos professores contra a prova são claras, quais as razões (na perspectiva do ministro Crato/governo) a favor desta prova?   As verdadeiras razões desta prova:

     Areia para os olhos : Esta prova tenta desprestigiar totalmente a imagem de toda a classe docente (o maior sector da função pública) o que tem vantagens evidentes para quem pretende continuar a baixar os salários e a despedir nos serviços públicos. Quanto pior imagem social tiver a classe docente mais facilmente, este governo, poderá continuar a tirar milhões às Escolas Públicas para dar aos colégios privados (e a opinião pública estará mais distraída com “outros” assuntos). Verdadeiramente é uma tentativa do Ministro Crato lançar “areia para os olhos” das pessoas.

     Dividir para reinar: A vitória dos professores no passado verão (que levou o Ministro Gaspar a pedir a demissão e uma reprimenda ao governo por parte do FMI) teria sido muito mais difícil se esta classe estivesse mais desunida. Ao pretender “avaliar” apenas os professores contratados (este ano os com menos de 5 anos de serviço, para o ano todos os contratados) e prometendo pagar aos professores efectivos 3 euros por prova corrigida, fomenta a divisão no seio desta classe. Esta tentativa de divisão foi intensificada ainda mais no acordo de 2 dezembro com a FNE, tentando dividir os contratados com 5 ou mais tempo de serviço com os outros contratados.

     Adulterar os números do desemprego docente: Este governo já mandou a juventude emigrar. No entanto apesar de muitos terem emigrado a maioria ainda continua por cá, levando a estatísticas muito pouco abonatórias para este governo, nomeadamente as dezenas de milhar de professores desempregados. Com esta prova, o governo poderá a curto/médio prazo dizer que “afinal” o número de professores desempregados é menor porque eventualmente só será considerado professor quem passou esta prova.

     “Poupar” mais uns milhões para dar aos privados : Possivelmente, além do dinheiro que os professores são obrigados a pagar para realizar a prova, os docentes que “chumbarem” nesta prova poderão ver em risco o seu direito a prestações sociais (ex: subsídio desemprego) e/ou poderão ter que fazer uma espécie de “minicurso de recuperação” pagando taxas elevadas às Instituições de Ensino Superior Público ou Privadas (o que poderia explicar o silêncio ensurdecedor dos Reitores nesta questão, quando esta prova questiona totalmente a valência de dezenas de cursos do ramo educacional). Um verdadeiro “Robin dos Bosques” mas ao contrário: tirar aos que menos têm para dar aos mais ricos.

      O que fez recuar o Crato? : A classe docente no passado dia 27 novembro em Lisboa (quando 200 professores à revelia dos dirigentes sindicais tentaram invadir o Ministério da Educação) e sobretudo no dia 30 de novembro no Porto (quando mais de 1000 professores, uma vez mais à revelia dos dirigentes sindicais, saíram da Praça dos Leões que nem uns leões contra a prova e pela Escola Pública invadindo as ruas e estradas da cidade Invicta) demonstrou ao Ministro Crato que esta luta estava a ficar “fora do controlo” das formas de luta tradicionais e rotineiras (comícios de dirigentes e música alta à mistura sem direito à voz e decisão aos manifestantes). Assim, o Ministro Crato teve que recuar parcialmente (retirar a obrigatoriedade da prova este ano para contratados com 5 ou mais anos de serviço) para tentar desmobilizar a classe docente, tendo como cúmplice deste estratagema vil, a FNE. Mas com tamanha confusão de avanços e recuos e cada vez mais criticado mesmo nos media, fica cada vez mais evidente que este Ministro Crato está fragilizado (senão porque nem sequer compareceu no parlamento dia 5 dezembro durante a discussão da PACC?!). Ele sabe que o seu destino pode terminar como o amigo Relvas e Gaspar… De facto, como os professores gritaram dia 5 dezembro à frente do parlamento: “basta um empurrão e o Crato vai ao chão!”. Não podemos é parar ou acalmar a luta agora dando-lhe um “balão de oxigénio” para ele poder eventualmente recuperar (como infelizmente aconteceu em finais de Novembro de 2008 com a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues).

     O que poderá fazer a prova e o Crato cair? : Nesta fase, a sobrevivência política do Ministro Crato é indissociável do destino desta prova ignóbil. Dificilmente o Ministro irá resistir se no próximo dia 18, em vez de esperarmos passivamente que os colegas efectivos vigilantes façam greve, estivermos todos juntos, por exemplo em cordões humanos, à entrada das principais escolas onde se prevê que se realize esta prova.

     Professores de base em pelo menos 11 cidades do país, já estão a realizar reuniões de preparação do Boicote&Cerco à prova esta quinta, dia 12 dezembro, às 21h (em Braga, Guimarães, Porto, Viseu, Aveiro, Figueira da Foz, Coimbra, Lisboa, Almada, Évora e Faro): https://www.facebook.com/events/183018931901485/183037361899642/?notif_t=event_mall_comment

     Mas isso seria muito mais potenciado, se os sindicatos convocassem a greve de dia 18 de dezembro para todo o serviço nas escolas e não apenas para a vigilância à prova. Isto iria permitir um aumento do número de colegas presentes nos cordões humanos à volta das escolas (já que muitos colegas já foram chamados para reuniões e outros serviços nas escolas para dia 18 dezembro, que só poderão faltar ao abrigo da greve) e na prática iria dificultar muito a realização desta prova a nível nacional.

     Esperemos que os sindicatos não queiram, à última hora, fazer apenas simbólicos cordões humanos “para a fotografia” mas em que o número de professores da base é muito aquém das potencialidades e das necessidades porque simplesmente nenhum sindicato ousou criar condições para isso (convocando greve para todo o serviço no dia 18 dezembro).

      Na manifestação do Porto ficou evidente que as formas de luta mais ousadas afinal juntam mais forças do que as lutas tradicionais de há 20 ou 30 anos. Que rapidamente os carros de som dos sindicatos (que estão parados algures) comecem a percorrer as ruas das nossas principais cidades a explicar e a mobilizar professores e toda a sociedade para dia 18 dezembro estarmos todos juntos à entrada das escolas. Vivemos tempos em que é preciso ousar para ganhar. Os professores de base, sem qualquer apoio dos sindicatos, estão a demonstrar que sabem ousar, que os sindicatos juntem forças e derrotemos juntos esta prova que pretende humilhar todos os professores.

      A.P. - Professor contratado desempregado com mais de 5 anos de serviço

Nota: A primeira parte deste artigo (as razões dos professores para serem contra a prova) foi adaptado do comunicado do movimento de professores contra a prova e pela escola pública.



Publicado por Xa2 às 19:29 | link do post | comentar | comentários (1)

Sábado, 15.06.13

       O que está Em Causa na Greve dos Professores     (-por J. Pacheco Pereira, 13/6/2013, Abrupto)

O que está em causa para o governo na greve dos professores   é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos sem direitos nem justificações, a aplicar ao sector.

   É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.

Há mesmo em curso uma tentação de cópia do thatcherismo, à portuguesa.
(...)
           A  Greve dos Professores  e os  “Nacional-tótós”      (-por Francisco)

942840_562751650434297_623622819_n

     A greve dos professores convocada para dias de exame tem dado que falar. Uma das principais razões prende-se com o facto desta greve não ser apenas um ritual simbólico. Pelo contrário, esta greve causa um considerável impacto no terreno e afecta no concreto a vida de muita gente e o funcionamento das escolas. É assim mesmo que deve ser.

     Acontece que o governo e seus lacaios têm movido uma campanha demagógica em que se acusam os sindicatos e os grevistas de “maltratarem as criancinhas”… É fantástico ver essa corja a guinchar por tudo quanto é canto e a rasgar as vestes “pelas pobres criancinhas que estão a ser tão atacadas, usadas e maltratadas por esses malfeitores dos sindicatos”.

     Um governo de sociopatas que tem destruído a escola pública e os serviços públicos, que tem arrasado a economia e a sociedade portuguesa. Um governo responsável pela desestruturação de um número enorme de famílias, por via do desemprego, das falências galopantes ou da emigração forçada

    Um governo que irá prosseguir com todos os ataques e pretende permanecer no seu rumo. Um governo reiteradamente fora-da-lei, como agora mais uma vez se vê com o não pagamento dos subsídios. Um governo responsável pelo aumento da pobreza e fome infantil. Ora, esse mesmo governo e seus lacaios, ousa agora acusar os sindicatos de atacar “as criançinhas”…

    Obviamente que o governo e seus lacaios estão-se a marimbar para a sorte das “criancinhas”, o problema deles é outro. A questão é que aqui está uma luta e um sector onde se pode organizar alguma resistência efectiva às suas políticas. Que certos fascistas-no-armário sigam a retórica governamental, nem outra coisa se esperaria. Pena é que certos sectores que se dizem contra o governo alinhem nesta demagogia… Um exemplo destas atitudes, que denomino de “Nacional-tótó”, pode ser encontrada aqui: “Por muito que discorde deste governo, neste caso concordo com Nuno Crato e com Passos Coelho.”

    Assim é o “Nacional-tótó”, diz que é contra o governo, mas opõe-se a formas de luta que ponham em causa o governo. Diz que a greve é um direito, mas se a luta for para lá do simbólico é logo uma “irresponsabilidade”. Por vezes o “nacional-tótó” até afirma que este é um governo fora-da-lei, chega ao ponto de dizer que “Professores e outros funcionários públicos, os cidadãos em geral, têm muitíssimas razões para fazerem greve, geral total e absoluta.“. Mas agir em conformidade com essas declarações, tá quieto… Ou seja, no abstracto o “nacional-tótó” é a favor de greves totais e absolutas, é de um radicalidade extrema, mas quando é confrontado no concreto com uma luta que causa alguma perturbação, por mínima que seja, põe-se logo do lado do status quo… A tod@s @s nacionais-tótós que andam por aí, para esta questão da greve dos professores, aconselho vivamente estes dois textos do Pacheco Pereira: o que convém lembrar sobre as greves e aqui.

     A importância desta greve, e do seu sucesso, ainda mais reforçada é quando o governo pretende usar este pretexto para mudar a lei da greve. A greve é para ser meramente simbólica, sem qualquer valor prático, sem substância. Isto é de resto o que este governo+presidente pretendem para a Democracia em Portugal, em aliança objectiva com os “Nacional-tótós” de serviço.

944352_343898215739982_344230199_n



Publicado por Xa2 às 07:33 | link do post | comentar | comentários (6)

Sexta-feira, 14.06.13

             Manifesto :   Obrigado,  professores       (-por Sérgio Lavos)

    "Sem educação não há país que ande para a frente.   E é para trás que andamos quando o governo decide aumentar o número de alunos por turma, despedir milhares de professores e desumanizar as escolas, desbaratando os avanços nas qualificações que o país conheceu nas últimas décadas. Não satisfeito, continua a sua cruzada contra a escola pública. Ameaça com mais despedimentos e com o aumento do horário de trabalho dos que ficam.

      Ao atacar os professores o governo torna os alunos reféns.   Com menos apoios educativos e menos recursos para fazer face à diversidade de estudantes, é a escola pública que sai enfraquecida. Querem encaixotar os alunos em turmas cada vez maiores com docentes cada vez mais desmotivados.  Cortam nas disciplinas de formação cívica e do ensino artístico e tecnológico, negando aos jovens todos os horizontes possíveis.

     Os professores estão em greve pela qualidade da escola pública e em nome dos alunos e das suas famílias.   Porque sabem que baixar os braços é pactuar com a degradação da escola. (e do Trabalho e do País)    Os professores fazem greve porque querem devolver as asas aos seus alunos que o governo entretanto roubou. Esta greve é por isso justa e necessária. É um murro na mesa de quem está farto de ser enganado. É um murro na mesa para defender um bem público cada vez mais ameaçado.

      Por isso, estamos solidários.  Apoiamos a greve dos professores em nome de uma escola para todos e onde todos cabem. Em nome de um país mais informado e qualificado, em nome das crianças que merecem um ensino de qualidade e toda a disponibilidade de quem sempre esteve com elas. É preciso libertar a escola pública do sequestro imposto pelo governo e pela troika. Aos professores dizemos “obrigado!” por defenderem um direito que é de todos.

                Subscritores:   ...   ...  ... (artistas, escritores, ... + alunos e pais de alunos 'afectados' pela greve + eu, cidadão deste país).

Entretanto, o comité arbitral deu razão aos professores, realçando o facto de o pedido de serviços mínimos feito pelo Governo pôr em causa o direito à greve. Felizmente, ainda vivemos num Estado de Direito, numa democracia, e a greve pode ser feita quando os trabalhadores querem, não quando é conveniente para o Governo ou para a entidade patronal. 
               Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros...  
 O discurso do Governo e dos seus apoiantes sobre a greve dos professores e o suposto prejuízo dos alunos é das coisas mais hipocritamente revoltantes a que temos assistido nos últimos tempos. Esta nota, escrita por uma aluna do 12.º ano, Inês Gonçalves, no Facebook, é uma resposta à altura:

     "Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.

Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…

    Ando há 12 anos na escola, na escola pública.

    Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.

    As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.

    Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!

    Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!

    Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?

    Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas? 

    Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?

    Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?

    Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?

    Não somos reféns nessa altura?               

    E  a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?

    Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!

    Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!

    De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!

    E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!

    Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco*    - Inês Gonçalves"



Publicado por Xa2 às 19:03 | link do post | comentar | comentários (3)

Quarta-feira, 15.05.13

               Dos  sacrifícios  e  de  outras  fraudes   (-por João Rodrigues)

  Realmente, todos têm de fazer sacrifícios, em especial esse génio da gestão global que se chama António Mexia: os presidentes executivos do PSI-20 receberam em 2012 mais de 15 milhões de euros, um aumento de 6% face ao ano anterior (mais 4,9%, em média, para os membros de 19 comissões executivas do PSI-20).
     Quando também sabemos que as remunerações médias dos trabalhadores portugueses caíram, entre reduções salariais e perdas de emprego, 7,2%, enquanto que os rendimentos dos activos registaram um comportamento quase simétrico, confirma-se o que dizia o grande economista John Kenneth Galbraith:    “Para muitos, e em especial para os que têm voz política, dinheiro e influência, uma depressão ou uma recessão está longe de ser penosa (é até bem lucrativa).  Ninguém pode confessar isto abertamente; em certas coisas há que ser discreto, mesmo do que revelamos de nós próprios”.
     Confirmam-se também outras ideias de Galbraith:    atrás da fraude do “mercado livre” esconde-se a realidade da grande empresa capitalista e das suas estruturas de poder;   estas estruturas, em especial quando estão associadas à fraqueza dos freios estatais e dos contrapesos sindicais, explicam os rendimentos de quem está no topo da cadeia alimentar e não um suposto mérito que, vá lá perceber-se porquê, costuma ser confundido com os montantes arrecadados.
     José Reis, no âmbito de mais um ciclo organizado por estudantes de economia, irá discutir, esta quinta-feira, o pensamento de John Kenneth Galbraith.
-------
         Ainda os gráficos mentirosos de Marques Mendes  (-por Sérgio Lavos)

Alexandre H. Cristo, do CDS-PP, especialista em educação (com o qual muitas vezes discordo) e blogger do Insurgente, denuncia a manipulação de Marques Mendes de há duas semanas. Haja na direita alguém com decência e paciência para desmontar estas mistificações:

      ...  Recorrendo a um conjunto de dados estatísticos, Marques Mendes verificou que o número de professores duplicou entre 1980-2010 e que, no mesmo período, o número de alunos matriculados no 1.o ciclo do ensino básico caiu para metade. Verificando esse contraciclo, concluiu que há professores a mais no sistema. O seu raciocínio está errado.
     Não se pode comparar o sistema educativo português em 1980 com o de 2010. É que, entretanto, houve dois alargamentos da escolaridade obrigatória. Não é coisa pouca. Em 1986, a escolaridade mínima obrigatória passou para o 9.o ano e, mais recentemente, passou para o 12.o ano (18 anos). As implicações são tremendas. Desde logo, os alunos passam mais anos a estudar, e em ciclos de estudos diferentes, pelo que é normal que sejam necessários mais professores nos ciclos que, antes do alargamento da escolaridade, a maioria dos alunos não frequentava. Depois, a partir do 2.o ciclo do ensino básico, os alunos passam a ter vários professores (um por disciplina), o que faz naturalmente aumentar o número de professores.

     Ainda não é legítimo comparar o número de alunos do 1.o ciclo com o número total de professores no sistema educativo. Não se pode comparar uma parte com o todo. Entre 1980-2010, no 1.o ciclo, é certo que diminuiu o número de alunos mas, se olharmos para o número de professores nesse ciclo, notamos que também diminuiu em 19%. Convenhamos que é muito diferente de um aumento de 50%.

     O exercício não é inédito. Mas, feito por um dos principais líderes de opinião, o facto assume particular gravidade, pela legitimidade que atribui a esta argumentação errónea. E, claro, pelo potencial de influência que o ex-líder do PSD tem nos corredores do poder.

     2. Foquemo-nos no que realmente importa: há professores a mais no sistema educativo? É verdade que o sistema educativo viveu muitos anos num desfasamento, não fazendo corresponder a queda do número de alunos com a evolução do número de professores. Mas é também claro que esse desfasamento tem vindo a ser corrigido.

     Primeiro, há cada vez menos professores nos quadros. No ano lectivo 2007/2008, no ensino básico e secundário, havia 110 mil, enquanto no ano lectivo 2010/2011 já só havia 96 mil (fonte: DGEEC). Em apenas 3 anos, diminuiu em 14 mil (13%), sobretudo devido a aposentações. De resto, entre funcionários e professores do quadro, a corrida às aposentações tem sido uma realidade desde 2006: aposentaram-se quase 28 mil no Ministério da Educação, entre 2006-2013 (fonte: “Diário da República”), e só para este ano estão ainda 6 mil em lista de espera para a reforma.

     Segundo, há cada vez menos professores contratados. É sabido, pois foi amplamente mediatizado, que o início do ano lectivo ficou marcado por uma acentuada diminuição do número de professores contratados. Não há ainda dados oficiais. Mas na Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP, 13 Fevereiro 2013) é possível observar, entre Dezembro de 2011 e Dezembro de 2012, uma queda abrupta de funcionários no Ministério da Educação. Ou seja, num ano apenas, saíram 15 475 funcionários (a esmagadora maioria são professores contratados). A expectativa é de que a tendência se mantenha.

     Assim, somando os referidos dados, é inevitável constatar que o ajustamento está a ser feito. Mantendo o rumo, o desequilíbrio do sistema educativo ficará resolvido. Havia professores a mais. Está a deixar de haver. Abandone-se, portanto, essa retórica.

     3. Daqui surgem duas conclusões. A primeira, óbvia, é que continuar a diminuir o número de professores, como se nada tivesse acontecido desde 2011, é um erro que pode pôr em causa o funcionamento do sistema educativo. A segunda é que, com o ajustamento em curso, a pergunta que importa passa a ser outra: como agilizar os sistemas de contratação e de colocação de professores, para evitar os horários zero (e consequente mobilidade especial)? O desafio está em flexibilizar o sistema, para que um professor que faz falta numa escola não fique preso a uma outra onde não faz falta. Há muitos caminhos para o fazer – preparar o futuro passa por discuti-los."



Publicado por Xa2 às 19:45 | link do post | comentar

Segunda-feira, 28.01.13
Professores.   .  [Lusa, 28-01-2013]
   Professores de várias gerações de todo o país pediram, em Lisboa, a demissão do ministro da Educação. Segundo números avançados pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mais de 40 mil professores participaram na manifestação.  No desfile entre a praça Marquês de Pombal e o Rossio, as palavras de ordem mais ouvidas foram "Crato para a rua, a escola não é tua", "Com este Governo andamos para trás" e "Um governo sem razão não faz falta à educação".
   Com uma bandeira preta onde se lê "Professores em luto", Ana Sanches, docente há 30 anos, disse à Lusa que o ministro da Educação, Nuno Crato, devia ir para a rua porque "está a destruir neste momento a escola pública", sendo esse o motivo por que participa na manifestação. Na opinião desta professora, o ensino "nunca esteve tão mal como está agora".
   Apesar de a manifestação ter sido convocada pela Fenprof, participaram no protesto muitos professores não sindicalizados.
   Ana Mercedes, professora há 23 anos, levou um cartaz onde escreveu "Está visto e ouvisto, é mesmo preciso a escola", ironizando com o que considera o mau domínio da língua pelo ministro Miguel Relvas e salientou que "não basta ser português, é preciso também saber falar a língua".  Esta professora da Costa da Caparica condena o agrupamento das escolas, que considera colocar o trabalho dos professores em risco, e explica ter aderido à manifestação para defender a educação em Portugal.
   Com um cartaz onde se lê "Socorro sou um professor", Pedro Ferreira trouxe também à manifestação a filha, que transportava também um cartaz referindo "Socorro sou filha de um professor".    Docente há mais de 20 anos, Pedro Sequeira queixou-se do número de horas que tem de passar na escola, a maior parte dessas horas extracurriculares, e lembra que ganha 1.400 euros, mas que na passada quinta-feira passou mais de 12 horas na escola.
    A manifestação foi organizada pela Fenprof com o objetivo de defender a escola pública, a profissão de professor e a qualidade do ensino.
O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, anunciou hoje que o sindicato vai levar entre 18 e 22 de fevereiro os protestos sobre o setor às escolas.  "Vamos cobrir de luto as escolas. Estamos de luto por aquilo que estão a fazer ao país", disse no seu discurso de encerramento da manifestação de hoje dos professores em Lisboa que, segundo a organização, juntou mais de 40 mil docentes.
   O ex-líder da CGTP, Carvalho da Silva, marcou presença durante as intervenções do atual secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos, e do secretário-geral da Fenprof.   Mário Nogueira disse ainda querer reunir-se com o ministro da Educação, Nuno Crato, referindo que o governante "não pode continuar a fingir que não existe".  Durante a sua intervenção, que durou cerca de 40 minutos, Mário Nogueira disse também que os professores vão juntar-se a um protesto da CGTP marcado para 16 de fevereiro em todas as capitais de distrito e nas regiões autónomas.
   A Fenprof anunciou ainda que vai promover uma petição nacional em defesa das funções sociais do Estado. O sindicato vai ainda lançar uma campanha nacional a defender a escola pública em todo o país.  Durante o seu discurso, Mário Nogueira disse rejeitar que os professores sejam afastados dos seus lugares, lembrando que todos os que estão a trabalhar nas escolas são qualificados e com formação.
   "Diz a história do nosso país que os portugueses que foram os grandes portugueses deste país foram sempre por mérito absoluto e nunca por equivalência", afirmou.
    O secretário-geral dos Sindicato dos Professores de Buenos Aires, o argentino Roberto Baradel, marcou presença na manifestação e chegou a fazer uma curta intervenção antes de Arménio Carlos falar.  Em declarações à Lusa, o sindicalista explicou que estava solidário com a ação de luta da Fenprof, uma vez que a Argentina já passou por uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Venho acompanhar a luta dos trabalhadores da educação de Portugal, prestar solidariedade, para que a luta seja a nossa luta", disse.
    Questionado sobre a experiência da intervenção do FMI na Argentina, Roberto Baradel disse que foi "muito má", e que na altura se registou taxas de desemprego na ordem dos 30%.  "Quando o FMI se foi embora surgiu mais trabalho, mais educação e mais saúde", declarou.
    "O FMI não beneficia o povo e os trabalhadores, beneficia os capitalistas e os bancos", afirmou o sindicalista argentino, defendendo uma política de expansão, em detrimento da austeridade.
-----
«Ninguém vos pode dar a Liberdade.
Ninguém vos pode dar Igualdade ou Justiça ou qualquer coisa.
Se és Cidadã/o, Luta para as obter e manter. ! »
(-adaptado de Malcolm X speaks., via 5dias.net)


Publicado por Xa2 às 18:13 | link do post | comentar | comentários (5)

Sexta-feira, 14.01.11

Naqueles longínquos anos 80 o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na Universidade Nova de Lisboa. Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara (recorde-se que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.) cedo levaram a que fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade Católica.

Ora, embora esta acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse suscitado dúvidas ou sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é que, pelos vistos, ela se revelou excessivamente onerosa para o Prof. Cavaco Silva.

Como é natural, as faltas às aulas – obviamente às aulas da Universidade Nova – começaram a suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os órgãos directivos da Universidade.

A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da Universidade Nova, na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que não instaurar ao Prof. Aníbal Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu despedimento por acumulação de faltas injustificadas.

Instruído o processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo devidamente encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de ver, competia uma decisão definitiva sobre o assunto.

Na ocasião era ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro. Ora, o que é facto é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal Cavaco Silva, e que conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de docente da Universidade Nova, foi andando aos tropeções, de serviço em serviço e de corredor em corredor, pelos confins do Ministério da Educação.

Até que, ninguém sabe bem como nem porquê… desapareceu sem deixar rasto… E até ao dia de hoje nunca mais apareceu.

Dos intervenientes desta história, com um final comprovadamente tão feliz, sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado Primeiro-ministro E sabe-se também que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof. Cavaco Silva, sem que tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu anterior desempenho, tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério da Educação.

Do mesmo modo, o seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros, pejado de erros e sucessivas “gaffes”, a tal ponto de ser ultrapassado em competência e protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de nome José Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o Primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de Deus Pinheiro para o cargo de Comissário Europeu.

De qualquer modo, e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof. João de Deus Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e críticas, e de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco mais, que impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o reconduzir no cargo.

A amizade é, de facto, uma coisa muito bonita…

Recebido por email



Publicado por JL às 20:35 | link do post | comentar | comentários (2)

Sexta-feira, 27.11.09

Não se conhecem razões objectivas, em nenhuma carreira profissional, para que aqueles que a percorrem tenham necessariamente de a terminar no seu escalão mais elevado, graças à mera passagem do tempo. Os lugares de topo são, por definição, escassos e investidos de especiais responsabilidades. É justamente por isso que uma avaliação de desempenho eficiente, simples e rigorosa, equilibrada e discriminadora - capaz de separar os medíocres da grande mediania e esta das actuações excepcionais - é uma ferramenta imprescindível para promover a subida de nível dos resultados em qualquer profissão.

Por maioria de razão, na dificílima tarefa que está cometida aos professores, cujos resultados não se medem em quantidades físicas nem em produtividades facilmente mensuráveis. A nova ministra da Educação avançou já com o gesto carregado de valor simbólico de abolir as duas categorias diferenciadas na carreira dos docentes não universitários, substituindo-o pela promoção sujeita a vagas. O problema da criação de um sistema de avaliação credível e separador do trigo e do joio, esse, mantém-se (ainda) em aberto.

Do passado, há um eco perturbador por parte da actuação dos professores: raríssimas foram as vozes entre eles que tiveram a inteireza de denunciar em público a farsa na qual se transformara a pretensa avaliação em vigor. Dava então muito jeito ir na onda (essa, sim, vergonhosamente facilitista!) de créditos amealhados tantas vezes sem critério ou de relatórios em copy-paste. A questão do momento é, assim, inquietante: poderá esta classe profissional renascer do seu laxismo moral do passado, pugnando hoje pela avaliação rigorosa e exigente que o futuro reclama? [Diário de Notícias]



Publicado por JL às 09:34 | link do post | comentar | comentários (2)

Quarta-feira, 25.11.09

Cinco anos passados, muita contestação depois e muito desgaste para as várias partes, os indícios de que a avaliação de professores regressará ao ponto onde se encontrava em 2005 são manifestos.

Se assim for, a conclusão só pode ser uma: muito barulho para nada.

Convém recordar algumas coisas. Em primeiro lugar, os professores estiveram em guerra por causa da avaliação, mas, muito provavelmente, esta foi um pretexto para mitigar a verdadeira causa da luta: a divisão da carreira docente, com a criação do "professor titular" (o que colocava fim às progressões automáticas, limitando o acesso aos níveis salariais mais elevados, e confrontava a natureza horizontal da carreira). Depois, os professores são a maior classe profissional da administração pública e mais de metade dos cerca de 140 mil está nos escalões mais bem remunerados - a massa salarial consome 80% do orçamento, correspondendo a 3% do PIB; ao que acresce que, se nada for feito, o ritmo de crescimento da despesa com salários consumirá todos os recursos disponíveis para a política educativa.

Neste contexto, o governo tem pouca margem de manobra negocial, por força dos sucessivos recuos (com a assinatura do memorando de entendimento e com as alterações mais recentes no estatuto da carreira docente), e essencialmente porque é minoritário.

Há hoje basicamente três cenários. Um optimista, que assenta no pressuposto que os professores já perceberam que a avaliação é um adquirido, com uma categoria na carreira onde não chegam todos e estão empenhados em tornar exequível o modelo de avaliação já em prática. Um segundo em que é criada a ilusão de que tudo irá mudar, ou seja, são criadas expectativas nas escolas, que depois, caso sejam defraudadas, farão regressar a contestação, mas de modo ainda mais intenso. Finalmente, o cenário que parece em vias de se concretizar: o governo precisa tanto de um acordo que vai ceder em questões inegociáveis.

A questão será, por isso, saber até onde é que vai o recuo. Todos os partidos defendem o acesso ao topo da carreira sem restrições. Resta saber se as negociações em curso acabarão apenas com o nome "professor titular" ou se, mudando o nome, se mantém o acesso limitado ao último escalão da carreira. Esta é a primeira linha de fronteira, mas há outras: o prolongamento dos horários e as aulas de substituição.

No fim, fica uma certeza. Cinco anos passados, muitos erros na gestão política e na aplicação do modelo de avaliação depois, preparamo-nos para voltar ao lugar em que nos encontrávamos em 2005, mas em piores condições. Ou seja, a carreira de professor continuará a beneficiar de um estatuto excepcional, o que limita os recursos financeiros para o investimento na escola pública. A inabilidade do anterior governo é, em parte, causa desta situação. Agora, como se não bastasse, todos os partidos preparam-se para assumir a sua quota parte de responsabilidade.

[Arquivo, Pedro Adão e Silva]



Publicado por JL às 00:01 | link do post | comentar | comentários (1)

Segunda-feira, 23.11.09

A ex-Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues tomou um conjunto muito vasto de medidas de que resultou uma qualificação muito significativa do nosso sistema educativo.

Por exemplo, o serviço público de educação foi substancialmente aumentado e melhorado, nomeadamente:

·         A colocação de docentes passou a ser plurianual, favorecendo a estabilidade do corpo docente e a qualidade do ensino;

·         Em todo o ensino básico e secundário, foram garantidas aulas de substituição;

·         Foi lançado o programa de modernização do parque escolar;

·         Foi aumentada a rede de educação pré-escolar;

·         Foi lançado o Plano Nacional de Leitura e o Plano de Acção para a Matemática;

·         Foi reforçado o ensino artístico;

·         Foi criado o Programa Novas Oportunidades, promovendo o regresso à escola dos que dela se haviam afastado pelas mais variadas razões;

·         Foi dado um grande impulso ao ensino secundário profissional (91 mil alunos, triplicando o valor de 2005;

·         Foi combatido o insucesso e o abandono escolar: baixou a taxa de insucesso (em 2007/2008, atingiram-se os valores mais baixos da última década); entre 2005 e 2008, a taxa de abandono precoce desceu de 39% para 36%;

·         Foi promovida a generalização do uso das novas tecnologias: entrega de mais de 1 milhão de computadores com possibilidade de acesso à internet em banda larga a preços muito reduzidos, em muitos casos quase gratuitos, através do Programa e-escola, beneficiando professores, alunos e formandos do Programa Novas Oportunidades;

·         Foi lançado o Plano Tecnológico da Educação nas escolas: redes intranet; computadores (310 mil); videoprojectores (25 mil); quadros interactivos (9 mil); cartões electrónicos; sistemas de videovigilância;

·         Foi alargado e simplificado o acesso à acção social escolar (o número de beneficiários cresceu de 240 mil para mais de 700 mil);

·         Foram garantidas, às famílias com menores rendimentos, refeições gratuitas para os seus filhos e o pagamento integral dos manuais escolares de aquisição obrigatória.

O 1º ciclo do ensino básico teve uma atenção particular:

·         Foi concretizado o princípio da escola a tempo inteiro (até às 17h30m), com oferta de actividades de enriquecimento escolar;

·         Foi generalizado o ensino do inglês, o estudo acompanhado, a música e a actividade desportiva;

·         Foram encerradas 2200 escolas com poucos alunos e más condições que condenavam as crianças ao insucesso e foram lançados, em alternativa, novos centros escolares com bibliotecas, refeitórios e instalações desportivas;

·         Foi generalizado o fornecimento de refeições escolares (passando de 30% para 94% das escolas).

E podem crer que estou longe de ser exaustivo.

Mas é também de realçar a contribuição dada para a introdução da avaliação do mérito dos professores, com consequências para a evolução na sua carreira, como sucede na generalidade das actividades profissionais, públicas e privadas. E como sucede com os alunos. Esta foi uma batalha muito difícil, mas hoje, poucos terão o descaramento de se opor a que tal avaliação se faça.

Hoje estamos um passo bem á frente do que estávamos no passado. Podemos discutir o modelo de avaliação. Podemos dissertar sobre a forma como o processo foi conduzido, e sobre isto haverá também muito a dizer. Mas espero que tenha acabado a progressão na carreira por mera antiguidade, sem considerar a avaliação de mérito. Para bem da escola pública, dos nossos filhos e do País.

[Puxa Palavra, Mário Lino]



Publicado por JL às 00:02 | link do post | comentar | comentários (1)

Domingo, 15.11.09

Oxalá Isabel Alçada consiga esse milagre, sem deitar para a valeta o esforço de milhares de professores.

Há quatro anos, quem ousasse falar numa reforma do ensino em Portugal era considerado "persona non grata" pela corporação, que estava "gorda e anafada" gozando os seus privilégios, sem nexo. Os relatórios das instituições internacionais especializadas davam conta da existência de um sistema de ensino anacrónico, um dos mais atrasados da Europa, com índices de aproveitamento escolar de bradar aos céus, com faltas de assiduidade dos professores em percentagens elevadas. O ensino profissionalizante tinha sido condenado à insuficiência, o parque escolar mantinha-se degradado, o começo dos anos lectivos nunca se verificava a tempo e horas.

Sócrates tomou posse como primeiro-ministro de um Governo de maioria absoluta e anunciou ao País que a modernização do ensino era uma prioridade do Governo.

Maria de Lurdes Rodrigues assumiu a pasta da Educação e começou então uma longa e difícil batalha para mudar aquilo que era uma evidência. Passados quatro anos não se pode sequer comparar a situação que este Governo herda com aquilo que Maria de Lurdes Rodrigues recebeu. As mudanças foram em todas as áreas. Nenhuma foi fácil. Todas encontraram resistências tremendas. No entanto, como a determinação era grande, as alterações foram-se sucedendo.

Obviamente que nada disto poderia ir por diante sem a criação de uma carreira docente e de um sistema de avaliação consequente. Tocou-se nos privilégios, e aí foi o ‘inferno’.

Os sindicatos, que são puras correias de transmissão dos partidos, envenenaram todo o ambiente e desencadearam uma guerra ao Governo e ao ministério, a propósito, sobretudo, do sistema de avaliação. Não aceitavam que fosse adoptada uma solução séria que premiasse os bons e punisse os maus. Maria de Lurdes Rodrigues foi embora, e eu, que não a conheço de lado nenhum, só posso, como cidadão, agradecer-lhe o que fez pela modernização do ensino em Portugal.

Temos agora uma nova ministra neste Governo de maioria simples de Sócrates. Isabel Alçada já distribui muitos sorrisos e garante que numa semana se põe de acordo com as 14 organizações sindicais a propósito da carreira profissional e de um sistema de avaliação que sirva mesmo para avaliar. Oxalá Isabel Alçada consiga esse milagre, sem deitar para a valeta o esforço de milhares de professores que cumpriram a lei.

[Correio da Manhã, Emídio Rangel]



Publicado por JL às 00:03 | link do post | comentar | comentários (1)

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS