Avisos em orelhas moucas?
(por Diogo Moreira, 12/2/2015, 365forte)
“The once-great PSOE - Spanish Workers Socialist Party - has fallen to 18pc and risks fading away like the Dutch Labour Party, or the French Socialists, or Greece’s Pasok. You can defend EMU policies, or you can defend your political base, but you cannot do both.”
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A maioria "mais longe"
(por Pedro Figueiredo, 15/2/2015, 365forte)
Se os reis portugueses tiveram todos um cognome, conforme a relevância política que tiveram na condução do país (como D. Dinis, O Lavrador, por ter plantado o Pinhal de Leiria, que viria a ser determinante para, uns reinados mais tarde, servir de matéria prima aos barcos no período expansionista), também os governos deviam ter.
Esta legislatura do XIX Governo Constitucional de Portugal poderia ficar denominada pela maioria "mais longe”.
Fizeram gala disso mesmo. Desde o memorando da troika ao próprio discurso político. Esta maioria viu mais longe. Mais longe até que o próprio Partido Socialista na recente questão da transparência da propriedade dos órgãos da comunicação social, proposta chumbada por duas já nesta legislatura e que agora regressa pelas mãos da maioria com ideias “bem mais severas”, escreve o Público.
Mais longe foi também na separação que promoveu entre classes, acentuando obviamente os índices de pobreza.
Cortou, em nome da inevitável austeridade, direitos sociais, alguns deles de fazer cair o queixo. Foi mais longe em tantas outras áreas que fica até difícil fazer uma comparação.
Ficou, por isso mesmo, mais longe dos cidadãos que governa.
Beneficiado ainda por um mandato da Presidência da República como o que terminará em 2016, marcado por episódios a mais para quem auto-proclama que está ainda para nascer alguém mais sério.
Mais longe, mais sério. Levou tudo tão mais longe que acabou por carregar mesmo o país nessa demanda.
Carregou no acelerador. Está a ir tudo muito longe. Demais.
O futuro dilema do PS
«O choque frontal entre a União Europeia e a Grécia está a transformar, em pó, partidos que outrora estiveram no centro do poder.
Sabe-se que o centro decidia o poder, porque as classes médias eram maioritárias e estas, na democracia, encontravam ali a sua guarda pretoriana. A crise e a austeridade implodiram o centro, onde outrora se ganhavam as batalhas eleitorais. As classes médias estão em fuga em busca de um pastor que as guie, agora que elas deixaram de ter destino.
Das cinzas de alguns partidos do centro estão a nascer, nas margens, arautos da desgraça ou da salvação. A estabilidade está a ser corroída pelo ácido e quem está a dissolver-se, com maior velocidade, são os partidos da social-democracia, tal como aconteceu com os comunistas depois do fim do Muro de Berlim. O PASOK grego tornou-se um clube de amigos. O seu antigo líder, Papandreou, uma ilusão.
Na Espanha, o PSOE vive numa guerra civil devastadora, enquanto a radicalidade do Podemos ocupa o seu espaço. Na França, só o músculo securitário de François Hollande vai travando o colapso do PSF, a que até Manuel Valls queria tirar o nome de "socialista". A deslocação para o centro dos sociais-democratas, a estratégia da "terceira via" de Tony Blair, entrou em colapso, porque a classe média (o paradisíaco "centro") está a evaporar-se na Europa da austeridade. Se juntarmos a isso a fobia da segurança que está a fazer renascer o nacionalismo radical, nota-se que à social-democracia falta um discurso alternativo face à hegemonia ideológica neo-liberal que ocupa o poder político, cultural e financeiro na Europa.
Os partidos sociais-democratas deixaram de surgir como o centro de gravidade e alienaram a sua capacidade de ser a alternativa. E, entre a esquerda radical e a direita cheia de certezas, ainda buscam um discurso distinto. Portugal é sempre o último país onde se colocam estas questões fulcrais. Mas o PS está prestes a ter de se confrontar com ele.»
Fernando Sobral, via Entre as brumas
Quatro notas sobre o (movimento) Tempo de Avançar (TdA)
(1/2/ 2015, R.Bebiano, http://www.aterceiranoite.org/2015/02/01/quatro-notas-sobre-o-tempo-de-avancar/ )
Quatro curtas notas sobre o modo como decorreu a convenção da candidatura cidadã Tempo de Avançar, que durante o último sábado reuniu no Fórum Lisboa perto de 800 pessoas.
O seu objetivo expresso e comum foi o de preparar uma alternativa de esquerda
em condições de se apresentar às próximas eleições legislativas como escolha consistente, construtiva, autónoma e mobilizadora.
Primeira nota.
Foram discutidas e aprovadas durante a convenção as grandes linhas programáticas de um programa eleitoral
a desenvolver e a tornar público ao longo dos meses mais próximos (em breve disponíveis aqui
http://www.tempodeavancar.net/ ).
O objetivo nuclear que norteou este esforço foi o de contribuir para uma imprescindível viragem na governação do país, assumindo a responsabilidade de,
à esquerda, propor soluções ao mesmo tempo sustentadas, ousadas e credíveis.
Segunda nota.
A convergência de posições não traduziu qualquer procura no sentido de uniformizar ou de diluir as correntes que estiveram na origem deste processo.
Tal como se pretende fazer em relação à aproximação das esquerdas e aos compromissos políticos futuros, insistiu-se no essencial, naquilo que une, naquilo que é prioritário e urgente,
resolvendo-se as naturais discordâncias democraticamente, mas sempre
sem minimizar ou silenciar as vozes que as possam exprimir.
Terceira nota.
Os debates fizeram-se sempre pela positiva,
na construção de um programa próprio, preparado para marcar um rumo novo e para unir.
Sempre na perspetiva de fazer convergir o maior número possível de cidadãos e de setores políticos situados à esquerda do nosso mapa político.
Nem uma só intervenção apontou para a edificação de qualquer bunker político suposto portador da verdade,
tal como não se ouviu qualquer elogio ao Partido Socialista ou ataque expresso ao Bloco de Esquerda ou ao PCP.
Embora tivessem sido referidas as indecisões do primeiro e a escusa dos segundos em assumir uma dinâmica de governo.
Quarta nota.
Ao contrário de uma desmoralizadora tendência que tem sido observada nos tempos mais recentes em outros lugares e movimentos, foi muito apreciável a percentagem de pessoas jovens que esteve presente na convenção e que durante o dia se mostrou mobilizada e participativa.
O que augura dinâmicas essenciais na mobilização de novos setores do eleitorado e na construção de uma alternativa política consistentemente voltada para o futuro.
Existe agora um caminho a percorrer junto da sociedade. Um caminho que só se faz com trabalho, persistência e capacidade de persuasão. Visando mostrar de forma clara que esta proposta não se destina a «dividir a esquerda»,
mas antes a colaborar de forma positiva, com ideias e propostas, e também com gente com rosto, na configuração de uma escolha e na construção urgente de uma experiência convergente de governo.
Essencial para devolver a esperança e a dignidade às pessoas. Imprescindível para libertar o país do pesadelo. A ambição é muita, mas nada se faz sem ela.
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http://www.tempodeavancar.net/
orgs que apoiam: Forum Manifesto; Livre; MIC Porto; Renovação Comunista; ...
(boa técnica:
"ocupar"/comprar um pequeno partido já existente; mudar-lhe a 'Direcção', o Nome, o Programa, ... e ir a Eleições...)
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Joana Amaral Dias, ex-dirigente e ex-deputada do BE, vai ser a cabeça de lista do AGIR, formação que se legalizará aproveitando o já existente Partido Trabalhista Português (PTP).
O acordo feito entre os ativistas do AGIR e o PTP prevê que agora este partido atualize a sua designação para AGIR-PTP (ou vice-versa, não está decidido).
Os ativistas do AGIR aprovaram hoje à tarde em Lisboa um manifesto onde se enfatiza que "as divisões entre esquerda e direita apenas nos enfraquecem".
"Agir é essa proposta: não interessa se és de esquerda, de direita, de centro, ou não te reconheces em lugar nenhum, o que interessa é a tua vontade de participar nesta ruptura popular e construir uma verdadeira democracia", lê-se no documento.
O essencial do programa do AGIR está centrado numa reforma do sistema político centrada nos problemas da participação popular e do combate à corrupção.
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Parem para pensar:
Os principais partidos que têm responsabilidades no estado em que estáo país, são o PS e o PSD, e o CDS. Trés partidos apenas.
Porque razão não podemos dar o benefício da dúvida a outros partidos e limpar a corja dos que têm destruído o país nestes quarenta anos?
"Agir é essa proposta:
não interessa se és de esquerda, de direita, de centro, ou não te reconheces em lugar nenhum, o que interessa é a tua vontade de participar nesta ruptura popular e construir uma verdadeira democracia".
Quem é que não percebe que no fundo é exactamente isto que todos queremos:
Ruptura com este sistema corrupto?
E a solução para correr com toda esta corja é
Não votar em nenhum dos 3 partidos (PS e PSD+CDS) do arco do Gamanço! do "centrão de interesses privados e obscuros".
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O líder do PS-Madeira e candidato da
COLIGAÇÃO MUDANÇA (PS-PTP-PAN-MPT),
Victor Freitas, defende Renegociação da Dívida, o pagamento da dívida indexado ao crescimento económico e admite coligação pós-eleitoral, mas só à esquerda (+ BE, PCP, ...).
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O movimento «Nós Cidadãos»
entregou hoje cerca de 8500 assinaturas no Tribunal Constitucional para se constituir como partido político e poder candidatar-se às próximas eleições legislativas, informou o porta-voz Mendo Henriques.
"Ao longo dos últimos meses reunimos mais de 11 mil assinaturas, mas nós gostamos de fazer com rigor as coisas e entregámos cerca de 8500", mais do que as necessárias (7500) para ser um partido político,
...acrescentou que espera "que no prazo de dois meses" o movimento/partido esteja "cá fora".
Concorrer às próximas eleições legislativas é um objetivo do movimento, que, segundo Mendo Henriques, já está a trabalhar num programa eleitoral.
"A lei eleitoral obriga-nos a ser partido para poder dar voz aos cidadãos e, portanto, o primeiro horizonte que nós temos são as eleições legislativas", sublinhou.
Segundo o porta-voz, o programa eleitoral está a ser constituído juntamente com "associações e movimentos cívicos", e terá "medidas que farão a diferença".
Quanto à pessoa que vai ser o rosto da candidatura do Nós Cidadãos às próximas legislativas, Mendo Henriques referiu apenas que "o cabeça de lista será escolhido em congresso".
Porém, admitiu que o movimento está "em contacto com muitas personalidades independentes e que vêm de quadrantes
que estão insatisfeitos com as políticas do [chamado] arco da governação", mas cujos nomes só serão revelados "em devida altura".
Em relação ao eleitorado que pretendem atingir, Mendo Henriques referiu que são os "abstencionistas", as pessoas que "estão indignadas com as soluções" dos últimos governos e que, por isso, "querem mudar o país".
Mendo Henriques aproveitou também para criticar "o pior que há da esquerda", que classificou como "confisco fiscal",
e da direita, que chamou de "um conjunto de facilitadores e de privilegiados".
A entregar as assinaturas no TC estavam outras seis pessoas, entre elas, o antigo deputado do PSD Pedro Quartin Graça.
Este texto de Francisco Louçã, na linha do Manifesto para uma esquerda que responda por Portugal.
«
As três alianças e os meios de as conjurar: a terceira, a da esquerda
Como argumentei ontem e anteontem, haverá uma coligação de direita e ainda uma política do PS absorvendo os seus partidos periféricos, para depois se aliar ao PSD que sobrar de Passos. E poderia haver uma terceira convergência, só que, ao invés das duas anteriores, esta é de difícil concretização: a da esquerda que se une.
Seria natural porque é a que decorre da convergência sobre políticas essenciais, no campo alargado que se tem oposto à liberalização das leis do trabalho, às privatizações e ao desgaste dos serviços públicos. E, mais importante, os principais partidos desta área apresentam propostas construtivas que são próximas: recusando o Tratado Orçamental, defendem em consequência a única resposta concreta que pode fundamentar uma governação de esquerda, a reestruturação da dívida, sabendo que entra rapidamente o conflito com o euro.
Seria natural ainda, e não é de menos, porque responderiam à exigência, essa sim natural senão desesperada, do “unam-se”. Por isso, é difícil compreender o seu acantonamento eleitoral. E haverá um preço a pagar por uma persistência de contraposições que estão ao arrepio da exigência do momento político: a esquerda precisa de força e corre o risco de se apresentar fraca. Nenhum discurso de auto-suficiência ou auto-satisfação pode disfarçar a arreliante sensação de fragilidade da postura dos partidos de esquerda. Como se interroga Manuel Loff, “a pergunta evidente é saber se o PCP e o Bloco podem, desta vez, interromper o círculo vicioso da desilusão e baralhar o cálculo perverso do voto útil no PS”.
Esta convergência, ao contrário das outras, desarrumaria. As outras procuram consolidar o regime na sua era de austeridade, esta procuraria uma alternativa à austeridade. As duas primeiras alianças confirmam e confiam na alternância entre o PSD e o PS, enquanto este polo político, pelo contrário, desafiaria o rotativismo, o que a esquerda parece ter desistido de fazer até agora. Multiplicaria a capacidade de influência de curtíssimo prazo (condicionar as decisões da governação e ajudar o fôlego do movimento popular) e de curto e médio prazo (apresentar uma alternativa de governo depois de um novo governo do PS que governe como o velho). Responderia ao “voto útil” no PS e, portanto, passaria a ser uma alternativa clara.
No entanto, para se realizar, contra a rotina do fechamento da esquerda, a convergência tinha que superar as tradições dos partidos e isso é o mais difícil. João Oliveira, líder parlamentar do PCP, tem de facto razão ao perguntar se uma simples coligação diminui em vez de aumentar (sugerindo que assim aconteceria). Embora o exemplo da coligação do PS na Madeira seja pouco transponível, provou-se aí mais uma vez que o que soma é a credibilidade com propostas e com as pessoas para essas propostas e não simplesmente uma soma de coligação, porque esta pode ser uma subtração. No entanto, ficar tudo na mesma também não é opção.
Eu vou mais longe: uma limitada e ocasional coligação só entre o Bloco e o PCP diminuiria e não vejo nela nem viabilidade nem vantagem. Em contrapartida, um pólo envolvendo-os com uma parte importante da esquerda social multiplicaria, porque seria a única novidade da campanha e, sobretudo, porque seria portadora da alternativa mais consistente: Portugal contra a dívida e contra uma Europa destrutiva. De facto, essa proposta é a única que tem soluções para Portugal, é a única que resolve o problema orçamental e financeiro, é a única que pode pagar uma política de investimento e emprego, é a única que enfrenta a subserviência da elite nacional perante Berlim.
Se esse polo, como quer que ele se apresente (e sobre isso não faço agora nenhuma sugestão, para não condicionar nem influenciar ninguém, nem discuto aqui a evidente importância das eleições presidenciais para novos sinais de novos tempos), envolver independentes e activistas, quem esteja farto da austeridade e da sua missa cantada e não aguente a mentira europeia, então ele contará.
Desse modo, esse polo ...
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Desse modo, esse polo faria o que nunca se fez e responderia a uma crítica que, por muito que custe, tem fundamento:
a esquerda ainda não aparece a ninguém, nem aos seus militantes, como portadora da capacidade de governar e da preparação para o fazer e, portanto, do empenho em criar a relação social favorável para esse poder.
A solução de alguns analistas é pedir à esquerda que aceite a austeridade e os “compromissos europeus” e, portanto, que se torne social-democrata para “parecer governamentável”.
Ou seja, dizem-lhe que mostrará estar pronta para governar se se tornar igual aos partidos e políticas que quer vencer.
Ora, sobretudo para quem recusa a facilidade da transigência, é exigível fazer mais do que “parecer governamentável”:
é preciso apresentar um programa consistente, com pessoas credíveis, disputando a relação de forças e mostrando por onde se pode caminhar.
A Grécia demonstrou que, se e quando for eleito um governo de esquerda, o confronto será uma vertigem e, se a esquerda quer ganhar, tem de enfrentar imediatamente Merkel e os seus obedientes.
Só a esquerda unida o pode fazer, se é que se leva a sério a ideia de um “governo patriótico” ou de um “governo de esquerda”.
Não é evidente que nos partidos de esquerda haja vontade suficiente ou audácia para uma aproximação que configure esse polo, porque teria que partir deles.
Podem mesmo escolher justificar-se com o povo que não vota ou que descrê.
Ou podem contribuir para apresentar ao povo uma proposta que leva a sério a necessidade de vencer a austeridade neste tempo que conta.
Eu prefiro a luta pela vitória contra o situacionismo que apodrece Portugal.
---(-por Francisco Louçã, via EntreAsBrumasDaMemória, 8/4/2015)
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