BRINCAR COM O FOGO
Horroriza-me que tanta gente, e não estou a falar de guardadores de rebanhos, olhe para as eleições do próximo 4 de Outubro como quem discute as razões de preferir Cacela à Quinta do Lago.
No momento em que um vórtice de akrasia engole a Europa
(meio milhão de desempregados,
a deriva dos refugiados,
as fronteiras blindadas,
a provável vitória da Direita na Grécia,
o imbróglio da Catalunha,
o envolvimento do Reino Unido e da França na Síria,
para só citar os casos mais gritantes),
um terço dos portugueses prepara-se para não ir votar e outro terço acredita no milagre de Fátima.
Porém, nunca tanto esteve em jogo como nas eleições de 4 de Outubro.
Depois não se queixem.
( por Eduardo Pitta, 15/9/2015, da Literatura)
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DISCURSO DIRECTO, 15
D. Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas e Segurança, no jornal i. Excerto:
«Quem trate de ouvir o discurso de Passos e Portas acha que entrou no eldorado.
O que me escandaliza é que toda esta governação viva à nossa custa.
Estaríamos perdidos se a coligação continuasse à frente do país.
Claro que vou votar em António Costa.»
(eu diria: Claro que vou votar, mas NÃO na PàF do PSD/CDS !!)
A verdade tem de ser dita
Uma mistificação de todo o tamanho
Desde 1975 que não deve ter havido uma eleição legislativa em que, ainda que com variantes conjunturais, o PS não tenha dito isto, que é política e aritmeticamente falso.
De facto, como devia ser óbvio mas não o é ainda,
não é o quem fica à frente (sem maioria absoluta) que determina a derrota ou a vitória da direita coligada.
O que determinará a sua derrota não é o PS ficar-lhe à frente
mas o facto de PSD e CDS ficarem em minoria na AR
com os partidos da oposição a deterem numericamente a maioria absoluta dos deputados.
E os votos na CDU, como não são votos na direita coligada, contribuem sempre para a sua derrota (como Jerónimo de Sousa tem salientando em tantos discursos).
Além do mais, importa chamar a atenção para que esta falsidade do PS pode incorporar atrás do reposteiro um ideia muito perigosa e inadmissível:
a de que, se a coligação PSD-CDS fosse a mais votada (mas sem maioria absoluta),
o PS fecharia os olhos à formação de um novo governo da direita.
(por vítor dias, O tempo das cerejas, 17/9/2015)
O VOTO ÚTIL DA ESQUERDA, É
NOS PARTIDOS À ESQUERDA DO PS
As sondagens são o que são
[* PS 35,5%, PSD/CDS 34%, CDU 10,3%, BE 5,2%, Livre, 1,8&, PDR 2,2%, ...],
mas todas as indicações de que dispomos duas semanas antes das eleições, permitem concluir que:
1. A 4 de Outubro nem o PS nem a coligação PSD/CDS vão ter uma maioria absoluta que lhes permita formar governo sozinhos.
2. Mesmo que a coligação PSD/CDS tenha mais votos e deputados que o PS, a coligação PSD e CDS não vai conseguir formar governo, a não ser com o PS.
3. Fique o PS atrás ou à frente do PSD/CDS, é o PS que vai decidir com quem quer governar, se com o PSD e/ou o CDS, ou se com os partidos à sua esquerda.
4. O voto útil da esquerda a 4 de Outubro é portanto nos partidos à esquerda do PS, quanto maior a sua votação mais hipótese haverá de o PS rejeitar coligar-se com o PSD e/ou o CDS, e pela primeira vez na sua história entender-se com os partidos à sua esquerda.
5. Ou no caso mais provável de o PS optar por se aliar outra vez à direita, também importante é ter uma boa representação de deputados dos partidos à esquerda do PS na Assembleia da República.
(*Os valores no quadro são os da sondagem de 18/09, no Expresso)
(-por J Eduardo Brissos, 19/9/2015, http://aessenciadapolvora.blogspot.pt/
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