Da Praxe e da Morte...
Adolescente, li "Porta de Minerva" um livro da autoria de Branquinho da Fonseca onde a descrição da vida estudantil de Coimbra me fascinou...
e assustou porque nunca percebi a razão pela qual um estudante universitário tinha que limpar as botas dos seus colegas, apenas por ser mais novo e ter acabado de entrar na "academia"!...
Depois, com o 25 de Abril, percebi que
o ritual das praxes se constitui como a institucionalização do reconhecimento da legitimidade da hierarquia,
independentemente do saber, do mérito e da justiça, apenas enquanto respeito -expressão do MEDO!- legitimador de uma ordem sem fundamento -como o seria o direito hereditário ao exercício do poder.
Pior um pouco:
os líderes das "praxes" académicas adquirindo esse estatuto por "antiguidade", ao invés de promoverem o direito ao reconhecimento do saber, da inteligência ou ao conhecimento
materializam, isso sim, o reconhecimento do direito à preguiça e ao autoritarismo gratuito.
Por tudo isso, não cumpri praxes, "queimas das fitas" ou similares...
Para mim, a vivência universitária implicava a autonomia do pensamento crítico
e o afastamento definitivo da obediência cega e da submissão gratuita e acéfala
-ainda que mascarada sob a lógica do humor, da "brincadeira", etc...
Hoje, perante a notícia e a especulação da morte de 7 jovens na praia do Meco fica, à reflexão de todos, o problema...
e a opção por um mundo mais racional, sério, justo e responsável... para todos!
Contra a hierarquia gratuita do poder, sem escrúpulos e sem legitimidade a não ser aquela que nós, cidadãos, livres e inteligentes, lhe reconhecemos... ou não!
(-por Ana Paula Fitas , 24/1/2014, ANossaCandeia)
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