Limpar a casa
[ Henrique Neto -- Por uma nova República ]
(http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/ , 6/5/2015 )
«Em ano de eleições a questão é saber se temos no horizonte personalidades políticas com a experiência, a coragem e a ausência de compromissos partidários ou económicos
para fazer as mudanças necessárias no sentido de limpar a casa e fornecer os recursos exigidos pela justiça para que esta faça o que lhe compete sem deixar dúvidas acerca da intervenção, activa ou passiva, do poder político.
E temos assistido a demasiados silêncios partidários para podermos acreditar que isso aconteça.
De facto, não é de esperar que quem foi parte do problema, ou esteve calado durante todos estes anos, possa agora ser parte da solução.
Por isso é essencial que nas campanhas eleitorais deste e do próximo ano os portugueses se pronunciem de forma clara sobre estas questões –
questões centrais numa democracia feita de valores e de gente honrada, questões que não podem ser iludidas uma vez mais.
E que escolham novos interlocutores com o currículo, a coragem e a determinação que a tragédia portuguesa justifica,
porque enfrentamos desafios que não se resolvem com discursos ideológicos ou líricos, mas com uma acção experiente e determinada.»
Henrique Neto, candidato à presidência da R.P.
Assentar praça em general
(-por Pedro Correia, em 07.05.15, http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/assentar-praca-em-general-7353911#comentarios )
A entrevista de António Sampaio da Nóvoa à RTP Informação - muito bem conduzida por Vítor Gonçalves, um dos melhores entrevistadores actuais da televisão portuguesa - permitiu mostrar enfim ao País o candidato presidencial apoiado por uma parte do PS.
Confirma-se: é uma solene vacuidade.
Sampaio da Nóvoa surge como emanação directa do brilhante "laboratório de ideias"
pessoais de Mário Soares, de onde na última década já haviam saído o próprio Soares, em marcação cerrada a Manuel Alegre (o que entregou a Presidência de bandeja a Cavaco Silva em 2006), e Fernando Nobre (novamente para travar o passo a Alegre).
Mas Alegre e Nobre - como Almeida Santos, que Soares em vão planeou lançar, como sucessor de si próprio, nas presidenciais de 1996 - tinham percurso e biografia.
Nóvoa, pelo contrário, nada tem para exibir além das suas respeitáveis credenciais académicas e de umas quantas frases grandiloquentes mas vazias de conteúdo político, como a que rematou a entrevista de ontem: «Os livros são a vida, está lá tudo.»
A frase, de algum modo, revela o candidato. Até ao momento em que decidiu apresentar-se na corrida a Belém, após conversar com «milhares de pessoas» (das quais apenas menciona Soares), Nóvoa notabilizou-se na vida pública por dois discursos:
um pronunciado no 10 de Junho de 2012, a convite de Cavaco, e outro em Novembro de 2014, no congresso do PS, a convite de António Costa.
Tinha 19 anos quando aconteceu o 25 de Abril: o que fez na altura? O mesmo que já fazia na véspera da revolução: estudava e jogava futebol em Coimbra. E durante o febril processo revolucionário? E na ressaca do PREC? E militou antes, de algum modo, contra a ditadura?
Tudo na mesma linha, tão vaga como nevoeiro.
Durante décadas, nada dele transpareceu fora das opacas paredes da Academia. É especialista em História (como Pinheiro Chagas, vergastado por Eça numa das mais célebres polémicas de que há memória cá na terra) e sempre foi «de esquerda».
Sem no entanto revelar aos compatriotas que ignoram tudo sobre ele quais foram as suas opções de voto nestas quatro décadas.
Entende que «há uma democracia que vai para além dos partidos», frase que já Otelo proclamava em 1975 e pouco grata vinda de um candidato que se prepara para ter um aparelho partidário a fazer-lhe a campanha.
Só por insistência do entrevistador, já no final, introduziu na sua prédica a necessidade de combater a corrupção - matéria essencial na política portuguesa.
E jura que, se fosse Presidente da República, teria dissolvido a Assembleia da República em Julho de 2013, a pretexto da saída de Vítor Gaspar e do momentâneo arrufo de Paulo Portas -
apesar de haver uma sólida maioria parlamentar e o País, sem acesso aos mercados financeiros, se encontrar então sob assistência externa de emergência.
Transformando assim, por contraste e certamente sem intenção, Cavaco Silva num estadista.
Ao escutar Sampaio da Nóvoa, dei por mim a lembrar uma expressão que ouvia muito quando era miúdo: «Este quer assentar praça em general.»
Envolto em névoa, é mesmo isso que pretende Nóvoa: assentar praça em general.
Sem tirocínio político, sem percurso cívico conhecido dos eleitores que serão convocados às urnas em Janeiro,
chega aos 60 anos confessando que tremeria perante a primeira crise séria se estivesse em Belém, lançando o País numa aventura irresponsável.
É pouco como cartão de visita. E, francamente, não se recomenda.
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presidenciais; sampaio da nóvoa
presidenciais 2016
http://observador.pt/2015/05/03/palavras-dos-candidatos-presidenciais-chegam-as-nuvens/
Quem disse isto?
novoa
António Sampaio da Nóvoa apresentou a sua candidatura esta quarta-feira e, no discurso que fez, garantiu que não ia ser “um espectador impávido perante a degradação do país”. Num momento emotivo em que encheu o Teatro da Trindade, declarou ainda que não permitirá “que o país seja dominado por corporações ou interesses ilegítimos”.
Numa análise ao discurso, verifica-se que as preocupações mais repetidas pelo candidato e ex-reitor da Universidade de Lisboa têm a ver com os portugueses, o futuro e Portugal. Curiosamente, a palavra “podemos” aparece no top pois tornou-se uma espécie de slogan de Nóvoa.
E quem disse isto?
neto
Henrique Neto, empresário e ex-deputado do PS, foi o primeiro a apresentar-se ao eleitorado. Escolheu o Padrão dos Descobrimentos para se lançar à aventura com um discurso pragmático em que criticou o Governo e a troika e não se coibiu de falar também como empresário. “Nos últimos anos assisti revoltado à quase destruição da classe média, ao empobrecimento das famílias portuguesas e a um ataque insensível e sem sentido às pessoas que trabalham, aos funcionários públicos e aos reformados”, declarou.
O socialista considerou ter chegado “a hora da verdade e da coragem, da lucidez e da experiência se darem as mãos, para levar a cabo a transformação necessária e mudar o que tem de ser mudado e que os portugueses reclamam”. Uma dessas mudanças é a do tecido empresarial do país. Outra é a melhoria da qualidade de vida dos portugueses, afetados pelas políticas de austeridade.
E quem disse isto?
morais
“Os governantes mentem todos os dias, enquanto o povo tem sede de uma justiça que nunca chega”, afirmou Paulo Morais na apresentação da sua candidatura no Porto. O ex-vice-presidente da Câmara do Porto faz da luta contra a corrupção uma das suas bandeiras políticas há vários anos e o discurso com que se apresentou à corrida eleitoral refletiu isso mesmo.
Segundo Paulo Morais, “os partidos do poder transformaram os processos eleitorais em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a enganar os cidadãos. As eleições transformaram-se assim em concursos para a escolha do maior mentiroso. E o troféu em jogo neste concurso é a chefia do Governo”. Sobre os deputados à Assembleia da República, disse mesmo que se “entretêm apenas a fazer negócio” e que “largas dezenas” acumulavam funções parlamentares com a de gestores, diretores, administradores ou consultores de grupos económicos “que beneficiam de muitos favores do Estado”.
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outros Presidenciáveis:
. Marcelo R.S. ( PSD, comentador TV, ...)
. Carvalho da Silva ( CES, ex-sindicalista CGTP, ...)
. Marques Mendes ( PSD, comentador TV, ...) ?
. Santana Lopes ( PSD, STCMisericórdia L., ...)
Carvalho da Silva: "Não quero ser fator de perturbação"
07.05.2015
António Pedro Ferreira
Manuel Carvalho da Silva não será candidato presidencial.
"Não cheguei a entrar na corrida e nem apareci na linha de partida", diz ao Expresso. Na primeira pessoa, explica que as presidenciais precisam de uma esquerda unida. Ele não conseguiu
Rosa Pedroso Lima
Não quer ser nem "bode expiatório" nem "fator de perturbação" na corrida das presidenciais. O líder histórico da CGTP chegou a manifestar-se "disponível" para uma candidatura a Belém, mas agora assume que fica de fora.
"Não contam comigo", disse ao Expresso Manuel Carvalho da Silva nas primeiras declarações públicas após as notícias da sua "desistência"como candidato presidencial.
Na última semana, Carvalho da Silva ouviu várias personalidades da vida política, sindical, académica e até de meios católicos.
Quarta-feira à noite, terá reunido com a sua equipa de conselheiros para tomar uma decisão.
As dificuldades do atual cenário político e a "atomização" dos candidatos à esquerda terão pesado na decisão de afastar Belém dos seus projetos de futuro.
"A esquerda só ganhará as eleições presidenciais se o PS estiver todo e se a esquerda estiver toda unida", diz ao Expresso.
A conclusão da dificuldade de protagonizar "uma convergência" foi a razão principal para a sua decisão, que afirma ser "definitiva" e que o afasta da corrida do próximo ano.
Paulo Morais: “Deputados entretêm-se apenas a fazer negócio”
(A. Pimentel, 18/4/2015, http://observador.pt/2015/04/18/paulo-morais-deputados-entretem-apenas-negocio/ )
Paulo Morais apresentou este sábado a candidatura a Belém. E acusou tudo e todos, do atual Governo da maioria PSD/CDS, ao PS de Sócrates, até ao Governo de Durão: "Um concurso de mentiras"
Paulo Morais apresentou este sábado à tarde, no Porto, a sua candidatura às Presidenciais de 2016 sem poupar críticas ao sistema político português.
Disse que há falta de “verdadeira política” em Portugal e que no seu lugar está
a “politiquice, a política de luta pequena” que não contribuiu para o desenvolvimento económico e social do País.
O candidato a Belém repetiu uma série de análises que são já a sua “imagem de marca”.
“Temos um regime democrático que está completamente agonizante”, afirmou,
referindo-se ao exercício “mesquinho e egoísta” da maioria dos titulares de cargos políticos nas últimas décadas.
“Os governantes mentem todos os dias, enquanto o povo tem sede de uma justiça que nunca chega”.
“Os partidos do poder transformaram os processos eleitorais em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a enganar os cidadãos.
As eleições transformaram-se assim em concursos para a escolha do maior mentiroso.
E o troféu em jogo neste concurso é a chefia do Governo”, disse o candidato, garantindo que
se for eleito demitirá o Governo que não cumpra as promessas eleitorais.
O ex-número dois de Rui Rio na Câmara do Porto não poupou os deputados da Assembleia da República.
Disse que se “entretêm apenas a fazer negócio” e que “largas dezenas” acumulavam funções parlamentares com a de
gestores, diretores, administradores ou consultores de grupos económicos
“que beneficiam de muitos favores do Estado”.
Sobre o Executivo liderado por Passos Coelhos, afirmou que está “sem rumo”
e que o primeiro-ministro rompeu o compromisso que assumiu com o eleitorado.
“Passos Coelho mentiu-nos e afinal é um mero seguidor das políticas de José Sócrates”.
“Temos uma política onde a mentira tem sido a marca recorrente.
Os candidatos tudo prometem em campanha e uma vez no poder esquecem os seus compromissos eleitorais.
Passos Coelho prometeu-nos o céu, mas remeteu-nos ao inferno”, referiu.
O candidato acusou também o “parceiro” dos sociais-democratas de “mentira”
– “o CDS-PP defendia a diminuição da carga fiscal até chegar ao Governo e se tornar o maior cúmplice do seu agravamento” –
para recuar até José Sócrates e Durão Barroso.
“[José Sócrates] fez exatamente o mesmo. Prometendo não aumentar impostos, não tardou em fazê-lo quando subiu ao poder. Mais um mentiroso.
Da mesma forma, Durão Barroso tinha anunciado na campanha de 2002 um choque fiscal com uma brutal redução de impostos.
Mal tomou posse a primeira medida foi aumentar impostos”.
E nem o Presidente da República ficou fora do discurso.
O candidato a Belém criticou Cavaco Silva, por este “não exercer as suas funções presidenciais” e que só uma intervenção da presidência da República pode desencadear um “processo de regeneração”.
“O exercício da política está nas ruas da amargura”, terminou, referindo que
é preciso que o país cumpra com a Constituição que tem.
Paulo Morais, que entre 2002 e 2005 foi vice-presidente da câmara do Porto, durante o mandato de Rui Rio, apresentou-se no emblemático café Piolho, no Porto, na sessão de apresentação da sua candidatura à presidência da República, tendo
apontado como prioridades o combate à corrupção e a transparência das contas públicas.
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