De islamofascismo, auto-censura e responsáv a 9 de Janeiro de 2015 às 11:20
Não, não somos todos Charlie Hebdo.

(8/1/2015,Rui Silva, M74)
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Este post não é um ataque à expressão nem a quem a usa. É um convite à reflexão sobre o significado que a mesma tem, ...
Creio sinceramente que a maioria de nós não é "Charlie".
A maioria de nós cultiva o silêncio comprometido, "a minha política é o trabalho", "os gajos são todos iguais", "cada um sabe de si", não faço ondas que a maré pode levantar-se e eu afogo-me. Numa sociedade em que a liberdade de expressão é entendida pela metade - como a liberdade nos e dos media (e mesmo essa...), quase nunca como a liberdade de cada um dizer sempre e em todos os fóruns aquilo que pensa e sente sobre as coisas do mundo -, esta morre (suspende-se, se quiserem) à porta de uma série de instituições.
É hoje praticamente dado como adquirido que no local de trabalho não se fala de política; que dentro das empresas onde trabalhamos há assuntos de que não se fala, por "respeitinho" à corporação e/ou simples medo das represálias associadas ao questionamento de regras estúpidas, regulamentos e códigos obsoletos, discrepâncias medievais na distribuição de salários e "regalias".
Somos todos "Charlie" mas apenas quando nos convém. A prova-provada, aquela que nos confronta connosco próprios, acontece por exemplo sempre que furamos uma greve por medo das consequências associadas à participação na dita.

...O problema é que se não questionamos a forma como nos posicionamos neste debate sobre a liberdade de expressão, se não alargamos a nossa reflexão sobre o assunto à forma como o poder financeiro mantém ad eternum jornais deficitários que servem de megafone à sua mensagem padronizada,
quando simultaneamente asfixia projectos alternativos que muito poderiam contribuir para a diversificação das da informação e das perspectivas críticas sobre a realidade, se não questionamos a auto-censura a que permanentemente nos impomos,
ou se não procuramos compreender porque razão partilhamos até à exaustão nas redes sociais notícias fabricadas sem questionar fontes ou a sua credibilidade, então estaremos a desrespeitar a coragem daqueles que ontem morreram às mãos do islamofascismo financeiramente apoiado e militarmente alimentado por muitos daqueles que hoje choram lágrimas hipócritas.

Eu não sou Charlie, mas pode ser que um dia venha a ser. Quando tiver a coragem de assumir, plenamente e sem auto-censuras, sem medo de consequências (custe o que custar), aquilo que penso e sinto sobre as dores do mundo, sobre as dores dos humildes deste mundo.

Não, nós não somos todos Charlie (pode ser que um dia lá cheguemos). Infelizmente para nós, país que leva 38 anos a vergar a sua soberania, a sua liberdade e a sua dignidade aos ditames de oligarcas internos e externos, e que mesmo assim cala a imensa revolta que, em silêncio, alimenta dentro de si.

Não, nós não somos todos Charlie. O editorial do Público (que assumindo a forma desproporcionada como são tratados o atentado de Paris e aquele que no mesmo dia matou cerca de 30 pessoas no Iémen envergonha o jornal, a sua equipa e os muitos - bons - profissionais que por lá passaram) prova-o de forma cristalina. Está o Público (e o DN, o JN, o Expresso, o "i" e tantos outros...) a grande distância da liberdade que apregoa e afirma como característica do seu projecto editorial.

Nota: este é o momento de confrontar a União Europeia, a NATO e o governo francês em particular com as suas imensas e determinantes RESPONSABILIDADES no crescimento de uma nova "jihad" que agora (e uma vez mais) lhes rebenta nas mãos; é tempo de lembrar que em 2012 foram capturados na Síria cerca de duas dezenas de agentes secretos franceses que apoiavam no terreno o "Exército Livre da Síria", uma das facções da "jihad" que destruiu e destrói um dos únicos estados laicos da região; ... que em Abril de 2013 a União Europeia decidiu comprar às claras petróleo aos "rebeldes" que haviam tomado para si - e para o financiamento da sua "jihad" - poços de petróleo que pertencem na verdade ao povo sírio; ... que o governo francês foi um dos elementos chave no esforço de guerra da NATO na Líbia - um dos paraísos do novo jihadismo itinerante -, e que boa parte daqueles que hoje ameaçam vidas inocentes em todo o mundo fizeram nesse contexto de guerra a sua formação (para)militar.


De OTAN e transnacionis financia Terroris a 9 de Janeiro de 2015 às 11:39
--- No entanto, este atentado cheira a «Black Ops made in USA», nomeadamente a CIA, para tentar afundar ainda mais a credibilidade do presidente Hollande.
Antes deste atentado acontecer, não esquecer que a França, à última da hora, rejeitou a tomada de posição de Israel em reter verbas para a Palestina.
Também, outro atentado na Turquia tinha ocorrido um dia atrás. Porquê? A vacilação do primeiro-ministro turco perante a estrutura de poder em Washington, ao dialogar com o presidente russo e ao não querer prosseguir com a estratégia da Casa Branca, em relação à guerra na Síria.

...Pergunto eu quantos terroristas teriamos criado ca em Portugal se fossemos bombardeados como eles teem sido? Se vissemos os nossos filhos, pais, irmaos, vizinhos, (bem o meu talvez nao) a morrerem diariamente, as nossas escolas ou os nossos hospitais. Quantos nao se juntariam aos rebeldes? seriamos certamente muitos os "terroristas" certamente.

----Hugo Dionisio disse...
Excelente texto.
Vivemos num estado formalmente democrático e numa sociedade material e tendencialmente ditatorial. Tudo em resultado de um estado NEO-LIBERAL que prescindiu dos instrumentos democráticos fundamentais (propriedade dos meios de produção, comunicação...).
Parece muito? Não é. Hoje, quando muito, temos liberdade e pensar em metade das nossas vidas. Na outra metade, no trabalho, não temos. Já para não falar de que um candidato a emprego pode ver no seu Facebok uma barreira à sua contratação?
Meus amigos, não há democracias amputadas ou parciais. Há ou não há democracia e numa sociedade dominada pela propriedade privada, a democracia fica muito afectada pela falta de liberdade de expressão. Daí a democracia ser apenas formal.

A Líbia e a Síria tinham ditaduras medievais? Estranho, não tenho essa ideia. Medievais são as da Arábia Saudita, Emirados, Kwait, Bahrein e outros. à vista de outros, a Líbia e a Síria eram o paraíso progressista na terra. Essas continuam lá, já as outras... E depois vêm falar do enlevo dos progressistas. O progresso não é uma coisa abstracta, tem um ponto de partida.
Em relação ao que representam os jihadistas apoiados pelos EUA e pelo grande capital, o regime de Assad é progressista. Em relação aos nossos, não é! Mas ninguém diz que quer cá o Assad.
O que não quero é que se troque o seu regime por um pior, mais retrógrado e medieval. Neste momento, por isso, defender o Assad na Síria é ser progressista.
Porque a alternativa capitalista é o retorno da teocracia e, meu caro, a separação do estado e da igreja é um passo fundamental para o progresso, e nesse aspecto Assad garante-o. Aliás, O fascistóide contratado pela CIA Nuno Rogeiro, entrevistou o Monsenhor Bispo de Damasco (acho) dos cristãos da Síria e levou uma tareia das antigas... De que ele não estava à espera. Nem os cristãos querem a alternativa... Cristã!
Como lhe digo, progressista em abstracto é bom,, mas também é bom sê-lo em concreto!
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Em relação a este ataque que já teve as suas consequências (diversas mesquitas atacadas em França), ninguém fala dos ditos guerrilheiros do «ISIL» feridos e fotografados em hospitais de Israel, defronte de soldados e generais israelitas. Ninguém mais falou na cumplicidade turca e francesa com aqueles bandidos do «ISIL» que ainda lutam em Kobani e que até foram ajudados em armamento pela tal coligação construída pela NATO e os EUA. É certo que também não se falou do súbito afastamento do governo de Hollande daquele ministro estranho e maquiavélico, chamado Laurent Fabius, implicado numa venda de sangue contaminado com Sida para o Irão.
Também é certo saber que aqueles que estão à frente do governo francês, não são nenhuns anjos. Por isso, não admira muito este estado de situação no estado policial francês, um país xenófobo, bem como o comprovam os falecidos autores do Charlie Hebdo.
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... estratégia americana que era tornar a Síria numa espécie de Nicarágua, injectando guerrilheiros do tipo «contras» até que a situação pesasse mais do lado dos opositores a Assad. ...enquanto diziam estar a bombardear o «ISIL», estavam, de facto, a armá-lo e a deixar depósitos de armamento para que os terroristas o levantassem, como aconteceu em Kobani ...
...coligação americana e malfeitora transnacional... financiando terroristas ...


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