Uma máxima que vale para sempre, desde sempre e em todas as ocasiões
(- por josé simões, 7/3/2016, derTerrorist)
"Trabalho precário é melhor que desemprego"- António Saraiva, presidente da CIP
É o escudo, inatacável pelo senso comum, atrás do qual se escondem os patrões e os accionistas sem escrúpulos,
que o exército de desempregados, mão-de-obra barata e força de pressão sobre quem trabalho e tem emprego razoavelmente remunerado,
se dispõe a aceitar como dogma e que serve para manter largas franjas da[s] população[ções] no limiar da pobreza e da sujeição,
porque a barriga vazia, a sua e a dos seus, vale o que vale e vale muito.
Perguntem aos vossos pais e aos vossos avós e perguntem também o que já ouviam dizer aos pais deles e aos avós dos pais e assim sucessivamente,
desde sempre, desde tempos imemoriais e em todas as ocasiões, perguntem.
A falsa dicotomia de António Saraiva (CIP)
(07/03/2016 por João Mendes, https://aventar.eu/)
[ Mais vale ter Cancro do que ter Sida; a Precariedade é o motor do Crescimento ]
Sobre a entrevista da António Saraiva à Diário Económico, deixo-vos com esta reflexão encontrada n’Uma Página Numa Rede Social:
Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”, diz António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa – uma espécie de sindicato dos patrões -, hoje, ao Diário Económico.
Todo um programa nesta frase, sem a mínima inocência.
Fica bem patente a intenção de aproveitar a miséria dos trabalhadores, a tentativa de nivelar por baixo, a exploração desavergonhada da precariedade.
É um dos mantras do modelo de sociedade darwiniana que a Direita defende, onde impera a lei do mais forte, onde é cada qual por si,
e que resulta num punhado de multimilionários a sujeitar milhões de trabalhadores às regras que só beneficiam a minoria,
numa óbvia subversão do valor mais elementar das sociedades democráticas modernas:
a defesa do bem comum.
Pela mesma lógica, mais vale trabalhar por comida do que não trabalhar.
Ou trabalhar apenas para melhorar o currículo.
E, enquanto a Direita aplaude, o país acaba com um mar de pessoas que trabalham várias horas acima da média europeia, ganhando menos de metade da média europeia.
Essa foi, aliás, a tendência a que o mercado de trabalho português assistiu nos últimos anos.
A falácia argumentativa de António Saraiva chama-se “falsa dicotomia”,
e consiste em apresentar um problema com o errado pressuposto de que ele só tem uma de duas soluções – neste caso, a precariedade ou o desemprego.
Não, estas não são as duas únicas soluções para o problema do desemprego.
A verdadeira questão, social e intelectualmente honesta, passa por determinar se mais vale ter um trabalho condignamente pago ou estar desempregado.
E reparem como António Saraiva descarta, logo à partida, a hipótese do trabalho condignamente pago.
Essa desconsideração pelo salário digno é tão reveladora do que o presidente da CIP realmente pretende, não é?
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