13 comentários:
De Patrões e accionistas sem escrúpulos... a 7 de Março de 2016 às 12:09
Uma máxima que vale para sempre, desde sempre e em todas as ocasiões

(- por josé simões, 7/3/2016, derTerrorist)


"Trabalho precário é melhor que desemprego"- António Saraiva, presidente da CIP

É o escudo, inatacável pelo senso comum, atrás do qual se escondem os patrões e os accionistas sem escrúpulos,
que o exército de desempregados, mão-de-obra barata e força de pressão sobre quem trabalho e tem emprego razoavelmente remunerado,
se dispõe a aceitar como dogma e que serve para manter largas franjas da[s] população[ções] no limiar da pobreza e da sujeição,
porque a barriga vazia, a sua e a dos seus, vale o que vale e vale muito.
Perguntem aos vossos pais e aos vossos avós e perguntem também o que já ouviam dizer aos pais deles e aos avós dos pais e assim sucessivamente,
desde sempre, desde tempos imemoriais e em todas as ocasiões, perguntem.


De Falsa dicotomia/ outra solução... a 7 de Março de 2016 às 17:16
A falsa dicotomia de António Saraiva (CIP)

(07/03/2016 por João Mendes, https://aventar.eu/)

[ Mais vale ter Cancro do que ter Sida; a Precariedade é o motor do Crescimento ]

Sobre a entrevista da António Saraiva à Diário Económico, deixo-vos com esta reflexão encontrada n’Uma Página Numa Rede Social:


Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”, diz António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa – uma espécie de sindicato dos patrões -, hoje, ao Diário Económico.
Todo um programa nesta frase, sem a mínima inocência.
Fica bem patente a intenção de aproveitar a miséria dos trabalhadores, a tentativa de nivelar por baixo, a exploração desavergonhada da precariedade.

É um dos mantras do modelo de sociedade darwiniana que a Direita defende, onde impera a lei do mais forte, onde é cada qual por si,
e que resulta num punhado de multimilionários a sujeitar milhões de trabalhadores às regras que só beneficiam a minoria,
numa óbvia subversão do valor mais elementar das sociedades democráticas modernas:
a defesa do bem comum.

Pela mesma lógica, mais vale trabalhar por comida do que não trabalhar.
Ou trabalhar apenas para melhorar o currículo.

E, enquanto a Direita aplaude, o país acaba com um mar de pessoas que trabalham várias horas acima da média europeia, ganhando menos de metade da média europeia.
Essa foi, aliás, a tendência a que o mercado de trabalho português assistiu nos últimos anos.

A falácia argumentativa de António Saraiva chama-se “falsa dicotomia”,
e consiste em apresentar um problema com o errado pressuposto de que ele só tem uma de duas soluções – neste caso, a precariedade ou o desemprego.

Não, estas não são as duas únicas soluções para o problema do desemprego.
A verdadeira questão, social e intelectualmente honesta, passa por determinar se mais vale ter um trabalho condignamente pago ou estar desempregado.
E reparem como António Saraiva descarta, logo à partida, a hipótese do trabalho condignamente pago.

Essa desconsideração pelo salário digno é tão reveladora do que o presidente da CIP realmente pretende, não é?


De Predadores em País a falhar. a 8 de Março de 2016 às 10:10
O predador que fala

(07/03/2016 por A.F. Nabais, Aventar )

Se eu fosse um desempregado a morrer de fome, tenho a certeza absoluta de que preferiria um emprego mal pago à morte por inanição, porque o mau, como é evidente, será sempre melhor do que o péssimo.

Não se pode condenar, portanto, o indivíduo que, diante das circunstâncias, opta por uma vida um pouco menos miserável, se é isso que a vida ou o país ou os dois têm para lhe oferecer.

Contudo, enquanto, num país, houver um único cidadão que esteja limitado a escolher entre a frigideira e o fogo, é o país que está a falhar. Se essa situação se multiplica, estamos a falar de um país falhado.

Há uns anos, escrevi sobre enfermeiras que trabalharam a troco de comida (houve quem chamasse a isso empreendedorismo); mais recentemente, espantei-me com o empreendedorismo da exploração de outros enfermeiros; pelo meio, comentei os elogios dirigidos a um menino muito empreendedor.

António Saraiva, ao defender que é preferível a precariedade ao desemprego, confirma o seu papel de macho alfa no bando de bestas quadradas que chamarão empreendedorismo ao acto de tentar encontrar comida no meio do lixo.

Um território dominado por predadores desta estirpe será sempre uma selva. Sociedade e civilização são conceitos diferentes.


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