Quinta-feira, 7 de Maio de 2015

Netanyahu anuncia o  fim da «solução de dois Estados»  (-Thierry Meyssan,   )

      ...   Durante a sua campanha eleitoral, Benjamin Netanyahu (que voltou a ganhar embora por margem reduzida) afirmou que, enquanto ele vivesse, jamais os Palestinianos teriam o seu próprio Estado (da Palestina, e que recentemente foi criado e reconhecido por muitos países). Ao fazê-lo, pôs fim a um «processo de paz» que prolongadamente se arrasta, desde os acordos de Oslo (entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat ),há mais de 21 anos. Assim se acaba a miragem da (pacífica) «solução de dois Estados» (Israel e Palestina).   

     Netanyahu apresentou-se como um “rambo”, capaz de assegurar a segurança da colónia judia esmagando para isso a população autóctone.    Os eleitores escolheram a sua via, a da lei da força.  ... isso é pouco glorioso e não tem futuro.

     Netanyahu substituiu a força de paz das Nações Unidas pelo ramo local da Al-Qaida, a Frente Al-Nusra. Ele providenciou-lhe um apoio logístico transfronteiriço e fez-se fotografar com os chefes terroristas, num hospital militar israelita. No entanto, a guerra contra a Síria mostra-se uma armadilha trágica para todos, para as populações locais, mas também para o Ocidente e para os países árabes (sunitas e wahhabitas) do Golfo. Segundo a ONU, a República Árabe da Síria só consegue garantir o contrôlo de 60% do seu território, mas, este numero é enganoso já que o resto do país é um terreno totalmente desértico, por definição incontrolável. Ora, segundo as Nações Unidas, os «revolucionários» e as populações que os apoiam, quer sejam jiadistas ou «moderados» (...), não atingem mais que 212 mil entre os 24 milhões de sírios. Quer dizer, menos de 1% da população.

     O ataque contra o Hezbolla na fronteira do Golã, matando algumas personalidades incluindo um general dos Guardiões da Revolução e Jihad Moghniyé, mas ele foi imediatamente vingado. Enquanto Netanyahu afirmava que a resistência libanesa estava atolada na Síria e não conseguiria replicar, o Hezbolla, com uma fria precisão matemática, matou, alguns dias mais tarde, à mesma hora, o mesmo número de soldados israelitas na zona ocupada das granjas de Chebaa. Ao escolher as granjas de Chebaa, a zona mais guardada pelo Tsahal (significa Forças de Defesa de Israel), o Hezbolla lançava uma mensagem de poderio, claramente, dissuasora. O Estado hebreu compreendeu que não era, mais, o senhor absoluto do jogo, e encaixou esta chamada à ordem.

     Finalmente, o PM Netanyahu foi desafiar o presidente B. Obama denunciando, no Congresso dos EUA, os acordos que a sua administração negoceia com o Irão. Os Estados Unidos negoceiam com o Irão uma paz regional, que lhes permita retirar a maior parte das suas tropas. A ideia de Washington é a de apostar no Presidente Rohani, para fazer de um Estado revolucionário xiita uma "normal potência" regional. Os Estados Unidos reconheceriam/ aceitariam a influência/ poder iraniano no Iraque, na Síria e no Líbano, assim como também no Barein e no Iémene, em troca do qual Teerão deixaria de exportar a sua Revolução para África e para a América Latina. O abandono do projecto do Imã Khomeini seria garantido por uma renúncia ao seu desenvolvimento militar, especialmente, mas não apenas, em matéria nuclear (continuam a afirmar que não se trata da bomba atómica, mas de motores de propulsão nuclear). A exasperação do presidente Obama é tal, que o reconhecimento da influência do Irão poderia chegar até à Palestina.   ...

      As bravatas de Netanyahu visam mascarar o impasse no qual ele mergulhou os colonos judeus. Tendo ganho tempo, durante os últimos seis anos, em vez de aplicar os acordos de Oslo, ele só aumentou a frustração da população indígena. E, assim, vangloriando-se que conseguiu empatar a Autoridade palestina, para nada, ele provoca um cataclismo.

Desde logo, Ramallah anunciou que cessaria toda a cooperação securitária com Telavive se Netanyahu fosse, de novo, nomeado Primeiro-ministro, e aplicasse o seu novo programa. Se uma tal ruptura ocorrer, a população palestina da Cisjordânia, e a de Gaza certamente, deverão ter, de novo, de se enfrentar com o Tsahal (FDI). Isto daria a 3ª "Intifada".

     A população israelita não deseja guerra contínua nem nova intifada e os principais oficiais superiores, na reserva, do Tsahal (FDI) formaram uma associação, os Commanders for Israel’s Security (Comandantes pela Segurança de Israel), que não parou de alertar contra a política belicista e de afrontamento do Primeiro-ministro. Na realidade, é o exército, em conjunto, que se opõe à sua política. Os militares compreenderam, muito bem, que Israel poderia ainda estender a sua hegemonia, como no Sudão do Sul e no Curdistão iraquiano, mas que ele não poderia, mais, expandir o seu território. O sonho (sionista) de um Estado colonial do Nilo ao Eufrates é irrealizável, e pertence a um século passado.

    Ao recusar a «solução de dois Estados», Netanyahu acredita abrir a via para uma solução mas isso não é viável. O Primeiro-Ministro pode celebrar a sua vitória, mas ela será de curta duração.
    Na realidade, a sua cegueira abre a via a 2 opções: quer uma solução à argelina, quer dizer a expulsão de milhões de colonos judeus, dos quais muitos não têm nenhuma outra pátria para os acolher, ou uma solução à sul-africana, quer dizer a integração da maioria palestina no Estado de Israel segundo o princípio «um homem, um voto»; a única opção humanamente aceitável.

----- O general W. Clark revela que o Daesh é um projecto israelita    (26/2/2015)

     O general Wesley Clark, antigo comandante supremo da OTAN (NATO), disse à CNN que o  Emirado Islâmico (dito «Daesh» ou movimento terrorista "Estado islâmico"/ISIS /Califado Islâmico) tinha sido «criado pelos nossos amigos e aliados para derrotar o Hezbolla» (partido político-milícia libanesa xiita apoiada pelo Irão; e para desestabilizar/ derrubar o regime Sírio de Assad; ...).
     O general Clark punha, assim, claramente, em causa a responsabilidade de Israel.  Desde 2001, o general Clark é o porta-voz de um grupo de oficiais de alta patente que se opõem à influência israelita sobre a política externa dos Estados Unidos (e logo também da U.E., da NATO e  ONU),  aos seus desenvolvimentos imperialistas agressivos e à remodelagem do «Médio-Oriente Alargado». Ele opôs-se à implantação de tropas no Iraque e às guerras contra a Líbia e contra a Síria.
----- Notas:
. Israel é uma ocidentalizada democracia (a única, numa região de 'autocracias'/...) onde a origem étnica-social-religiosa/seitas de muitos cidadãos (imigrados dos 'países de leste/Rússia', do 'ocidente/EUA-Europa', 'África/outros', e os 'palestinos/árabes') é um factor importante nas opções político-eleitorais, sendo que a ortodoxia judaica/hebraica é mais militarista e direitista (e sionista). A rede/diáspora e o lobby judaico nos EUA e Europa tem grande poder e influência  financeira, mediática e político-governativa.
. Síria (e em parte o Líbano), embora com problemas de governação (interna e também fomentados do exterior), tem/tinha 'aceitável' convivência/tolerância  entre diferentes religiões/ seitas (xiitas, sunitas, drusos, cristãos ortodoxos, latinos/católicos, arménios, melquitas, ...), sob um regime republicano 'laico', e servindo de base a diversos movimentos/milícias (de belicosa actuação interna e/ou externa).
. Jordánia tem bastante homogeneidade étnica-social-religiosa  e um regime (monárquico ocidentalizado) moderado, mas sendo fortemente influenciada pela  guerra Israel-Palestina  e os movimentos de refugiados, tal como os outros vizinhos.
.. Estados  (e suas agências, militares, políticos, lobbies)  e  entidades privadas (especialmente multinacionais e oligarcas)  apoiam um e/ou outro lado (governo, partido, seita,  milícia, ...), favorecendo o continuar do  conflito e  instabilidade regional  (e  beneficiando com isso, tanto em influência  (política, militar, religiosa, exportação de ideias/crenças/fiéis), como  em lucrativos negócios  (de  armas,  petróleo, "reconstrução/ajuda", investimentos/ moeda$£€, ...), e desviando a atenção e críticas  dos seus próprios  problemas internos e má governação)... (Ver também o 'post' « Guerra e destruição é  oportuno  filão para a  plutocracia  e  máfias»).


Publicado por Xa2 às 07:46 | link do post | comentar

8 comentários:
De EUA: Armas, areia p.olhos, $$ p. bolso. a 7 de Maio de 2015 às 16:21
Os americanos e o Califado islâmico

«Lê-se e não se acredita.
Para o governo norte-americano, "não é possível lidar de forma duradoura com o problema do Estado Islâmico (EI) enquanto o problema Assad não for resolvido", afirmou Samantha Power, embaixadora dos Estados Unidos na ONU,
à cadeia PBS, acrescentando que "uma das razões por que os combatentes terroristas estrangeiros chegam à Síria é que eles querem combater Assad".

Se necessidade houvesse de evidenciar a tradicional falta de clarividência da política internacional dos Estados Unidos, eis uma prova cabal.
Nem Henry Kissinger, recordista das boutades diplomáticas, teria dito melhor.

Recuemos um pouco no tempo.
A emergência do Califado islâmico deve-se à desastrosa intervenção norte-americana no Iraque
e ao seu apoio descabelado às insurreições designadas pelos ingénuos como "primaveras árabes".
Foram os Estados Unidos e os seus aliados europeus
quem fez ressurgir o wahhabismo, a fonte ideológica do EI,
ao desmantelarem os regimes ditatoriais laicos no Iraque, na Tunísia e na Líbia.

Agora, após múltiplos avanços e recuos e apoio logístico alternado, ora às forças governamentais ora aos rebeldes,
preparam-se para suportar a destruição do que resta da Síria.
O resultado adivinha-se trágico, não só para o povo sírio, como para todo o Próximo Oriente.

O que surpreende, além da manifesta incompetência dos países ocidentais em lidarem com as situações no terreno e em entenderem as contradições sociais e religiosas naquela parte do mundo, é o desconchavo do seu argumentário.
Seguindo o silogismo da embaixadora Power, os terroristas afluem à Síria para combater Assad; logo, há que derrubar Assad para que não cheguem em maior número, convertendo-se os existentes aos ideais da paz e da democracia.

Se o assunto não fosse tão grave, apetecia sugerir à administração norte-americana a produção de uma série de aventuras sobre o EI no Disney Channel.»

(- Luís Nazaré, 7/5/2015, http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/ )


De Salvar Palmira e cidadãos do Terror. a 22 de Maio de 2015 às 16:45
Salvar Palmira

(-por Vital Moreira, 21/5/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/ )

Património da Humanidade pela UNESCO, Palmira, a jóia da civilização romana da Síria, está em vias de ser tomada e destruída pelo "Estado islâmico".

Os Estados Unidos e a União Europeia,
cujas intervenções no Iraque e na Síria geraram o "Estado islâmico",
têm agora a obrigação de salvar Palmira.
A história não nos perdoará.


De Portugal, Israel e a Palestina a 12 de Maio de 2015 às 10:30

Portugal, Israel e a Palestina

(-por Paulo Gorjão, em 09.05.15


Mesmo no limiar do prazo, Benjamin Netanyahu conseguiu formar o novo governo que em princípio tomará posse na próxima semana.
Com 61 dos 120 lugares no Knesset, o novo executivo é uma coligação heterogénea cuja sobrevivência, na sua actual composição, parece incerta.
Igualmente importante, estamos perante um governo em que os nacionalistas religiosos e os ultra-ortodoxos têm um peso desmedido.

Assim, esta coligação não augura nada de bom e constitui uma razão acrescida para, como defendo, Portugal reconhecer o Estado da Palestina.
Não tem qualquer sentido continuar a defender, tal como faz Rui Machete, que Portugal apenas o deve fazer em concertação com os nossos parceiros da UE.
Pura e simplesmente, Netanyahu NÃO está minimamente interessado -- e a sua coligação muito menos... -- em encontrar uma SOLUÇÃO que contribua para ultrapassar o actual statu quo.

A mudança tem de ser induzida a partir do exterior. Não será certamente o reconhecimento português que alterará os equilíbrios internos, mas sem dúvida que constituiria mais um sinal de que o copo está a transbordar.
Ainda por cima, esta nem é apenas uma questão de fazer o que está 'certo'.
O que está 'certo' é o que realisticamente melhor salvaguarda os interesses nacionais.

---------

http://observador.pt/2015/05/07/netanyahu-fecha-coligacao-para-novo-governo-com-nacionalistas-religiosos-e-ultra-ortodoxos/

A menos de duas horas de terminar o prazo, Benjamin Netanyahu informou a Presidente de Israel, Reuvén Rivlin, que tinha conseguido um acordo para formar o seu terceiro Governo consecutivo, o quarto em que é primeiro-ministro, mas terá uma margem escassa.

O acordo conseguido com a formação ultranacionalista, liderada por Naftalí Bennet, dá ao partido de Netanyahu 61 deputados no Knesset (Parlamento de Israel), num total de 120.

A coligação será assim formada por cinco partidos:
o partido de Netanyahu e vencedor das eleições, o conservador Likud, que tem 30 deputados;
o partido de centro-direita Kulanu, com 10 deputados;
o partido ultraortodoxo Shas, com 7;
o Partido Judaísmo Unido da Tora, com 6;
e finalmente a formação ultranacionalista Bayit Yehudi, com 8.

Os detalhes do acordo serão dados a conhecer na próxima semana por Benjamin Netanyahu no Parlamento, diz ainda a Presidência de Israel.

Um governo de guerra, diz a Palestina

A reação do lado palestiniano não se fez esperar.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) criticou a formulação conseguida por Netanyahu para a coligação que vai suportar o próximo Governo e diz que
este será mais um Governo para promover a guerra e não a paz.

“Este Governo visa matar, e reforçar a colonização” nos territórios palestinianos, disse à agência de notícias francesa AFP o membro da comissão executiva da OLP Saeb Erakat, numa primeira reação à formação apresentada.

“Este é um Governo de união para a guerra e contra a paz e a estabilidade na nossa região”, acrescentou.


De Estado de Israel: limites bélicos... a 15 de Maio de 2015 às 14:50
14 de Maio de 1948: Proclamação do Estado de Israel


Declaration_of_State_of_Israel_1948_1

A proclamação do Estado de Israel foi feita pelo dirigente sionista David Ben Gurion, às 4 da tarde de 14 de Maio de 1948, numa cerimónia realizada no Museu de Telavive.

Israel nasceu sem fronteiras definidas, pois como o próprio Ben Gurion escreveu em finais de 1947, o importante era «erigir de imediato um Estado judeu (…) O resto virá com o tempo».
O novo país, defendia, «terá os limites que os seus soldados forem capazes de traçar».

Passados 67 anos, a Palestina continua a ferro e fogo...

--- http://ocastendo.blogs.sapo.pt/ 14/5/2015


De Acordo sobre Nuclear do Irão. a 14 de Julho de 2015 às 12:09
Boas notícias
(- por Vital Moreira, causanossa, 14/7/2015)

Acordo concluído sobre o nuclear iraniano. Depois de longos anos de negociações, envolvendo o Irão, os Estados Unidos, a Rússia e a UE, é alcançada uma solução equilibrada para a questão, vencendo inúmeros obstáculos, incluindo a chantagem israelita.

Mais uma vitória para o Presidente Obama e para os moderados no regime iraniano.
Menos uma ameaça para a paz e a segurança internacional.
Nem tudo corre mal no Médio Oriente.


http://www.nytimes.com/2015/07/15/world/middleeast/iran-nuclear-deal-is-reached-after-long-negotiations.html?emc=edit_th_20150714&nl=todaysheadlines&nlid=32864996&_r=0


De Curdos na Turquia em autogoverno. a 28 de Setembro de 2015 às 15:28
Frente à guerra, curdos declaram autogovernos na Turquia

20/8/2015
Com a escalada de ataques do governo Erdoğan, nos últimos dias cidades e bairros curdos se declararam em autogoverno e formaram autodefesas Por JINHA

Desde a nova onda de ataques do presidente turco Erdoğan contra o Curdistão logo após as eleições de junho, pessoas de todas as idades se juntaram aos esforços para se defender e governar a si próprias na região.

Desde os anos 1990, o Estado turco tem usado táticas de negação, assimilação e aniquilamento na região norte do Curdistão. Ainda que as promessas de paz que o AKP [Partido da Justiça e Desenvolvimento] fez ao chegar ao poder tenham despertado esperanças em muitos, 13 anos depois tais promessas permaneceram no papel.

No dia 7 de junho, os curdos e outras pessoas Turquia afora rejeitaram o AKP em uma histórica eleição. O resultado do pleito arruinou os sonhos de Recep Tayyp Erdoğan de levar o país a um sistema no qual o poder ficaria concentrado no presidente. Agora Erdoğan declarou, na prática, uma guerra pessoal contra os curdos antes das eleições antecipadas, na esperança de começar uma guerra antes das eleições.

Autodefesa de mulheres em Amed

No espírito das mulheres das YPJ [Unidades de Defesa das Mulheres, de Rojava] que lutam contra o Estado Islâmico em defesa de sua autonomia, os curdos da região norte declararam autogoverno em uma série de áreas. Entre as cidades e bairros que se declararam em autogoverno, estão Silopi; Cizre; o bairro Batman’s Bağlar; o distrito de Diyarbakır’s Sur; Lice; Silvan; Varto; Bulanık; Yüksekova; Şemdinli; Edremit; o bairro Van’s Hacıbekir; o bairro Gazi, em Istambul; e Doğubeyazit.

A primeira declaração de autogoverno veio da cidade de Silopi no dia 10 de agosto. Silopi não é estranha à violência estatal. Moradores assistiram a assassinatos no meio da rua e vítimas atiradas em barris de ácido durante os anos 1990. Quando o AKP intensificou os ataques ao Curdistão, Silopi foi a primeira a entrar em ação. Em Silopi, a população cavou trincheiras em seus bairros para se prevenir contra a entrada de policiais ou soldados. Foi quando a polícia começou um ataque total.

No dia 7 de agosto, de manhã cedo, policiais abriram fogo no bairro Zap, assassinando Hami Ulaş, de 58 anos, e Mehmet Hıdır Tanboğa, de 17. A polícia metralhou contra casas, deixando seis lares em chamas. O ataque deixou vários feridos, dentre eles crianças.

A polícia começou a prender todos os feridos levados ao hospital. Um morador que fora baleado durante uma tentativa de prisão foi trazido à cidade de Diyarbakı por voluntários de direitos humanos horas depois, e lá o prenderam. Conforme a polícia posicionou snipers no topo dos prédios, moradores fecharam as cortinas para bloquear sua visão (uma famosa tática usada durante a resistência de Kobane em Rojava). Hoje, é difícil encontrar uma casa sem buracos de bala em suas paredes ou janelas.

Assembleia popular em Silvan

A cidade de Cizre, também na província de Şırnak, viveu anos de massacres da polícia e soldados. Lá, os moradores se juntaram a Silopi ao declarar autogoverno no dia 10 de agosto. A população de Cizre estava bem preparada para a autodefesa. Na declaração de autogoverno, os moradores afirmam que é somente cavando trincheiras que eles poderão respirar tranquilos outra vez.

A onda de execuções, prisões e torturas do governo de AKP começou uma escalada, trazendo à tona para muitos imagens dos dolorosos anos 1990. No dia 13 de agosto, o distrito de Varto, situado na província de Mus, se juntou às declarações de autogoverno. Em resposta, o Estado declarou, na prática, guerra contra a população local, começando uma onda de prisões e detenções na cidade.

Os confrontos irromperam no dia 15 de agosto, quando as guerrilhas do HPG (ligadas ao PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão) tomaram controle das entradas e saídas da cidade por todo final de semana. Voluntários armados montaram trincheiras ao logo de todas as principais avenidas de Varto. Com uma investida mirando a base do distrito de polícia e o comando militar, as guerrilhas também garantiram o controle sobre as estradas e vias de acesso à cidade. Os guerrilheiros disseram à policia e soldados q se mantivessem dentro dos prédios para sua segurança.
Nas redes sociais.


De Curdos na Turquia em autogoverno. a 28 de Setembro de 2015 às 15:33

Frente à guerra, curdos declaram autogovernos na Turquia

(20/8/2015 , http://www.passapalavra.info/2015/08/105819 )
...
...
... Nas redes sociais, começou a circular uma foto de Kevser Eltürk (nome de guerra Ekin Wan), guerrilheira da YJA Star [União de Mulheres Livres – Estrela], cujo corpo a polícia deixou nu, arrastou pelo chão e fotografou. Protestos contra o tratamento de Ekin Wan se espalharam por todo Curdistão. No dia 17 de agosto, foram encontrados dois cadáveres em Varto. Identificaram ser dos voluntários Andok Ekin e Demhat. A polícia assassinara um e esquartejara outro, de acordo com testemunhas.

Varto rapidamente se tornou em zona de guerra conforme soldados entraram no centro da cidade usando tanques e veículos blindados. Dezenas de construções foram destruídas. Uma delegação liderada por Selma Irmak, co-presidente do Congresso da Sociedade Democrática (DTK), analisou o dano e entrou em contato com locais, mas os oficiais de governo não aceitaram se reunir com ela.

A cidade de Bulanık, também na província de Muş próxima a Varto, declarou o autogoverno no dia 13 de agosto. Membros dos partidos HDP [Partido Democrático do Povo] e DBP, assembleias de bairros e co-prefeitos locais aderiram à declaração. Ali, Zeynep Topçu do Partido das Regiões Democráticas (DBP) falou em nome da Assembleia da Cidade Democrática, dizendo que como representantes eleitos pelo povo de Bulanık, eles iriam governar a si próprios, já que o regime não os representa.

silvan-defense
Autodefesas em Silvan

No dia 15 de agosto, aniversário do dia em que o PKK abriu fogo pela primeira vez no levante armado de anos atrás, foi também o dia em que a cidade de Silvan (em curdo, Farqîn), situada na província de Diyarbakır, declarou sua autonomia. A resistência cresceu após a Assembleia Popular de Farqîn decretar o autogoverno. Notavelmente, as mulheres ocuparam um papel de liderança na luta para defender as trincheiras em Silvan.

O distrito de Sur, que é a parte mais antiga da cidade de Diyarbakır, declarou autogoverno no dia 14 de agosto. Com a declaração de autodefesa, a polícia intensificou seus ataques já frequentes na área. O bairro Lalebey se tornou palco de forte violência policial, enquanto jovens tentavam defender a vizinhança nas trincheiras. Oficiais eleitos do HDP e do DBP realizaram uma vigília noite adentro no bairro para evitar confrontos.

O distrito de Lice, na província Diyarbakır, é um lugar onde muitos jovens foram assassinados pelas mãos do Estado nos últimos anos – de Ceylan Önkol, 12 anos, assassinado pela polícia, a Medeni Yıldırım, 18 anos, baleado durante um protesto contra a construção de um nova base policial. Recentemente, homens e mulheres jovens também tomaram as ruas decididos a defender seus bairros de ataques da polícia. Policiais avançaram nas ruas em veículos blindados, abrindo fogo indiscriminadamente nos bairros, ao que os membros da resistência responderam usando pistolas e granadas de luz.

Na cidade de Yüksekova, na província de Hakkari, a resistência se espalhou a partir dos bairros de Orman, Kışla e Dize. Jovens conseguiram fechar totalmente o acesso aos bairros com trincheiras. Moradores formaram unidades de autodefesa para fazer vigílias armadas à noite. A comunidade fez danças tradicionais em torno de fogueiras, cantando músicas para apoiar a vigília. Seguindo Yüksekova, a cidade vizinha de Şemdinli também declarou autogoverno.

Na cidade de Batman, a assembleia do bairro de Bağlar declarou o autogoverno como “uma necessidade urgente contra o Estado e o ataque total do governo do AKP”. A província de Van Oriental viu a autonomia ser declarada no distrito de Edremit, próximo à cidade de Van, onde a Assembleia Democrática do Povo de Edremit declarou a rejeição ao Estado. No bairro de Hacıbekir (em curdo, Xaçort), situado na área central de İpekyolu de Van, a Assembleia Democrática do Povo do bairro também declarou autogoverno.

Declarações de autogoverno e o compromisso com a autodefesa só estão se espalhando. Hoje, distrito de Doğubeyazıt, na província de Ağrı, e o bairro de Gazi, em Istambul, também decidiram pelo autogoverno.

----Traduzido do artigo de JINHA publicado em 19/8/2015 : http://jinha.com.tr/en/ALL-NEWS/content/view/29082


De .Falhas da UE, situação Líbia e ... a 5 de Fevereiro de 2016 às 16:09
A UE e a situação na Líbia

(-por AG , CausaNossa, 3/2/2016)


União Europeia e Estados Membros falharam em agir como Europa coesa e coerente para ajudar os governos de transição líbios na tarefa que devia ter sido prioritária, sem a qual era óbvio que não funcionariam Estado, nem governação:
a construção de forças de segurança sob comando nacional, o que implicava desmobilizar as milícias,
não deixar que fossem infiltradas por redes criminosas e terroristas, explorando os arsenais de Khadafi no "bazar de armas" que ainda aqui hoje denunciou o Presidente da Nigéria.

UE e Estados-Membros continuam a enterrar a cabeça na areia, tudo reduzindo a lutas tribais entre líbios:
continuam em denegação da "guerra por procuração" conduzida em terreno líbio por potências rivais sunitas
- Egipto e Emiratos, atrás da Arábia Saudita que financia os grupos salafistas, contra Turquia e Qatar, que apoiam a Irmandade Muçulmana.
"Guerra por procuração" que organiza a desintegração da Líbia e a expansão do Daesh e outros grupos terroristas no terreno.

O Acordo Político Líbio que o Representante do SGNU Martin Kobler conseguiu negociar oferece uma oportunidade que o povo líbio, a UE e a região não podem desperdiçar:
é uma oportunidade "in extremis" para impedir a escalada da violência.
Um ataque terrorista organizado a partir da Libia contra europeus não ficará sem resposta.
E ninguém saberá controlar os impactos de uma intervenção militar externa.

Para o Acordo Político Líbio e o Governo de Acordo Nacional vingarem é vital que a UE imponha imediatamente sanções direccionadas contra qualquer indivíduo ou organização, líbio ou estrangeiro, que boicote o Acordo e o governo.

A Europa tem de assumir que é sua obrigação e interesse vital investir na segurança da Líbia.
A erradicação de santuários terroristas implica trabalhar na desmobilização, desarmamento e reintegração de qualquer milícia, no combate ao tráfico de armas e de seres humanos, e na formação de forças de segurança líbias sob comando unificado.

Sem se restabelecer segurança, não haverá transição democrática na Líbia, nem capacitação para a governação,
nem respeito pelos direitos humanos, nem gestão dos recursos petrolíferos, nem controlo de fluxos migratórios.

A UE tem de se empenhar na Líbia e interessar-se pelo povo líbio.
Só assim assegurará a sua própria segurança e a segurança da região.


(Minha intervenção em debate esta tarde no PE sobre a situação na Líbia)


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