Aníbal, Pedro, Paulo, António, Jerónimo que... (- por F.Fernandes, DN.)
Em bom, é assim: "João amava Teresa que amava Raimundo/ Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém. /João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,/ Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,/ Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes/ que não tinha entrado na história." Em bom, é assim, célebre poema assinado por Carlos Drummond de Andrade. Ao poema, ele chamou Quadrilha. Não, não é isso que estão a pensar, mas no sentido da tradicional contradança. Por isso me permito uma versão portuguesa, citando políticos, para aqui trazidos por nos darem música.
Sai cantiga de escárnio e maldizer:
Aníbal apadrinhava Pedro que casara com Paulo que desdenhava Pedro que piscava o olho a António que se encontrava com Jerónimo que se queria vingar de Catarina que também instigava António que não sabia o que fazer.
Aníbal foi para o Algarve reformado, Pedro e Paulo continuaram casados, sonhando com umas terceiras núpcias, grandes como as primeiras, melhores do que as segundas, António hesitou na passagem de nível, olhou para a esquerda, olhou para a direita, foi talvez atropelado, apanhou talvez o comboio do poder,
Jerónimo progrediu para 18 deputados, talvez até 19, e mesmo 12 era bom logo que fossem mais do que Catarina que invejou André Lourenço e Silva, que tinha um cão chamado Nilo e não entrou na história porque é deputado do PAN e só se interessa por periquitos.
– E poderia extender a sua cantiga também aos candidatos presidenciais, incluindo Marcelo e o mais recente (padre) Edgar Silva (53 anos, deputado na A.L. da Madeira pelo PCP).
Dizia eu há dias, meio no gozo, que por esta hora já deveria haver quem, no PS, se preparasse para "cortar os pulsos", caso acontecesse alguma espécie de entendimento com o BE e o PCP.
O pessoal da EXTREMA DIREITA do PS, com Francisco Assis à cabeça, ainda que no seu risível jeito apalhaçado e histriónico de boneco de tenda de espectáculo de "Robertos" de feira… correram imediatamente a dar-me razão.
Numa espécie de "surto" de reaccionarismo primário e destrambelhado, Sérgio Sousa Pinto, um "cromo" ex-dirigente da JS,
depois dos ataques de ódio vesgo a Sampaio da Nóvoa, ao pressentir que o PS poderia equacionar um apoio à sua candidatura, ataques feitos num tom que mais parecia de esquadrão de "assassínio político" da PIDE de Salazar… demite-se!
Demite-se do secretariado nacional do partido… só por estar no ar a hipótese de haver contactos do PS à sua esquerda.
Desgraçadamente para o Partido Socialista e para a democracia e para o povo português… uma boa parte do barro de que tem sido feito o "socialismo" à portuguesa,
apesar de à vista desarmada parecer barro… é mais… tipo… como direi?… merda!
-- Samuel Quedas.
http://aventar.eu/2015/10/10/surto-de-reaccionarismo-primario-e-destrambelhado/12115701_1228138530545646_3778989475376965845_n/
Não conheço as razões de Sérgio Sousa Pinto, mas discordo
-- 11 Outubro 2015 por Penélope 51 comentários
Parece que SSP não concorda com a estratégia de António Costa de tentar um acordo de governo à esquerda.
Mas que alternativa existe?
Vejamos o lado dos credores, que não sei se é o que aflige subitamente SSP, mas que tanto aflige a direita e reis da asneira fácil como o José Gomes Ferreira.
O que teriam gostado de ver nestas eleições?
Que os PàF, desastrosos mas subservientes, tivessem mantido a maioria absoluta.
Porém não penso que sejam tão ignorantes ou ingénuos ao ponto de acharem que tal era possível.
O que teriam então gostado a seguir?
Que a PàF governasse com maioria relativa e contasse com a abstenção ou mesmo com o apoio do PS.
Para quê? Para continuar o lindo serviço.
Ora, para poderem acreditar nesta hipótese, teriam de desconhecer totalmente o líder socialista, os seus princípios políticos, as suas preferências, pensar que estava disposto a levar alegremente o partido para o suicídio e desconhecer também a história de partidos como o PASOK, da Grécia.
Não desconhecem. O partido praticamente desapareceu de tanto se confundir com a direita.
De modos que ou as coisas se arrastam durante uns meses sem qualquer garantia de entendimento à direita e com este presidente a recusar um governo de esquerda,
até que um novo presidente da República convoque novas eleições e a direita consiga maioria absoluta, o que, salvo campanha magistralmente urdida, que eleve a pulhice e a falta de vergonha à quinta potência, me parece bastante improvável,
pois não há como escamotear a situação social, económica e financeira do país, perto do descalabro
(já e antes do eventual bico de obra para a formação de uma maioria), ou os credores terão de agradecer a Zeus o facto de ser um moderado como António Costa a liderar a esquerda e a moderar os radicais nesta situação, com um programa credível, que respeita os compromissos internacionais do país.
A alternativa seria as instituições amanharem-se com um Syriza 2 também aqui nesta ponta do continente.
Mas calma, não vai acontecer.
E é já em dezembro que a Espanha vai a votos.
António Costa tem a única solução possível e tem que ser bem sucedido. E apoiado.
É a democracia, estúpidos
A direita estava descansada com o ovo no cu da galinha, Cavaco excluía o BE e o PCP, Passos Coelho fazia vergar António Costa pressionado pela ala direita do PS, a direita formaria governo, o PS entraria em crise e Costa seria levado à demissão, Marcelo passeava até às presidência, ganhas as presidenciais Passos demitir-se-ia com o argumento de não o deixarem fazer as reformas necessárias, realizar-se-iam eleições legislativas antecipadas e a direita ganharia com maioria absoluta, repetia-se a história, desta vez sem personagens como Oliveira e Costa ou Dias Loureiro, mas com o Marco António e o Miguel Relvas.
A estratégia era perfeita e Cavaco decidiu jogar tentando marcar dois golos, um pelo seu governo e outro por forçar Costa à submissão, depois de ter receado ter de dar posse a um governo que ajudou a derrubar, era o prémio de consolação para o pior presidente da história da República, não considerado pelo povo conseguiria, pelo menos, a gratidão da direita. A estratégia não tinha como falhar, o PCP e o BE odeiam e desejam destruir o BE, uma solução governativa que correspondesse a uma maioria dos paRtidos de esquerda no parlamento era impensável, a minoria maioritária da direita iria governar.
Mas Jerónimo de Sousa percebeu que a estratégia de Passos e Cavaco e entre apoiar um governo do PS ou viabilizar um governo maioritário da direita não lhe restava alternativa. Cavaco pensava que Jerónimo de Sousa lhe fazia o favor e enganou-se, ignorou a Constituição e desprezou os líderes dos outros partidos, incluindo Paulo Portas, e tramou-se, Passos ficou sem condições para apresentar uma solução alternativa. Agora Cavaco está confrontado com o risco de ter uma solução governativa diferente daquela que encomendou, resta-lhe lembrar-se de que Portugal tem uma Constituição e apressar-se a indigitar Passos Coelho para primeiro-ministro. Cavaco pensou que ia tosquiar António Costa e vai acabar por ser ele o tosquiado.
Agora anda toda uma direita a clamar que ganhou as eleições, como se fossem gaiatos a berrar que a bola é deles e dizendo que António Costa está violando as regas do jogo. Só que não foi António Costa que decidiu jogar aos consensos, foi Cavaco que viu mais uma oportunidade de forçar o PS a “obedecer” a Passos Coelho chamando a isto consenso. Teve azar, jogou mal e agora corre um sério risco de conduzir o país a uma grave crise política. É o preço que o país poderá pagar por ter eleito alguém sem condições para exercer o cargo de Presidente da República.
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