Sexta-feira, 14 de Novembro de 2014

Crime, disse ele    (-por josé simões, derTerrorist)

 mask.jpgO ministro do Ambiente, que até percebe da poda e é medalhado e tudo, a sacudir a água do pacote do Governo que eliminou auditorias obrigatórias à qualidade do ar interior,* num retrocesso em relação a tudo o que se tinha feito até à data e numa cedência ao lobby do "por cima de toda a folha" em prol da mais-valia do patrão e dos accionistas, e a anunciar uma inspecção à empresa Adubos de Portugal (e a outras instalações com 'torres de refrigeração'), a decorrer "nas próximas horas" e que servirá para averiguar um "eventual crime ambiental por libertação de microrganismos para o meio ambiente" . Quem é que é o criminoso, aqui, no admirável mundo do (neo-)liberalismo de pacotilha? (da desregulação e do Estado mínimo? com efeitos nefastos e mortais para os cidadãos e o ambiente.)

----------*

Há dois anos, técnicos de uma empresa de certificação energética e de qualidade do ar interior identificaram a Legionella num lar de idosos no interior do país. As bactérias estavam num depósito de água quente numa casa de banho.

Era uma situação de elevado risco. Um simples duche – ao vaporizar a água em pequenas gotículas – poderia levar a bactéria para pulmões já debilitados. Seria a combinação perfeita para mais casos de Doença do Legionário em Portugal.

Os técnicos fizeram o que a lei mandava. Realizaram um “plano de acção correctiva”, eliminaram a bactéria da água e o problema ficou resolvido. “Ficaram muito felizes por se ter detectado o problema atempadamente, não se tendo verificado qualquer baixa entre os idosos”, afirma José Afonso, responsável pela Engiprior, a empresa que realizou o trabalho.

A situação só foi detectada porque lares, hospitais, centros comerciais e muitos outros tipos de edifícios eram obrigados, desde 2006, a submeterem a qualidade do ar interior a auditorias periódicas. Desde Dezembro do ano passado, no entanto, as auditorias deixaram de ser obrigatórias, numa alteração legislativa alvo de muitas críticas.

Segundo a lei anterior – sobre a qualidade do ar interior e a certificação energética dos edifícios –, as auditorias deveriam ser feitas de dois em dois anos em escolas, centros desportivos, infantários, centros de idosos, hospitais e clínicas; e de três em três anos em estabelecimentos comerciais, de turismo, de transportes, culturais, escritórios e outros.

A preocupação com a poluição do ar interior – um problema grave a nível mundial – criou um mercado. Abriram-se empresas, compraram-se equipamentos, certificaram-se peritos. Mas em Agosto de 2013, o Governo reviu a legislação e as auditorias desapareceram. As normas existem e têm de ser cumpridas. Mas agora cabe à Inspecção-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT) verificar se de facto estão a ser respeitadas.

“Deixou de haver uma atitude proactiva, remetendo-se apenas para os operadores a realização de avaliações de forma voluntária e a fiscalização (inexistente, de facto) para um organismo da tutela”, afirma Serafin Graña, coordenador da Comissão de Especialização em Engenharia de Climatização da Ordem dos Engenheiros. “Não é certamente o melhor procedimento quando estamos a lidar com questões de saúde pública”, completa.

Segundo Serafin Graña, nas auditorias que antes eram feitas, os principais problemas detectados tinham a ver com bactérias e fungos acima dos valores legais.

Não faltaram avisos dos riscos que a alteração legal traria. “Tentámos falar com deputados, ainda fomos recebidos por alguns, mas não nos ouviram”, diz José Afonso, que é membro da direcção da Associação Nacional de Peritos Qualificados.

“É evidente que houve lobbies para que houvesse esta alteração”, completa Fernando Brito, da Associação Portuguesa da Indústria da Refrigeração e Ar Condicionado, entidade que, na altura, também manifestou a sua discordância e tentou falar com governantes. “Era um retrocesso em relação ao que tínhamos feito até então. Quando entrou o novo Governo, deu tudo para trás”, afirma.

O PÚBLICO tentou ouvir o Ministério da Economia e do Emprego, a quem coube a iniciativa de alterar a legislação, mas não obteve resposta.



Publicado por Xa2 às 07:49 | link do post | comentar

4 comentários:
De Crime em saúde pública ou +impunidade?! a 18 de Novembro de 2014 às 10:19
"Resolvido", uma ova!

(- por Vital Moreira , CausaNossa, 12/11/2014

É inaceitável dizer que que "o assunto está resolvido" por a fonte de contaminação da legionella ter sido identificada e eliminada.

Não, o assunto só está resolvido depois de apuradas as responsabilidades contraordenacionais e criminais
por eventual incumprimento das normas de monitorização e inspeção de instalações industriais de risco e dos deveres públicos de supervisão administrativa.

Um surto infecioso desta dimensão, que causou vítimas mortais e pânico social justificado
e que desacreditou o país internacionalmente em matéria de saúde pública
não pode ficar "em águas de bacalhau".


De Desgoverno neoliberal = pior saúde, crim a 24 de Novembro de 2014 às 10:47
Legionella e Passos Coelho.
Lemos e não acreditamos!


Um estudo publicado no início de 2013 pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) alertava para a necessidade de se reforçar a “vigilância de determinados edifícios ou locais considerados de maior risco” para o desenvolvimento da legionella.
Entre as amostras referentes a torres de refrigeração que o INSA recolheu entre 2010 e 2012 quase 15% deram resultado positivo quanto à presença desta perigosa bactéria.

Lemos e não acreditamos!!
Esta situação pouco tranquilizadora acontecia apesar de legislação que tornava obrigatória as auditorias à qualidade do ar interior estabelecida em 2006 (Olá!! Sócrates ???)
e que o atual Governo, supostamente ao serviço de Portugal mas efetivamente postergado perante os mercados, revogou no fim de 2013.

Lemos e não acreditamos!!!
"Questionado sobre a alteração legislativa que acabou com as auditorias obrigatórias à qualidade do ar interior, o primeiro-ministro afirmou nesta terça-feira, no Porto, que a alteração visou justamente reforçar a capacidade de inspecção e prevenção destes casos” - Ouviu bem? -
o suposto 1º M "afirmou que a alteração visou justamente reforçar a capacidade de inspecção e prevenção destes casos e rejeitou que o surto tenha ocorrido por “negligência do Estado”.

Lemos e não acreditamos!!!!
Dando o benefício da dúvida de que o ex-administrador da Tecnoforma que alçaram a 1ºM não está, nesta dramática situação, "a gozar com o pagode" e que não se encontra em estado de insanidade mental,
forçoso é concluir que se encontra afinal, com gosto e convicção, a levar à risca no Governo o que os próceres do neoliberalismo extremado ou seja os "mercados" lhe recomendam:
menos Estado, menos Estado.
Neste caso concreto as empresas industriais que é suposto não terem por objetivo criar as melhores condições ambientais aos seus trabalhadores e à população vizinha
mas aprimorarem-se nos lucros, libertas de legislação que as obrigava a auditorias e inspeções ambientais pouparam nas despesas e revelaram com tanta legionella no que pode dar menos e menos Estado.

Menos Estado estaria bem se fosse diminuição de desperdício na administração pública, eliminação de serviços sobrepostos, melhor organização dos serviços, limpeza da legislação que oferece campo à corrupção legal a favor das grandes empresas, bancos, amigos e afilhados de governantes.

Mas, menos Estado, na boca de quem atualmente nos governa, de S. Bento a Belém, quer dizer MENOS ESTADO SOCIAL.
Menos dinheiro para os serviços sociais, para as reformas e subsídio de desemprego, menos dinheiro para as pequenas e médias empresas, menos dinheiro para o serviço de saúde, para o apoio aos mais desprotegidos, menos dinheiro para a Educação, para a Ciência e a Investigação.

Menos Estado para este Governo quer dizer um quadro institucional que favoreça a transferência de riqueza do trabalho para o capital,
que favoreça a transferência de riqueza dos trabalhadores e classes médias para uma minoria restritíssima de multimilionários
como mostra o "Relatório de Ultra Riqueza no Mundo, 2013" do UBS, que revela que em Portugal, em 2012, um ano de grande empobrecimento da população não só cresceu o número de multimilionários, como aumentou o valor global das suas fortunas, de 90 para 100 mil milhões de dólares (mais 11,1%).

Lemos e acreditamos!!!!
Acreditamos que é possível isto ser dito quando quem diz se chama Passos Coelho ou Paulo Portas ou Cavaco Silva.


Etiquetas: Legionella, mercados, neoliberalismo, Passos Coelho

# posted by Raimundo Pedro Narciso


Comentar post

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS