6 comentários:
De Desgovernos:...+Nepotismo+sabujos+burlõe a 20 de Janeiro de 2015 às 10:34
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...Também é verdade que o nosso desinvestimento na agricultura e pescas foi negociado durante a adesão à CEE, mas nós poderíamos ter aproveitado as conclusões do Relatório Porter para renegociar a nossa estadia na CEE. Em 2002, quando Michael Porter visitou Portugal e disse que o país estava no mau caminho, também podíamos ter aproveitado para repensar o que andávamos a fazer. Não só não repensámos, como ainda fizemos escolhas que nos prejudicaram ainda mais. Em 2011, quando negociámos com a Troika também podíamos ter reavaliado o papel da agricultura e das pescas no nosso desenvolvimento, mas escolhemos não o fazer novamente. Em 2013, 19 anos após o Relatório Porter, há quem defenda que precisamos de um Relatório Porter novo.

O que nós precisamos é de ter vergonha na cara. Andar ad eternum a fazer estudos e relatórios, sem ter intenção de implementar as conclusões do relatório, só gasta dinheiro, não cria valor nenhum. É incompreensível não saber álgebra; é uma coisa que se aprende na escola primária. Pagar 100 para ter um proveito de 10, resulta numa perda de 90. Até agora, o que nós fizemos foi aumentar custos e destruir ou internacionalizar proveitos.

Vejamos alguns exemplos:

Pedimos emprestado para investir em infraestrutura e, segundo os rankings de competitividade, temos uma das melhores do mundo. Ao construir a infraestrutura, aumentámos os nossos compromissos financeiros futuros, pois são necessários custos de manutenção e pagamento de juros e da dívida contraída para a construção. Ainda por cima, tivemos a brilhante ideia de garantir rentabilidade a certas PPPs, independentemente do uso que tem a infraestrutura, pois construímos sem qualquer noção de escala ou de benefício público--se calhar, somos fãs do Kevin Costner e da filosofia "if you build it, he will come". Mas ainda não chegou ninguém; pelo contrário, manda-se pessoas embora do país e, para adoçar o veneno com que nos matamos, limitamos o acesso à infraestrutura através de portagens, efectivamente destruindo grande parte dos proveitos que a existência dessa infraestrutura poderia ter.
Também poderíamos falar da camada de stress a que submetemos os nossos cidadãos, alguns que até pagam as portagens e, mesmo assim, recebem cartas em casa a acusá-los de não pagamento e a exigir somas exorbitantes. Isto é terrorismo fiscal, meus amigos (Je suis Zé Povinho); diminui a produtividade e a moral do povo, e usa recursos públicos num país cujo estado está endividado até ao queixo, já nem se vê o pescoço.

Ainda não satisfeitos, continuamos com a mesma lenga-lenga: enganámo-nos, afinal não devíamos ter construído esta autoestrada aqui, devia ter sido no outro lado, precisamos de mais. Pergunte-se aos demagogos: porque é que os EUA e a Alemanha crescem com uma infraestrutura envelhecida e inadequada e Portugal não cresce com uma infraestrutura muito mais recente?

Destruímos os poucos clusters de competitividade que tínhamos. Sem produção de produtos físicos, de que nos vale infraestrutura? O que acontece, a nível nacional, é que o custo fixo da infraestrutura é dividido por uma quantidade mais pequena de produto, o que aumenta o custo médio de produção para o país.
Investimos fortemente na educação dos jovens, e depois convidámo-los a emigrar. Esta ideia é completamente suicida! É tão suicida que, três anos depois, andamos às aranhas porque a taxa da natalidade foi para as urtigas e os nossos governantes só pensam em promover a natalidade. Para quê? Será que precisamos de mais emigrantes daqui a 20-24 anos? Aliás, repararam que, para 2060, desapareceram mais de um milhão de portugueses entre as projecções de 2009 e 2014?
Efectivamente, se compararmos as projecções médias da população portuguesa no relatório saído em Março de 2009 com as do relatório saído em Março de 2014, concluímos que a população portuguesa em 2060 está projectada para descer de 10 milhões para 8,6 milhões de almas. E note-se que os números foram calculados antes dos nossos governantes mandarem os jovens embora para "resolver os problemas deles e dos outros".

Então e a álgebra onde fica? É que custou, e custa, aos contribuintes portugueses manter estes jovens saudáveis, dar-lhes uma educação, etc., e, agora que eles estão prestes a começar a contribuir para a sociedade, nós ..


De Desgoverno: +'competi.'+fisco+emigr+cris a 20 de Janeiro de 2015 às 10:40
A arte de enfraquecer

"The fault, dear Brutus, is not in our stars
But in ourselves, that we are underlings."
--William Shakespeare, "Julius Caesar"

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... Então e a álgebra onde fica? É que custou, e custa, aos contribuintes portugueses manter estes jovens saudáveis, dar-lhes uma educação, etc., e, agora que eles estão prestes a começar a contribuir para a sociedade, nós internacionalizamos os proveitos, damo-los de mão beijada à Alemanha, aos EUA, ao Reino Unido, etc. É que nem temos a presença de espírito de começar um programa para acompanhar estes jovens fora de Portugal, para que eles continuem a manter ligações com a sua pátria, e quem sabe um dia regressavam e dinamizavam o país. Podiam convidar estas pessoas a investir em dívida pública portuguesa, ou começavam um programa em que os jovens contribuíam uma certa quantia por mês e depois, quando se reformassem, tinham acesso aos serviços de saúde em Portugal (um programa assim poderia ser desenvolvido de forma a que qualquer estrangeiro pudesse participar). Ao perder dois milhões de pessoas em 45 anos, nós vamos ter de reduzir a infraestrutura física e laboral dos serviços de saúde (será que vale a pena construir mais hospitais?) ou encontrar mais pessoas para vir viver para Portugal. Isto tem de começar a ser planeado agora. Os portugueses têm de ser informados das escolhas que o país enfrenta. Não é depois da casa arrombada que se metem as trancas à porta; se bem que até agora, esse tenha sido o modus operandi que nos tem regido.

Há tanta coisa original que poderia ser feita e explorada, para nos dar dinheiro a curto prazo e nos dar tempo para alinhar os incentivos da economia para que sobreviva no longo prazo. Talvez fosse isso o que Agostinho da Silva nos tentava dizer, quando dizia que Portugal tem, em si, o engenho para mostrar ao mundo novas formas de resolver os problemas e de reinventar o mundo. Mas note-se que seria de muito mau tom pedir às pessoas para investir em Portugal quando o país continua a ser sugado pelos mesmos do costume e nem sequer há um enquadramento legal para combater a corrupção. Basta pensar que, no caso dos submarinos, foi provada corrupção na Alemanha e não em Portugal.
É que Shakespeare tinha razão: a culpa não é das estrelas, ela reside em nós.

(-por Rita I Carreira, 20/1/2015, destreza dúvidas)


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