Reproduzo parte da carta do Diretor da Revista Artecapital, Victor Pinto da Fonseca:
"A Artecapital não se esquece do essencial: lembrar a autonomia e a independência intelectual (...) é não nos esquecermos do essencial, da necessidade de nos construirmos em liberdade de pensamento, que nos permita encontrar a verdadeira medida da nossa vida exaltando o prazer dos sentidos, capaz de captar as emoções e a sensibilidade da humanidade.
Objectivamente, o comentário inqualificável do Ministro demissionário da Cultura, sobre o artigo de opinião do Augusto M. Seabra (no Público), não constitui novidade; mostra-nos como o poder político se baseia essencialmente na submissão da sociedade, e se tornou na medida absoluta de como devemos ordenar e ditar as nossas vidas: como a cultura se encontra refém do poder da decisão política e do poder do dinheiro, e como isso é destrutivo…
O desrespeito do Ministro demissionário da Cultura pelos intelectuais, e a submissão da cultura aos poderosos – paradoxalmente é interessante lembrar que só a cultura nos oferece tudo – revela, essencialmente, a dimensão da crise de liberdade (...)
Desde as suas origens, a cultura sempre apareceu ligada ao conceito de liberdade, de transcendência, entre outros, no sentido revolucionário… do progresso e do desenvolvimento. A cultura historicamente tem sido o elemento regenerador de toda a vida, razão para que se deva ter uma relação necessária e vital com a cultura!
Pessoalmente, estou infinitamente indignado com o estado da cultura em Portugal; para mudarmos o dia a dia, precisamos de expectativas culturais, de solidariedade, mas as expectativas culturais e a solidariedade foram destruídas pela precariedade em que vivemos. Não tem futuro a visão de um país dissociado da cultura, para libertação dos que ignoram – como aconteceu no passado recente, com o anterior governo – a cultura, e/ou não compreendem a cultura, como actualmente parece acontecer. (...)"
Apetece-me ainda lembrar o grande pensador Lula da Silva que à alguns anos disse mais ou menos isto:
"Pobre quando rouba vai para a prisão. Rico quando rouba vai para Ministro".
Que adaptado poderia ao caso actual poderia ser:
- Na sociedade portuguesa quem ousa ter um pensamento próprio é tratado com escumalha, qualquer estúpido desde que filiado num partido do poder, arrisca-se a ser ministro...
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