Nem de propósito (-por jonasnuts, em 08.06.14)
Faz hoje 65 anos que foi publicado o 1984, do George Orwell. O homem era um visionário. Só pecou por omissão.
(sim, porque agora, para além de agências/ serviços secretos e piratas/hackers, também empresas privadas recolhem, tratam, usam e vendem informação pessoal. Por exemplo, a Vodafone declarou esta semana que dos 27 países onde opera, em 6 os governos e seus agentes têm acesso legal e/ou de facto a escutas e gravações de voz, mensagens, e-mails, ... e dados pessoais dos seus utilizadores...).
A falácia do « Quem não deve, não teme » (-por jonasnuts)
Este vai ser um post longo, e vai ser sobre privacidade, e porque é que eu sou tão assanhadamente defensora da minha (e da dos outros, já agora). E vai contar uma história, real, e assustadora.
Quando rebentou o escândalo sobre a vergonhosa recolha que a NSA faz de dados de todos (americanos e não americanos), e do polvo que montou para aceder, sem quaisquer restrições, aos dados de qualquer pessoa, sem ter de pedir autorização a um tribunal, muitos foram os que vieram (e continuam a vir) com o argumento do "quem não deve, não teme". Isto é algo com que me tenho deparado muito, ultimamente. As pessoas não se importam que lhes chafurdem os dados pessoais, os mails, os documentos que têm alojados em servidores, as chamadas telefónicas, tudo, que lhes esmiúcem a vida porque, lá está, quem não deve não teme.
Este argumento é perigoso. Por vários motivos. O primeiro dos quais tem a ver com a incorrecção da coisa. Quem não deve. Todos devemos. À luz da mente retorcida de alguns terceiros, todos nós, em algum momento da vida fizemos (ou havemos de fazer), coisas que não devemos. Portanto, todos temos de temer. (e todos devemos COMBATER )
E é aqui que começo a contar a tal história que prometi ao princípio.
Sabem qual foi o país ocidental onde mais judeus foram mortos, durante a 2ª guerra mundial? Proporcionalmente falando (número total da população, versus número de judeus que faziam parte dessa população). Foi a Holanda. Quem diria, a Holanda, um país conhecido há muito pela sua abertura e tolerância.
Agora vamos aos porquês. Os holandeses são, e sempre foram, um povinho muito organizado. Gostam de ter tudo no sítio. Tinham uma base de dados extensa e muito completa, por via dos censos regulares, dos hábitos do seu povo. Religião incluída. Quando os nazis ocuparam aquela merda, e os reis zarparam para Inglaterra, a única coisa que foi preciso, foi ir ao arquivo do instituto nacional de estatística lá do sítio, pegar no último censos, e ir à cata dos judeus, cuja religião estava bem assinalada nos formulários.
Resultado? 90% (e é uma estimativa conservadora) da população de judeus foi dizimada. Repito, é a maior taxa de morte de população de judeus durante a 2ª guerra mundial, por país.
Porquê? Porque a informação estava lá. Fácil de encontrar e de recolher.
Teriam os judeus razões para temer? Não, mas deviam, aparentemente.
Se calhar estas pessoas também achavam que, quem não deve, não teme. E por isso não tiveram problemas em prestar informação acerca de tudo e um par de botas. E depois lixaram-se, Com f de cama.
Na era em que vivemos a recolha e concentração de informação é cada vez mais fácil. Há apps para isso. Disponibilizamos informação às vezes sem nos apercebermos disso, e fomos ensinados a desvalorizar. Mais, disponibilizar informação pessoal, é até um hobby. Pior, a fronteira entre o que é pessoal e o que não é pessoal deixou de ser clara.
As gerações mais novas já integraram a palavra "partilhar" no seu ADN. E não deviam.
A recolha de informação pessoal, mesmo que seja pelos motivos mais límpidos do mundo, deve ser SEMPRE recusada e combatida. Porque, por mais puros que sejam os motivos dessa recolha, a informação fica lá, disponível, para que pessoas, organizações, movimentos, empresas, instituições, governos, eminências pardas e outros que tal possam aceder-lhe, e dar-lhes o uso que muito bem entendam.
Para finalizar. Informação pessoal não são apenas os nossos dados bancários, ou o nosso historial clínico. Informação pessoal são os nossos gostos (os likes no facebook são um bom exemplo da facilidade com que disponibilizamos informação pessoal), onde estamos (georreferenciação), por onde andamos, as nossas fotos, os nossos vídeos, as nossas posses, os nossos medos.
Brevemente, outro post sobre o tema, desta vez para desmontar o argumento "sou tão insignificante que ninguém se interessa pelas minhas coisas, portanto, ninguém vai espreitar".
Acordem, porra.
O Estado enquanto criminoso (-por R.Alves, Esquerda Republicana) O Diário de Notícias da passada quarta-feira (4/6/2014) anunciou tranquilamente que o SIS e o SIED (departamentos do Estado, recorde-se) têm um «Manual de Procedimentos» que recomenda que se recolham informações, sem mandado judicial, junto das Finanças, de bancos, de seguradoras e de empresas de telecomunicações. Portanto: há serviços de Estado que têm um manual que recomenda como praticar crimes.
O «Manual...» não tem nada de teórico, como já foi demonstrado pelo «caso Silva Carvalho», em que houve acesso ilegal a dados de operações de telecomunicações, acesso que aguarda sanção em julgamento.
O DN acrescenta que o actual director do SIRP (Júlio Pereira), e os dois anteriores directores do SIS (Margarida Blasco e Antero Luís), não negam que existe um manual de incitamento ao crime nesses serviços do Estado que dirigiram. Terão mesmo parte ou totalidade do manual dos criminosos estatais.
Estranho em tudo isto é que a Procuradoria Geral da República nada tenha feito, já dois dias passados. É que quando não há justiça nos tribunais, a revolta pode exprimir-se de forma mais primária. Por exemplo, pendurando os novos pides nos candeeiros das avenidas.
Do respeito sem inho
(defender o quadrado, 10/6/2014)
A deriva populista e demagógica varre toda a sociedade portuguesa. A onda de ódio antipolítica e antipolíticos é um sintoma de falta de cultura democrática tão evidente como a preocupação em censurar imagens ou em calar manifestantes.
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Porfírio Silva (http://maquinaespeculativa.blogspot.pt/ )
Parece que aconteceram hoje coisas politicamente graves.
Por exemplo, uma jornalista da RTP tentou, em directo, lançar as culpas do desfalecimento de CS sobre os manifestantes.
Por exemplo, parece que houve seguranças da PR que mandaram (ou tentaram mandar) fotógrafos apagar as imagens que tinham feito do desfalecimento.
Entretanto, há quem ache que pensar politicamente no assunto é achincalhar o homem que desfaleceu em público, inclusivamente usando imagens dele para o parodiar.
A desculpa da "crítica política" não vale tudo. E não nos deve impedir de pensar.
----Mário Campos Qual terá sido a causa???
Lido no face (…)
A reacção "vasovagal" pode ser induzida por dor intensa, calor forte, acontece por se FICAR DE PÉ DURANTE MUITO TEMPO. POR MEDO OU POR ESTADOS DE ANSIEDADE INTENSA.
Cavaco Silva, desmaiou no início da cerimónia, portanto não esteve muito tempo de pé. (…)...
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---Ju Andrade de Sousa
O nervo vago regula o simpático versus parasimpático...
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O presidente cabrão
(10 de Junho de 2014, Val, http://aspirinab.com/ )
«A fase crítica por que passámos deixou marcas e sequelas profundas. Devemos, pois, permanecer atentos e vigilantes, designadamente em matéria de disciplina das contas públicas e de controlo do endividamento externo, para não cairmos de novo numa 'situação explosiva', risco para o qual alguns alertaram os Portugueses em devido tempo.»
Cavaco, Dia de Portugal, 2014__
O termo “cabrão”, de acordo com o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, pode servir para identificar uma “pessoa de má índole, mal formada, que age de forma reprovável ou considerada como tal“. Também se aplica a uma “criança que berra muito“.
O actual Presidente da República não se cansa de repetir que as causas para a crise portuguesa estão na “indisciplina” e no “descontrolo” das contas públicas. Mais repete ter sido ele quem alertou para o problema assim que o mesmo passou a existir.
Ora, quando é que começaram os avisos a serem lançados aos 4 ventos? Tomando como referência a expressão-fetiche “situação explosiva“, temos que foi a partir do discurso de Ano Novo de 2010, ano eleitoral para as presidenciais e inerente plano para derrubar o Governo logo a seguir à reeleição.
Antes, não havia risco de explosão. No discurso de Ano Novo de 2009, em cima da crise internacional que rebentara no final de 2008 e ano eleitoral para as legislativas, Cavaco mostrava-se preocupado com a “verdade” e com os filhos e os netos, fazendo perfeita sintonia com o discurso de Ferreira Leite.
E no discurso de Ano Novo de 2008 a situação do País estava tão boa, tão espectacular, que ele até teve tempo para destacar o problema dos acidentes rodoviários como questão da maior importância nacional.
Quer isto dizer que foi o Governo minoritário de Sócrates, o qual tomou posse no final de Outubro de 2009, o responsável pela “situação explosiva”.
Governo esse que terá escolhido ser “indisciplinado” e “descontrolado” na gestão das contas públicas quando teria sido tão fácil ser “disciplinado” e “controlado”.
Bastava ter dado ouvidos àqueles que alertaram os portugueses, entre os quais se encontram Cavaco, António Borges, Medina Carreira e Miguel Relvas, entre muitos outros que, felizmente, estão agora ao lado de Passos e Portas a corrigir todos os erros dos malvados dos socialistas (de raça socrática, não confundir com os verdadeiros socialistas que não querem nada com essa gente).
Moral da história: um Presidente da República que não passa de um chefe de facção, e que nesse papel se presta a qualquer vilania para favorecer os seus, ficará para a memória colectiva como o presidente cabrão.
Um espião denuncia alguns crimes
Os excertos do «Manual de Procedimentos» referido anteriormente (que detalha, segundo o DN, como os funcionários do Estado devem cometer crimes) terão sido enviados a vários órgãos de comunicação social, por correio electrónico, acompanhados de uma carta que é transcrita naquele blogue. Essa carta fica reproduzida na totalidade neste artigo (mais abaixo). Fica ao critério do leitor avaliar se será ou não verdadeira. A ser verdadeira, explicita parte do contexto das actividades criminais da nova PIDE. Se não for, é uma mentira credível porque compatível com tudo o que se conhece sobre o monstro que é o SIS/SIED.
Quanto aos excertos do «Manual do Crime Estatal», estando na posse de várias pessoas, alguma deveria cumprir o dever cívico de o divulgar. A bem da República.
..•«O Oficial de Informações é ensinado/treinado para – mentir – falsificar e usar documentos de todos os tipos – manipular pessoas – criar empresas para cobertura das atividades que é suposto executar (nomeadamente de consultoria e media). Um Oficial de Informações que não seja capaz de fazer, entre outras coisas, o que acima se refere é um mau Oficial de Informações sem expectativas de progressão ou será um ex-Oficial de Informações, quer porque se demita, quer porque seja exonerado.».
..•«Quem autoriza que cidadãos cumpridores e sobre os quais não recai qualquer suspeita da prática de crimes, possam ser “rotinados” (seguidos, filmados, fotografados e controlados 24 horas por dia) por vezes durante semanas, apenas porque desempenham uma actividade ou ocupam um cargo (numa empresa ou na função pública) que pode ter interesse ou utilidade para os Serviços, sendo o único objetivo destas acções arranjar formas de tornar o dito cidadão cumpridor numa fonte?»
.. •«Quem autorizou a instalação de cavalos-de-Tróia informáticos em sistemas públicos, privados e pertencentes a entidades a quem é devida lealdade institucional, tais como a PJ, GNR e PSP? E para que é necessário este verdadeiro sistema de “pesca de arrasto” e a quem aproveita na realidade?»
.. •«Quem autorizou as operações técnicas (penetração de sistemas e intercepção de emails e comunicações móveis) a grandes escritórios de advocacia (nomeadamente na Avenida da Liberdade) os quais tratam de dossiers como as grandes privatizações e contam entre os seus clientes nomes de relevo angolanos, chineses e outros?»
.. •«E o que fizeram e fazem as diversas personalidades nomeadas para fiscalizar os Serviços? Almoçam e bebem um Porto de honra cada vez que visitam as sedes dos Serviços? É que eu nunca vi nenhum desses senhores enquanto ali trabalhei...»
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«Sou um cidadão aborrecido com a forma como alguns ‘agentes políticos’, magistrados, jornalistas, comentadores e outros cidadãos têm vindo a tratar quer os Serviços de Informação nacionais, quer todos quantos ali trabalham.
Mas sou também, eu próprio, um ex-Oficial de Informações que após bastantes anos ao serviço do meu País não posso continuar a tolerar a forma como políticos em geral e a hierarquia superior dos Serviços de Informação Portugueses, em particular, parecem apenas interessados em sacudir a água do capote e a protegerem-se a si próprios e não quem deveria ser protegido.
Por esse motivo, consciente do que faço, resolvi escrever e enviar esta pequena carta aberta, com algumas questões que espero ver respondidas em breve e devidamente investigadas pelos nossos jornalistas e pela Justiça, caso esta ainda funcione.
Antes de mais, precisamos não esquecer o seguinte:
O Oficial de Informações é ensinado/treinado para
> – mentir
> – falsificar e usar documentos de todos os tipos
> – manipular pessoas
> – criar empresas para cobertura das atividades que é suposto executar (nomeadamente de consultoria e media)
Um Oficial de Informações que não seja capaz de fazer, entre outras coisas, o que acima se refere é um mau Oficial de Informações sem expectativas de progressão ou será um ex-Oficial de Informações, quer porque se demita, quer porque seja exonerado.
Tendo esclarecido esta questão prévia que parece ter sido esquecida por todos os “especialistas” que tenho lido e ouvido pronunciar-se sobre matérias relativas a Serviços de Informação, para os quais um Oficial ...
«... para os quais um Oficial de Informações deve ser um anjinho a quem apenas faltam as asas e a auréola, passemos a assuntos mais relevantes.
Os Oficiais de Informação portugueses foram todos, de uma forma ou outra, treinados pelos Serviços de países amigos tais como os EUA, UK, Alemanha, Espanha ou Israel.
TODOS os Oficiais de Informação portugueses com mais de 15 anos de serviço passaram largas temporadas nos países mencionados a serem formados.
Segue agora a tal série de questões que gostaria de ver respondidas e investigadas por quem tem capacidade e legitimidade para tal:
- o que sucedeu a um relatório bastante detalhado (SWOT) sobre o BPN, elaborado pelos Serviços de Informação e entregue (presumo) a Durão Barroso quando este era Primeiro-Ministro e estava V. Constâncio à frente do Banco de Portugal?
- quem autoriza as operações contra individualidades estrangeiras em território nacional (TN), violando a sua privacidade (e por vezes imunidade), através da entrada não autorizada em quartos de hotéis e da instalação de meios técnicos, para recolha de áudio e vídeo, com violação de cofres e acesso a equipamento informático ali deixado?
- quem autoriza que cidadãos cumpridores e sobre os quais não recai qualquer suspeita da prática de crimes, possam ser “rotinados” (seguidos, filmados, fotografados e controlados 24 horas por dia) por vezes durante semanas, apenas porque desempenham uma actividade ou ocupam um cargo (numa empresa ou na função pública) que pode ter interesse ou utilidade para os Serviços, sendo o único objetivo destas acções arranjar formas de tornar o dito cidadão cumpridor numa fonte?
- Sr. Secretário-Geral do SIRP, já esclareceu as dúvidas de Belém, relativas a violação da privacidade (nomeadamente de sistemas informáticos) da Presidência da República?
- quem autoriza os pagamentos a fontes que desempenham funções públicas e que, devido ao cargo, possuem informações relevantes com interesse para os Serviços? Estou a referir-me a funcionários das Finanças, da Polícia Judiciária, da PSP, da GNR e, também, a alguns magistrados (no que a estes últimos se refere, sob a forma de prendas que podem ir de viagens de férias a uma garrafa de champanhe no período de Natal?)
- e quem autoriza os pagamentos a jornalistas? E os senhores jornalistas, não gostariam de saber quem, de entre eles, recebe um, não negligenciável, complemento salarial todos os meses?
- [...]
- quem autoriza a colocação de meios técnicos e humanos dos Serviços de Informação ao serviço das policias nomeadamente GNR, PSP e SEF? Falo, em especial, da colocação de câmaras miniatura em locais públicos para identificação e controle de “alvos” daquelas polícias.
- quem autoriza os Serviços de Informação a utilizarem uma(?) viatura com equipamento de intercepção de comunicações móveis a qual, tanto quanto sei, pertence a um prestigiado órgão de investigação criminal que “só procede a intercepção de comunicações judicialmente autorizadas”? E quem autoriza que o funcionário daquele OPC, responsável pelo referido equipamento, seja tratado como “fonte” e seja pago pelos seus “serviços”?
- quem autorizou a instalação de cavalos-de-Tróia informáticos em sistemas públicos, privados e pertencentes a entidades a quem é devida lealdade institucional, tais como a PJ, GNR e PSP? E para que é necessário este verdadeiro sistema de “pesca de arrasto” e a quem aproveita na realidade? Sr. Secretário-Geral, as equipas responsáveis por estas acções são naturalmente por si nomeadas e o resultado das acções é-lhe entregue. Ou não é?
- quem autorizou as operações técnicas (penetração de sistemas e intercepção de emails e comunicações móveis) a grandes escritórios de advocacia (nomeadamente na Avenida da Liberdade) os quais tratam de dossiers como as grandes privatizações e contam entre os seus clientes nomes de relevo angolanos, chineses e outros?
- como se processam, na realidade, as admissões aos Serviços de Informação e quais os critérios porque se regem, uma vez que olhando para os nomes de quem é admitido nos anos mais recentes, parece estarmos a olhar para uma lista de “quem é quem” de filhos, irmãos, enteados, ex-maridos e mulheres de pessoas ligadas às magistraturas, à política e à defesa?
- ...
Um espião denuncia alguns crimes
«...
...
- como, porquê, e exatamente para quê, foi contratado e nomeado Director de Área do SIS, um ex-funcionário da Europol (e inspector da PJ) que era naquela agência responsável por um departamento designado “IM21 Special Projects”? O que o fez aceitar vir para Portugal ganhar 1/4 do que auferia anteriormente? Porque foi ele o único dos envolvidos no chamado caso do “Super-Espião” a nunca ser ouvido – nem como testemunha – pelo Ministério Público?
- o que sucedeu, na realidade, para os dois funcionários do SIED, exonerados daquele Serviço na sequência do caso “Super-Espião”, (por falta de lealdade e violação de segredo de estado?) estarem agora a trabalhar na PJ, exatamente na unidade responsável pelo chamado “wet work”? Como pode alguém ser considerado como indigno de confiança para trabalhar nos Serviços de Informação e, por outro lado, ser confiável para trabalhar num dos locais mais sensíveis da PJ?
- e, finalmente, Sr. Secretário-Geral já apareceu o disco duro que estava no computador de um destes dois indivíduos atrás referidos? E sabe que existem cópias desse disco duro?
- e o que fizeram e fazem as diversas personalidades nomeadas para fiscalizar os Serviços? Almoçam e bebem um Porto de honra cada vez que visitam as sedes dos Serviços? É que eu nunca vi nenhum desses senhores enquanto ali trabalhei… Mas recentemente foi ouvi-los a debitar os seus vastos conhecimentos para canais de televisão e jornais, sobretudo durante o caso do chamado “Super-Esião”…
Para atestar que sou quem digo ser, segue em anexo um documento de doze páginas (das quais apenas 11 são relevantes) contendo o índice do chamado “Manual de Procedimentos” do SIS, em vigor desde 2006, bem como alguns excertos com eventual interesse. Penso que ajudarão, aqueles que ainda são suficientemente ingénuos para não saberem o que realmente faz um SI e o que é esperado (e ensinado) aos seus homens e mulheres.
A primeira página será entendida apenas por uns poucos (mas bons).
Esta carta irá ser enviada para toda a imprensa portuguesa e para o Ministério Público, por forma a que as questões não se desvaneçam no ar, como é hábito.
Um Ex-OI Aborrecido e Desiludido»
http://esquerda-republicana.blogspot.pt/2014/06/um-espiao-denuncia-alguns-crimes.html
O Grande Irmão quer o teu BI e o teu ADN
(-Ric.A., 2/1/2011, Esq.Republicana)
-------- [big brother is watching you]
Os EUA querem, o governo português reflecte, o pedido será satisfeito.
O FBI quer consultar os dados constantes dos bilhetes de identidade de todos os portugueses (do registo civil português, sublinhe-se). E para os condenados, quer o registo criminal e os dados biométricos. Tudo para fazer uma super-mega-hiper base de dados que permita combater (tremor de voz ao ler isto) «o terrorismo». (Que, não notaram?, está cada vez mais invisível. Tal como na Oceânia do outro.)
Está um acordo bilateral na Assembleia da República, prontinho para ratificar. Vou ficar muito atento a quem votar a favor e contra. E nem é tanto pela assimetria da relação (não sermos nós a consultar os dados dos americanos e sim o contrário), porque já entendi que querer levantar quem se habituou a estar de joelhos é, muitas vezes, como querer obrigar a velhinha a atravessar a rua. É mais pela questão de princípio. Porque há partilhas que não se fazem. Os dados que entregamos ao Estado português já são demais e demasiado centralizados (quando vamos acabar com a porcaria das impressões digitais nos BI´s?). Que os comecem a deslocalizar é insultuoso. É vender, literalmente, a nossa identidade. A nossa identidade que mais importa, a de cada indivíduo enquanto cidadão.
Pois é. A tragédia é as pessoas lerem o 1984 pensando que aquilo só acontece aos outros. Mas a «luta contra o terrorismo» tem primado pelos recuos em direitos humanos e pelas violações de privacidade. E tem tornado actuais os velhos lemas «guerra é paz», «liberdade é escravatura» e «ignorância é poder».
Acordem agora, ou apenas depois, quando um burocrata de Washington tiver nas mãos a vossa morada e as vossas impressões digitais. As vossas e as de mais dez milhões de portugueses.
30 de Abril de 2010
Agruras dum imigrante
Tendo sido "convidado" a ficar nos EUA pelos meus colegas portugueses (sempre com protestos de elevada estima e consideração), não tenho a menor hipótese de alguma vez voltar para a Europa, e em Setembro conto pedir cidadania americana. Sobretudo porque aqui me tratam muito bem.
Mas sempre que vou à Europa, mesmo que por poucos dias, passo por um período doloroso de readaptação ao Texas. Esta semana foi difícil, com o nosso governador idiota – um proponente da secessão chamado Rick Perry – a anunciar que matou um coiote durante o seu jogging matinal, com a arma que traz sempre consigo, e os republicanos anunciaram que vão ganhar as proximas eleições e desfazer o trabalho de Obama, sobretudo a reforma da saúde, antes que ela possa entrar em vigor e as pessoas percebam o que é bom para elas.
Há quase doze anos aqui, continua-me a custar suportar a estupidez e a ignorância das pessoas, e a propaganda das rádios. Não mudou nada depois da exposição pública das indignidades e dos crimes contra a Humanidade perpetrados pelo bando de mafiosos a quem Dick Cheney – e o carocho George Bush – abriu as portas da Casa Branca. As estatísticas demonstram que apenas 30% dos americanos se revêem nos ideias “liberais” e laicos. Os outros 70% não se chocam com a multidão de desdentados que se auto-denominou “the Teabaggers” e promove pelo país os ideais do Ku-Klux-Klan.
Nem o ridículo de terem descoberto que entre a comunidade homossexual tea-bagging é uma prática que envolve a cara de um parceiro e os testículos do outro deteve o entusiasmo racista e selvagem de quem acredita que é possível reinstituir o caos do século XIX e trazer de volta a idade de ouro americana, quando não havia governo e os avós destes delinquentes faziam o que lhes apetecia.
Não há um único jornalista que se atreva a comentar esta realidade: nos EUA, tudo o que é público é excelente (o Smithsonian, o Park Service, a NASA, a NOAA, a NPR, a PBS, o Postal Service, os serviços do governo funcionam lindamente, comparados com os europeus, o Marine Corps, etc.), e tudo o que é privado é feito na China e não presta para nada. A Verizon é uma organização criminosa que vende um serviço cada vez pior e cada vez mais caro (a internet nos EUA está 3% mais lenta que em 2007), a Microsoft é um coito de anormais que vivem com a mãe e mudam esta porcaria deste Windows todas as semanas, sem que nada melhore, a Apple é um culto em que os membros compram tudo o que tenha a letra “i” à frente do nome e estão sempre prontos para morrer pelo Steve Jobs, os computadores Dell não prestam, as companhias de aviação são uma porcaria, sobretudo quando comparadas com as europeias, a saúde custa sete vezes mais que na Europa, as internacionais da comida envenenam os cidadãos, o Ronald McDonald mata MUITO mais gente por ano do que o Al-Qeida, a Monsanto é uma Camorra, as empresas petrolíferas também, as seguradoras também, e a Blackwater é uma organização criminosa ainda mais perigosa que a Goldman Sachs.
Mas os media não deixam que realidade se meta no meio da ideologia: o que é público é mau; o que é privado é bom.
De Liberdade e Devassa de privacidade a 24 de Junho de 2014 às 16:06
Miguel Sousa Tavares: a sociedade da devassa
Miguel Sousa Tavares, Expresso, 11-12-2010. Posso não concordar com tudo, mas sem dúvida vale a pena ler. Certas partes deste texto mereceram uma resposta do Rui Tavares, que também vale a pena ler.
O WikiLeaks mexe com coisas mais sérias e é tudo menos inocente. O seu objectivo é claramente o de desarmar a única superpotência ocidental, num mundo tripolar, onde esse desarmamento unilateral não passará sem consequências. E eu, se me é permitida a escolha e enquanto for vivo, prefiro viver numa democracia ocidental do que numa chinesa, russa, norte-coreana ou iraniana. E também sei que, com todos os seus defeitos e imperfeições, todos os erros e vilanias, os Estados Unidos continuam ainda a ser o garante militar da sobrevivência da civilização ocidental. Ou, dito mais simplesmente, o garante da liberdade e da paz relativa em que vivemos. Se for preciso travar o desvario nuclear do Irão ou da Coreia do Norte, ou contamos com os Estados Unidos ou não contamos com ninguém.
Nada disto é inocente, excepto, curiosamente, o próprio conteúdo dos papéis diplomáticos roubados ao Departamento de Estado americano. Um ouvinte do 'Fórum da TSF' declarava há dias que, graças ao WikiLeaks, ficámos a conhecer toda a espécie de tropelias, abusos dos direitos humanos e outros crimes cometidos pela Administração americana. Não ficámos nada, foi exactamente o contrário. Ficámos a saber, sim, que é a Arábia Saudita que roga aos Estados Unidos que ataquem o Irão e os americanos que resistem ao pedido; ficámos a saber que os Estados Unidos acreditam e privilegiam uma solução pacífica para as provocações nucleares da Coreia dos Kim II e III; ou que, apesar de classificarem Berlusconi como um aliado íntimo, têm dele a mesma triste opinião que todos nós. Não vejo onde estejam os crimes e os abusos, vejo, sim, uma superpotência que luta praticamente sozinha contra o terrorismo da Al-Qaeda e que chama a si a responsabilidade - que todos lhe exigem - de acorrer a todos os focos de incêndio no planeta. E que, para tal, obviamente, precisa de ter informações militares, políticas e diplomáticas classificadas, como qualquer outro país do mundo, desde que o mundo é mundo. (...)
Desde quando é que constitui direito dos povos conhecer, em tempo real, o teor da correspondência diplomática entre os embaixadores de um país e o seu governo? Se assim fosse, para que serviriam os embaixadores? Para que serviria a diplomacia? E porque não conhecermos também o teor das conversas telefónicas e da correspondência trocada entre os dirigentes do Bloco de Esquerda? Também poderia ter o seu interesse...
Não há dúvida de que o mundo ficou mais seguro depois de o sr. Assange, violando correspondência alheia em nome da liberdade de informação, ter revelado aos russos que os Estados Unidos acham que Vladimir Putin é autoritário, vaidoso e com amizades não recomendáveis na máfia russa, ou que o sr. Erdogan, na Turquia, é suspeito de ter dinheiro escondido na Suíça e desviado do Estado. Isso vai ajudar imenso à aprovação do START III, o novo tratado de desarmamento entre a Rússia e os Estados Unidos e ajudar imenso à aproximação necessária entre a Europa, a NATO e os EUA, por um lado, e a Turquia, por outro...
As coisas devem ser levadas a sério. Ter Assange preso porque se lhe rompeu a camisinha quando estava na cama com uma sueca é ridículo. Ele deve estar preso e responder por violação de correspondência pública e privada (que, tanto quanto imagino, é crime até na Austrália), por quebra de segredos militares que pode pôr em risco a vida de pessoas e por aquilo que é, para todos os efeitos, um acto de guerra. Porque, não sei se sabem que, no Ocidente onde vivemos, estamos em guerra não declarada contra o terrorismo da Al-Qaeda, contra o fanatismo islâmico, contra a insanidade nuclear de ditaduras como as do Irão ou da Coreia do Norte. E, se não sabem, passarão a sabê-lo no dia em que tiverem o azar de ver alguém querido morrer num atentado terrorista tornado mais difícil de evitar graças às revelações desse inventado herói chamado Julian Assange.
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