Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2015
Sobre o movimento PEGIDA - "Patriotas europeus contra a islamização do ocidente" na Alemanha é recente, mas não assim tão surpreendente, como Sascha Lobo explica no artigo que  Lutz Bruckelmann traduz.

Anda tudo muito distraído ou o facto dos alvos serem muçulmanos explica o silêncio ? (antes foram os judeus, ciganos, anarquistas e comunistas, ... e quando os ALVOS forem os vossos/nossos vizinhos e familiares? vão reagir? esconder a cabeça na areia? fugir?).

      Nada ver, nada ouvir, dizer muito     - Uma crónica de Sascha Lobo (*Der Spiegel, 18.12.2014)

No Facebook, PEGIDA tem dezenas de milhares de seguidores. São eles todos estúpidos? Certamente não. Mas isso mesmo é parte do problema.PEGIDA é por enquanto um dos poucos fenómenos políticos na Alemanha que funciona online e offline. Na altura da "Nona caminhada da noite" em Dresden, em 15 de dezembro, com cerca de 15.000 participantes, a sua página do Facebook teve mais de 50.000 fãs, ela cresce atualmente em cerca de 10.000 seguidores por dia e tem taxas de interação surpreendentemente altas.
     Com as redes sociais surgiu uma nova perspetiva de observação. É possível acompanhar conversas, comentários, opiniões, cujos ecos anteriormente se perderem nas cantinas, nas mesas de café e nos corredores. Embora quase 30 milhões de pessoas estão entretanto ativos no Facebook na Alemanha, é claro que disto não resulta automaticamente uma imagem representativa. Mas podem identificar-se padrões de pensamento recorrentes. Isso também é necessário porque a política e os meios de comunicação estão atravessados por uma imagem distorcida do PEGIDA.
     Ralf Jäger (SPD), Ministro do Interior que consistentemente fala de forma confusa, por exemplo, rotulou os organizadores "Nazis bem-vestidos"["Neonazis in Nadelstreifen" N.T.: Nadelstreifen é sinónimo de um fato de qualidade de topo]. O chefe do PEGIDA, o chefe de cozinha de formação Lutz Bachmann, fugiu da prisão para a África do Sul, cumpriu dois anos de prisão por roubo e está atualmente em liberdade condicional por um delito de drogas. Menos "Nadelstreifen" não é possível. Mas porque a aliteração absurda soa tão escorreita como um título de best-seller, a tirada "neo-nazis em riscas" até fez uma carreira internacional. O "Guardian" traduziu isso numa condensação ainda mais errada como "pinstriped nazis".
     A treta mesclada do "Ocidente" com um primário racista
     "O povo é, infelizmente, muitas vezes estúpido", escreveu Franz Josef Wagner no órgão central da estupidez popular [o tabloide "Bild"]. Um tenor similar - todos idiotas - há também no Twitter, o órgão central do despeito popular. Seria conveniente se os manifestantes e fãs do PEGIDA fossem todos estúpidos. Infelizmente, não é tão simples.
     Porque para além dos - à primeira vista - estúpidos, enormemente estúpidos e galacticamente estúpidos fãs do PEGIDA existem não poucos que parecem vir, intelectualmente, do centro da sociedade. Que, a avaliar pela ortografia, pela gramática e pelo tom dos seus comentários no Facebook não são primariamente estúpidos. E quem já tenha lido uma vez os comentários sob um artigo online da "Bild" sobre Israel, tem de reconhecer que, infelizmente, a maioria dos comentários PEGIDA (salvo algumas falhas) se apresentam quase como civilizados.
     Superficialmente. Pois trata-se de ressentimentos civilizados. Muitos comentários no Facebook usam um código de linguagem em que "islamização" não refere uma religião, mas é sinónimo para árabes e turcos, e mesmo para estrangeiros em geral. Sob "islamização" essas pessoas entendem o adolescente de cabelos pretos que identificam a distância duma centena de metros como "islâmico", baseado na sua aparência. Isso revela uma fundação racista do movimento, e é a explicação para a treta mesclada do "Ocidente", que já está misturada no nome. Este também é um código, ou seja, a demarcação do "Oriente", ou seja, novamente turcos e árabes, independentemente de qualquer eventual religião.
      Um novo tipo de cidadão sobe ao palco:  o nazi  latente
      O sucesso de PEGIDA baseia-se em enviar sinais xenófobos, sem que o seu emissor ou recipiente tenham de admitir isso perante si próprios. Os códigos de identificação funcionam mesmo de forma tão inequívocos que se pode dispensar-se do constante distanciamento postiço, "Nós não somos nazis", "Não temos nada contra os estrangeiros", "Estamos a favor do direito de asilo". Estas frases já nem sequer necessitam o anteriormente típico "mas" a seguir. A gente já assim se entende.
     O jornalista da "taz"- Philip Meinhold twitou: "Os nazis estragaram a reputação dos nazis de tal maneira, que hoje nem nazis querem ser nazis." Isso é engraçado, mas incompleto. Antes chega com o PEGIDA um novo tipo de cidadão político ao palco - a pessoa de extrema direita inconsciente ou o nazi latente.
     Isto é, pessoas que defendem posições da extrema direita sem o saber ou sem querer saber que são da extrema direita. E cujo pressentimento de que as suas atitudes podem ser problemáticas, precisamente não os leva a reconsiderar a sua posição, mas a distanciar-se antecipadamente por mera afirmação. Sem tirar das suas próprias palavras o mínimo de consequências. Declara-se que se está a favor do direito de asilo, mas condena-se ao mesmo tempo os "Asylanten", [os requerentes de asilo]. Exatamente esta supressão da realidade é um motivo para a maior preocupação, por trás dela está um problema de proporções chocantes.
     Não tirar do seu próprio blabla nenhumas consequências
Pois não é a estupidez a característica mais marcante dos adeptos do PEGIDA, mas a sua mundivisão hermética e a acompanhante dissociação de qualquer causalidade. E, perturbantemente, tendem para esta dissociação até pessoas que não são estúpidas a tempo inteiro, por exemplo está este modelo conceitual também largamente presente no antigo partido dos professores [universitários] AfD, chegando até a sua direção. E muito além. Essas pessoas não querem que a sua verdade sentida seja estragada por factos irritantes. Portanto, é lógico que os protestos contra a islamização são realizadas em Dresden, onde existe uma percentagem de muçulmanos tão pequena que quase já não mensurável.
     PEGIDA é um sintoma da sociedade alemã, e uma vista para dentro das mentes dos protagonistas na Internet ajuda a classificar o sintoma. O ministro da Justiça Heiko Maas tem cem por cento razão ao dizer que PEGIDA é uma "vergonha para a Alemanha". No entanto, não é uma vergonha surpreendente. Com PEGIDA brota uma semente que foi semeada na Alemanha por muitas décadas, também na Alemanha Ocidental. Porque precisamente no que respeita a xenofobia, a dissociação da sua própria atitude, declarada em alta voz, dos atos dela decorrentes é padrão.
     O blabla político que a Alemanha é um "país cosmopolita e hospitaleiro", derramou de centenas de bocas para milhares de microfones, enquanto ao mesmo tempo, também por decisões políticas de governos alemães, nas fronteiras trancadas da Europa se destroçaram ou afogaram milhares de pessoas. Fantochadas políticas como a "portagem para estrangeiros" ou o quotidiano tratamento absurdo e desumano de refugiados são a prova constante de que aqui funciona o mesmo mecanismo como no PEGIDA, mesmo sem ser estúpido ou inculto ou nazi: não tirar consequências do próprio blabla. Nós instalamo-nos numa sociedade de negação da realidade e do ressentimento (de décadas e transversal a toda a sociedade), e PEGIDA é a consequência pouco apetitosa disto.
  *   http://www.spiegel.de/netzwelt/web/sascha-lobo-ueber-pegida-der-latenznazi-a-1008971.html 

Hitler-Nuremburg.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por outro lado, a realidade económico-social (especialmente agravada pelo desemprego e crise criada por políticas neoliberais e pela financeirização, especulação e exploração global), os ataques terroristas de extremistas islâmicos (europeus, árabes, africanos,...), e imagens de manifestações  no RU, Holanda, França, ... de muçulmanos fanáticos a defender a sharia ('lei religiosa' bárbara), a exigir tratamento diferenciado adequado à sharia, a atacar a liberdade e direitos humanos, a ocupar significativamente diversos bairros e cidades europeias, ... alarmam muitos cidadãos e governos, e levam ao apoio de medidas securitárias (condicionando a liberdade e direitos de cidadania) e de líderes e movimentos anti-islâmicos, xenófobos e de extrema-direita.



Publicado por Xa2 às 07:50 | link do post | comentar

3 comentários:
De Fascismo e Capital sem pátria. a 6 de Janeiro de 2015 às 12:41
George Orwell, Hitler e a lembrança de que o capital não tem pátria

(- por André Albuquerque , 5/1/2015, http://manifesto74.blogspot.pt/)

Conversávamos sobre lealdades, patriotismo e, enfim, sobre mantermo-nos vivos dentro do nosso próprio país.



O George receava que os altos comandos ingleses se estivessem a vender aos nazis.
Ironicamente digo-lhe que isso talvez não fosse mau, que o Hitler parecia ter mais preocupações sociais que os nossos governantes.
O George Orwel olha para mim, encaixa a ironia, ajeita-se na cadeira e responde calmamente mas num raciocínio tão certeiro que nunca mais pude esquecer:

"A única coisa boa no meio disto tudo é a pretensão de Hitler ser o amigo dos pobres estar a ser abalada pela base.
As pessoas que estão realmente dispostas a pactuar com ele são os banqueiros, os generais, os bispos, os reis, os grandes industriais, etc., etc...

Hitler é o chefe de um contra-ataque da classe capitalista que se está a organizar numa vasta corporação,
perdendo no processo alguns dos seus privilégios, mas mantendo, apesar de tudo, o seu poder sobre a classe trabalhadora.
Quando chega o momento de resistir a um ataque destes, qualquer pessoa da classe capitalista tem de ser traidor ou meio traidor, dispondo-se a engolir as indignidades mais tremendas, em vez de resistir com unhas e dentes...
Para onde quer que se olhe, seja para os grandes aspectos estratégicos ou os pormenores mais insignificantes da defesa local, percebe-se que qualquer luta verdadeira implica revolução.
É evidente que o Churchill não consegue ver ou aceitar isto, por isso vai ter de ir à vida.
Agora, se vai à vida a tempo de salvar a Inglaterra de ser conquistada, isso depende da rapidez com que o povo em geral se consiga aperceber das questões essenciais.
Só receio é que as pessoas só se mexam quando já for tarde de mais."

George Orwel, in "diários", retirado daqui : http://piotrezquivel.blogspot.pt/2015/01/conversavamos-sobre-lealdades.html


De Fascistas, capital monopolista e pobres a 6 de Janeiro de 2015 às 12:55
Andrajosos Tempos
(- por filipe guerra , 2/1/2015, http://manifesto74.blogspot.pt/2015/01/andrajosos-tempos.html#more )

José António Saraiva (JAS), com a boçalidade que caracteriza os seus textos decidiu inaugurar o novo ano, revelando, novamente, ao que vem, qual o seu papel e a sua visão da sociedade.

JAS no seu corriqueiro tom simplista, demonstra não só a profunda admiração pelo milionário(omitindo a forma como se construiu a fortuna e as suas consequências) como o seu desprezo pelos "pobres".

Em face deste texto (e doutros que se vão lendo por aí), importa desde já anunciar a
necessidade imperiosa de denunciar esta gente, esta elite intelectual burguesa,
para quem tudo vale, que se passeia de uns jornais para outros servindo os interesses políticos, intelectuais e mediáticos das mesmas elites que se governam à custa da desgraça do povo português.

O Fascismo foi, é, e provavelmente será no futuro, a ditadura terrorista do grande capital monopolista, a imposição pela força do capitalismo.
Mas o fascista é mais do que isso.

O fascista não é apenas a criatura que beneficia com o fascismo (com as suas opulências e privilégios),
ou aquele que o defende por ignorância, pura imbecilidade ou até desespero...
O fascista é aquele que olha o outro, que considera diferente de si e dos seus,
o diverso, o diferente (seja por razão de género, etnia, ideologia, condição económica ou social...),
não apenas com desdém, mas com desprezo e ódio.
Não perdendo qualquer oportunidade para assinalar essa diferença, vincar fronteiras, procurando reprimir, ofender e humilhar(com as armas que tenha à mão),
ou até eliminar como a História demonstrou.

JAS na sua crónica ofende e humilha.
Considera os "pobres" como imberbes, incapazes de gerir, não confiáveis, ingratos, a quem nada deve ser entregue sob pena de desaparecimento, infelizes por natureza e destino.
Provavelmente JAS temia que os seus "100 milhões de euros" fossem esbanjados em vinho e telemóveis.
Já nas mãos dos seus "poderia fazer num ano outros 100 milhões", apenas nas mãos dos capitalistas JAS deposita a confiança na prosperidade e inteligência.
Isto, assumindo que JAS tenha o pudor de considerar que gente como Zeinal Bava ou Ricardo Salgado já não façam parte dos seus.

Apenas não fica claro, se os "pobres" e os ricos,
no mundo de JAS, o são ou não por predestinação natural, filiação ou por obra e graça do Senhor...
Ou ainda a dúvida, se admite, que um pobre um dia deixe essa condição pelo seu mérito (renegando assim a definição de "pobres" de JAS).

Andrajosos tempos estes, em que a comunicação social é de tal forma dominada por uma despudorada burguesia que haja sempre espaço para servos desta desfaçatez.
Mas muito ambiciosos se auguriam os dias em que os "pobres" ajustem contas com os seus torcionários.

---(1917:) Come Ananás

Come ananás, mastiga perdiz.
Teu dia está prestes, burguês.

(Vladímir Vladimirovithc Maiakovsky (1893-1930)


De Desgoverno Fascista na Hungria da UE. a 4 de Maio de 2015 às 16:30
Viktor Orbán, fascista assumido

(-01/05/2015 por João Mendes)

Orbán Viktor; VAN ROMPUY, Herman; MERKEL, Angela; DURAO BARROSO, José Manuel

Viktor Orbán é uma daquelas pessoas – acho que conta como pessoa, não tenho bem a certeza – que se presidisse a um partido como o Syriza ou o Podemos seria considerado uma ameaça à liberdade e a não sei quantas coisas mais.
Felizmente para ele, a opção pela extrema-direita tem-se mostrado uma escolha acertada.
Governa a Hungria, agora sem maioria, mas continua em grande forma no que às melhores práticas fascistas diz respeito.
E enquanto alguns dos colegas do Partido Popular Europeu (PPE) que podemos ver na foto se dedicam a evitar que o actual governo grego exista, o primeiro-ministro húngaro dedica-se a outras causas como
a cruzada pela discussão da reintrodução da pena de morte na União Europeia ou
o envio de imigrantes para “campos de internamento”, para serem forçados a trabalhar,

Se isto fosse na Rússia de Putin, bom amigo de Orbán, na Venezuela ou no Irão, soariam alarmes de direitos humanos, neounicórnios cor-de-rosa relinchariam em profunda indignação e o mundo estaria provavelmente perdido.
Mas a Hungria do Orbán, que até já foi vice-presidente desse bastião da cultura democrática que é o PPE, não é um desses desvarios esquerdistas que nos levarão à perdição.

Afinal de contas, o homem só quer poder eliminar cidadãos “inconvenientes” e criar uma versão moderna dos saudosos campos de trabalhos forçados.
Puxão de orelhas e está resolvido.
Entre isso e deixar os maluquinhos das reestruturações de dívida à solta, deixem andar o Orbán.
Mais fascista menos fascista, este pelo menos já saiu do armário.
Será que o jornal do regime também lhe arranja uma história de amor daquelas mesmo fofas e… falsas?


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