De Sistema U.E. a vacilar: novas regras a 26 de Fevereiro de 2015 às 12:56
Grécia e Europa: assim, o jogo não funciona

por Henrik Müller

O problema: o jogo europeu já não funciona, precisa de regras novas.

Para já o desastre foi adiado, mas o drama continua. Após várias reuniões de crise, os ministros das Finanças da Zona Euro acabaram por se entender quanto à permanência da Grécia no Euro. Ao menos isso. Só não se sabe se a coisa resulta ou não. Ao cabo de cinco anos de programas de ajuda, medidas de austeridade e reformas, pode ser que a Grécia ainda venha a cair do Euro. Seria, possivelmente, o princípio do fim da união monetária. Não imediatamente, mas a longo prazo.

Como foi possível chegar tão longe? Que condições específicas vigoram na Europa, que não existem em mais lado nenhum do mundo? E como seria possível alterar as regras para conseguir estabilizar a Zona Euro a longo prazo?

Comecemos pelo ministro grego. Varoufakis, especialista do ramo da Economia que analisa o comportamento de pessoas racionais em situações de conflito - por exemplo, em negociações ou em competições.

Um dos jogos de estratégia mais simples é o chamado Chicken Game, como aparece por exemplo no American Graffiti de George Lucas: dois carros dirigem-se um ao outro, e quem se desviar primeiro perde. ... Um jogo "não cooperativo", como é chamado no jargão. ... "Nos jogos não cooperativos não há acordos vinculativos. Os jogadores podem dizer o que lhes apetece, quando lhes apetece - não há nenhuma instância externa que os obrigue a cumprir aquilo a que se comprometeram." É o que se lê na página 113 do livro Game Theory, que ele publicou em 1995, em colaboração com Shaun Hargreaves Heap.

Por vezes é razoável recuar

Isto é a teoria. Na realidade política, este quero-lá-saber-do-que-disse-ontem não funciona. Varoufakis teve recentemente a prova disso: viu-se sozinho perante a maior coligação possível, os ministros das Finanças dos restantes 18 países do Euro.

Formulado em termos de teoria dos jogos: na zona Euro temos um "superjogo com horizonte temporal ilimitado". Os actores não se reunem apenas uma vez, mas repetidamente. Num contexto destes, há outras estratégias que garantem mais sucesso: quem tenta levar a melhor sem contemplações pode ser castigado pelos outros na rodada seguinte.

Em compensação, quem actua de modo cooperativo, pode ser recompensado com cooperação. Ou seja: é boa ideia recuar ocasionalmente, ao contrário do que acontece em situações simples de jogo. A previsibilidade compensa. Confiança e credibilidade são as categorias decisivas.

O que explica as atitudes de Wolfgang Schäuble: não se desvia do seu rumo - ajuda sim, mas com duras condições; não haverá passagem para uma "União de transferências"; redução da dívida, mesmo que dure muito tempo. É legítimo perguntar se esta atitude é correcta do ponto de vista económico. Do ponto de vista político, contudo, tem tido sucesso: o número dos seus adeptos na Zona Euro tem vindo a crescer - os espanhóis, os irlandeses, os portugueses e a maior parte dos países de Leste mostram-se pouco inclinados a continuar a ajudar a Grécia com condições especiais.

Até agora tem tido sucesso - esta restrição é importante. Porque mal a Zona Euro - e com ela o conjunto do projecto de integração europeu - começar a vacilar, a Alemanha incorrerá em custos políticos e económicos desastrosamente altos.

O sistema actual está a vacilar

A crise grega mostra a fragilidade do edifício da união monetária. Problemas económicos crónicos podem conduzir a situações fora de controlo. Hoje é a Grécia que está em causa, no Outono será talvez a Espanha, depois do próximo ano eventualmente uma França governada pela Frente Nacional.

A Zona Euro pode continuar a jogar um superjogo, mas este continua a ser um jogo não cooperativo.
Os representantes de governos soberanos negoceiam uns com os outros. isto só funciona enquanto a grande maioria estiver de acordo quanto à direcção. Se não houver acordo, não há qualquer instância que os force a isso.

Há duas possibilidades de chegar a uma constelação estável a longo prazo:
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