Quarta-feira, 9 de Novembro de 2016

     "surpresa"... tal como no Brexit e nas próximas ...?!

  Entre abstencionistas, alienados e fartos de "centrão" ... votantes viram-se para caudilhos com discursos radicais e/ou populistas!! ... e vencem os defensores do 'centrão de interesses' e dos «1%» que dominam 'mercados' e o mundo !!!

     Não é burro  (- por Penélope, AspirinaB, 9/11/2016)  [os eleitores é que o são!]

      Olha, afinal o Trump ganhou!  (-CB Oliveira, Crónicas do rochedo, 9/11/2016)
   Então bom dia!  Seguiram o meu conselho e dormiram tranquilos?
Fizeram bem, porque há que aproveitar enquanto podem.
O homem laranja será o novo inquilino da Casa Branca a partir de 20 de Janeiro e o seu discurso de vitória até foi fofinho.
Não tarda nada, muitos do que diabolizaram Trump vão dizer que afinal o homem até não é tão mau como o pintam
    Reparem que as primeiras reacções à vitória de Trump não foram no sentido de o homem ser um perigo para o mundo. Os analistas temem muito mais a reacção dos mercados, sempre muito nervosos, que podem provocar uma nova catástrofe económica e financeira.
    Ninguém está preocupado com a possibilidade de Trump carregar no botão e fazer o mundo explodir. Na verdade, nunca ninguém esteve preocupado com isso. O diabo são mesmo os mercados. É isso que move o mundo.
   Trump será o 45º presidente dos Estados Unidos. Parece uma aberração, mas é apenas o resultado da sociedade nihilista que todos nós construímos. Na verdade, não foram os americanos que elegeram Trump. Fomos todos nós, apesar de não termos votado. Como se verá dentro de alguns meses, os europeus escolherão amigos de Trump para governar os seus países. ...
            Durmam tranquilos
    A única certeza que tenho sobre as eleições americanas, é que amanhã o mundo estará pior, porque a maior nação do mundo ( e, possivelmente, a que  tem mais ignorantes por metro quadrado) irá escolher para a Casa Branca um louco ou uma idiota útil .
... Sei perfeitamente que Hillary Clinton é diferente de Donald Trump, mas se ela ganhar não vou abrir garrafas de champagne. E muito menos respirar de alívio. Lamentarei apenas, uma vez mais, que tenhamos chegado a uma situação em que as pessoas já se dão por satisfeitas porque um dos países mais poderosos do mundo vai ser governado por uma mulher medíocre. Estamos cada vez menos exigentes e, fruto disso, ninguém se admire se um dia destes chegarmos à ficção de Houellebecq em "Submissão".
   Mas podem dormir tranquilos. O Apocalipse ainda não é esta noite. Mesmo que Trump seja eleito pelos americanos, por incrível que pareça, 2017 traz-nos desafios tão (ou mais) perigosos para a Europa e para o mundo, como as eleições americanas. E não me refiro apenas à previsível chegada de Marine Le Pen ao Eliseu, nem ao crescimento da extrema direita na Europa. Estou também a lembrar-me desta terrível ameaça. (a volta dos terroristas/estrangeiros do "Daesh/EI" aos países ocidentais, a atuação dos fanáticos intérpretes/guardas religiosos que querem impôr-se na Europa e no mundo)
   Durmam, pois, tranquilos. Enquanto podem. O pior ainda está para vir e, enquanto os destinos do mundo não forem definidos pela escolha entre o vencedor do Big Brother e o da Casa dos Segredos, ainda há esperança.
 
----- Sistema eleitoral/ de votação nos EUA

Votei assim...  (-R.I.Carreira, Destreza das dúvidas, 6/11/2016, no Texas,USA)

...recebi um telefonema acerca das eleições presidenciais para participar num painel de intenções de voto. Qual a probabilidade de eu votar -- não havia probabilidade nenhuma porque eu voto sempre, logo é uma certeza -- mas lá disse "muito provável". Perguntaram-me da filiação partidária e eu disse "Independente", depois em quem ia votar e eu disse "Hillary Clinton", se ia votar num partido e eu disse "Democrata". Ouvi do outro lado da linha um suspiro de exasperação como se a senhora que me telefonava estivesse farta de ouvir a mesma resposta. É a única resposta lógica. Os meus candidatos republicanos são medíocres ou malucos.   (cada eleitor vota em vários candidatos, pois há eleições para vários cargos elegíveis e cada estado tem direito a eleger determinado número de representantes para o colégio eleitoral que elege o candidato a presidente...).
    Por exemplo, a Devon Anderson, que é a District Attorney aqui do condado, é Republicana e está para ser reeleita. ...    [... a vítima levantou um processo em tribunal, e muito bem, contra o estado. Espero que ganhe uma boa indemnização, mas assim haverá menos dinheiro para arranjar as estradas ... (Não me digam para eu comprar um carro novo porque, em Houston, os carros novos têm de ir à oficina ao fim de um ano ou dois, dado que as estradas são tão más. ... As pessoas que andam sempre a trocar de carro não sabem gerir o seu dinheiro.)]
      Então a minha intenção era votar Democrata em tudo e foi o que fiz.
Como vivo num condado que tem mais de 400.000 habitantes, o estado do Texas permite-me votar antecipadamente sem restrições, mas as regras mudam de estado para estado, como podem ver numa tabela neste site; há estados que não permitem o voto antecipado.
    Para votar no Texas é preciso identificarmo-nos: eu usei o meu certificado de eleitor (voter registration certificate) e a minha carta de condução, mas as regras de identificação são uma bocado confusas e, por vezes, o pessoal que está nas mesas de voto pode não explicar bem o que é preciso mostrar. O Texas é um estado que tem a má fama de dificultar o voto de minorias e de pessoas com pior nível de educação, logo de pessoas que estão mais sujeitas a não ter os documentos necessários.  (...)
   [Uma nota pessoal: eu sou uma pessoa que se emociona muito com estes rituais da Democracia (Há pessoas que acham que os EUA não são democráticos por causa do Colégio Eleitoral.) porque penso sempre no grande privilégio que é poder viver numa altura em que posso votar, quando as mulheres, durante centenas de anos, até milénios, foram consideradas inferiores aos homens.(OK, eu acho que ainda somos, a julgar pela forma como falam de nós. Só a ideia de sugerir que, nós, mulheres, votamos em Hillary Clinton porque votamos com a vagina ou somos feministas, como já ouvi, demonstra que há quem ache que nós não temos capacidade de avaliar um candidato pelos méritos do candidato ou do que nós queremos para o país. Eu consideraria isto um insulto, mas a pessoa que profere estas ideias demonstra o seu nível de ignorância e preconceito, logo não é bem um insulto a mim; é mais um confissão.). Quando tenho oportunidade de votar, sinto o peso de toda essa gente que lutou para que eu tivesse esse direito e parte da razão porque voto é também para honrar essas pessoas que lutaram por mim e pelos meus direitos. Já sei: sou uma idealista romântica. No espectro de todas as coisas que se pode ser, ser uma idealista romântica não é mau de todo.]
       Depois de ter participado na amostra das intenções de voto, ... fui votar no Sábado, dia 29 de Outubro. ... no Centro Comunitário... À medida que me aproximei do edifício, conheci alguns dos candidatos: uma juíza, uma senhora que concorria ao distrito escolar, os apoiantes de um representante estadual, etc. ...
    Após entrar na sala de voto, não era permitido usar o telemóvel,... Dirigi-me a uma pessoa que verificou a minha identificação, tirou um autocolante da máquina com os meus dados (nome, morada, número de eleitor etc.) e colou-o num papel, ao pé do qual tive de assinar. Depois deu-me uma cópia do autocolante com a minha informação e mandou-me ir a outra mesa. Entreguei a minha informação e deram-me uma senha com um código e disseram-me para escolher uma máquina livre e votar.
     Na máquina, digitei o código e escolhi a língua (inglês, espanhol, vietnamita, chinês), depois apareceu a lista de todas as coisas nas quais devia votar. Acho que ocupava uns 8 écrans, mas eu seleccionei a opção que me permitia votar Democrata para toda a gente. Depois verifiquei cada écran e cheguei ao final e votei nos referendos. E pronto, votei assim...

Alguns panfletos 

--- Aceitar os resultados das eleições norte-americanas?  (-M.Madeira, 6/11/2016, vias de facto)

Muita polémica tem sido feita, inclusive em Portugal, por Donald Trump não ter garantido que iria aceitar o resultado das eleições dos EUA.    Mas, por mais que me custe escrever estas palavras, acho que Trump tem razão nesse ponto.   
Veja-se as alegações que frequentemente surgem a seguir a eleições nos EUA (normalmente do lado que perdeu):
- Democratas a dizerem que eleitores negros terão sido massivamente eliminados dos cadernos eleitorais, a pretexto de terem sido confundidos com criminosos condenados
- Republicanos a dizerem que haverá gente a votar várias vezes, ou imigrantes a votar, e a exigirem maior controlo da identificação dos votantes
 - Normalmente Democratas (mas ultimamente também Republicanos) a dizerem que as máquinas de voto eletrónico são manipuladas
      [Uma coisa que me parece é que os Democratas - e ainda mais a quase inexistente esquerda - tendem a preocupar-se sobretudo com variantes da fraude eleitoral clássica, feita pelos organizadores da eleição, enquanto os Republicanos preocupam-se mais com fraudes feitas pelos próprios votantes]
    Ou, seja, há suficientes alegações, de parte a parte, de irregularidades; agora conjugue-se isso com o sistema eleitoral norte-americano, em que basta ter mais um voto num estado para ter todos os votos desse estado no colégio eleitoral (com duas exceções insignificantes - Maine e Nebraska) . Não é díficil imaginar (sobretudo numa eleição renhida) uma situação em que haja alegações de irregularidades numa assembleia de voto, que os votos em causa sejam suficientes para decidir quem ganha nesse estado, e que os votos desse estado sejam decisivos para decidir o resultado final - ou seja, é perfeitamente possível que haja razões credíveis para se duvidar que o vencedor designado seja o verdadeiro vencedor.
    Portanto que lógica teria, ainda antes das eleições, de se saber se houve ou não situações duvidosas, e de se saber se, a existirem, esses casos poderiam ter impacto no resultado final, um candidato dizer antecipadamente que aceitará como verdadeiro o resultado das eleições?
     A menos que se considere que o verdadeiro objetivo da instituição "eleições" não é verdadeiramente escolher o candidato preferido pelo povo, mas simplesmente criar essa ilusão, para garantir que "a rua" não se sinta tentada a por em causa o poder estabelecido. Se se considerar que é fundamental para a vida em sociedade que as pessoas acreditem nos resultados eleitorais (sejam eles verdadeiros ou não), então, dentro dessas premissas, fará sentido achar-se que os candidatos devem entrar numa espécie de conspiração, comprometendo-se a dizer à plebe que concordam com o resultado das eleições (mesmo que pessoalmente não concordem).

--- Basta ?! nas Democracias falseadas. (J. Freitas, 9/11/2016, Duas ou três coisas)
  Quando uma classe politica, democrata e republicana, passeia uma Nação de guerra em guerra, desde o fim da última guerra, e continua desde então em guerra no mundo inteiro, um povo pode, a um dado momento, ter desejos de dizer «Basta» e, conceder a sua confiança a outros.
     Se, paralelamente, este mesmo povo se apercebe, que tendo consentido esforços gigantescos com o seu dinheiro de contribuintes, para salvar uma classe ultra rica, salvando os seus bancos da falência em cadeia, falência devida à especulação desenfreada onde tudo era possível, sempre para os mesmos, este mesmo povo pode ter desejos de dizer: “Basta”
     Se, ainda este mesmo povo, se apercebe que após a crise de 2007, finalmente, a mesma classe ultra-rica, conseguiu, e apesar da crise, retirar as suas castanhas do lume e comê-las sozinha, sem distribuir algumas aos mais necessitados e sobretudo àqueles que produziram as castanhas, então o povo pode revoltar-se.
     Um grande número de jovens americanos, que não comeram castanhas, disseram, ontem: ”Basta”
Um grande número de americanos da classe média, disseram também “Basta”.
     Estas duas classes foram aqueles que não beneficiaram dos ganhos da economia, porque todos os ganhos foram parar no bolso daqueles que pertencem ao grupo dos 1% …que detinha já mais de 50% da riqueza nacional.
     O mesmo fenómeno se passou em Portugal, na França e algures… Porque nunca os ricos foram tão ricos que durante esta crise que eles provocaram em 2009 …
     O fosso que separa os pobres e os miseráveis dos ricos que defraudam o fisco e alimentam os paraísos fiscais nunca foi tão profundo ou tão largo.
     Esta distribuição injusta da riqueza produzida levou ao voto de ontem no país, farol da democracia, como se diz, e chefe do capitalismo selvagem internacional.
   Assim, democraticamente, como Hitler quando acedeu ao poder, um racista, xenófobo, multimilionário, é o 45° presidente dos Estados Unidos.
     Xenófobo sim, que prometeu pôr no olho da rua, quer dizer, expulsar dos EUA, os emigrantes clandestinos. Ele, chefe de varias empresas imobiliárias e da construção civil que emprega milhares de trabalhadores emigrantes sem documentos…e graças à exploração sistemática dos quais ganhou fortunas colossais.
     Vamos a ver quanto tempo o sistema oligárquico e militar o deixará divagar.
Se é possível que o metam na “ordem” capitalista imperial, também é possível que o poder total das duas assembleias, Representantes e Senado, lhe dê asas… E neste caso o Mundo estará em perigo.
    Mau presságio, em França, Marine Le Pen exultou e sonha já dum resultado idêntico, provocado pelas mesmas razões:   a injustiça social alarmante que não cessa apesar da presença dum governo dito de esquerda no poder desde há quatro anos.

--- Algumas razões para votarem Trump    F.G. Tavares , 9/11/2016, 2ou3coisas)

... Dizer que "....uma parte importante da América se rege por estímulos extremamente simples, assentes em ideias-chave quase caricaturais, por inseguranças e medos, por preconceitos e crenças...." , ainda que podendo ter algum fundo de verdade, é fundamentalmente passar por cima da realidade do que se passa nos Estados Unidos.    E essa realidade, a meu ver, tem que ver com o empobrecimento de enormes camadas da população e a concentração indecorosa, para dizer o mínimo, da riqueza nos EUA, ao ponto que não se fala dos top 10%, mas do top 1%. Existem análises, assentes nas estatísticas dos próprios EUA, que constatam isso mesmo (cf. J. Stiglitz, Onubre Einz).
    É também ignorar a sistemática manipulação feita pelos meios de comunicação, sondagens teleguiadas, que efetivamente obnubilam a nossa visão da realidade.
     E vista a prática de H.Clinton, a sua eleição seria como pôr a raposa a tomar conta do galinheiro.
Já agora, algumas das propostas e posições de Trump passadas normalmente em silêncio:
1. Ataque frontal ao poder dos media (OCS, mídia)
2. Denúncia da globalização como responsável da destruição das classes médias nos EUA
3. Defesa do protecionismo (na tradição aliás da política americana até à 2a guerra mundial), renegociação da OMC, por exemplo (e do TTIP?).
4. Recusa de redução orçamental em matéria de segurança social, apoio à redução dos preços dos medicamentos, ajudar a regular os problemas dos sem domicílio fixo “SDF”, reformar a fiscalidade dos pequenos contribuintes.
5. Aumentar significativamente os impostos dos traders especializados nos hedge funds (fundos especulativos) que ganham fortunas. Promete o restabelecimento da lei Glass-Steagall (votada em 1933 durante a Depressão e revogada em 1999 por William Clinton), que separava a banca tradicional dos bancos de negócios para evitar que estes possam pôr em perigo a poupança popular com os investimentos de alto risco.
6. Empenhado em encontrar termos de acordo ao mesmo tempo com a Rússia e com a China.
7. Com a sua enorme dívida soberana, a América já não tem mais os meios para praticar uma política estrangeira intervencionista total. Já não tem vocação para garantir a paz a qualquer preço.
     Estas 7 propostas(?) não fazem esquecer as declarações odiosas e inaceitáveis do candidato republicano difundidas em fanfarra pelos grandes meios de comunicação social dominantes, mas explicam sem dúvida um pouco melhor as razões do seu sucesso junto de largos sectores do eleitorado americano.



Publicado por Xa2 às 08:10 | link do post | comentar

7 comentários:
De Fim da globalização, do su ou do circo?! a 9 de Novembro de 2016 às 11:30

- Ainda bem que me atrasei a pagar os impostos, pode ser que já não seja preciso.
...
- As bolsas na Ásia estão em queda, e o dólar está a baixar.... (tal como o preço do petróleo e do ouro...)
...
--
Muito a sério:

- O mais assustador é a vitória de um discurso que arrasa todos os valores que considerávamos conquistas indiscutíveis da civilização - alguma coisa está a correr muito mal na Democracia.

- Também assustador é saber que o Trump (o tal do discurso primário, o tal sem cultura política nem histórica nem nada) tem o poder sobre o arsenal nuclear do exército mais poderoso do mundo. Lá se vai a ilusão de que as "nossas" bombas nucleares estão em mãos seguras.

- Por outro lado, sinto-me curiosa: podemos estar a assistir ao início do fim da globalização. Como é que as economias vão reagir?

- A surpresa dos jornalistas também devia ser objecto de estudo - até ao fim do dia 8.11.2016 andaram a noticiar o que era, ou andaram - involuntariamente - a noticiar o que queriam que fosse?

Em todo o caso:
apertem os cintos, estamos a entrar em zona de turbulências.
...
[- por: Helena Araújo, 8/11/2016, http://conversa2.blogspot.pt/ )


De Basta ?! nas Democracias falseadas. a 9 de Novembro de 2016 às 13:30
Joaquim de Freitas disse...

Quando uma classe politica, democrata e republicana, passeia uma Nação de guerra em guerra, desde o fim da última guerra, e continua desde então em guerra no mundo inteiro, um povo pode, a um dado momento, ter desejos de dizer «Basta» e, conceder a sua confiança a outros.

Se, paralelamente, este mesmo povo se apercebe, que tendo consentido esforços gigantescos com o seu dinheiro de contribuintes, para salvar uma classe ultra rica, salvando os seus bancos da falência em cadeia, falência devida à especulação desenfreada onde tudo era possível, sempre para os mesmos, este mesmo povo pode ter desejos de dizer: “Basta”

Se, ainda este mesmo povo, se apercebe que após a crise de 2007, finalmente, a mesma classe ultra-rica, conseguiu, e apesar da crise, retirar as suas castanhas do lume e comê-las sozinha, sem distribuir algumas aos mais necessitados e sobretudo àqueles que produziram as castanhas, então o povo pode revoltar-se.

Um grande número de jovens americanos, que não comeram castanhas, disseram, ontem: ”Basta”
Um grande número de americanos da classe média, disseram também “Basta”.

Estas duas classes foram aqueles que não beneficiaram dos ganhos da economia, porque todos os ganhos foram parar no bolso daqueles que pertencem ao grupo dos 1% …que detinha já mais de 50% da riqueza nacional.
O mesmo fenómeno se passou em Portugal, na França e algures… Porque nunca os ricos foram tão ricos que durante esta crise que eles provocaram em 2009 …
O fosso que separa os pobres e os miseráveis dos ricos que defraudam o fisco e alimentam os paraísos fiscais nunca foi tão profundo ou tão largo.

Esta distribuição injusta da riqueza produzida levou ao voto de ontem no país, farol da democracia, como se diz, e chefe do capitalismo selvagem internacional

.Assim, democraticamente, como Hitler quando acedeu ao poder, um racista, xenófobo, multimilionário, é o 45° presidente dos Estados Unidos.

Xenófobo sim, que prometeu pôr no olho da rua, quer dizer, expulsar dos EUA, os emigrantes clandestinos. Ele, chefe de varias empresas imobiliárias e da construção civil que emprega milhares de trabalhadores emigrantes sem documentos…e graças à exploração sistemática dos quais ganhou fortunas colossais.

Vamos a ver quanto tempo o sistema oligárquico e militar o deixará divagar.
Se é possível que o metam na “ordem” capitalista imperial, também é possível que o poder total das duas assembleias, Representantes e Senado, lhe dê asas… E neste caso o Mundo estará em perigo.

Mau presságio, em França, Marine Le Pen exultou e sonha já dum resultado idêntico, provocado pelas mesmas razões:
a injustiça social alarmante que não cessa apesar da presença dum governo dito de esquerda no poder desde há quatro anos.


De EUA: dia de Eleições + Referendos ... a 10 de Novembro de 2016 às 14:03

--- Referendos nos EUA

(por Miguel Madeira, 9/11/2016, Vias de facto)

Nestas eleições, os eleitores norte-americanos não vão apenas escolher entre imperialismo e xenofobia.
Como de costume, montes de assuntos irão ser decididos em referendos (: nacionais, estaduais, condados, municipais, 'distritos' escolares, 'distritos' judiciais, ...).

Alguns que me parecem dignos da atenção e seus Resultados:

(por Miguel Madeira, 9/11/2016, Vias de facto)

Resultados dos referendos que referi aqui (em atualização - só falta a questão 1 do Maine):

•Arizona Marijuana Legalization, Proposition 205 - Derrotado
•Arizona Minimum Wage and Paid Time Off, Proposition 206 (para subir o salário mínimo) - Aprovado
•Proposition 64, California Marijuana Legalization - Aprovado
•Colorado Creation of ColoradoCare System, Amendment 69 (criando um sistema universal de saúde pago pelo estado) - Derrotado
•Colorado $12 Minimum Wage, Amendment 70 - Aprovado
•Maine Marijuana Legalization, Question 1
•Maine Minimum Wage Increase, Question 4 - Aprovado
•Maine Ranked Choice Voting Initiative, Question 5 (alterando o sistema eleitoral, de maioritário a uma volta para voto alternativo) - Aprovado
•Massachusetts Minimum Size Requirements for Farm Animal Containment, Question 3 - Aprovado
•Massachusetts Marijuana Legalization, Question 4 - Aprovado
•Nevada Marijuana Legalization, Question 2 - Derrotado
•Washington Carbon Emission Tax and Sales Tax Reduction, Initiative 732 (substituindo parcialmente o imposto sobre as vendas por um imposto sobre a poluição) - Derrotado
•Washington Minimum Wage Increase, Initiative 1433 - Aprovado


De Quem/porquê pró ou contra ? a 10 de Novembro de 2016 às 15:35
Sturm und drang=Trump with a bang
(-R. Alves, 10/11/2016, Esquerda Republicana)

Trump ganhou. Na aritmética do colégio eleitoral, o factor decisivo foi a mudança de Obama para Trump de quatro Estados do Midwest pós-industrial - Pensilvânia, Ohio, Wisconsin, Iowa - (e um quinto alhures, a Florida).
. Foi aos trabalhadores destes Estados que viram os seus empregos deslocalizados para o estrangeiro que Trump, logo nas primárias, prometera renegociar os tratados de livre comércio «culpados» do desemprego (como Michael Moore notou prescientemente em Julho).

Esperou-se durante toda a campanha que Clintou compensasse as suas perdas nos votos dos «brancos trabalhadores» com os votos das mulheres e dos latinos, eventualmente dos negros. Falhou: Trump teve 29% dos votos dos latinos e 8% dos votos dos negros (respectivamente +8 p.p. e + 7p.p. do que Romney em 2012); entre as mulheres Clinton teve 54% (+1 p.p. do que Obama) mas Trump teve 53% do voto masculino (+5 p.p. do que Romney).

Ideologicamente, o movimento de Trump (tal como o do Brexit), é estridentemente contra as elites «globalistas» e «corruptas».
. Ser contra a globalização mobiliza aqueles que viram os seus empregos fugir por obsolescência ou deslocalização, e que nada têm a ganhar com os empregos da economia digital, geralmente para jovens qualificados.
. No entanto, o voto em Trump (e a acreditar nas sondagens) foi mais directamente motivado pela rejeição da imigração (e do terrorismo) do que do comércio livre.
E (sinal da descristianização dos EUA) parece mais indiferente do que hostil ao liberalismo social (direitos das mulheres, contracepção, casamentos gay, legalização da marijuana).

A corrupção é o outro grande tema do voto «contra o sistema». E incrivelmente, foi considerada mais corrupta a candidata que apenas usou um servidor de email privado do que o candidato que assumiu em debates ser praticamente um evasor fiscal.

A maldição de Trump será não poder cumprir as expectativas que criou. A maior parte das bojardas que lhe permitiram dominar os noticiários são incumpríveis:
construir um muro pago pelo México, prender Clinton, proibir a imigração de muçulmanos.
E na realidade, foi um erro tratá-las como promessas, porque eram apenas bandeiras, provocações que anunciam intenções mas não decisões.
Mas que os seus apoiantes lhe cobrarão daqui a quatro anos.

--- Do lado dos democratas, e embora territorialmente a divisão entre o campo e as cidades (ver o mapa acima) seja impressionante,
a esperança reside em o eleitorado de Clinton ser mais jovem, mais urbano, mais latino e mais irreligioso, todas categorias demográficas em ascensão.
A vitória de Trump pode portanto não se repetir.
. Mas será mais avisado que da próxima vez o candidato democrata seja alguém que possa corporizar melhor a revolta dos trabalhadores descontentes:
alguém mais como Sanders e menos como Clinton.


---Nota final: segue-se um ciclo na Europa em que o populismo de direita poderá ter novas vitórias.

. 4 de Dezembro: repetição da segunda volta da presidencial na Áustria, com vitória possível da extrema direita, e referendo constitucional em Itália.

. 15 de Março: eleições na Holanda, com o partido de Wilders em primeiro nas sondagens.

. 23 de Abril: primeira volta da eleição presidencial na França, quase de certeza ganha por Marine Le Pen .


De Políticos do centrão vivem noutro mundo! a 10 de Novembro de 2016 às 15:50
---- Entre autistas e enraivecidos


Sondagem feita à boca das urnas, com base em 24.537 votantes em 350 localidades nos Estados Unidos, incluindo 4.398 entrevistas telefónicas publicada pelo NYTimes (azul = votantes de Clinton; vermelho = votante de Trump)

Quando se olha para o perfil dos votantes, publicado pelo NY Times, percebe-se que muita gente andou a dormir durante demasiado tempo.

O Slam! da porta atirada por Trump partiu o nariz de muitas pessoas, sobretudo daquelas que andam num mundo fechado,
que conversam apenas com o mesmo tipo de pessoas (geralmente em convivência com os poderosos),
que não querem viver a vida do comum dos mortais (muito menos alterá-la) e,
que, por isso, reproduzem pensamentos a leste do pesadelo do dia-a-dia dos cidadãos.

A figura enorme de Trump com o seu chocante penteado, já copiado na Europa por outros candidatos ditos extremistas, é a imagem clara do
fosso escandaloso entre o autismo de certos grupos dominantes e o grito surdo dos deserdados de um mundo cão que todos os dias cospe na sua cara.
O fosso pode ser preenchido quando acabar a recusa de certas pessoas e círculos em falar de exploração,
de vidas precárias sem sonhos, de vidas desgraçadas de pobreza e desemprego, de repartição desigual de rendimento, de roubo, expoliação e extorsão diária.
Quando se passar a defender sociedades mais equilibradas, mais justas, mais felizes.

Como foi possível que não se tivesse ouvido a voz das pessoas zangadas com o sistema viciado
(centralizado em meia dúzia de pessoas que dominam agendas políticas, repartição de dinheiros, partidos, listas de candidatos, até programas de televisão),
a voz das pessoas que acham que a sua vida vai piorar,
que acham que o comércio roubou empregos, que acham que os imigrantes e os terroristas fazem parte do mesmo mundo longínquo,
alienígena, que nada tem a ver com o nosso?

Candidatos escolhidos sempre do mesmo saco de sempre,
jornalistas que preferiram militar contra Trump sem perceber que ele era bem mais do que o palhaço que eles apenas viam e não queriam ver,
responsáveis de sondagens que perderam a sensibilidade, a honestidade e ao rigor
porque se venderam a quem lhes compra sondagens.

Mesmo em Portugal, haja quem faça previsões que nunca se verificam...

Se alguma coisa Trump trouxe, foi um enorme e urgente desafio – sobretudo à esquerda, mas também a uma certa direita honesta –
a quem acha que pode haver um mundo diferente.
E esse desafio é construí-lo, começando por transformá-lo numa visão, em medidas e passos concretos,
numa mensagem clara, passada com tenacidade e persistência, que dê outra voz aos enraivecidos.

Senão, essa voz arranjará o seu personagem e não vamos gostar do que se seguirá.

(-por João Ramos de Almeida , 10.11.16, Ladrões de B.)


De . ACORDEM !. Cidadãos e políticos... a 10 de Novembro de 2016 às 16:05
Acordemos
(-por Sofia Loureiro dos Santos, 09.11.16, Defender o quadrado)

Depois do enorme duche de água gelada após a inimaginável vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, vale a pena acalmar e pensar em várias questões:

1.Não podemos assumir que as únicas razões para a votação em Donald Trump são a estupidez, a ignorância, a xenofobia e o sexismo, embora essas razões também devem ter estados presentes.

2.Temos que tentar perceber que a insatisfação, a desigualdade, o desemprego e a crise económica desenvolveram uma crise social que
afasta as pessoas dos políticos e da política, levando-as a acreditar em alguém que as convence estar fora do sistema.

3.Os políticos, nomeadamente os de esquerda, menorizam e inferiorizam os eleitores, tratando-os com desdém e com sobranceria, em vez de tentarem compreender os seus anseios e procurarem soluções para os seus problemas.

4.A constante afronta aos políticos e à política, falando-se continuamente de corrupção, com suspeitas constantes, acusações, faltas de respeito e desvalorização das funções públicas,
são contraproducentes e só alimentam a desconfiança das populações em relação aos seus representantes.

5.É urgente perceber o que causou os erros das projecções e das sondagens - as pessoas mentiram?
Os autores das sondagens não valorizaram ou não contabilizaram com rigor as intenções de voto em Trump? Foram deliberadamente alteradas?

6.É urgente perceber a crescente irrelevância dos media na cobertura das campanhas e na forma como, deliberadamente ou não,
condicionam os leitores, provavelmente levando-os a fazer o contrário daquilo que advogam.

Este é um sinal, mais um depois do BREXIT, que deve acender todas as lanternas vermelhas em todos os cantos da Europa.
As ondas populistas continuam e crescem e, enquanto as instituições nacionais e internacionais, como por exemplo a União Europeia, mantiverem o
estado de negação e não olharem para os seus povos,
para as suas angústias e temores, sem paternalismos nem juízos morais, para tentarem resolver os reais problemas das pessoas,
a lenha continuará a ser lançada para estas fogueiras.

Não vale a pena lamentarmo-nos. A democracia funcionou e funciona.
Mas se esta é a vontade da maioria, por algum motivo essa maioria tem esta vontade.
O combate tem que ser frontal, diário e com actos, não apenas com intenções e discursos retumbantes.

Esperemos que o Trump Presidente não cumpra as promessas do Trump candidato. De resto, o futuro afigura-se-me bastante incerto e com cores bastantes escuras.


Etiquetas: democracia, eleições, eua, populismo
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De .Sistema USA: vencedor leva tudo. a 12 de Dezembro de 2016 às 18:39

Ganhar, perdendo

(-por Vital Moreira, 1/12/2016, CausaNossa)

É sabido que Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos apesar de ter tido dois milhões de votos populares a menos do que Hillary Clinton. Não é a primeira vez que isso sucede, pois o mesmo ocorreu com a vitória de Bush em 2000, com menos votos do que Gore.
Porquê esta discrepância, pouco conforme à lógica da democracia representativa?
Ao contrário do que se tem lido, isso não tem propriamente a ver com a eleição indireta do Presidente, através de um colégio eleitoral, nem com o facto de os membros desse colégio serem eleitos ao nível dos estados da União, em homenagem à estrutura federal dos Estados Unidos.
Há duas razões substantivas para essa assimetria política entre a maioria de votos dos eleitores e a maioria dos delegados no colégio eleitoral.
--A primeira decorre do facto de a representação dos estados no colégio eleitoral não ser proporcional à respetiva população, com vantagem para os estados mais pequenos.
--A segunda razão, e mais importante, decorre do facto de a eleição dos delegados em quase todos os estados ser feita por maioria, e não pelo método proporcional, pelo que o candidato presidencial que tiver mais um voto num estado "leva" todos os delegados desse estado.

Não fossem esses dois fatores muito pouco democráticos do sistema eleitoral, especialmente o segundo, o colégio eleitoral seria tendencialmente um espelho político do voto dos eleitores a nível nacional (como acontece com a nossa AR, que é eleita em círculos distritais) e Hillary Clinton seria Presidente dos Estados Unidos.


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