Sexta-feira, 17 de Outubro de 2014

Lo que está en juego en Brasil

7/10/2014, Boaventura de Sousa Santos -Público.es  e ATTAC Mallorca.
       Escribo esta crónica desde Cuiabá, capital de Mato Grosso y también de lo que en Brasil se conoce como agronegocio (agricultura industrial de monocultivo: soja, algodón, maíz, caña de azúcar), la capital del consumo de pesticidas que envenenan la cadena alimentaria y de la violencia contra líderes indígenas y campesinos que defienden sus tierras de la invasión y de la deforestación ilegales. Me reúno con líderes de los movimientos sociales, uno de ellos (indígena xavante) llegado a la reunión clandestinamente por estar amenazado de muerte. De este lugar y de esta reunión resulta particularmente claro lo que está en juego en las próximas elecciones en Brasil.

    Las clases populares -el vasto grupo social de pobres, excluidos y discriminados que vio mejorado su nivel de vida en los últimos doce años con las políticas de redistribución social iniciadas por el presidente Lula y continuadas por la presidenta Dilma- están perplejas, pero tienen los pies en el suelo y no me parece que sean engañadas fácilmente. Saben que las fuerzas conservadoras que se oponen a la presidenta Dilma están tratando de recuperar el poder político que perdieron hace doce años. Conscientes de que la era Lula transformó ideológicamente el país, no lo podrán hacer por los medios y con los protagonistas habituales. Para poner fin a esa era es necesario recurrir a alguien que la evoque, Marina Silva, el desvío contranatura para llegar al poder. Poco a poco las clases populares van conociendo el programa de Marina Silva e identificando tanto lo transparente como lo mistificador.

     Es transparente el regreso al neoliberalismo que permita los beneficios extraordinarios resultantes de las grandes privatizaciones (de Petrobras al presal) y de la eliminación de la regulación macroeconómica y social del Estado. Para eso se propone la plena independencia del Banco Central y la eliminación de las diplomacias paralelas (léase: total alineamiento con las políticas neoliberales de los EEUU y de la UE).

    Es mistificador el recurso a conceptos como el de “democracia de alta intensidad” y el de “democratizar la democracia” -conceptos muy identificados con mi trabajo, pero usados de un modo totalmente oportunista (é a "novilíngua")- como si fuese una nueva política cuando, en realidad, de lo que se trata es, en el mejor de los casos, de una continuación de lo que se ha hecho en algunos estados, cuyo ejemplo más notable es el de Rio Grande do Sul.

    A esto se añade que lo verdaderamente nuevo en la candidatura de Marina Silva implica un retroceso no sólo político sino también ciudadano. Se trata de la certificación de la mayoría política del evangelismo conservador. El grupo parlamentario evangélico ya es hoy poderoso en el Congreso y su poder está totalmente alineado no sólo con el poder económico más depredador (el sector ruralista), al que la "teología de la prosperidad" confiere "designio divino", sino también con las ideologías más reaccionarias del creacionismo y de la homofobia. Marina, si fuese elegida, llevará tales espantajos ideológicos al Palacio de Planalto [sede del Gobierno] para rogar por el fin de la política, de la ilusión de la diferencia entre izquierda y derecha, de la unión entre ricos y pobres. Quitando el barniz religioso, se trata del regreso democrático a la ideología de la dictadura en el año en que Brasil celebra el período más largo y más brillante de la normalidad democrática de su historia (1985-2015).

    Ante esto, ¿por qué están perplejas las clases populares? Porque la presidenta Dilma no hace ni dice nada para mostrarles que es menos rehén de la agroindustria (, de la finança y de los mídia) que Marina Silva.   No hace ni dice nada para mostrar que es urgente comenzar la transición hacia un modelo de desarrollo menos centrado en la (privatização dos recursos estratégicos, en la) explotación voraz de los (trabajadores y de los) recursos naturales, que destruye el medio ambiente, expulsa a los campesinos e indígenas de sus tierras y amenaça y asesina a los que ofrecen resistencia (... e captura o Estado, a Democracia, a Justiça e a Liberdade).    Bastaría un pequeño-gran gesto para que, por ejemplo, los pueblos indígenas y afrodescendientes se sintiesen protegidos por su presidenta: promulgar ordenanzas de identificación, declaración y homologación de las tierras ancestrales, ordenanzas que están listas, libres de cualquier impedimento legal y guardadas en un cajón por decisión política.

Lo que las clases populares y sus aliados parecen no saber es que no basta querer que la presidenta Dilma gane las elecciones. Es necesario salir a la calle a luchar por ello. Sus adversarios, al contrario, lo saben perfectamente.

----- PS: - Marina (evangelista/ 'ambientalista') perdeu e ... ofereceu os seus 20% de votos ao candidato Aécio Neves, o 'tucano' (dos conservadores e neoliberais) que vai disputar a 2ª volta contra Dilma.



Publicado por Xa2 às 07:45 | link do post | comentar

1 comentário:
De Luta de Classes: Brasil, Pt, ... a 28 de Outubro de 2014 às 10:49

...e aprender com a amiga
[ Plantando a Liberdade ; colhendo a Democracia ]


Foi uma merecida vitória de Dilma Roussef (presidente do Brasil), apesar de tudo, ou seja, apesar da corrupção, da força dos interesses do agro-negócio, do extrativismo e do capital financeiro, da copa e de outros desperdícios.
Qualquer apoiante crítico não pode esquecer alguns princípios fixos progressistas que transformaram o Brasil para melhor:
da política externa autónoma às conquistas naquelas três áreas onde se decide parte decisiva das capacidades individuais e colectivas, das liberdades efectivas, ou seja,
no Emprego, na Provisão Social e na Redução da Pobreza e das Desigualdades.

Basta pensar, seguindo os dados sistematizados por Weisbrot, que o poder de compra do salário mínimo cresceu 84% nestes doze anos de hegemonia do Partido dos Trabalhadores, que a taxa de desemprego caiu para valor mais baixo da história (de mais de 12% para menos de 5%), ao mesmo tempo que o sector formal da economia se expandia consideravelmente;
basta pensar na expansão das despesas sociais, de tal forma intensa que a fronteira entre assistência e Direito Universal se esbateu de certa forma, contribuindo para que a pobreza tenha recuado 55% e fazendo com que os mais pobres tenham ganho peso na agora um pouco menos desequilibrada estrutura de rendimentos.
Basta ainda pensar, entre outras, na espectacular expansão da oferta educativa, por exemplo no ensino superior,
ou na visão estratégica subjacente a um certo controlo nacional dos recursos petrolíferos,
em contraste com o afã privatizador de Fernando Henrique Cardoso, o das maiores privatizações de sempre da história do capitalismo, o da crise e da estagnação, ao contrário do mito alimentado por certa imprensa nacional.

Em tempos de recuo neste lado, as classes populares avançaram do outro.
A insatisfação fundada e o protesto mais presente do outro lado também estão imbricados com a progressão das expectativas ocorrida.
E um governo desenvolvimentista precisa mesmo de um movimento popular que lhe pise os calos.
Precisa daquilo que Lula definiu um dia como a mão visível do povo, essa sim muito mais eficaz do que a mais afamada mão invisível.

(-por João Rodrigues, 27.10.14, Ladrões de B.)

---------comentário:

A Corrupção por cá (Portugal) acoberta-se com quê?

Com a banca e os banqueiros. Com os governos e os governantes neoliberais/pesporentos e do bloco central.
Com os corruptos salazarentos e os relvas à solta.
Com os passos em tecnoforma e com os loureiros em cabo verde.
Com os oliveira e costa cavacais e com os varas enferrujados,
Com os accionistas em cavaco e com os ricardo salgados a arrotar.
Com os banqueiros a roubar e as miss swap a aldrabar

Donde conheço a conversa do jose?
Exactamente da negação duma coisa muito simples.
É que por cá , ao contrário do acontecido no Brasil cresce a pobreza e a miséria. E a engorda dos troikistas e da troika

...usam o dito para lema para o seu ataque néscio ao estado social, enquanto regurgitam com o saque para os seus bolsos e para os bolsos dos que servem...

Deve causar raiva a alguns a vitória de Dilma e a constatação do falhanço do golpe da "Veja" (império mediático privado brasileiro, com várias TVs, jornais, revistas, ... bancos, ...).
Ficou-lhes atravessado no gasganete como alguém hoje escrevia em letra de forma referindo-se à fúria com que a vitória de Dilma foi recebida entre as hostes Neoliberais e de extrema-Direita.

Porque no fundo o que lhes dana é que " em tempos de recuo neste lado, as classes populares avançaram do outro."
Afinal os caminhos únicos não o são,
e são apenas a desculpa para institucionalizar o saque e manter a exploração.

Mas a vitoria de Dilma não basta.
"A insatisfação fundada e o protesto mais presente do outro lado também estão imbricados com a progressão das expectativas ocorrida.
E um governo desenvolvimentista precisa mesmo de um movimento popular que lhe pise os calos.
Precisa daquilo que Lula definiu um dia como a mão visível do povo, essa sim muito mais eficaz do que a mais afamada mão invisível"

Ou como dizia Cid Simões:
"E agora cumpre ao povo conduzi-la para bons caminhos. A luta de classes é o motor da História."


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