Estado capturado por "investidores" no crescimento (destrutivo)
----- Portucaliptal (-por Vital Moreira, 2/2/2017, CausaNossa)
1. Esta
notícia confirma o que toda a gente sabe: que Portugal está a transformar-se num imenso eucaliptal, ainda por cima em regime de exploração extensiva por planícies, montes e vales, incluindo parques naturais.
Portugal ostenta o comprometedor título mundial de país com mais eucaliptos (relativamente ao território), batendo a Austrália! Se a Toscana fosse em Portugal, já estava coberta de eucaliptos!
A "lei da liberalização" de 2013 acelerou a eucaliptização. O atual Governo prometeu revogar essa lei, mas essa virtuosa reversão ficou claramente na gaveta (ao contrário de outras...). Em vez disso, o Governo já
premiou a indústria de celulose com 125 milhões de subsídios públicos, mais umas
dezenas de milhões de ajuda à produtividade do eucalipto.
Não imaginava vir a caber a um Governo de esquerda
coroar o eucalipto como improvável "rei da floresta nacional" (como titula a notícia acima).
2. É óbvio que tudo isto só é possível pelo
enorme poder de lobby da fileira agro-industrial
da celulose, que foi ao ponto de
ameaçar o Governo com o cancelamento de planos de investimento, se ele não
cedesse aos seus interesses. Pelos vistos, levou a melhor, com o prémio adicional de
obter do Estado o financiamento desses investimentos. Não imaginava os
meus impostos a alimentarem a eucaliptização geral do País!
Mais uma vez, os nossos partidos pseudo-verdes, que costumam prestar
lip service ao controlo dos eucaliptos, não tugiram nem mugiram perante este
maciço subsídio público direto e indireto a uma das atividades económicas mais prejudiciais ao ambiente entre nós. Pelos vistos,
não é somente o Estado que os novos "donos disto tudo" põem em sentido...
Disgusting!
----- Eucaliptal à sombra do Estado (-por J.Camargo, Inflexaoblog, 18/6/2014)

A Portucel foi fundada em 1976 após a nacionalização da pequena indústria da
celulose. Em 1995 dá-se a primeira fase da sua
privatização (em 1994 a Semapa já se tinha começado a posicionar para
dominar uma série de monopólios, como a Secil) e em 2004 a Semapa consolida o seu controlo, adquirindo 67,1 % da Portucel. Nesses 30 anos, a área de eucaliptal plantado no país aumentou ininterruptamente. Em 2005 Pedro Queiroz Pereira
ameaçou que levaria a fábrica de pasta de papel para o Brasil ou para a Alemanha, tendo sido demovido por José Sócrates. Na altura, Queiroz Pereira terá dito a Sócrates: "
Se o sr. primeiro-ministro sentir coragem para
dobrar as forças vivas, eu farei aqui a fábrica". No ano passado, em entrevista, o
multimilionário dizia que "Sócrates não cumpriu os pontos todos, mas o que me motivou foi ver a grande vontade em que a fábrica ficasse cá e em
resolver os obstáculos. Subsídios? Recebia em qualquer um dos lados!".
Foi apenas na semana passada que se soube que o presidente da Semapa (e da Portucel-Soporcel e da Secil), Pedro Queiroz Pereira, era o administrador do PSI-20 com a mais elevada remuneração oficial (1.770.000 euros por ano, excluindo obviamente dividendos e participações financeiras, auferindo portanto 260 salários mínimos por mês !!). Os restantes oito administradores da Portucel-Soporcel recebem em média 1.205.000 euros por ano. A Portucel-Soporcel teve em 2013 um volume de negócios de 1,53 mil milhões de euros e distribuiu 37,5 milhões de euros em dividendos aos seus accionistas.
Apesar dos chorudos lucros, continua a ser do favor do Estado que vive a iniciativa privada. Perante um país cujo espaço florestal é devastado pelo desordenamento paisagístico e territorial, com consequências catastróficas (além da desertificação física e humana, os incêndios e a regressão ambiental dos ecossistemas), a exigência de mais matéria-prima feita pela indústria da celulose nos últimos anos, associada à exigência de mais área para a expansão do eucaliptal à custa dos espaços agrícolas e dos baldios de gestão comunitária mereceu vários diplomas feitos à medida, como sejam o Regime Jurídico de Acções de Arborização e Rearborização em 2013 ou a nova Lei dos Baldios este ano.
Que desenvolvimento trazem actividades destas? Emprego? Para a área monumental ocupada por eucaliptal no país (oficialmente 812 mil hectares), a Portucel emprega 2259 "colaboradores", enquanto as outras empresas da celulose (organizadas na CELPA) empregam mais 856 pessoas. E este número vem em queda constante pelo menos desde 2003, pelo que não está a criar emprego, apesar da produção estar sempre a aumentar. E se o volume de vendas é monumental (1,2 mil milhões de euros em exportações), em que é que isso beneficia o país? Certo, entra para as contas da balança, mas estamos a exportar exactamente o quê? A madeira sai para deixar o território em escombros, enquanto aceleram os ciclos de mobilização de solos, gastos com água, rotação rápida, esgotamento e abandono (como um ou dois ciclos de incêndio pelo meio). Mas são sempre boas (!!) notícias se há investimento privado, dizem os guardadores do governo. Especialmente se for estrangeiro! E se estivermos em crise. Mas se nós damos mais dinheiro aos investidores do que aquele que os investidores nos dão a nós, não estamos a aumentar o buraco das contas públicas? E se pelo caminho destruirmos o país para agradar aos potenciais investidores, então o ciclo da distopia suicida fica fechado.
MARCADORES: agricultura,
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subsídios
De
Liz a 1 de Março de 2017 às 05:31
maravilha!
Eucaliptugal
(-por Vital Moreira , 1/11/2016, https://causa-nossa.blogspot.pt/2016/11/eucaliptugal.html )
O Governo anunciou o propósito de "travar a expansão" do eucalipto e de revogar a chamada "lei da liberalização".
É pouco!
Primeiro, em vez de "travar a expansão" - que significa somente reduzir a velocidade da eucaliptização - deveria propor-se parar novas plantações e reduzir as existentes.
Segundo, a reversão da área do eucalipto deveria incluir pelo menos as seguintes medidas:
- afastar o eucalipto da proximidade das linhas de água, de modo a permitir o desenvolvimento de bosques de espécies características desses habitats;
- remover os eucaliptos de encostas de pendor mais acentuado, de modo a reduzir a erosão dos solos pelas chuvas;
- acabar com as extensas áreas de monocultura do eucalipto, imponto a obrigação de bandas intercalares de outras espécies florestais, a fim de dificultar a transmissão dos fogos florestais e de preservar a diversidade biológica;
- interditar em absoluto o eucalipto em áreas de aptidão agrícola, em regadios e em parques naturais;
- aplicar uma taxa à plantação de eucaliptos, como contrapartida dos danos ambientais e outras "externalidades negativas" provocadas pela eucaliptização.
Decididamente, a força do lóbi da celulose é enorme e a vontade política de o enfrentar é frágil. Portugal parece estar mesmo condenado, sem remissão, a tornar-se um imenso Eucaliptugal.
Adenda
Fico curioso, à espera da posição dos nossos vários pseudo-partidos verdes, quando for do debate deste dossiê legislativo na AR...
De País a SAQUE ...é PORCALIPTAL. a 4 de Junho de 2015 às 09:33
---- invests na desgraça ambiental. a 22 de Maio de 2015
O modelo de desenvolvimento económico do “por cima de toda a folha”, caduca ou persistente
( por josé simões, 19/5/2015, http://derterrorist.blogs.sapo.pt/)
De uma coisa ninguém pode acusar o CDS, que é a de não ter um modelo de "desenvolvimento" económico para o país.
Ou quando Pires 'soldado disciplinado' de Lima, pelo S. Martinho de 2013, anunciou no Parlamento investimentos na ordem dos 150 milhões de euros, 120 milhões pela Portucel e 26 milhões pela AMS Goma Camps,
pensavam que os castanheiros iam ficar en su sitio, a dar castanhas para acompanhar a água-pé, e
que os eucaliptos vinham por mar, importados em porões de navios, ou que,
pelo contrário, se iria liberalizar a plantação do eucalipto e assistir à eucaliptização do país, do Minho ao Algarve?
O ambiente, a biodiversidade e o ordenamento do território têm de ficar para depois
que a prioridade é fomentar a desertificação do terrirtório e
desertificação humana e
aumentar a mais-valia aos accionistas é tirar o país da crise e criar emprego.
Os incêndios ficam por conta do Orçamento do Estado que
por sua vez fica por conta do bolso do contribuinte.
Adenda:
Há dados relativos ao emprego criado pelo investimento de 150 milhões de euros por parte das empresas de celulose?
Há dados sobre qual a percentagem da riqueza criada por esse investimento de 150 milhões de euros
que foi aplicada novamente na economia ?
e sobre qual a percentagem que foi distribuída pelos accionistas?
---- Desgoverno lobby e eucaliptização
----- Quando o lobby não é lobby mas Governo
(-josé simões, 25/1/2014, derTerrorist )
-- As chamas vão continuar a consumir hectares de floresta; o combate às chamas vai continuar a sair do bolso dos contribuintes, para gáudio dis combatentes privados e luto dos combatentes públicos;
-- o combate à desertificação do território, num futuro próximo, também vai sair do bolso do suspeito do costume – o contribuinte;
-- as vidas humanas e a miséria do dia seguinte ficam a cargo dos mesmos de sempre – os que já pagam o combate às chamas e vão pagar a guerra contra a desertificação do território;
-- a biodiversidade fica por conta dos contribuintes das gerações futuras [onde é que eu já ouvi isto?];
-- as televisões vão ganhar shares de audiência, assim que mudarmos para a hora de Verão, com directos do local do crime e bate-papos da treta com especialistas da tanga;
-- o lucro, esse, já se sabe para quem fica, porque o crime compensa e está consagrado em papel de Lei e tudo.
É toda uma indústria à roda do património natural,
comum a milhões para benefício de algumas dezenas.
«Eucaliptos dominam pedidos ao abrigo da nova lei de arborização»
Adenda:
A ministra do CDS já tinha avisado o que o ministro do CDS posteriormente confirmou.
Neste momento o verdadeiro lobby é fazer pressão sobre o Governo do lobby.
---- Nem autarcas, nem cidadãos se mexem !!
realidade... nada mais há a dizer... só perguntar:
ONDE ANDAM OS VEREADORES...
OS PRESIDENTES DAS JUNTAS DE FREGUESIA...
OS PRESIDENTES DAS CÂMARAS,
os Deputados deste país ??!! ??
----Ana Paula Fitas
... é caso para perguntar, ... sem dúvida alguma! Onde estão (a maioria d)os 'políticos' eleitos, dos dirigentes partidários, e os cidadãos activos na defesa do interesse público ?!
------ brites :
Este PAÍS está SEQUESTRADO por INTERESSES espúrios,
e parece que ninguém está disposto a mexer-se contra eles,
como se fosse uma fatalidade inscrita no adn das nossas necessidades !
O futuro é coisa impalpavel sem gente dentro,
para esta cambada toda que se remete ao silêncio e passividade.
----- contra o Eucaliptal e lóbi celulose/...
---Portucaliptal
por Vital Moreira , 26/1/2014, CausaNossa
Não temos um partido verde nem uma consciência política ambiental.
Se tivéssemos, o DESASTRE ECOLÓGICO que é a contínua EUCALIPTIZAÇÂO do país, sem paralelo em nenhum outro país europeu, não continuaria, com o solícito apoio de todos os governos.
Ao contrário do que corre como verdade convencional, o principal lóbi do País
não é a BANCA
mas sim a indústria da CELULOSE (e as Export!!, à qual vamos sacrificando a paisagem e a diversidade florestal, assim como os AQUÍFEROS do país, para além de combustível fácil para os INCÊNDIOS ..
De Portucaliptal destrói floresta diversi.. a 14 de Outubro de 2014 às 14:24
Portucaliptal
(-por Vital Moreira , 14/10/2014, CausaNossa)
«Eucalipto ganha terreno à floresta autóctone na Serra da Lousã».
E assim sucederá em todas as serras e não-serras deste país! Este Governo deu mais um bónus à indústria de celulose facilitando a plantação de eucaliptos. As espécies florestais tradicionais vão desaparecendo vítimas da voracidade predatória do eucalipto.
Parafraseando Xico Buarque, esta país está em vias de cumprir o ideal da indústria de celulose, que é transformar Portugal num imenso eucaliptal.
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