A ameaça Nazi é o perigo número 1. (-por Francisco, 3/3/2014, blog.5dias.net)
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Ao meio, o actual “1ºMin.” do governo golpista de Kiev
A Ucrânia faz fronteira com a Polónia, a Eslováquia e a Hungria. Na Hungria o actual governo é quase fascista, na Polónia e na Eslováquia não anda muito longe disso. Em qualquer destes países os movimentos fascistas têm grande força. Uma Ucrânia dominada por neo-nazis seria uma catástrofe não apenas para a população da Ucrânia, mas para todos os povos da Europa. Se os fascistas tomam conta da Ucrânia, toda a Europa Central irá cair nas mãos de governos fascistas e por toda a Europa esse tipo de movimentos ganhará ainda mais força.
Já aqui e aqui tinha discutido o assunto. Que não haja ilusões, o movimento de massas em Kiev e no ocidente da Ucrânia é dominado pelos gangs Nazis. Nas lutas de Rua e nas assembleias em Maidan são eles que dominam. Podem existir (e existem) indivíduos bem intencionados, mas não existe nenhuma organização minimamente progressista capaz de disputar a hegemonia do movimento aos Nazis (em Maidan e em Kiev). Aliás, muito cedo sindicalistas, anarquistas e outros movimentos que poderiam ter disputado a hegemonia do movimento aos Nazis foram corridos pelos fascistas à paulada. A realidade é essa, não vale a pena estar com fantasias e entrar em delírios do estilo “terceiro-período“. O actual governo “provisório” já tem vários fascistas (a incluir o primeiro-ministro), mas esse governo não irá durar muito tempo. Dada a pressão para pagar a dívida, para pagar a conta do gás Russo, para implementar as políticas do FMI e a pressão que vem da Rússia, este novo governo, ou outro qualquer dito “moderado” e “pró-UE”, será presa fácil de um novo golpe que desta vez colocará os Nazis “puros e duros” no poder.
O carácter completamente hipócrita do actual governo que emergiu dos protestos liderados pela extrema direita é sinalizado pela nomeação de dois oligarcas super-ricos para governarem duas das regiões do leste da Ucrânia… Mas enfim, os protestos também eram contra a “corrupção” e a maioria dos novos ministros fizeram parte de governos tão ou mais corruptos que o governo de Yakunovitch…
Neste momento, a prioridade máxima é impedir a escalada nazi-fascista e derrotar os gangs neo-nazis. Tudo o resto é subordinado a isso. As movimentações populares, a que se seguiu a intervenção das forças armadas Russas, na Crimeia já tiveram o efeito de colocar a escumalha nazi à defesa. Os pogroms e as perseguições a opositores políticos só não se alastraram e intensificaram mais porque na Crimeia houve logo uma resposta firme. As movimentações que ganharam peso este fim de semana no leste e sul da Ucrânia colocaram um travão à ascensão dos nazis ao poder. Na Crimeia e em várias regiões do Leste e do Sul a batalha já foi ganha. Mas a guerra pela Ucrânia está longe de ter terminado.
http://5dias.wordpress.com/2014/03/09/ucrania-anti-fascista-dezenas-de-milhares-nas-ruas-de-donetsk-governador-pro-junta-fascista-foge-de-lugansk/
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Na verdade a “festa” ainda agora começou,
os acordos com o FMI e a UE irão implicar um duríssimo pacote de austeridade sobre toda a população, mas esse pacote será especialmente destrutivo para o leste e sul do país.
É que a indústria Ucraniana está concentrada aí e já se está mesmo a ver o que o “programa” do FMI+UE vai impor à Ucrânia…
o desmantelamento dessas indústrias que serão vendidas a retalho e afogadas por regulações e importações vindas do ocidente…
Para lá das questões históricas e culturais é esta batalha económica e social que está por detrás do conflito que divide a Ucrânia.
O que está em curso é portanto uma contra-revolução neo-liberal imposta pela força das botas cardadas nazis.
Só se fossem parvos ou suicidas é que a malta do leste e sul (+- o operariado Ucraniano) se renderia a esta gente, independentemente da vontade de Putin...
6.3.14 - (JPP) http://abrupto.blogspot.pt/
UCRÂNIA – CUIDADO COM OS “BONS” E OS “MAUS”
Lá estamos nós outra vez a embarcar num ciclo entre a propaganda e a ignorância, associado a muita impotência, a pretexto da Ucrânia.
Já temos os “bons”, os revoltosos da Praça Maidan, os ucranianos ocidentais, a União Europeia (imagine-se!) e os EUA, aliados às forças da “liberdade” e “democracia”,
e os “maus”, os ucranianos orientais pró-russos (cujas manifestações não passam na televisão), os russos propriamente ditos, invadindo a Crimeia a pedido de um Presidente corrupto (neste caso é pura verdade).
Já foi assim nos Balcãs, agora é na Ucrânia.
A União Europeia, porque não lhe convém, nada diz da Geórgia, ou da Moldávia, onde partes do território estão sob “protecção russa” de governos pró-moscovitas e populações que querem os russos para os proteger dos nacionalistas pró-georgianos e pró-romenos.
E, mesmo nos Balcãs, situações apodrecidas e apenas mantidas num congelador subsistem até ao próximo conflito, na Sérvia, na Croácia, na Bósnia ou no Kosovo.
São o retrato de intervenções ocidentais apressadas, politicamente correctas, mas não oferecendo a esses “países” senão linhas divisórias mantidas em “paz” por forças estrangeiras.
Uma política irresponsável da União Europeia e dos EUA face à Ucrânia, incentivando uma revolta dos ucranianos ocidentais, que nunca quiseram a hegemonia russa e tem todo o direito a não querer,
conduziu a uma secessão de facto do país, solução para que a União empurrou a revolta, mas não pode sancionar juridicamente.
Mas, qualquer pessoa que conheça a história ucraniana, com muito sangue à mistura, não imagina que a Ucrânia oriental aceite ser governada por radicais nacionalistas com uma genealogia complicada desde os anos vinte do século XX, que para essas populações são “fascistas”.
E o termo, a julgar pela história, tem alguma razão de ser.
O que mais assusta é a facilidade com que se aceita esta dualidade na comunicação social e nos governos.
Escrevo isto depois de ler páginas e páginas da imprensa portuguesa, em que o “europeísmo” exacerbado leva a estas mobilizações politicamente correctas dos “bons” contra os “maus”, que acabam sempre num impasse. Veja-se a Síria.
Em países ou áreas do mundo como é o Leste da Europa ou as Balcãs, no Cáucaso ou até no Báltico, não se podem atear fogos nacionalistas, - que é o que a muito pouco nacionalista União está a fazer,
- sem estar disposto a mudar as fronteiras, a coisa mais razoável a fazer em casos em que os países foram artificialmente criados a partir de territórios muito heterogéneos.
Ou mesmo sem ser capaz de aceitar deslocações de populações, que a muito civilizada Sociedade das Nações fez no século XX entre a Grécia a Turquia, e agora seria um anátema.
O resultado é forçar “limpezas étnicas” feitas na guerra e na violência extrema, como aconteceu na Bósnia de que muito se fala e na Krajina sérvia dentro da Croácia, em números a mais significativa, mas de que não se fala.
A crise ucraniana está só no seu começo.
Os russos mandam tropas, alguns grupos mais radicais vão disparar no sítio errado contra a gente errada, com os habituais apoios dos serviços secretos,
a União Europeia, que não tem tropas, vai ficar, como sempre, dependente dos americanos, e os americanos que estão a sair militarmente de todo o lado vão pressionar a Rússia com sanções económicas.
Quem pagará o preço serão os ucranianos, de um lado ou de outro da Ucrânia.
Agora que há nazis no governo da Ucrânia lembremos BABI YAR
Imagens do massacre de 100.000 ucranianos, judeus, comunistas, ciganos, prisioneiros soviéticos, deficientes, homossexuais) nas ravinas de Babi Yar, em Kiev, em 1941, pelos nazis com colaboraqção de fascistas ucranianos (ampliar com um clique)http://puxapalavra.blogspot.pt/2014/03/agora-que-ha-nazis-no-governo-da.html#links
Agora que o governo da Ucrânia tem 5 ministros, incluindo o da defesa e o das polícias, de extrema direita, do partido “Svoboda” e até nazi ( “Sector Direito”), agora que os nazis e afins estão no governo da Ucrânia com o apoio entusiasmado de Durão Barroso, da UE, da Srª. Hillary Clinton e dos EUA, lembremos Babi Yar.
Não esqueçamos que o governo que estava tinha sido eleito em 2012, em eleições que foram aceites internacionalmente e, apesar de corrupto como o português, o grego e outros tão do agrado da nossa querida UE foi substituido com o aplauso e apoio de Bruxelas e Washington por um governo eleito por voto de braço no ar, numa praça em tumulto, dominada por grupos armados, de extrema direita e também nazis.
O mais conhecido destes o "Sector Direito" para que ninguém se equivocasse pintou uma cruz gamada gigantesca na fachada da sua nova sede, em instalações da câmara municipal de Kiev, que ocupou.
Mas, lembremos BABI YAR.
Em Junho de 1941 as tropas de Hitler invadiram a União Soviética e em 19 de Setembro após uma batalha em torno de Kiev que durou 45 dias, as tropas nazis entraram na cidade.
Cerca 20% dos habitantes da capital da Ucrânia, umas 160.000 pessoas, eram ucranianos de origem judaica. Com a aproximação das tropas alemãs, conhecedores do que os nazis vinham fazendo, perto de cem mil ucranianos de raça judaica, a maioria homens, tinham fugido para leste antes da conquista da cidade.
Deu-se então o início do genocídio. De judeus, comunistas, prisioneiros soviéticos, ciganos e outros grupos civis. Começou com o fuzilamento de todos os 700 doentes que se encontravam no hospital psiquiátrico da capital.
Em 28 de Setembro de 1941, os nazis afixaram pelas paredes e postes de Kiev este aviso:
“Ordena-se a todos os judeus residentes em Kiev e arredores que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 8 horas da manhã de segunda feira 29 de Setembro de 1941 trazendo consigo documentos, dinheiro, roupa interior, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados.”
É claro, o conteúdo das residências judias, dos comunistas, dos ciganos e dos outros perseguidos era para os nazis não para os eslavos, “povos inferiores”.
Os ucranianos judeus que compareceram, na grande maioria mulheres, crianças e velhos julgavam que iam ser transferidos para qualquer outro lado mas foram levados para a célebre ravina de Babi Yar nos arredores da cidade. A multidão foi obrigada a passar por um longo corredor de soldados armados de metralhadoras. Avançavam em grupos de dez que ao chegarem, lá longe, à beira das ravinas eram fuzilados.
Segundo os relatórios alemães, apanhados depois da guerra, no massacre que durou dois dias, levado a cabo pelas “unidades móveis de fuzilamento”, os Einsatzgruppe, apoiados por um batalhão das Waffen-SS, foram assassinados de uma só vez 33.771 ucranianos judeus e nos meses seguintes mais alguns milhares de judeus.
Calcula-se que em Babi Yar terão sido fuzilados mais de 100.000 ucranianos, judeus, comunistas, ciganos, prisioneiros de guerra soviéticos, homosexuais, deficientes.
Nestas operações genocidas de uma inominável crueldade colaboraram algumas unidades de polícia constituídas por ucranianos que apoiaram os nazis e que deram origem a grande confronto político e ideológico após a vitória do exército soviético que expulsou os invasores alemães, em 6 de Novembro de 1943.
A Ucrânia assim como a Polónia foi governada, durante o domínio alemão hitleriano, pelo gauleiter nazi, Erich Koch, governador da Prússia Oriental, condenado a prisão perpétua, após o fim da II Guerra Mundial.
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Fontes: Babi Yar de Yevgeny Yevtushenko, Babi Yar de Anatoly Kuznetzov (livros do Brasil 1989) e outras fontes da internet.
Etiquetas: Babi Yar, Kiev, massacre, nazis, Ucrânia.
# por Raimundo P. Narciso
---Crimeia junta-se à Rússia… e agora?
(-por Francisco , 18/3/2014, blog5dias.net)
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...Confederação… a única forma de evitar a guerra civil?
A actual Ucrânia confronta-se com profundas contradições:
■políticas – fascistas a ocidente vs comunistas saudosistas da URSS a leste.
■sociais – camponeses a ocidente vs operariado a leste.
■económicas – reformulação/saque e integração do sector produtivo da Ucrânia na UE vs defesa da Indústria a leste que faz parte de cadeias logísticas com importantes componentes na Rússia.
■culturais – fala-se Ucraniano a oeste e Russo a leste.
■históricas – ligação com a Polónia e o Império Austro-Hungaro a Ocidente, com a Rússia a leste (mapas interessantes aqui e aqui).
■geo-políticas – fronteira leste da NATO e da UE, se estes blocos se querem expandir a Ucrânia é o próximo passo (e uma regra básica de qualquer “sistema” é que se não está em expansão, então está em contracção…).
Último buffer de protecção do “core” da Rússia, localização de importante base naval e relevante fornecedor e mercado para a economia Russa.
A longo prazo estas contradições devem ser superadas por uma luta contra a oligarquia cleptocráctica que domina tanto o ocidente, como o oriente da Ucrânia.
Os fantásticos recursos naturais e a indústria e infra-estrutura da Ucrânia devem ser colocados ao serviço do povo e sob o controlo dos trabalhadores.
Um novo regime verdadeiramente democrático deve seguir uma política de paz, independente de qualquer bloco militar imperialista.
Mas, sem abandonar este “programa”, o curto prazo exige respostas mais urgentes, consentâneas com a relação de forças no terreno e capazes de dar uma resposta rápida às contradições que ameaçam fazer explodir o país.
A divisão/guerra civil só poderá ser evitada, parece-me, se a Ucrânia se transformar numa confederação.
Se tiver um governo central fraco e pouco mais do que simbólico, com o poder de decisão concentrado nas regiões.
Claro que num modelo desses não é possível a integração tout court da Ucrânia na NATO, UE ou na União Aduaneira da Rússia.
É esta a opinião também de alguns “experts” (aqui), da Rússia (aqui) e do PCU.
A maioria da população do sudeste, a curto prazo, ficaria satisfeita com uma solução destas.
A população a ocidente também acho que aceitaria bem uma Ucrânia confederal, sobretudo quando a alternativa é a divisão do país e a guerra civil.
Mas aceitará a UE um plano destes?
E a NATO e os EUA?
Ainda para mais depois do chapadão que levaram agora na Crimeia?
A Crimeia na Rússia e uma Ucrânia garantidamente fora da UE e da NATO seria, objectivamente, uma grandiosa vitória do renascido “Império Russo” face às potências ocidentais…
Dificilmente o imperialismo Yankee-Europeu irá aceitar isso, mesmo que o preço a pagar seja a guerra e mesmo que seja essa a vontade do povo Ucraniano.
Como se a UE ou a NATO façam o que quer que seja pela “democracia” e liberdade” LOL LOL LOL
Ainda para mais, parece-me que os líderes (ou os “decision makers”) das potências ocidentais não têm noção nenhuma das consequências das suas acções…
nunca nos esqueçamos da catástrofe que foi a invasão do Iraque, do Afeganistão e recentemente da Líbia (inclusive para o próprio Império!)…
apesar de ser bastante óbvio que qualquer destas intervenções seriam um salto para o abismo,
as elites ocidentais atiraram-se de cabeça para todas estas aventuras (um pouco maior resistência do eixo franco-alemão no caso do Iraque, mas nada de muito significativo)…
Além disso, isto é mesmo gente com muito pouca profundidade.
Quando a Merkel diz “O Putin não está neste mundo”, está a demonstrar toda a sua impotência e ignorância.
Claro que Putin não está no mundo da Merkel, não está subjugado à burocracia de Bruxelas ou aos ditames da Alemanha, qual Grécia ou Portugal…
Claro que Putin se for preciso manda avançar os tanques e ponto final,
qual regulamentação da Comissão Europeia, qual ameaça do Banco Central Europeu…
Este é outro jogo e outro mundo, muito diferente das disputas domésticas da UE a que a Merkel está habituada…
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A Ucrânia morreu em Odessa
-- Maio 4, 2014 por Francisco, 5Dias
“The aim is to completely clear Odessa [of pro-Russians],” said Dmitry Rogovsky, another activist from Right Sector whose hand had been injured during the fighting. “They are all paid Russian separatists.” (Guardian aqui)
IMF: Ukraine losing east would mean new bailout. “Should the central government lose effective control over the East, the programme will need to be redesigned.” (Telegraph aqui)
O Massacre de Odessa foi ainda pior do que primeiro estimado (aqui), pelo menos cerca de 40 pessoas foram vítimas da violência Nazi (aqui, aqui e aqui). O massacre ocorreu exactamente um dia depois do FMI ter avisado a junta de kiev que o acordo aprovado só seria implementado se o leste e o sul do país estiverem sob controlo da junta, ou seja, disponíveis para pilhar. É preciso sublinhar que os Nazis não foram mais do que cães de fila ao serviço dos Oligarcas, FMI, NATO e UE. Aliás, o grosso das tropas de choque nem eram membros dos gangs nazis (sector de direita), mas sim membros de claques de futebol… Na Ucrânia a maioria dos clubes é propriedade oligarcas e as claques actuam como jagunços ao serviço dos oligarcas.
Enquanto em Odessa se dava o pogrom, no leste, sobretudo na região de Donetsk, as tropas e milícias leais à junta desencadearam uma operação de “limpeza”. Desta vez não houve as mesmas hesitações em confrontar manifestantes desarmados e vários cidadãos do leste que tentavam bloquear o avanço das forças da junta foram pura e simplesmente executados (aqui).
Como se o Massacre realizado em Odessa não fosse suficientemente grave por si só, a resposta e reacções vindas do Ocidente são sintomáticas do total desprezo pelas opiniões e vida das populações do sudeste. Longe de sentirem qualquer empatia com as vítimas ou tomarem uma acção que desanuvia-se a tensão, como declarar um cessar fogo, ou libertar presos políticos, não… A reacção dos responsáveis máximos pelo massacre é atirar a culpa para as vítimas, dizer que mereceram morrer e prosseguir a campanha de terror no leste. Esta peça da BBC é bastante reveladora, consiste numa colecção de vários comentários feitos por personalidades pró-junta (não só políticos), deixo aqui um exemplo: Forgive me, but I cannot feel sorry at all for the separatists in Odessa. There is and there cannot be any joy, but I am struggling to find any sympathy… e isto são declarações de responsáveis, a base do movimento reaccionário maindan celebrou o massacre sem qualquer problema de consciência!
Os apoiantes da junta fascista têm divulgado várias imagens nas redes sociais a gozar com as vítimas e celebrar o massacre
A mensagem da Junta e dos seus apoiantes é clara. A população que se opõe à Junta, à violência de rua nazi, ao acordo com o FMI e a UE só tem duas opções: morrer (queimada viva , executados a tiro ou com uma “bala perdia”) ou aceitarem tudo o que a Junta impuser e serem uma espécie de cidadãos de segunda, relegados à categoria de Untermensch.
Vadim Negaturov, poeta morto no massacre
Vjaceslav Markin, membro do conselho regional de Odessa morto no Massacre
No leste o impacto do massacre está a ser profundíssimo. Em Odessa propriamente dita ontem realizou-se uma espécie de missa/memorial às vítimas, os sentimentos de perda, dor, angústia e raiva estão à flor da pele (aqui e aqui). Ao contrário do que diz a propaganda de Kiev os activistas massacrados eram todos “filhos da terra” (pelo menos até ao momento não há confirmação de nenhum “agente russo” entre as vítimas), a morte de tanta gente, naquelas condições macabras está a gerar um profundo sentimento de revolta. De Kharkov a Lugansk, para toda a população do sudeste, este massacre vem apenas reiterar de forma brutal tudo o que antes já havia sido dito acerca do modus operandi da junta e seus aliados fascistas. Na própria Russa, o massacre também está a gerar uma enorme onda emocional (aqui).
Odessa não se rende e todo o sudeste está a entrar em “modo Estalinegrado 43“.
Se o plano dos nazi-fascistas e do FMI+NATO+UE era submeter pelo terror a população do sudeste, enganaram-se redondamente. Este massacre veio reforçar a determinação dos insurgentes do sudeste. Mesmo após o massacre populares saíram à rua para travarem desarmados ...
A Ucrânia morreu em Odessa
...Mesmo após o massacre populares saíram à rua para travarem desarmados as colunas blindadas de Kiev (aqui). Em Mariupol, após cantarem o hino soviético (aqui), os rebeldes foram confrontar a agressão Nazi e queimaram a sede do principal banco privado Ucraniano na cidade (aqui e aqui). Em Kramatorsk as tropas da junta chegaram a entrar na cidade, mas hoje a cidade foi retomada pelos insurrectos (aqui e aqui). Sloviansk está sob cerco mas os nazi-fascistas a mando do FMI, mas os criminosos foram repelidos sempre que tentaram entrar na cidade (aqui e aqui). Em Donetsk novos edifícios foram tomados e foi anunciada a criação do “Exército Repúblicano” que irá unificar todas as milícias anti-fascistas (aqui). Em Lugansk o centro de recrutamento foi tomado pelos insurgentes e na principal praça da cidade civis estão a ser treinados no uso de armas de fogo (aqui e aqui). Em Odessa manifestantes cercaram a sede da polícia e conseguiram libertar todos os camaradas que foram presos aquando do massacre (aqui, aqui e aqui, impressionante… em Odessa o regime Nazi prendeu as vítimas, não os carrascos, mas felizmente o povo libertou-os!).
Odessa não se rende! Activistas anti-junta cercam a esquadra da polícia e libertam os camaradas presos aquando do massacre (no dia do massacre as vítimas foram presas e os assassinos deixados em liberdade)
Acresce a isto que as possíveis pontes entre o leste e o oeste estão a ser queimadas, como é demonstrado pela tentativa de assassinato do presidente da câmara de Kharkov (uma personagem que tentava estar dos dois lados da barricada) ou a desistência das eleições do candidato “pró-russo” (aqui).
Em Odessa não foram apenas 40 activistas anti-junta que faleceram… Nas ruínas queimadas da sede sindical de Odessa foi a própria Ucrânia que morreu.
A tentativa da junta e dos seus patronos imperiais de impor os seus dictacts pela força bruta , sem qualquer compromisso, empurrou o país para a Guerra Civil. Convém sublinhar isso! Desde que a crise começou, para lá de promessas da tanga, a junta não tomou nenhuma acção de boa-vontade (e.g. libertar presos políticos ou repor a emissão de canais de televisão Russos), as únicas acções vindas de Kiev foram de agressão e intimidação. O mais grave é que isto parte tanto ou mias de Kiev, como de Washington e Bruxelas. Relembro o que aqui escrevi há um mês e meio:
A divisão/guerra civil só poderá ser evitada, parece-me, se a Ucrânia se transformar numa confederação. Se tiver um governo central fraco e pouco mais do que simbólico, com o poder de decisão concentrado nas regiões. Claro que num modelo desses não é possível a integração tout court da Ucrânia na NATO, UE ou na União Aduaneira da Rússia. (…) A maioria da população do sudeste, a curto prazo, ficaria satisfeita com uma solução destas. A população a ocidente também acho que aceitaria bem uma Ucrânia confederal, sobretudo quando a alternativa é a divisão do país e a guerra civil. Mas aceitará a UE um plano destes? E a NATO e os EUA? Ainda para mais depois do chapadão que levaram agora na Crimeia? A Crimeia na Rússia e uma Ucrânia garantidamente fora da UE e da NATO seria, objectivamente, uma grandiosa vitória do renascido “Império Russo” face às potências ocidentais… Dificilmente o imperialismo Yankee-Europeu irá aceitar isso, mesmo que o preço a pagar seja a guerra e mesmo que seja essa a vontade do povo Ucraniano.
Ora, o imperialismo Yankee-Europeu não aceitou nenhum compromisso e desencadeou uma guerra que, provavelmente, será pior que a da Jugoslávia…ainda não sei se por vontade explicita ou pura ignorância, ou seja, por acreditarem na sua própria propaganda que a insurreição a leste é composta apenas por “terroristas” e “agentes russos”.
Quando há três semanas escrevi “Ucrânia, começou a GUERRA CIVIL” estou certo que muitos leitores pensaram que estaria a exagerar. Pois agora já poucos duvidam que é mesmo isso que se está a passar, ..recentes títulos dos media anglo-saxónicos:
Ukraine crisis: ‘It’s war, civil war’
Kiev hits back at pro-Russia rebels as Ukraine moves towards civil war
Ukraine crisis: we are now at war with pro-Russia rebels, states Kiev
Civil war looming in Ukraine?
A BBC “Nobody expected this" ... o materialismo-dialéctico ...
A Ucrânia morreu em Odessa
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A BBC tem uma peça intitulada “Nobody expected this” … Ora, o materialismo-dialéctico não é uma “bola de cristal”, mas é o melhor substituto que conheço…
Uma guerra de classes
Abaixo deixo ligações e excertos de vários artigos que considero terem informação e/ou análise muito relevante para melhor perceber o que se está a passar e até fazer algumas previsões quanto ao que é mais provável acontecer em seguida. Os textos dão uma excelente perspectiva dos campos em confronto e do que é que está em disputa. Para lá de uma luta entre “Pró-Russos” e “Ucranianos” o que se está a passar é uma guerra de classes em que uns queimam Sindicatos e os outros queimam Bancos…
How to Save Ukraine – Why Russia Is Not the Real Problem - Much the same is true for membership in the European Union. If the matter were up for a referendum, which it will not be anytime soon, 90 percent would vote yes in the west, 29 percent would vote yes in the south, and 22 percent would vote yes in the east.(…) It is thus time to face some hard facts. A pro-European, pro-NATO government ruling a regionally divided country — and one that is quite vulnerable to Russian military intervention — is a recipe for instability, not for European integration. Simply pushing forward with EU association and NATO integration without pushing the government in Kiev to address its illegitimacy problems through means other than arrest is not much of a strategy. It’s not even much of a gamble, as it is almost certain to fail.
Ukraine crisis strains family ties in divided Donetsk - Political views do not follow clear generational lines (…) But the political differences do appear to have some socioeconomic basis: groups of coalminers and other blue-collar workers have come out to support the Donetsk occupation, arguing that the region’s heavy industry is suffering from the recent disruption to trade with Russia.
‘We Will Shoot Back’: All Eyes on Russia as Ukraine Begins Offensive in East -“The mood wasn’t actually quite prepared for an insurgency.” But the government’s announcement that inefficient mines in the region would be closed, combined with rising fuel prices, quickly changed the mood in the city.
Kiev admits losing control of Donetsk and Lugansk provinces - Andrea Cellino, leader of an Organisation for Security and Co-operation in Europe monitoring team in Lugansk who witnessed Tuesday’s government building takeover. “The population is mostly either sympathetic or openly supports the occupiers and their motives.”
Kiev loses control of Donbas – What next in Ukraine crisis? - Workers in Donetsk do not need Vladimir Putin to tell them that their industries will be closed once Ukraine joins the EU. They can see what has happened in countries like Hungary, Romania or the Baltic States, which have joined the EU. Moreover, the integration of Russia in the capitalist world economy has led to the export of natural resources, with the resultant closure of thousands of factories. The problem here is not a national problem but a problem of the capitalist system itself. The economic ruin, mass unemployment and high cost of living affect everyone: the ethnically Ukrainian, Russian, Armenian or Hungarian – all are victims of the crisis of capitalism and the rule of the oligarchs.
Ukraine: Miners strike in Lugansk region
It’s not Russia that’s pushed Ukraine to the brink of war
Exclusive: Meet the Pro-Russian Separatists of Eastern Ukraine
RUSSIAN ROULETTE: THE INVASION OF UKRAINE - Série de reportagens no “olho do furacão” por repórteres pró-imperiais, apesar dos preconceitos dos autores os vídeos têm muitas imagens e entrevistas que transmitem muito do sentimento no leste da Ucrânia (o autor é o famoso Simon Ostrovsky que esteve detido pelos insurgentes cerca de 4 dias).
A People’s War in East Ukraine - Each Banderite scum, each rat of the National Guard and other gangs must know this: you came to our land with weapons! You’ve come to kill us in our land! So don’t expect any mercy from us! You will find only grim death! Because you have not yet tasted Slavic-Russian anger! But it will overwhelm you in a severe, violent flame! Do you think we are afraid? We, Russians in the South-East afraid? You are very, very deepl
De intervenções perigosas e desgraçadas a 31 de Março de 2014 às 11:31
O PRECEDENTE DO KOSOVO E POLÍTICAS PERIGOSAS E INCONSEQUENTES
Veículos militares separando o Kosovo "albanês" do Kosovo "sérvio" na ponte de Mitrovica.
A União Europeia e os EUA “fizeram” o Kosovo como país independente, mesmo quando uma parte desse país está praticamente autogovernado pela minoria que perdeu, neste caso os sérvios, e são precisas tropas estrangeiras permanentemente estacionadas para garantir que uma guerra civil congelada possa descongelar.
E, no entanto, segundo o direito internacional, o Kosovo era território sérvio, embora com uma maioria albanesa.
Ou seja, uma situação muito parecida com a da Crimeia.
A Crimeia é parte da Ucrânia, mas tem uma maioria russa que não quer ser ucraniana, como os albaneses não queriam ser parte da Sérvia.
Aviões dos EUA e ingleses, mísseis cruzeiro dos EUA, botas no chão de vários países da NATO, apoiadas na guerrilha albanesa, ocuparam o Kosovo, bombardearam Belgrado, mudaram o poder na Sérvia e prenderam alguns dos seus responsáveis e enviaram-nos ao Tribunal de Haia.
Podiam ter feito o mesmo com Putin a propósito da Chechénia, mas nunca se atreveram sequer a sugerir que os russos estavam a cometar crimes de guerra no Cáucaso.
Agora na Crimeia podem reclamar que os russos invadiram a Ucrânia, violando a integridade das fronteiras, mas não tem autoridade porque fizeram o mesmo no Kosovo.
Em todos os sítios onde os EUA e a UE tocaram nos últimos anos deixaram uma embrulhada por resolver, nas Balcãs, na Líbia, na Síria, instigaram revoltas e apoiaram secessões, mas depois fizeram de conta que não era com eles e baixaram o tom, quando era preciso ser consequente e ir até ao fim.
Isso implicava ou dividir nações, o que só na longínqua e pobre Etiópia se pode fazer, ou realizar ocupações militares a sério, que pudessem mudar tudo como no Japão e na Alemanha em 1945.
Isso por razões geopolíticas, ou por cansaço das opiniões públicas da guerra, qualquer guerra, não podiam fazer.
O resultado começa a ser perigoso e a dar à Rússia e a Putin a iniciativa de recompor o espaço geoestratégico da antiga URSS, que já era o do antigo império russo.
É que eles têm a vontade e os meios, para travar todas guerras menos a nuclear, e os americanos e europeus hoje não tem vontade de travar nenhuma guerra, nem as pequenas, nem as médias.
As guerras grandes, ou seja o conflito termonuclear, esse permanece felizmente fora de causa. Mas tudo o resto não está.
(url) 12:53 (JPP) Abrupto
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