Quarta-feira, 12 de Março de 2014
A ameaça Nazi é o perigo número 1. (-por Francisco, 3/3/2014, blog.5dias.net)
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Ao meio, o actual “1ºMin.” do governo golpista de Kiev
A Ucrânia faz fronteira com a Polónia, a Eslováquia e a Hungria. Na Hungria o actual governo é quase fascista, na Polónia e na Eslováquia não anda muito longe disso. Em qualquer destes países os movimentos fascistas têm grande força. Uma Ucrânia dominada por neo-nazis seria uma catástrofe não apenas para a população da Ucrânia, mas para todos os povos da Europa. Se os fascistas tomam conta da Ucrânia, toda a Europa Central irá cair nas mãos de governos fascistas e por toda a Europa esse tipo de movimentos ganhará ainda mais força.
Já aqui e aqui tinha discutido o assunto. Que não haja ilusões, o movimento de massas em Kiev e no ocidente da Ucrânia é dominado pelos gangs Nazis. Nas lutas de Rua e nas assembleias em Maidan são eles que dominam. Podem existir (e existem) indivíduos bem intencionados, mas não existe nenhuma organização minimamente progressista capaz de disputar a hegemonia do movimento aos Nazis (em Maidan e em Kiev). Aliás, muito cedo sindicalistas, anarquistas e outros movimentos que poderiam ter disputado a hegemonia do movimento aos Nazis foram corridos pelos fascistas à paulada. A realidade é essa, não vale a pena estar com fantasias e entrar em delírios do estilo “terceiro-período“. O actual governo “provisório” já tem vários fascistas (a incluir o primeiro-ministro), mas esse governo não irá durar muito tempo. Dada a pressão para pagar a dívida, para pagar a conta do gás Russo, para implementar as políticas do FMI e a pressão que vem da Rússia, este novo governo, ou outro qualquer dito “moderado” e “pró-UE”, será presa fácil de um novo golpe que desta vez colocará os Nazis “puros e duros” no poder.
O carácter completamente hipócrita do actual governo que emergiu dos protestos liderados pela extrema direita é sinalizado pela nomeação de dois oligarcas super-ricos para governarem duas das regiões do leste da Ucrânia… Mas enfim, os protestos também eram contra a “corrupção” e a maioria dos novos ministros fizeram parte de governos tão ou mais corruptos que o governo de Yakunovitch…
Neste momento, a prioridade máxima é impedir a escalada nazi-fascista e derrotar os gangs neo-nazis. Tudo o resto é subordinado a isso. As movimentações populares, a que se seguiu a intervenção das forças armadas Russas, na Crimeia já tiveram o efeito de colocar a escumalha nazi à defesa. Os pogroms e as perseguições a opositores políticos só não se alastraram e intensificaram mais porque na Crimeia houve logo uma resposta firme. As movimentações que ganharam peso este fim de semana no leste e sul da Ucrânia colocaram um travão à ascensão dos nazis ao poder. Na Crimeia e em várias regiões do Leste e do Sul a batalha já foi ganha. Mas a guerra pela Ucrânia está longe de ter terminado.
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A Ucrânia morreu em Odessa
...Mesmo após o massacre populares saíram à rua para travarem desarmados as colunas blindadas de Kiev (aqui). Em Mariupol, após cantarem o hino soviético (aqui), os rebeldes foram confrontar a agressão Nazi e queimaram a sede do principal banco privado Ucraniano na cidade (aqui e aqui). Em Kramatorsk as tropas da junta chegaram a entrar na cidade, mas hoje a cidade foi retomada pelos insurrectos (aqui e aqui). Sloviansk está sob cerco mas os nazi-fascistas a mando do FMI, mas os criminosos foram repelidos sempre que tentaram entrar na cidade (aqui e aqui). Em Donetsk novos edifícios foram tomados e foi anunciada a criação do “Exército Repúblicano” que irá unificar todas as milícias anti-fascistas (aqui). Em Lugansk o centro de recrutamento foi tomado pelos insurgentes e na principal praça da cidade civis estão a ser treinados no uso de armas de fogo (aqui e aqui). Em Odessa manifestantes cercaram a sede da polícia e conseguiram libertar todos os camaradas que foram presos aquando do massacre (aqui, aqui e aqui, impressionante… em Odessa o regime Nazi prendeu as vítimas, não os carrascos, mas felizmente o povo libertou-os!).
Odessa não se rende! Activistas anti-junta cercam a esquadra da polícia e libertam os camaradas presos aquando do massacre (no dia do massacre as vítimas foram presas e os assassinos deixados em liberdade)
Acresce a isto que as possíveis pontes entre o leste e o oeste estão a ser queimadas, como é demonstrado pela tentativa de assassinato do presidente da câmara de Kharkov (uma personagem que tentava estar dos dois lados da barricada) ou a desistência das eleições do candidato “pró-russo” (aqui).
Em Odessa não foram apenas 40 activistas anti-junta que faleceram… Nas ruínas queimadas da sede sindical de Odessa foi a própria Ucrânia que morreu.
A tentativa da junta e dos seus patronos imperiais de impor os seus dictacts pela força bruta , sem qualquer compromisso, empurrou o país para a Guerra Civil. Convém sublinhar isso! Desde que a crise começou, para lá de promessas da tanga, a junta não tomou nenhuma acção de boa-vontade (e.g. libertar presos políticos ou repor a emissão de canais de televisão Russos), as únicas acções vindas de Kiev foram de agressão e intimidação. O mais grave é que isto parte tanto ou mias de Kiev, como de Washington e Bruxelas. Relembro o que aqui escrevi há um mês e meio:
A divisão/guerra civil só poderá ser evitada, parece-me, se a Ucrânia se transformar numa confederação. Se tiver um governo central fraco e pouco mais do que simbólico, com o poder de decisão concentrado nas regiões. Claro que num modelo desses não é possível a integração tout court da Ucrânia na NATO, UE ou na União Aduaneira da Rússia. (…) A maioria da população do sudeste, a curto prazo, ficaria satisfeita com uma solução destas. A população a ocidente também acho que aceitaria bem uma Ucrânia confederal, sobretudo quando a alternativa é a divisão do país e a guerra civil. Mas aceitará a UE um plano destes? E a NATO e os EUA? Ainda para mais depois do chapadão que levaram agora na Crimeia? A Crimeia na Rússia e uma Ucrânia garantidamente fora da UE e da NATO seria, objectivamente, uma grandiosa vitória do renascido “Império Russo” face às potências ocidentais… Dificilmente o imperialismo Yankee-Europeu irá aceitar isso, mesmo que o preço a pagar seja a guerra e mesmo que seja essa a vontade do povo Ucraniano.
Ora, o imperialismo Yankee-Europeu não aceitou nenhum compromisso e desencadeou uma guerra que, provavelmente, será pior que a da Jugoslávia…ainda não sei se por vontade explicita ou pura ignorância, ou seja, por acreditarem na sua própria propaganda que a insurreição a leste é composta apenas por “terroristas” e “agentes russos”.
Quando há três semanas escrevi “Ucrânia, começou a GUERRA CIVIL” estou certo que muitos leitores pensaram que estaria a exagerar. Pois agora já poucos duvidam que é mesmo isso que se está a passar, ..recentes títulos dos media anglo-saxónicos:
Ukraine crisis: ‘It’s war, civil war’
Kiev hits back at pro-Russia rebels as Ukraine moves towards civil war
Ukraine crisis: we are now at war with pro-Russia rebels, states Kiev
Civil war looming in Ukraine?
A BBC “Nobody expected this" ... o materialismo-dialéctico ...
A Ucrânia morreu em Odessa
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A BBC tem uma peça intitulada “Nobody expected this” … Ora, o materialismo-dialéctico não é uma “bola de cristal”, mas é o melhor substituto que conheço…
Uma guerra de classes
Abaixo deixo ligações e excertos de vários artigos que considero terem informação e/ou análise muito relevante para melhor perceber o que se está a passar e até fazer algumas previsões quanto ao que é mais provável acontecer em seguida. Os textos dão uma excelente perspectiva dos campos em confronto e do que é que está em disputa. Para lá de uma luta entre “Pró-Russos” e “Ucranianos” o que se está a passar é uma guerra de classes em que uns queimam Sindicatos e os outros queimam Bancos…
How to Save Ukraine – Why Russia Is Not the Real Problem - Much the same is true for membership in the European Union. If the matter were up for a referendum, which it will not be anytime soon, 90 percent would vote yes in the west, 29 percent would vote yes in the south, and 22 percent would vote yes in the east.(…) It is thus time to face some hard facts. A pro-European, pro-NATO government ruling a regionally divided country — and one that is quite vulnerable to Russian military intervention — is a recipe for instability, not for European integration. Simply pushing forward with EU association and NATO integration without pushing the government in Kiev to address its illegitimacy problems through means other than arrest is not much of a strategy. It’s not even much of a gamble, as it is almost certain to fail.
Ukraine crisis strains family ties in divided Donetsk - Political views do not follow clear generational lines (…) But the political differences do appear to have some socioeconomic basis: groups of coalminers and other blue-collar workers have come out to support the Donetsk occupation, arguing that the region’s heavy industry is suffering from the recent disruption to trade with Russia.
‘We Will Shoot Back’: All Eyes on Russia as Ukraine Begins Offensive in East -“The mood wasn’t actually quite prepared for an insurgency.” But the government’s announcement that inefficient mines in the region would be closed, combined with rising fuel prices, quickly changed the mood in the city.
Kiev admits losing control of Donetsk and Lugansk provinces - Andrea Cellino, leader of an Organisation for Security and Co-operation in Europe monitoring team in Lugansk who witnessed Tuesday’s government building takeover. “The population is mostly either sympathetic or openly supports the occupiers and their motives.”
Kiev loses control of Donbas – What next in Ukraine crisis? - Workers in Donetsk do not need Vladimir Putin to tell them that their industries will be closed once Ukraine joins the EU. They can see what has happened in countries like Hungary, Romania or the Baltic States, which have joined the EU. Moreover, the integration of Russia in the capitalist world economy has led to the export of natural resources, with the resultant closure of thousands of factories. The problem here is not a national problem but a problem of the capitalist system itself. The economic ruin, mass unemployment and high cost of living affect everyone: the ethnically Ukrainian, Russian, Armenian or Hungarian – all are victims of the crisis of capitalism and the rule of the oligarchs.
Ukraine: Miners strike in Lugansk region
It’s not Russia that’s pushed Ukraine to the brink of war
Exclusive: Meet the Pro-Russian Separatists of Eastern Ukraine
RUSSIAN ROULETTE: THE INVASION OF UKRAINE - Série de reportagens no “olho do furacão” por repórteres pró-imperiais, apesar dos preconceitos dos autores os vídeos têm muitas imagens e entrevistas que transmitem muito do sentimento no leste da Ucrânia (o autor é o famoso Simon Ostrovsky que esteve detido pelos insurgentes cerca de 4 dias).
A People’s War in East Ukraine - Each Banderite scum, each rat of the National Guard and other gangs must know this: you came to our land with weapons! You’ve come to kill us in our land! So don’t expect any mercy from us! You will find only grim death! Because you have not yet tasted Slavic-Russian anger! But it will overwhelm you in a severe, violent flame! Do you think we are afraid? We, Russians in the South-East afraid? You are very, very deepl
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