Sábado, 12 de Dezembro de 2015

UMA GOVERNAÇÃO INTELIGENTE !    (-A.Brandão Guedes,10/12/2015,  bestrabalho)

     Os últimos acontecimentos demonstraram claramente que a direita portuguesa tinha um plano bem gizado de subversão do Estado social constitucional saído da Revolução de Abril.   Tinham um governo da direita radical sustentado pelos banqueiros e grandes empresas, pelo PPE na Europa, comunicação social e por um Presidente atual e candidato a presidente feitos muletas deste projeto!   Uma parte da classe média conservadora apoiava e apoia este projeto, bem como alguns setores populares que, por serem (alienados, enganados e/ou) tão pobres, o governo Passos/Portas pouco ou nada lhe tirou de forma direta!

     Este projeto foi interrompido pelo Partido Socialista e pelos outros partidos da esquerda parlamentar criando uma enorme azia nas hostes da direita e indo ao encontro dos desejos de muitos homens e mulheres de esquerda!  Aquela, porém, espera que a situação seja passageira pensando regressar ao poder em breve!  Óbvio!  De facto as condições adversas são muitas e apenas uma governação e luta inteligente poderá levar o barco o mais longe possível! Por governação inteligente entendo aqui não apenas a ação do governo PS mas também a ação de todas as forças de esquerda inclusive do Movimento Sindical e social! Essa governação inteligente tem a meu ver as seguintes características:

  • 1.      É uma ação guiada por uma estratégia geral, com rumo, cujo objetivo deve ser não frustrar as espectativas sociais e políticas dos trabalhadores e reformados, criando emprego sustentado de qualidade através de uma política de pequenos passos, avançando e consolidando; O horizonte deve ser a legislatura de quatro anos e outro objetivo estratégico será retirar o poder político á direita de modo consistente.
  • 2.      Durante os próximos anos controlar as despesas do Estado mas aumentar significativamente as pensões abaixo dos 600 euros e o salário mínimo até 600 euros, bem como os apoios sociais aos idosos, pessoas desempregadas e do rendimento mínimo. Estes objetivos deveriam ser consensualizados na esquerda e os sindicatos. Estes objetivos, de verdadeiro combate á pobreza, seriam prioritários relativamente a outros aumentos salariais e de pensões. A vida custa a todos mas custa mais a uns do que outros!
  • 3.      Nesta linha a estratégia da ação sindical seria prioritariamente para repor os cortes salariais, tornar mais justa a grelha do IRS evitando os impostos indiretos que prejudicam os mais pobres; Revalorizar o SNS e a escola pública tendo como objetivo final uma saúde e educação de qualidade e gratuita para todos os cidadãos portugueses.
  • 4.      De seguida insistir nas reivindicações qualitativas que não ficam onerosas ao Estado nomeadamente mais investimentos na saúde e segurança dos trabalhadores, mais dias de férias, reposição das 35 horas na Função Pública e torna-las generalizadas em todos os setores de atividade, em particular nas grandes empresas públicas e privadas. A competitividade e produtividade das empresas não exige necessariamente salários baixos e muitas horas de trabalho.
  • 5.      Aproveitar o atual quadro na relação de forças mais favorável para um grande esforço de mobilização dos trabalhadores para estas questões qualitativas, fortalecendo a organização sindical nos locais de trabalho, formando quadros e ativistas sindicais.
  • 6.       Aproveitar as contradições atuais no seio da União Europeia para desenvolver uma ação política diplomática e social no sentido de abrir brechas no bloco de direita defensora da austeridade pura e dura procurando evitar o reforço da extrema – direita. Criar no entanto solidariedades sociais e políticas plurais tendo como principal objetivo barrar o caminho da extrema- direita em ascensão na Europa.
  • ( 7.   Simplificar o SIADAP e a burocracia interna dos serviços, reduzir a multiplicidade de 'planos/quadros de acompanhamento e controlo de actividades e projectos' : «KISs: keep it simple  (don't be stupid !)»  e melhor 'simplex'.)

STRESSE E INTENSIFICAÇÂO DO TRABALHO !

   O stresse é hoje um dos principais problemas do trabalho. Os inquéritos mais recentes a trabalhadores e patrões nomeadamente das Agências especializadas da União Europeia revelam que esta questão preocupa algumas empresas e sindicatos e é tema de seminários, colóquios e campanhas visando, não apenas o stresse, mas outros riscos psicossociais como o assédio moral, mobbing e violência no trabalho!

     Em outubro passado a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho encerrou uma Campanha Europeia de informação sobre a gestão do stresse. Mais de 25% dos trabalhadores europeus dizem-se afetados de algum modo por este problema! Parece que o stresse está na base de uma grande parte dos dias perdidos de trabalho e de numerosas doenças psíquicas e físicas, nomeadamente cardiovasculares e depressivas. Pode levar ao esgotamento físico e psíquico de uma pessoa por mais forte que seja!

    Acontece que na maioria dos casos o tema do stresse é debatido e estudado como um problema de produtividade antes de ser um problema de saúde! Fala-se em stresse bom, ou seja, aquele que funciona como forma de pressão sobre o trabalhador para aumentar a intensidade do trabalho e em stresse mau ou seja aquele que já nos afeta de forma permanente, com vários sintomas de natureza física e psíquica!

    É curioso como, inclusive, alguns investigadores fazem este tipo de distinções e afirmam que o mais importante é saber gerir o stresse, admitindo que este é inevitável e até de certo modo necessário!

    Ora, temos hoje alguns estudos que nos mostram que o stresse é utilizado pela gestão para aumentar a intensidade do trabalho e, assim, intensificar a exploração do trabalhador! O stresse, e até o assédio moral, são assim utilizados como ferramentas de gestão para aumentar a produtividade! Consideram-se como boas ferramentas, desculpabilizam-se e tornam-se elementos da ideologia gestionária no quadro da exploração laboral na economia capitalista!

    Ora, uma perspetiva sindical do combate ao stresse não se pode cair nesta armadilha, fazendo precisamente o jogo dos novos tipos de gestão ao serviço de uma ideologia (neoliberal) que submete a saúde do trabalhador aos interesses de um capitalismo selvagem!

 

"Porquê contratar empresas em vez de técnicos directamente?"  (A.M.Pires, 12/12/2015, Jugular)

    Perguntava eu em janeiro * de 2015.    (Agora a) Boa notíciaO Ministério da Saúde chegou esta sexta-feira a acordo com a Ordem dos Médicos para eliminar progressivamente a dependência destas empresas de prestação de serviços, que pagam cerca de 16 euros à hora a cada médico e nem sequer verificam os seus currículos. Os médicos tarefeiros, que asseguram a maioria das urgências, e que no ano passado nem por 45 euros/hora quiseram trabalhar no Natal, lançam uma ameaça. Dizem estar fartos da "escravatura" a que são sujeitos pelas empresas intermediárias do negócio com o Estado. E garantem que se pararem, o Sistema Nacional de Saúde volta a ficar seriamente comprometido. No ano passado houve casos de caos no Natal e no Ano Novo e oito mortos por espera prolongada. O novo ministro da Saúde quer pôr um ponto final a esta situação, apostando na contratação individual de médicos que passarão a ter de ser aprovados pela direção clínica dos hospitais.

(*) Isto não é só demagogia e populismo em estado puro, é rebaixolaria e perversidade. Para além de tudo "esqueceu-se" de referir que parte dos 30 euros/hora pertencem à empresa prestadora do serviço ao ministério da Saúde e que se existem médicos "alugados" a várias empresas é porque o ministério o permite. Porquê contratar empresas em vez de médicos directamente? Por que não regularizar a abertura de concursos médicos de acordo com as necessidades?

        Adenda1: Comentário, esclarecedor, que o P.Morgado deixou (jan.2015).

O Secretário de Estado da Saúde mente descaradamente nesta entrevista. Convém esclarecer que:

(1) é uma opção do governo PSD/CDS contratar empresas privadas intermediárias (de trabalho temporário e de 'consultores', 'estudos',...) que cobram 30€/hora para entregar uma parte desse valor aos médicos;

(2) é uma opção do governo PSD/CDS não contratar directamente médicos para assegurar estes serviços a quem poderia pagar 15,84 € respeitando o acordo feito em 2012;

(3) é responsabilidade do governo PSD/CDS que os serviços de saúde públicos estejam em ruptura total com as consequências que se sabe, nomeadamente a perda de vidas;

(4) a campanha que o governo PSD/CDS dirige contra os médicos é vergonhosa e indigna. Está literalmente na nossa mão MUDAR.

         Adenda 2: Tal como já aqui tinha previsto, o problema é generalizado. (O acesso aos serviços de urgências de alguns hospitais do país complicou-se nos últimos dias, com tempos de espera que chegam a atingir as 18 horas, situação agravada pelo bloqueio no internamento nalgumas unidades por falta de camas.  ...)

   --xxx--   E o que se passa com os médicos passa-se de modo semelhante com os enfermeiros e com muitos outros profissionais de vários ministérios da Administração Pública, onde não se abrem concursos para o quadro  (mantendo aparentemente 'fixa' a rúbrica pessoal) mas contratam-se «serviços externos» e «consultorias»  (a empresas de trabalho temporário, a intermediárias e a amigos/sócios...) aumentando assim desmesuradamente (e sem controlo) as despesas na Administração Pública. e mantendo os trabalhadores mal pagos, em situação precária e sob stress/ameaça constante.



Publicado por Xa2 às 07:58 | link do post | comentar

4 comentários:
De Nomeações ... diferentes dos pantominei. a 14 de Dezembro de 2015 às 12:05
Mudança de paradigma

( por josé simões, derTerrorist, 13/12/2015)

Depois de 4 anos de amiguismo e de fidelidades partidárias nas nomeações de "técnicos", "especialistas", senhores doutores, e senhores professores doutores e outros pantomineiros,
onde a competência não era tida nem achada para os cargos a ocupar e as funções a desempenhar,
alguém que não puxa da pistola de cada vez que ouve falar em cultura.

«O historiador José Pacheco Pereira e a antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima são os nomes escolhidos pelo Ministério da Cultura para a administração da Fundação de Serralves.»


De Cidadão JPP abrupto: a 14 de Dezembro de 2015 às 12:45

Deve ser mais um argumento para o expulsarem (do PSD)

(S.A.Correia, em 14.12.15, Delito de opinião)

13/12/2015, JPP:

"Face ao convite que me foi feito para a Administração de Serralves, devo dizer que só aceitei por ser um lugar não remunerado e sem qualquer prebenda, condição que coloquei ao convidante.
Faço parte igualmente de um Conselho de Patronos do Museu Vieira da Silva / Arpad Szenes, do Conselho Consultivo do Museu do Aljube, e do Conselho-Geral da Universidade do Porto.
Tudo sem qualquer remuneração."

Vê-se pelo silêncio que grassa que ainda devem estar à procura de argumentos para poderem contestar a nomeação. Talvez pelas senhas de presença, se as houver.

Tags: pacheco pereira; serralves
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5.12.15 (JPP)

AVISO A TEMPO POR CAUSA DO TEMPO (mas os tempos são o que são ...).


Antes que a comunicação social me torne "propriedade" de qualquer candidatura presidencial,
informo que tenho já prevista a participação em debates e colóquios organizados pelas candidaturas de Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias
e tenho falado pessoalmente sobre a questão presidencial com outros candidatos.
Como são conversas privadas ficam privadas.

Faço-o com inteiro à vontade, visto que não me furto a discutir Portugal e os portugueses, na medida das minhas capacidades, e considero que estas eleições têm vários candidatos que as dignificam.

Não é por ecletismo, a que sou avesso, nem por querer pairar acima das opções políticas concretas.
Se entender vir tomar posição pública, tomá-la-ei,
até lá interessa-me mais a discussão e o debate público que terei o gosto de fazer,
para já "ao lado" das candidaturas que me honraram com esse convite.


De «Cons. Concertação Social» ?... a 16 de Dezembro de 2015 às 16:23
Jarras, jarrões e jarretas


Eu reconheço a importância da concertação social mas, é preciso dizê-lo, salvo raras excepções,
a concertação social tem servido melhor os interesses dos patrões e as políticas dos governos, do que os interesses dos trabalhadores.

No consulado do coelho-portismo, apesar de Silva Peneda ter tentado dar dignidade ao órgão, isso foi bem notório, pois
o governo nunca ligou às recomendações que de lá emanaram e que teriam evitado dissabores aos trabalhadores portugueses e alguns chumbos do Tribunal Constitucional.

Se atentarmos à composição daquele órgão, percebe-se melhor porquê:

Os líderes da CAP são, normalmente, uns jarretas a quem caparam os neurónios que vêem a agricultura e os trabalhadores agrícolas como antes do 25 de Abril.

A UGT, cuja representatividade no mundo laboral é muito questionável, foi ali metida para fazer fretes aos patrões, fingindo que está a defender os interesses dos trabalhadores. É como aquele jarrão de família de que ninguém gosta, mas todos toleram porque é a peça preferida dos avós.

O sr Saraiva da CIP, embora muito mais civilizado que o seu antecessor, Pedro Ferraz da Costa, não consegue alterar a imagem dinossáurica do sector empresarial tuga, onde há muitos patrões, mas escasseiam os empresários. Assim que se fala de aumento do salário mínimo, o sr Saraiva serve de porta voz da maioria e vem logo com a conversa do arrefecimento da economia.

Quanto à CGTP, desempenha o papel de jarra no centro da mesa. Fica bem na fotografia mas, logo que o fotógrafo vira costas, os restante parceiros apressam-se a retirá-la da mesa, para não atrapalhar a conversa.
Diga-se, em abono da verdade, que a CGTP gosta de desempenhar este papel e até apresenta propostas irrealistas em que nem os seus dirigentes acreditam( como a de aumentar o salário mínimo para 600€ já em 2016) para poder continuar a ter o estatuto de elemento decorativo que abrilhanta as fotografias de família.

( por Carlos Barbosa de Oliveira , crónicas do rochedo, 11/12/2015)
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- Será a Confed. do Comércio a entidade mais equilibrada ? por ser 'pequena' e 'pisada' pela CIP ?


De .CRESAP e dirigentes da Adm.Púb. a 21 de Dezembro de 2015 às 10:10
Carta Aberta de um Social-Democrata ao Primeiro-Ministro António Costa

18/12/2015 por Paulo Vieira da Silva

Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro, Dr. António Costa,

No passado dia 15 de Dezembro o nosso País tomou conhecimento, numa entrevista do Presidente da CReSAP, Doutor João Bilhim, ao Jornal da Tarde da RTP1, que nos últimos quatro anos as nomeações para os altos dirigentes da função pública nem sempre foram transparentes.

Na mesma entrevista o Doutor João Bilhim disse mesmo que, muitas vezes, ficou incomodado com as escolhas feitas pelo Governo.

Estas afirmações são muito graves porque vêm exactamente da pessoa que liderou, nos últimos quatro anos, a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública.

É caso para perguntar para que serviu, nos últimos anos, a CReSAP?

Neste momento a nossa administração pública poderá estar a ser gerida por altos dirigentes completamente incompetentes, que ascenderam aos lugares não pelo seu mérito, mas sim pelo “ compadrio “ político.

Atendendo a que, até à presente data, não vi qualquer reacção do seu Governo face a estas gravíssimas afirmações públicas entendo que V. Exa. deverá chamar, com a máxima brevidade, o Doutor João Bilhim para explicar como decorreram os processos das nomeações feitas pelo anterior governo, de forma a serem auditadas, para que nos casos que tenham sido violadas as respectivas regras sejam, de imediato, exonerados todos os nomeados para os altos cargos da administração pública no superior interesse do nosso País.

Certo da melhor atenção de V. Exa. ao acima exposto.

Aceite os meus cordiais cumprimentos.

Paulo Vieira da Silva
Militante do PSD nº 14493
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: política nacional
: carta aberta de um social-democrata ao primeiro-ministro antónio costa, Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, cresap, esclarecimento sobre nomeações administração pública, João bilhim, militante psd, nomeações alto cargos da administração pública, primeiro-ministro


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